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marcowenseMarco Wense

 

O PMDB, que não consegue ficar distante das tetas do erário público, vai fazer uma enquete com seus deputados, senadores e presidentes de diretórios regionais sobre a reeleição.

 

Quando a presidente Dilma Rousseff desfrutava de uma invejável popularidade, com um índice de aprovação ao governo bem próximo de 70%, os aliados eram dilmistas desde criancinha.

Qualquer ataque da oposição, tendo na linha de frente os tucanos, era logo rebatido por parlamentares da base aliada. Tinha até briga para ser o primeiro da fila.

Ficavam mais dilmistas na medida em que Dilma crescia nas pesquisas de intenção de votos. Sem falar na bajulação e no nojento e repugnante puxa-saquismo.

Hoje, com Dilma despencando nas consultas populares, perdendo 30 pontos, as legendas “aliadas” tramam contra o projeto do segundo mandato consecutivo.

O PMDB, que não consegue ficar distante das tetas do erário público, vai fazer uma enquete com seus deputados, senadores e presidentes de diretórios regionais sobre a reeleição.

O PCdoB, aliado histórico do petismo, principalmente nas eleições para o Palácio do Planalto, através do seu presidente nacional, Renato Rabelo, já diz que “não existe apoio automático ao PT”.

O PSD, aqui na Bahia sob o comando do vice-governador e ex-carlista Otto Alencar, caminha no mesmo sentido. Ou seja, de que o partido tem autonomia para apoiar quem quiser.

O PSB, com a pré-candidatura do presidenciável Eduardo Campos, dispensa comentários. A candidatura própria já é um claro sinal de rompimento.

O PDT continua rachado. Meio a meio. O presidente da legenda brizolista, Carlos Lupi, empurra o partido para Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes e governador de Pernambuco.

O PT, quando o assunto é a reeleição de Dilma, trabalha, sorrateiramente, a favor do plano B, com Luiz Inácio Lula da Silva disputando o terceiro mandato. O retorno do “Lula lá”.

Concluindo, diria que a candidatura de Dilma só é desejada pelos partidos de oposição, com destaque para o PSDB, DEM e o PPS. O oposicionismo, pelo menos neste ponto, não é traiçoeiro nem hipócrita.

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Vereadora-Carmelita-PT-IlhéusCarmelita Ângela | professoracarmelita13@gmail.com

Nos atos de Francisco, renovemos nossas esperanças de dias melhores para que todos em nosso país, estado e, especialmente, em nosso município, tenham vida e a tenham em abundância.

Nos últimos dias desta semana, estamos vendo uma verdadeira lição de vida. Vida que nasce da vida, vida que se transforma em vida na medida em que a simplicidade, a humildade e a esperança são  vividas através dos atos concretos.

Atos verdadeiros, sem máscaras, sem subterfúgios, sem hipocrisias. Sentimentos que emanam do coração. Então podemos dizer com tranquilidade:  quando deixamos de lado nossas vaidades, nosso egoísmo, nossa arrogância e buscamos viver sem máscaras, sem enganação, sem mentiras, nos despojando de nós mesmos e nos preocupando com o outro, buscando a transformação da sociedade em que vivemos. Aí sim, acontece o milagre da multiplicação e o céu se torna aqui.  Só depende de nós. Sim, depende de nós, se mundo ainda tem jeito.

Nas atitudes do Papa Francisco, vemos brotar a semente plantada. Cabe-nos cultivá-las, para que, imitando-o, nossos desejos se tornem realidade. Será tão difícil o zelo, a preocupação e o amor verdadeiro pelos cidadãos que pisam este chão?

Afinal este chão é terra santa, pois é nele que peregrinam todos nós, filhos desta cidade, maltratada ao longo dos anos, vilipendiada pela negligência dos falsos profetas que  se dizem filhos teus. A esses, peçamos entrega, doação, diálogo com o povo, a fim de que possam compreender que o sentido da política não está em elevar  seu patrimônio pessoal, mas em fazer crescer a qualidade de vida do seu povo, fazendo com que sua vida tenha  sentido.

Nos atos de Francisco, renovemos nossas esperanças de dias melhores para que todos em nosso país, estado e, especialmente, em nosso município, tenham vida e a tenham em abundância.

Carmelita Ângela é professora e ex-candidata a prefeita de Ilhéus.

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Manu BerbertManuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

Até Lula, que anda mais sumido que a esperança do brasileiro, deve ter pensado consigo mesmo: “Quanta deselegância num dia só!”

Repercutiu na mídia a cena protagonizada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na recepção ao papa Francisco no Palácio Guanabara. Ao final da cerimônia, durante os cumprimentos, Barbosa se despediu do mesmo e deixou a presidente constrangida por não lhe dirigir sequer um olhar. Questões políticas à parte, Dilma ainda esboçou um gesto para cumprimentá-lo, afinal a compostura dos cargos que exercem pede diplomacia, mas Barbosa virou-se e foi embora.

A palavra mais vista nas redes sociais foi deselegância, apesar da grande maioria entender que ele encontrou ali a sua forma de protestar, de dizer que não é conivente, que não aceita o modus operandi do governo atual. Embora concorde que o ato tenha sido um tanto indelicado com a maior autoridade do país, preciso comentar que Joaquim Barbosa não foi o único.

O discurso altamente político da presidente Dilma foi, no mínimo, desastroso. Ressaltou um possível crescimento do país de dez anos para cá, tempo em que o seu partido goza de poder e prestígio, esquecendo que o mundo acompanhou a população brasileira nas ruas bradando justamente querer mais deste governo, reclamando exatamente contra a falta de medidas e coerência na utilização dos recursos de que dispõe.

Achando pouco, a presidente se justificou afirmando, diante dos maiores líderes religiosos do mundo, que as manifestações populares que ocorreram são fruto de excesso de democracia, ignorando a situação precária da saúde, da educação, do transporte público, do retorno da inflação etc. Até Lula, que anda mais sumido que a esperança do brasileiro, deve ter pensado consigo mesmo: “Quanta deselegância num dia só!”.

Manuela Berbert é jornalista, publicitária e colunista do Diário Bahia.

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Manu BerbertManuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

 

Eles não gostam de chorar, de gritar, soltar suas feras, sabe? Acham que não podem. E sofrem por isso. Sofrem ali caladinhos, e no máximo sentam numa mesa de bar para afogar suas mágoas.

 

Definitivamente, ser homem não é tarefa das mais fáceis. Porque é da sua natureza precisar ter a voz mais firme, ser mais forte nas relações, prover, mandar, e isso tem ficado cada vez mais difícil porque as mulheres estão justamente querendo conquistar o seu espaço. E essa conquista tem acarretado, mesmo que inconscientemente, na inversão dos lados. Infelizmente é assim e os homens, que não gostam de perder, para parecerem politicamente corretos ainda estão sendo obrigados a aceitar. Que confusão dos diabos que essa geração está aprontando na cabeça dos homens…

E sabe o que é pior nisso tudo aí? Eles não gostam de chorar, de gritar, soltar suas feras, sabe? Acham que não podem. E sofrem por isso. Sofrem ali caladinhos, e no máximo sentam numa mesa de bar para afogar suas mágoas. Imagine não poder parecer frágil, não poder abrir a boca e sussurrar “me ajude”, não poder esbravejar e depois ter a velha e famosa TPM para culpar. Sei lá, mas ser homem não é tarefa fácil porque eles são instintivamente machistas com eles mesmos, se rasgam por dentro para parecerem intactos por fora. E, claro, pensam que nos enganam…

E enquanto eles pensam que fingem muito bem, as taxas de mortalidade mostram exatamente o contrário, porque eles morrem muito mais cedo que as mulheres. Não agüentam o tranco. Não lidam bem com as perdas. Não conseguem administrar bem o tempo. E lá no final da vida nós, que já nos tornamos nobres senhoras e já descobrimos que o que a gente leva da vida é a vida que a gente leva, superamos. E terminamos nossos dias bem serelepes, bailando nas festinhas dos grupos da terceira idade e viajando…

Definitivamente, ser homem não é tarefa das mais fáceis por uma única diferença cultural: ele passa a vida lutando para ser Homem e assim não perder os seus direitos, enquanto a gente passa a vida para conquistá-los. OS DIREITOS E OS HOMENS, CLARO! É que no fundo, não dá para viver sem eles…

Feliz Dia dos Homens, amigos!

Manuela Berbert é jornalista e publicitária; colunista do Diário Bahia.

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helenilson-chaves1Helenilson Chaves

As ruas estão mostrando claramente que os que se portarem na vida pública como Anderson Silva se portou no octógono terão o mesmo destino: o inapelável nocaute nas urnas.

Quem assistiu à derrota do brasileiro Anderson Silva para o norte-americano Chris Weidman, válida pelo título dos pesos médios do UFC, pôde constatar como é possível uma pessoa ser derrotada não por um adversário mais capaz e preparado, mas por si própria.

Anderson Silva perdeu para ele próprio. O golpe demolidor de Chris praticamente surgiu de um pedido de Anderson, tamanha facilidade que ofereceu ao adversário. Tivesse golpeado a si próprio após dois rounds de puro exibicionismo e o espanto do mundo talvez fosse menor.

O exibicionismo foi um dos pecados de Anderson Silva na luta que lhe custou o título e manchou uma carreira até então irretocável.

Mas não foi o único. Anderson  Silva não se contentou em exibir-se para o planeta através das câmeras de televisão. Fez mais do que isso: brincou, tripudiou e tentou humilhar Chris Weidman, como se fosse o único senhor do octógono e que vencer a luta era mero detalhe.

O soco demolidor de Chris Weidman mostrou que não era.

Anderson Silva beijou a lona e agora terá que rever conceitos caso queria dar a volta por cima.

A bazófia de Anderson Silva é a perfeita  analogia de alguns governantes brasileiros, que ao longo das últimas décadas insistiram em tripudiar sobre o povo brasileiro e hoje começam a receber a resposta nas ruas.

Esse não é um problema inerente apenas à presidenta Dilma Rousseff, mas o acúmulo de uma revolta adormecida, em que os jovens se libertaram e assumiram a verdade histórica de que o povo elege e exige que seu voto seja honrado.

A arrogância, a empáfia e a sensação de estar acima do bem e do mal, custaram caro a Anderson Silva e vai custar caro a quem acha que pode brincar com o povo brasileiro.

As ruas estão mostrando claramente que os que se portarem na vida pública como Anderson Silva se portou no octógono terão o mesmo destino: o inapelável nocaute nas urnas.

Helenilson Chaves é diretor-presidente do Grupo Chaves.

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marivalguedesMarival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

O ex-governador falou mais alguns minutos e encerrou com  palavras de estímulo: “Continuem esta luta por uma sociedade livre e justa”. Novamente aplaudido de pé.

Na audiência pública realizada pela Câmara, atendendo solicitação do Movimento Passe Livre (MPL) Salvador, mais de 300 entusiasmados jovens lotavam o Centro de Cultura.  Foram 50 oradores, cada um com direito a três minutos, tempo controlado rigidamente pelo presidente do legislativo, Paulo Câmara.

Havia integrantes de vários partidos, outros que se autodenominam independentes e os antipartidários. Vários deste último grupo, bastante raivosos, os mais barulhentos. Muitas vezes as vaias impediam o pronunciamento, sendo necessária a intervenção do coordenador.

Mas quando um orador iniciou seu discurso, o silêncio foi total. Lembrando o que escreveu o compositor maior, naquele momento ouviríamos o barulho de “uma lágrima a cair no chão”. O vereador Waldir Pires (PT) começou elogiando os jovens e lembrou que começou aos 16 anos na luta contra o nazismo, de posição racista.

Waldir Pires hoje é vereador na capital baiana (Foto Paulo Macedo/BocãoN).
Waldir Pires hoje é vereador na capital baiana (Foto Paulo Macedo/BocãoN).

Falou da interrupção da democracia, com o golpe militar, quando muitos foram vítimas do exílio, torturas e assassinatos. Disse que continua na política (ele está com 86 anos), porque é a única forma de civilização humana de se transformar toda a sociedade.

Comemorando este novo momento, disse: “De repente vocês explodem e  me deixam muito feliz”. Quando o coordenador da mesa avisou que o tempo estava se esgotando, a plateia de jovens do MPL se levantou e pediu para deixá-lo continuar. O ex-governador falou mais alguns minutos e encerrou com  palavras de estímulo: “Continuem esta luta por uma sociedade livre e justa”. Novamente aplaudido de pé.

A RENÚNCIA

Conheço pessoas que não perdoam Waldir Pires por ter renunciado ao governo do estado em 1989, dois anos após a posse, para ser candidato a vice-presidente da República na chapa de Ulisses Guimarães, passando o cargo para o vice, Nilo Coelho. Certa vez, numa visita que ele fez à TV Cabrália  perguntei, ao lado do então superintendente Ramiro Aquino, sobre a renúncia e expus os comentários dos bastidores.

“Professor são três as hipóteses que circulam sobre a renúncia: 1º) Que já havia este acordo com Nilo Coelho. 2º)  que o senhor recebeu dinheiro. 3º) Que teve medo de morrer”.

(À época circulou uma informação sobre um atentado à vida dele. Foi encontrado um mapa geográfico no tanque de combustível do avião do estado, momentos antes do seu embarque.)

Waldir respondeu com a serenidade que o caracteriza: “Meu filho, não havia acordo, quem quer dinheiro fica no poder e quem tem medo não enfrenta uma ditadura. Renunciei por que acreditava que o doutor Ulisses ganharia a eleição, pois tínhamos 22 governadores do PMDB.”

CIRCUNSTÂNCIAS

Waldir  não tomou decisão de última hora. A escolha para ser o candidato do partido era através do voto em dois turnos. Na convenção Nacional do PMDB, além do então governador da Bahia, havia na disputa Ulisses Guimarães Iris Resende e Álvaro Dias. Ulisses e Waldir foram os dois mais votados, com Ulisses na frente. Para evitar o segundo turno, que poderia gerar uma divisão, o partido entrou em consenso e Waldir Pires ficou na vice, prevalecendo a lógica do mais votado. Talvez hoje Waldir argumente, “ eu sou eu e minhas circunstâncias”.

Marival Guedes é jornalista.

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Ramiro AquinoRamiro Aquino | aquino05@uol.com.br

Guardo de Yedo o exemplo que ele deixou para a minha geração e de quantas ele alcançou, da integridade e da amizade.

Quantas e quantas vezes ouvi esta saudação proferida pelo comentarista de rádio Yedo Torres Nogueira, que nos deixou no domingo, 7, aos 88 anos. Aposentado de suas atividades comerciárias e de imprensa por mais de 30 anos, Yedo já vinha sofrendo seguidos problemas de saúde, o que restringia as suas aparições em nosso meio, recluso que ficava apenas no aconchego da família.

Há algum tempo não ficava mais sentado à porta de sua casa, na Ruffo Galvão, acompanhado da mulher Gilka, companheira de tantas jornadas. Na verdade ele era meu primo por afinidade, haja vista ser casado com a minha prima carnal Gilka Nunes de Aquino, filha do meu tio Ramiro.

No rádio passei a conviver com Yedo mais diretamente a partir de 1963, quando iniciei minhas atividades como repórter. O trio das transmissões esportivas da Rádio Clube era formado por Geraldo Santos (que viria a ser meu compadre, pois batizei seu filho Gustavo), como narrador, Yedo Nogueira, o comentarista e eu como repórter de pista. Éramos literalmente uma família.

Respeitado e premiado, Yedo conquistou uma legião de fãs e de amigos no rádio. Todos esperavam ansiosamente quando Geraldo anunciava nas transmissões: “e com vocês Yedo Nogueira, o seu comentarista de futebol”, pois sabiam que de sua boca sairia um comentário preciso, equilibrado, mesmo quando jogava o Clube Recreativo Flamengo, seu time do coração.

Para não me estender muito narro um fato que atesta a sua imensa credibilidade. Em determinada época Yedo foi juiz de futebol, dos mais sérios, compenetrados e respeitados, até pelos adversários. Um belo dia, apitando um clássico Fla x Flu (fora escolhido com aquiescência do Fluminense por sua retidão) ele marcou uma falta contra o Fluminense, quando ouviu do dirigente do Flu, Frederico Midlej: “você é um ladrão…”. Aquilo era demais. Yedo dirigiu-se até onde estava o diretor, entregou-lhe o apito e disse apenas: “agora vai você apitar o jogo…”

São muitas histórias que o espaço não me permite mais. Guardo de Yedo o exemplo que ele deixou para a minha geração e de quantas ele alcançou, da integridade e da amizade.

Ramiro Aquino é radialista e jornalista.

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Manu BerbertManuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

Se a quantidade de profissionais no mercado pede atenção neste momento, as condições de trabalho gritam socorro.

Ignorando os protestos de inúmeras entidades médicas, o governo federal lançou oficialmente o Programa Mais Médico para o Brasil, que incentiva a vinda de profissionais estrangeiros para atuar em regiões carentes, como municípios do interior e periferia de grandes cidades. A medida, segundo a presidente Dilma, faz parte do conjunto de respostas à onda de manifestações que tomou conta das ruas do país.

Acontece que o caos que se instaura sobre a saúde não se resume à falta de profissionais. O problema é mais complexo e ouso escrever que beira a incompetência, com má gestão do dinheiro público. Como principal entrave, por exemplo, podemos citar o subfinanciamento do SUS (Sistema Único de Saúde) que funciona mais ou menos assim: quando um paciente dá entrada num hospital, é atendido e faz uso de algum tipo de procedimento e/ou tratamento pelo SUS, o governo paga pouco mais da metade do valor.

Os números são impressionantes: para cada um real gasto pelo cidadão, o governo ressarci pouco mais de cinquenta centavos. Como não há quem pague o restante da conta, eles seguem de “cuia nas mãos”, sobrevivendo de doações e empurrados para empréstimos em bancos. Muitas entidades já foram obrigadas a fechar as portas e outras estão prestes a fazer o mesmo.

Entra governo e sai governo e a nossa esperança declina. Buscar médicos estrangeiros para nos atender é a uma tentativa ridícula de tapar o sol com a peneira. Os postos de saúde continuarão sem condições básicas para atendimento, os medicamentos continuarão faltando e as ambulâncias desgastadas e até improvisadas continuarão peregrinando em busca de um leito para internar os pacientes nos poucos hospitais que ainda nos restam. Se a quantidade de profissionais no mercado pede atenção neste momento, as condições de trabalho gritam socorro.

O que me entristece é ter a certeza de que assistiremos propagandas surreais afirmando, em gráficos coloridos e bem produzidos, que milhões de reais estão sendo investidos na saúde. Na prática, fazendo uma analogia ao ditado popular que diz que filho chora e mãe não vê, o povo vai continuar se lascando nas grandes filas, e muitos médicos continuarão sendo obrigados a não perceber.

Manuela Berbert é jornalista, publicitária e colunista do Diário Bahia.

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ricardo artigosRicardo Ribeiro | ricardo_rb10@hotmail.com

 

Ora, se para ser funcionário de uma repartição qualquer em Chorrochó o sujeito deve revirar-se pelo avesso como num confessionário, por que não se faz o mesmo com os candidatos aos mandatos eletivos?

 

Como o assunto em pauta é a reforma política, vai aqui uma sugestão muito simples, mas que talvez possa resolver grandes problemas.

O Brasil implantou em 2010 a Lei da Ficha Limpa, em uma das pouquíssimas oportunidades nas quais o povo exerceu seu direito constitucional de tomar a iniciativa em um projeto de lei, tantas são as dificuldades que limitam o exercício da prerrogativa. Nossa sugestão é promover um upgrade na Ficha Limpa, mais ou menos nos moldes das investigações sociais a que são submetidos os candidatos nos concursos públicos.

Nessas investigações, o postulante a barnabé tem a vida esquadrinhada em seus mais minuciosos detalhes. Pergunta-se onde morou desde a infância, todas as escolas nas quais estudou, se já foi punido ou expulso, os locais onde trabalhou, quanto recebeu, quem era o chefe imediato, o que fez no período de intervalo entre um emprego e outro, se tem título protestado, já foi ouvido em delegacia ou fez tratamento em razão de algum transtorno. E por aí vai, a lista é grande.

Ora, se para ser funcionário de uma repartição qualquer em Chorrochó o sujeito deve revirar-se pelo avesso como num confessionário, por que não se faz o mesmo com os candidatos aos mandatos eletivos? Talvez não resolvesse todos os problemas, mas com certeza a peneira diminuiria a quantidade de lixo que tem contaminado a política brasileira.

Essa é uma proposta de natureza bastante prática e sem efeitos colaterais, ao contrário do que muitos veem no financiamento público das campanhas, voto distrital ou cláusula de barreira. Provavelmente, os únicos contrários serão os elementos que a atual Lei da Ficha Limpa ainda não conseguiu expurgar. Como aqueles que andam elocubrando soluções cosméticas ou empurrando problemas com a barriga, enquanto vão a festinhas em aviões da FAB, totalmente cínicos e de costas para o que acontece nas ruas.

Ricardo Ribeiro é advogado.

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walmir rosárioWalmir Rosário | wallaw1111@gmail.com

Enquanto todos os brasileiros demonstraram entender o recado, o Governo Federal fez de conta que nada daquilo era com ele e que passaria incólume ao recado das ruas.

Uma guerra fratricida sem precedentes é o que se vislumbra nos altos escalões do Partido dos Trabalhadores (PT). É a famosa luta do PT contra o PT. Mas não a que estamos acostumados a assistir, e sim a hegemonia de uma de suas correntes. Como fogo de monturo, ela foi deflagrada desde a posse de Dilma Rousseff à Presidência, porém vem se acirrando a cada dia, a cada protesto, a cada pescoço degolado.

Ficou mais evidente agora, depois dos protestos que assolam as ruas do país. De um lado, o bloco petista dos descontentes, que ainda não se conforma com essa maneira petista de governar. Afinal, não foi para isso que lutaram contra a ditadura. Saíram os militares, entraram os burgueses, como sempre acontece, o que tem causado grande descontentamento, embora não reclamem de forma clara, agem à sorrelfa. Sem falar na luta intestina pelos corredores e salas do Palácio do Planalto.

Esta última é a mais acirrada, pois age nas sombras em busca de um espaço no sol do poder. É o PT contra o PT. Disto ninguém tem dúvida. Afinal são mais de uma dezena de correntes e tendências com pensamentos filosóficos dos mais díspares. Embora algumas poucas não causem preocupações, tendo em vista a pequena capacidade de mobilização interna e externa, outra cresce se agiganta como uma verdadeira Hidra de Lerna. E já amedronta.

A luta interna pelo poder está sendo desnudada para a sociedade a cada protesto, a cada reivindicação vinda das ruas. E não se limita a encontrar soluções para a redução dos R$ 0,20 da tarifa dos transportes urbanos, pois algumas medidas – falhas e inconsistentes – foram tomadas, a exemplo da desoneração de impostos. A verdadeira briga, a de cachorros grandes, como se diz na gíria, está nas ações políticas.

E nessa luta renhida travada entre o PT contra o PT é que estão sendo colocadas as “cascas de bananas” para a presidenta Dilma Rousseff pisar. E ela tem escorregado em todas. Qualquer aluno do terceiro semestre dos cursos de Direito ou Ciências Políticas teriam interpretado de forma diferente as ações anunciadas pela presidenta, todas em flagrante desrespeito à Constituição Federal. Um vexame.

Quem teria aconselhado a presidenta Dilma a dirigir à Nação tamanhos impropérios? Com certeza não foram os técnicos da Presidência da República – incluindo, aí seus ministérios e órgãos de assessoria –, pois possuem quadros de competência comprovada. E esses erros crassos foram sendo repetidos à exaustão, como se o Brasil não vivesse sob a égide do estado democrático de direito, obrigando ministros ir a públicos para os desconcertantes a desmentidos institucionais, do tipo: “não foi bem isso que queria dizer”.

Dilma e Lula. PT contra o PT. Com todos os desmentidos e dissimulações, fica cada vez mais evidenciado e provado os desencontros. No núcleo duro do Palácio do Planalto as discordâncias estão cada vez mais expostas. O grupo fiel a Lula acredita que ainda deve obediência ao ex-presidente e mostra o desconforto do relacionamento com a presidenta, que possui métodos bastante diferentes de governar, distribuindo broncas a torto e a direito, o que não deixa de ser uma falta de respeito com o subordinado.

Se é incompetente, o remédio mais adequado é a exoneração, o que nunca acontece. Esse comportamento evidencia que, apesar da caneta e do diário oficial à disposição, a presidenta não pode agir como queria, ou seja: com os colaboradores de sua estrita confiança. Se essas dificuldades permeiam a relação interpartidária, avaliem em relação aos partidos da base aliada, com desejos e pensamentos dos mais diversos.

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eduardo salles2Eduardo Salles | eduardosalles.seagri@gmail.com

A Bahia e o Brasil são grandes celeiros de produção de alimentos e precisam de um pacto pela agropecuária, para que tanto o campo como as cidades vivam em paz.

O que tem acontecido nos últimos dias representa a maturidade democrática do País. Importante, autêntica e apartidária, a mobilização nacional que tem levado centenas de milhares de jovens às ruas das principais cidades brasileiras clamando contra a corrupção, exigindo saúde, educação de qualidade, melhoria nas questões de mobilidade urbana, segurança pública e, enfim, condições dignas e qualidade de vida, demonstra que a população está atenta e quer os impostos pagos retornando ao povo na forma de serviços públicos de qualidade.

Nos últimos anos, em função das facilidades para viajar para o exterior, a classe média brasileira, formadora de opinião e uma das bases dessa mobilização, tem podido observar que em diversos países os impostos pagos retornam eficientemente à sociedade. E questionam: por que no Brasil é diferente?

Somado a isto, através das redes sociais, meus filhos, assim como milhares de jovens, falam com “amigos” de toda parte do mundo, e se sintonizam com o que está acontecendo, emitem opiniões, recebem respostas e se mobilizam para questionar as ações dos legisladores e governantes. Em minha opinião, tudo isso foi o estopim do movimento.

As questões levantadas pelo movimento são relevantes, mas quero chamar a atenção para o fato de que elas são os sintomas de uma grave doença que assola o País há muitas décadas.

Este movimento tem uma característica clara e marcante: é urbano, com base nas grandes cidades. Daí, como tenho uma vida inteira dedicada ao setor agropecuário, neste momento tento colocar na mesa o que considero uma das origens desta doença.

As famílias que migram do interior para as cidades grandes, por não ter condições de permanecer no campo, por falta de oportunidades ou devido a intempéries climáticas como a seca que assola o Nordeste brasileiro nestes últimos anos, ou ainda pela ilusão de que encontrará melhores condições de vida para seus filhos, quando chegam aos centros urbanos geralmente vão morar na periferia, e passam por um período inicial de desemprego e adaptação à nova vida.

Essas famílias sofrem então fortes impactos sociais. Seus filhos, que tinham liberdade na zona rural, acabam entrando em contato com pessoas envolvidas com a marginalidade, o que pode levá-los a caminhos tortuosos como o das drogas, da prostituição infantil e da delinquência.

Este processo migratório incha as grandes cidades, aumenta a demanda por serviços públicos e gera a favelização. Por isso considero que esta é uma das origens desta doença. A questão não é nova. Não é culpa dos atuais governos municipais, estaduais e federal. São problemas crônicos, que tem atravessado décadas.

Se as pessoas que migram fossem atendidas no interior por serviços básicos eficientes; se déssemos o apoio devido ao homem do campo, valorizando-o como responsável pela produção do alimento que chega às nossas mesas, e se as questões de convivência com a seca fossem efetivas e definitivas, será que o inchaço urbano aconteceria?

As pautas colocadas pelo movimento são importantes, mas um pacto pela agropecuária também é, porque iria trabalhar a origem do que está ocorrendo hoje, fruto de algo que há décadas acontece no campo: o êxodo rural.

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Ramiro AquinoRamiro Aquino | aquino05@uol.com.br

Não vou cometer a hipocrisia de dizer “que vença o melhor”, pois o que quero dizer mesmo é “que vença o Brasil, vamos baixar a crista dessa fúria”, com todo respeito, é claro, ao time de Casillas, Xavi e Iniesta.

 
1982. Copa do Mundo na Espanha. Estávamos lá, numa loucura arquitetada por mim e pelo José Adervan, representando a Rádio Clube de Itabuna, fazendo parte, como repórter, da equipe do pool formado pelas rádios Jornal do Comercio (PE), Clube (BA) e Sociedade (Feira). Foi a maior experiência de minha vida como comunicador.
A Espanha é um país notável para receber turistas e no ano anterior tinha recebido 45 milhões de visitantes, quase o dobro de sua população de 25 milhões de almas à época.
Primeiro Sevilha, cidade tradicional, católica, cheia de igrejas, mulheres pudicas andando de vespa com os vestidos amarrados, sem mostrar sequer um pedacinho de coxa. Passamos bem, dando show de bola. Depois veio a cosmopolita Barcelona. Bairrista ao extremo, pois o Catalão só olha para o próprio umbigo. Um companheiro nosso foi dizer a um motorista de táxi que catalão, basco, andaluz, era tudo uma “mierda” só e quase dá morte. Não havia em Barcelona nenhuma seta ou sinal de trânsito que indicasse a saída para a cidade vizinha (e para Madrid, nem pensar). Passada a fronteira, 50 metros adiante tinha uma seta indicando Girona.
Mas o que tinham de bairristas eram fantásticos para receber bem o visitante. Diferentemente de Sevilha, no Hotel Expo, onde ficamos, a piscina no terraço expunha a beleza de europeias, asiáticas, africanas, fazendo topless. Mas elas perderam o charme quando chegaram duas mulatas da Beija-Flor de Nilópolis. Peitinhos empinados para a alegria dos fotógrafos estrangeiros. Mas não foi por isso que perdemos a Copa para a Itália depois da lavada de alma contra a Argentina. Tínhamos a melhor seleção do planeta, mas não soubemos jogar uma decisão.
Em Barcelona escolhemos um restaurante que ficava perto do hotel para fazer as nossas refeições. De propriedade de uma família catalã, todos os garçons, cozinheiros e auxiliares eram aparentados. Quando o nosso grupo chegava, era uma festa. Entrávamos na cozinha, preparávamos comida brasileira para servir a outros fregueses e tivemos a ousadia de preparar uma sangria (bebida típica espanhola) que virou opção da casa como a melhor sangria que eles já tinham bebido.
Após a nossa derrota para a Itália cheguei sozinho ao restaurante, praticamente vazio àquela hora. Fui cercado e consolado pelos novos amigos, que tinham passado a torcer por nós após a desclassificação da Espanha. Chorei de emoção com tanto carinho e aconchego. Fizeram uma comida especial para mim e jantamos juntos umas seis pessoas (garçons, auxiliares e eu). Ao me despedir outra surpresa: o jantar era cortesia da casa.
Escrevo tudo isso, a pedidos dos amigos do Pimenta, nos momentos que antecedem a nossa partida contra os espanhóis, hoje a melhor seleção do mundo (embora não seja imbatível), decidindo a Copa das Confederações. Não há nenhum conflito de consciência. Torcerei ardentemente pelo Brasil, mas não posso deixar de lembrar de momentos tão gratificantes dos meus 50 anos de comunicação.
Não vou cometer a hipocrisia de dizer “que vença o melhor”, pois o que quero dizer mesmo é “que vença o Brasil, vamos baixar a crista dessa fúria”, com todo respeito, é claro, ao time de Casillas, Xavi e Iniesta.
Ramiro Aquino é jornalista.

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Gerson MarquesGerson Marques | gerson.marques.1004@facebook.com
Já dizia a poeta Jane Badaró que Ilhéus é feminina, é mulher em forma de urbe, uma urbe com curvas de menina, assim sendo, o eu apaixonado, me perco no velho jogo do decifra-me e me conquiste, difícil, quase impossível. Ilhéus não é fácil, não é para amadores, não se dá por completo, não se oferece em retribuições amorosas aos que se perdem em suas entranhas sinuosas, a Ilhéus de todos nós é, no fundo, uma Ilhéus de poucos de nós, uma mulher profunda de alma atormentada e sonhos dilacerados, em dor.
Mesmo assim, nos retribui os maus tratos em forma de beleza infinita, de paisagens magníficas e encantos secretos. Como é linda ser Ilhéus, ser ilha, ser céus, ser mar e florestas, uma perfeita estética feminina, meio Terra, meio Janaína.
Não existe uma só Ilhéus, existe uma Ilhéus dentro de cada um que a ama, que a conhece, que em suas fontes bebem, que em suas curvas se perdem. Assim sendo, não se ama essa terra de uma única forma, ama-se por vezes chorando, clamando e gritando, ama-se na contradição, na expressão do verbo, no suor do trabalho, na tristeza do filho perdido, na dor dos sonhos fruídos, na ausência de carinho, mas também na paixão infinita.
Aqui, parece se odiar para amar, vê-se em seus filhos eleitos a ausência completa de amor por ti, vê-se no lixo jogado a rua, na insanidade dos mangues invadidos, nas obras tortas de mau gosto que triunfam sobre suas ruínas de passado glorioso, no desprezo das autoridades a decência de seu povo, na usura pútrida de quem imagina enganar as massas com sorrisos vazios e promessas furtivas, vê-se em verdade uma completa falta de respeito por sua feminilidade atlântica, sua essência de deusa, seu esplendor de musa, suas curvas de rainha.
Ah Ilhéus, Ilhéus… Como dói te ver triste em suas quase quinhentistas primaveras, que Deus nos perdoe, mas filhos destes vós não merecestes. Se ousar dizer que te entendo, falso seria, mas ouso compreender que na essência cumpres tua sina de mãe com desmesurada valentia.
Desejo-te com carinho que dias melhores tenhas, para historias de alegria poder contar um dia, como outros dos seus filhos já assim fizeram com enorme galhardia… Amem.
Gerson Marques é produtor.

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Jabes (1)Jabes Ribeiro | ilheus.secom@gmail.com

É preciso salientar que desde janeiro tomamos medidas administrativas importantes para assegurar a prestação de serviços públicos, reduzindo gastos abusivos.

Quando concordei em concorrer pela quarta vez à Prefeitura de Ilhéus, sabia que tinha pela frente uma longa e dura jornada para devolver a dinâmica social, econômica e cultural do município e resgatar a autoestima da população, que parecia não mais ver soluções para os graves problemas que se enraizaram nos últimos anos.
Sabia que o desafio não era apenas administrativo, dizia respeito também à retomada da credibilidade do município junto às esferas Federal e Estadual, sem a qual não seria possível conseguir o apoio necessário para trazer os benefícios que Ilhéus tanto precisa.
Neste aniversário de Ilhéus, com a assinatura, pelo governador Jaques Wagner, da ordem de serviço para a construção da nova ponte que ligará o centro à região sul, damos mais um importante passo para ultrapassar aquela barreira do descrédito que travava o desenvolvimento do município. Fomos ao governador, explicamos nossa situação, pedimos urgência, e hoje estamos celebrando este presente.
A construção da primeira ponte estaiada da Bahia é de fato um presente para a cidade. Um presente tão esperado, que vai promover melhorias na mobilidade urbana e colaborar com o transporte de cargas aqui no sul e, posteriormente, em todo o Estado, com a implantação da Ferrovia Oeste Leste (Fiol) e do Porto Sul. A ponte já é uma realidade. Já faz parte do presente da cidade.
Graças ao êxito da nossa parceria com o Estado, podemos dizer que também já fazem parte do presente da cidade o novo Hospital Regional, uma Unidade Básica de Segurança e um Núcleo do Sistema Baiano de Incubação, que fortalecerá as atividades do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico em Informática e Eletroeletrônica de Ilhéus (Cepedi). Todos projetos prontos para ser implantados. E já está em fase final o projeto executivo para a requalificação da Central de Abastecimento do Malhado.
Temos um diálogo permanente com pastas importantes do governo Federal, obtendo apoio para iniciativas como o saneamento da Bacia do Pontal e a retomada do programa Viva o Morro (incluídas no cronograma de verbas do PAC II), e buscamos incluir Ilhéus no programa Cidades Digitais. Já iniciamos a construção do Centro Educacional Unificado das Artes e dos Esportes, com recursos do PAC II, e demos continuidade às obras de Requalificação da Orla Sul, paralisadas desde meados do ano passado, e garantimos duas Unidades de Pronto Atendimento (nas zonas Norte e Sul).
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Naomar MonteiroNaomar de Almeida Filho

A Universidade Federal do Sul da Bahia terá signos modernos e ritos inovadores, representativos dos valores sociais e políticos da contemporaneidade e, para isso, deve superar pautas e normas estabelecidas.

A lei de criação da Universidade (Lei 12.808, de 5/6/2013), sancionada pela Presidenta Dilma Roussef, incluiu a sigla UFESBA como designativo oficial. Originalmente, esta sigla teria sido usada no projeto de criação da Universidade Federal do Extremo Sul da Bahia, com sede em Porto Seguro, de autoria do Deputado Jânio Natal, com base em proposta anterior do Deputado Zezéu Ribeiro.
Todos os projetos indicativos de universidades federais no Extremo Sul foram arquivados com a aprovação do PL 2.207/11 no Congresso Nacional, conforme Parecer do Relator na CCJ, Deputado Geraldo Simões, pois constitucionalmente a criação de órgão federal é prerrogativa do Executivo e não pode ser objeto de Projeto de Lei proposto por parlamentares.
Entretanto, no corta-e-cola da elaboração do projeto de Executivo pelo MEC, a sigla UFESBA foi inadvertidamente mantida, mesmo depois da definição da sede da Universidade no município de Itabuna que, incontestavelmente,não se encontra no território do Extremo Sul.
Em função dessa inadequação, a Comissão de Implantação da Universidade Federal do Sul da Bahia propôs modificar a sigla designativa da instituição em todo o seu material de divulgação, mantendo-a exclusivamente nos documentos oficiais, onde couber no cumprimento da Lei. Além disso, em consulta a vários especialistas em construção de marcas, encontramos largo consenso em relação ao caráter disfônico da sigla. Duas alternativas (UFSBA e UFSB) foram inicialmente propostas e divulgadas no site provisório da nova instituição. Em resposta, leitores se queixaram da ausência da sigla oficial na enquete realizada e alguns comentários chamaram a atenção para mais uma sigla – UFSULBA, que teria sido usada nas primeiras audiências públicas sobre o tema.
Para auscultar a opinião majoritária da população da Região Sul sobre o tema, reforçando nosso compromisso com a transparência e a governança participativa, propusemos submeter a questão a uma Consulta Pública, mediante enquete eletrônica no nosso site institucional provisório: www.ufsba.ufba.br. Nesse site, cada sigla é submetida ao escrutínio,por ordem de data de proposição, conforme as seguintes justificativas:
a)    UFSULBA – Esta sigla foi proposta nos primeiros momentos de discussão para a implantação de uma universidade federal em Itabuna. Não se trata de acrônimo nem consta de projetos ou documentos oficiais.
b)    UFESBA – A sigla UFESBA foi proposta no projeto de criação da [U]niversidade [F]ederal do [E]xtremo [S]ul da [BA]hia, com sede em Porto Seguro, mas permaneceu no texto do PL 2.207/11 de criação da UniversidadeFederal do Sul da Bahia, mesmo depois da ampliação do seu território de abrangência para além do Extremo Sul.
c)    UFSBA – A sigla UFSBA remete foneticamente à UFBA (Universidade Federal da Bahia) instituição tutora da nova universidade e alma mater de todas as universidades baianas. Consta das primeiras minutas do Plano Orientador,elaborado pela Comissão de Implantação.
d)    UFSB: Esta sigla compreende um acrônimo composto por cada inicial donome [U]niversidade [F]ederal do [S]ul da [B]ahia. Esta é a sigla mais simples e intuitiva; gramaticalmente, trata-se de um acrônimo perfeito. Ademais, com essa designação, a UFSB terá equivalência semântica com suas co-irmãs UFOB (Universidade Federal do Oeste da Bahia) e UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia).
Sabemos da enorme importância dos signos institucionais (marca, sigla, brasão, rituais e graus acadêmicos) para a consolidação de instituições do conhecimento do porte de uma universidade pública. Porém, os símbolos de uma instituição nova, comprometida com a excelência acadêmica e socialmente engajada não devem expressar mera tradição suntuosa e conservadora. A Universidade Federal do Sul da Bahia terá signos modernos e ritos inovadores, representativos dos valores sociais e políticos da contemporaneidade e, para isso, deve superar pautas e normas estabelecidas.
Esperamos contar com a participação expressiva e engajada da comunidade sul-baiana nesse esforço coletivo de construção institucional, principalmente no plano simbólico. Os resultados do processo democrático e transparente da consulta em curso poderão gerar importantes subsídios para os planos de comunicação social da mais nova instituição baiana de educação superior pública, vinculada desde o nascimento ao desenvolvimento econômico, social e humano da Região Sul da Bahia.
Naomar de Almeida Filho é presidente da Comissão de Implantação da Universidade Federal do Sul da Bahia, ex-reitor da UFBA e pesquisador I-A do CNPq.