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Representando  o PT de Itabuna, o economista Edilson Guimarães fez contato com o Pimenta para esclarecer o episódio da expulsão do técnico agrícola Joel Gomes. A notícia da suposta expulsão foi publicada pelo blog Políticos do Sul da Bahia e reproduzida pelo Pimenta.
Filiado ao Partido dos Trabalhadores até semana passada, Joel, que é irmão do ex-deputado federal Josias Gomes, aceitou cargo de confiança no governo Azevedo (DEM), atitude incompatível com sua condição de filiado ao PT, segundo afirmou Edilson.
Pois bem. De acordo com Guimarães, quando soube da contratação de Joel, o partido quis dele uma explicação, para que se confirmasse ou não a informação publicada na imprensa local.
“Foi quando ele apresentou sua carta de desfiliação, na sexta-feira. Não houve expulsão, até porque esse é um procedimento que leva tempo, e se inicia com uma defesa por escrito do filiado. O que houve foi o pedido de desfiliação do próprio militante, que foi aceito pelo partido”, esclarece Guimarães.

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Tramita no Congresso um projeto de lei da deputada federal Lídice da Mata (PSB), que propõe a transformação da cidade de Porto Seguro, no  extremo-sul da Bahia, em capital brasileira. Mas muita calma nessa hora! Não se trata de construir uma Brasília em Porto, mas sim de fazer com que a “terra de Cabral” seja reconhecida apenas como capital simbólica do Brasil.
A parlamentar chama atenção para o valor histórico da cidade e o fato de Porto Seguro ter sido o lugar onde, segundo os registros oficiais, os portugueses colocaram os pés pela primeira vez em solo tupiniquim.
Além de definir a cidade sulbaiana meramente como capital simbólica, o projeto de Lídice deixa bem claro: a deferência não é para o ano todo, mas só para o dia 22 de abril, data em que se comemora o “Descobrimento do Brasil”.

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. Didi 'Forrest' do INSS: fama como contador de 'causos'
Didi 'Forrest' do INSS: fama como contador de 'causos'

Há nos meios políticos de Itabuna o consenso de que o vereador Ruy Machado é um verdadeiro língua solta, o típico fala demais. Isso o prejudicaria em muitos aspectos, detectam os observadores. Ruy já teria até perdido alguma benesse do poder por isso. Seu colega de vereança, Didi do INSS, é um dos que defendem essa tese.
Sobre a excessiva disposição de Ruy Machado para soltar o verbo – e ele faz isso em qualquer lugar, sobre qualquer assunto –, Didi do INSS disse recentemente que esse é seu principal defeito. O homem não fica quieto. Foi numa conversa informal, da qual este blogueiro fez parte, junto com mais dois ouvintes, que Didi contou a história de como Ruy perdeu a liderança do Governo Azevedo na Câmara por não ficar calado.
Para ilustrar o que dizia, Didi lembrou que recentemente tentou empurrar Ruy na liderança, articulando uma votação ‘democrática’ com os membros da bancada, pelo menos os mais fiéis. Afirmou que isso foi feito em sua casa de praia, e que direcionou os devidos elogios ao nome de seu protegido, e assim, logo nas três primeiras consultas, Ruy já estava eleito.
“Só que ele não assinou a lista de votação. Saiu de lá ‘lider’ e não assinalou seu voto nem firmou o compromisso no papel. Quando chegou em Itabuna começou a conversar demais, dando até sinais de que poderia não fechar com o grupo. Eu fui o primeiro a chamá-lo e a dizer que não poderia ser nosso líder. Depois, até Azevedo me telefonou, agradecendo”.
Pois é. Ruy, como mito da língua solta, já está consolidado. Mas está surgindo a figura de um grande contador de ‘causos’, um verdadeiro Forrest Gump grapiúna: Didi do INSS.

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Uma sindicância na Câmara vai apurar denúncias de que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foram vítimas de um esquema de venda clandestina de bilhetes destinados aos parlamentares. A suspeita é que os ministros Gilmar Mendes (presidente) e Eros Grau tenham sido beneficiados com o esquema.
A suspeita é de que funcionários de gabinetes tenham repassado parte da cota de passagens não utilizadas pelos deputados para agências de viagens. A sindicância vai ser integrada por técnicos da área administrativa e terá 60 dias para apresentar um parecer. Eles vão investigar se houve desvio de recursos e de conduta.
O presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), deve convocar a Mesa Diretora da Câmara esta semana para discutir eventuais mudanças no sistema de fiscalização e ampliação das restrições para o uso da cota de bilhetes aéreos. Até agora a única medida anti-farra adotada pela Mesa foi determinar que apenas um servidor escolhido por deputado fique responsável pelas passagens.

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Neste momento, a Enquete do Pimenta registra 523 votos e, desse total, 78,59% reprovam o uso de dinheiro público na realização de festejos juninos. Para 11,28%, uma boa alternativa seria substituir uma festa de grande porte pelo incentivo aos “arraiás” nos bairros e 9,18% dos que responderam à consulta afirmam que vão “arrastar a chinela” em outro canto, caso não tenha São João em Itabuna.
Os dados são parciais, já que a enquete ainda fica no ar por mais alguns dias. Se você ainda não deu a sua opinião, vá lá.

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Estreitar as relações comerciais entre a Bahia e a Índia é o principal objetivo da viagem que o governador Jaques Wagner fará ao país asiático nesta terça-feira (21). O convite foi feito pelo vice-presidente executivo da empresa Bahia Mineração, Clóvis Torres.
Wagner terá seu primeiro compromisso oficial em Nova Deli, capital indiana, na quarta-feira (22). Será um almoço com 50 empresários na sede da Federação do Comércio e Indústria da Índia. Além do governador, estarão na comitiva baiana os secretários da Indústria, Comércio e Mineração, Rafael Amoedo; do Meio Ambiente, Juliano Matos; e o chefe de gabinete Fernando Schmidt.
No almoço, Wagner pretende expor as potencialidades de investimento em território baiano. Ele vai destacar as áreas de tecnologia da informação, medicamentos, agricultura, mineração, infraestrutura e projetos em energias renováveis.
Wagner segue no dia 24 para a cidade indiana de Mumbai, de onde embarca para Londres. Na capital inglesa, haverá novas reuniões com empresários interessados em investimentos na Bahia. Entre esses empresários, está Pramod Argawal, que é um dos acionistas da Bahia Mineração.
O retorno à Bahia está previsto para o dia 26.

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Vacina previne complicações causadas por doenças respiratórias

Começa amanhã (22) e vai até o dia 8 de maio a campanha de vacinação de idosos contra a gripe. Em Itabuna, a meta é imunizar 22.109 pessoas com mais de 60 anos de idade.
O próximo sábado, 25 de abril, foi escolhido como Dia Nacional de Vacinação, quando 32 unidades da rede municipal de saúde ficarão abertas das 8h às 17h. Também serão instalados postos fixos e volantes em diversos pontos da cidade.
Além da vacina contra a gripe, nos postos também serão encontradas doses contra febre amarela, tétano, sarampo e rubéola.

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Mesmo com a autorização para que Ilhéus retome parcialmente a utilização de instrumentos no pouso de aeronaves, as companhias aéreas que operam no aeroporto Jorge Amado (Gol e TAM) não retornaram à situação anterior às restrições impostas pela Anac, em setembro do ano passado.
O prefeito Newton Lima decidiu tratar do assunto diretamente com quem tem o poder, mas talvez não o interesse, de resolvê-lo. Newton viaja no próximo dia 27 para São Paulo, onde será recebido no mesmo dia, separadamente, por diretores da Gol e da TAM. Nas reuniões, será acompanhado pelo presidente da Amurc (Associação dos Municípios do Sul, Extremo-Sul e Sudoeste da Bahia, Moacyr Leite.
Está aí uma novela que parece não ter fim.

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A Polícia Rodoviária Estadual anuncia  a Operação Tiradentes, que vai mobilizar 52 patrulheiros no sul da Bahia, a partir do meio-dia de amanhã (20). Três viaturas e um caminhão-gaiola serão utilizados no trabalho.
A estimativa da PRE é de que o fluxo de veículos aumente 40%, devido ao feriado de terça-feira. De acordo com o Major Serpa, comandante da unidade operacional da Polícia Rodoviária na região, o maior reforço do policiamento será na BA-001, que dá acesso às praias de Itacaré, Ilhéus e Canavieiras.
A operação se encerra às 8h da manhã de quarta-feira.

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torneiraMoradores do bairro Conceição estão para perder a paciência com a Emasa. Há oito dias várias ruas do bairro estão na seca, em plena época de cheia nos reservatórios. Uma dessas ruas é a Bela Vista, uma das mais antigas.
Fala um morador: “Quando teve o racionamento a gente entendeu, porque era algo que não se poderia resolver da noite pro dia, embora pudesse ter sido feito um planejamento melhor antes. Mas agora, com tanta tanta chuva, não vemos razão para a Emasa continuar a massacrar os itabunenses”, desabafa.
Ele diz que em vários pontos da cidade a situação é idêntica. “Tenho um amigo no Santo Antônio que, quando nos falamos, depois de desejar um bom dia, a frase seguinte é a pergunta: ‘Tá caindo água aí?’ Ele diz que já não aguenta mais procurar água para conseguir tomar um banho de litro”.

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– MÁRIO NEGROMONTE, DO PP, É FLAGRADO NA FARRA DAS PASSAGENS DA CÂMARA

Família viajou a Nova Iorque usando cota de passagens da Câmara (Foto Intern).

Metade dos 23 líderes da Câmara utilizou a cota de passagens em 82 viagens internacionais nos últimos dois anos. O uso indiscriminado do benefício transcende as bandeiras partidárias e ideológicas, envolvendo 11 lideranças da base governista e da oposição.
Pelo menos oito líderes aproveitaram o recurso da Câmara para levar parentes para o exterior. Três são baianos: Mário Negromonte (PP-BA), Daniel Almeida (PCdoB-BA) e Uldurico Pinto (PMN-BA).
Clique aqui para ver a relação de viagens de cada um deles
O destino preferido dos parlamentares e de seus familiares é Nova Iorque. A cidade americana aparece como origem ou destino de 28 viagens custeadas com recursos públicos. Paris desponta, logo a seguir, na preferência dos deputados em 16 ocasiões. Miami, com 15 viagens, é a terceira cidade estrangeira mais visitada com verba da Câmara pelos líderes. No total, gastaram R$ 145,6 mil.
Três líderes utilizaram a cota em voos para o exterior mais de dez vezes. Com 23 viagens, Mário Negromonte é o campeão em uso da cota com passagens internacionais. Fernando Coruja, com 19, e Henrique Eduardo Alves, com 13, aparecem na sequência.
Lideranças em viagens
O líder do PP, Mário Negromonte, utilizou o benefício da Câmara para viajar com a mulher, Edna, e as filhas Daniella e Gabriella. Sempre no eixo São Paulo-Nova Iorque. Os bilhetes foram emitidos em datas diferentes, que vão de maio de 2007 a agosto de 2008. Também foram liberados outros quatro bilhetes para Leonardo Dantas da Silva, todos com destino e origem no aeroporto JFK, em Nova Iorque. As passagens foram expedidas entre abril e agosto de 2008.
Negromonte confirma as viagens com a família na cota da Câmara e diz não ver nenhum problema nisso. “Se não fosse permitido, ninguém faria. Tudo foi feito dentro da legalidade. Se não fosse assim, a Câmara não teria autorizado”, disse.
Leia mais no site Congresso em Foco (clique aqui).

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Durante a solenidade de inauguração do Núcleo Milton Santos dos Territórios de Identidade, em Itabuna, neste sábado, foi só o prefeito Capitão Azevedo (DEM) abrir a boca para que pequena parte do público ensaiasse uma bela vaia.
Como o momento era outro, a turma mais sensata pediu menos aos mais exaltados com o “andar” da administração do democrata.

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Mais uma pessoa morreu com suspeita de dengue no município de Itabuna, no sul do Estado. Anísio José da Silva, 50 anos, faleceu na madrugada deste sábado (18), no hospital de Base, onde estava internado desde a última terça-feira (14).
O atestado de óbito indica a dengue hemorrágica como a causa da morte, mas ainda estão sendo realizados exames no Laboratório Central (Lacen) para dar a confirmação. Esta é a segunda morte no município em menos de uma semana.
Anísio, natural de Coaraci, morava há dezesseis anos no Albergue Bezerra de Menezes em Itabuna, que abriga enfermos e moradores de rua que não tem família. O corpo está sendo enterrado na tarde deste sábado (18) no Camitério Campo Santo, no muncípio. Informações da TV Santa Cruz.

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Foi numa manhã chuvosa deste mês de abril que se deu o grande encontro do Pimenta com a Arubumba, palavra que uma das mais cativantes figuras do jornalismo regional utiliza para definir a coluna mais esculhambada do seu site, o R2C Press. A página virtual é mantida há seis anos por ele, Roberto Rabat Chame, um cara que virou repórter de rádio aos 13 anos e acaba de completar quatro décadas de dedicação ao jornalismo.

 

Rabat tem aquele tipo de personalidade magnética e uma pureza de criança (bem traquina, diga-se de passagem), mas a sua marca mais evidente é o humor, corrosivo sem ser grosseiro. É talento nato, uma graça natural, que lhe acompanha desde os tempos de rádio, passou pelo anárquico Marimbondo e está hoje em suas arubumbas no R2C Press.

Detalhe: foi Rabat que inspirou o surgimento do Pimenta e de muitos outros blogs que pipocaram em Itabuna e Ilhéus nos últimos anos. Como já escrevemos em outra oportunidade, o jornalista também inspira pelo seu caráter e amor pelo jornalismo. Conversar com Rabat é sem dúvida um prazer, pois a gente aprende e também ri pra caramba. É uma figuraça!

Pimenta – Quando você virou repórter?

Rabat – Em 69, eu já era repórter de pista, fui um dos repórteres mais jovens do país. Tinha uns 13, 14 anos quando comecei e passei por todas as rádios de Ilhéus e de Itabuna. Uma das figuras com quem trabalhei em uma equipe de esporte foi Marfísio Cordeiro (hoje juiz de direito em Itabuna), na antiga Rádio Clube.

Pimenta – Mas o início mesmo foi em que emissora?

Rabat – Na Rádio Cultura de Ilhéus. Naquela época, tinha um fone grandão, que não cabia na minha cabeça. Então eu precisava de três mãos mais ou menos, pra segurar o fone, o microfone e a prancheta. Um detalhe interessante é que a aparelhagem para fazer uma transmissão externa precisava de quatro pessoas para transportar até o campo. O negócio era de válvula e tinha que esperar um olho de boi vermelhão acender pra indicar que o sinal tava ok.

Pimenta – Como surgiu seu interesse pelo rádio?

Rabat – Rapaz, eu achava rádio interessante. O pessoal lá de casa ficava escutando e eu achava o maior barato aquela caixa e todo mundo prestando atenção. Em outra vez, eu fui ver um jogo do Flamengo e vi um pessoal dando carteirada. Eu perguntei por que aquele povo não pagava o ingresso e me disseram que eram da rádio e que o pessoal da rádio não pagava. Aí eu disse: é aqui que eu vou, nem que seja pra carregar fio, pra fazer qualquer coisa…(risos). Mas eu achei muito bonito o cara mostrar a carteira e passar (mais risos).

Pimenta – Vontade não faltava, mas quando veio a oportunidade?

Rabat – Estava acontecendo um torneio caixeiral, que tinha Paulo Kruschewsky, uma turma danada…Aí eu fui pra debaixo da sombrinha pra ficar vendo os caras, porque torneio caixeiral é rápido como a zorra, é um jogo atrás do outro. Fiquei lá em pé, pensando: “daqui a pouco vão me pedir pra fazer qualquer coisa”. Eu já tava me sentindo da rádio. Foi quando alguém me falou: “meu filho, pergunta ali como é o nome daquele cara que vai entrar no jogo”, e eu disparei. Na terceira vez, eu disse, “pô, e por que eu não falo (no ar)?”. Foi quando eu decidi que não ia ficar só trazendo a informação, eu ia falar para os ouvintes. Um dia, choveu muito forte, todo mundo “abriu o gás” e deixou lá um repórter de pista. Aí eu colei no cara. No outro domingo, eu cheguei e fui direto pra cabine. Nesse dia, um repórter não foi, o outro tava doente e por aí vai. Aquele era o meu dia. Veio o cabeça da equipe e perguntou se eu não poderia fazer uma entrevista, e eu: “é comigo mesmo”. Botei o fone e mandei ver. Parece que eu nasci pra fazer reportagem. Ninguém acreditava, cara.

Pimenta – Quem eram as estrelas do rádio ilheense nessa época?

Rabat – Armando Oliveira, Juarez Oliveira, Raimundo Veloso, Adir Brandão… Era uma turma boa danada. Era uma época em que o cara de rádio era pinçado para fazer um trabalho que refletisse bem o pensamento da comunidade. O que o profissional de rádio daquela época dissesse era lei.

Pimenta – E quando você começou a escrever em jornal?

Rabat – Quando saía da rádio, eu ia pro Diário da Tarde e ficava olhando aquelas máquinas de linotipo. Aquilo parecia Disneylândia. Rapaz, eu ficava fascinado com aquele negócio: tinha a caldeira e jogavam chumbo dentro pra fabricar a letra, depois juntava tudo, bota no papel, passa um rolo de tinta. Foi aí que Seu Otávio Moura (editor do DT na época) me perguntou o que eu ia fazer lá todo dia. E eu: “quero trabalhar aqui”. E ele: “mas quem foi que disse que você pode trabalhar aqui, menino?”. Eu pedi que ele arranjasse qualquer coisa pra mim, que eu não queria ganhar nada, só queria ficar ali.

Pimenta – Aí não tinha como o editor recusar…

Rabat – Ele me admitiu pra fazer um teste de repórter, com 14, 15 anos. A primeira coisa que me mandou fazer foi descrever a minha casa. Disse que se eu queria ser repórter, no mínimo teria que ser capaz de fazer isso. Rapaz, até a quantidade de tomadas eu botei. Depois, me mandaram cobrir um jogo na praia e foi a maior alegria da minha vida. Eu perguntava: “eu já sou repórter?”. Meu negócio era ser repórter. Eu passei a cobrir o esporte e trazia as informações para Veloso, que comandava esse setor no jornal. E o pessoal começou a gostar do meu trabalho.

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“Parece que eu nasci pra fazer reportagem. Ninguém acreditava, cara”

Pimenta – Como se deu sua evolução no jornal?

Rabat – Uma dia Veloso foi contratado para trabalhar na Associação do Porto de Ilhéus e foi ficando sem tempo para o jornal. Lógico, eu aproveitei. Não tinha um dia que não sobrasse matéria. Ilhéus estava com três times no campeonato baiano: Flamengo, Vitória e Colo Colo, tinha intermunicipal, campeonato na praia, Itabuna-Ilhéus, aquela rivalidade.

Pimenta – Sua praia então ficou sendo esporte por um bom tempo?

Rabat – Durante um bom tempo foi esporte, no jornal e na rádio. Fazia também na Rádio Baiana um programa chamado “Roberto Rabat 200 quilômetros por hora”, que terminou com 8 mil quilômetros por hora (risos). Não tinha FM na época e eu tinha cem por cento da galera escutando esse programa. Era pau puro, só música maluca: Jimmy Hendrix, Alice Cooper, Led Zepelin, Pink Floyd. No dia que eu botava alguma música de Caetano Veloso ou de Roberto Carlos, a galera só faltava me matar.

Pimenta – Não surgiram convites para trabalhar fora de Ilhéus?

Rabat – Nessa época, ainda bem novo, eu recebi vários convites para trabalhar na rádio Excelsior, na Sociedade. Fui na Rádio Globo dar entrevista, porque ficavam admirados como é que um menino daquela idade era repórter. Teve um jogo em Itabuna, na Liga Desportiva Itabunense, e o pessoal da Rádio Excelsior estava com a escalação errada. E eu, transmitindo pela Clube, observei os caras e no intervalo fui lá. Bati no ombro do sujeito e disse: “moço, sua escalação tá toda errada”. Ele gostou de mim e já desceu comigo para pedir a mamãe que me deixasse ir pra Salvador, que eu ia arrebentar na Fonte Nova. Mamãe não deixou e eu fiquei de mal com ela seis meses (risos). Você imagine, eu a todo vapor e receber um convite desse.

Pimenta – Com certeza o humor já era uma característica sua nessa época.

Rabat – Rapaz, nem fale. Teve uma vez que a polícia prendeu um traficante conhecido como Urubu e o zagueiro central da seleção de Ilhéus também tinha o mesmo apelido. Na defesa tinha Bico de Pato, Henrique Lampião, Urubu e Zé Bita. Cheguei esbaforido na redação e o diretor querendo saber o que tinha acontecido. Eu falei: “a polícia pegou Urubu, arrebentou no pau e ele tá entregando todo mundo. Quem diria que aquele desgraçado era traficante?”. Rapaz, larguei essa pilha e me mandei (risos). No outro dia, publicada a matéria sobre a prisão de Urubu, chegaram no jornal o pai, a mãe, Urubu, galinha, papagaio, todo mundo querendo tirar meu escalpo (risos). Claro que tivemos que publicar uma nota, explicando que o Urubu preso com a droga não era o da seleção de Ilhéus. Essa foi a minha primeira “Arubumba”.

Pimenta – E o Urubu não quis lhe processar?

Rabat – Não, mas ele mudou comigo. A gente tinha uma amizade boa, ele foi campeão do Intermunicipal com a Seleção de Ilhéus e a gente viajava junto. Meus parceiros eram Jorge Amarelinho, Marcos Bandeira (hoje juiz de direito em Itabuna), que era um craque de futebol. Depois que a polícia pegou o Urubu “do Paraguai” e eu fiz a brincadeira, ele mudou.

Pimenta – Com o tempo você acabou entrando na cobertura política.

Rabat – Muito tempo depois, eu enveredei para a área da política. Acompanhei comícios e um dia fui cobrir o evento de um político, que aliás era o candidato do jornal. Eu fiz a matéria, tudo direitinho, e desci o cacete no cara. Quando fui até a banca para pegar o jornal, foi a minha primeira grande decepção. Só tinha o lado bom do sujeito. Na terceira vez que aconteceu coisa parecida, eu pedi para não me mandarem mais fazer aquelas matérias, pois sempre saía o contrário do que tinha escrito.

Pimenta – O problema então foi você ter inventado de sair do esporte, que é uma coisa séria, para ir cobrir política…

Rabat – É verdade, matéria de esporte quase nunca o jornal tem interesse em mexer. Quer dizer, só se for em um episódio como aquele do Urubu…(risos).

Pimenta – Houve outras decepções?

Rabat – Teve uma época em que começaram a surgir novos jornais e apareceu um cara de Feira de Santana, que me chamou para trabalhar. Foi quando saiu a minha primeira matéria inteira, até os erros saíram (risos). A segunda, legal. Na terceira, cadê a matéria? Tinha lá no jornal era um anúncio, tipo “Pague seu IPTU”… e nada da minha matéria. Começaram a podar e isso foi me enchendo a paciência porque eu, ainda muito ingênuo, percebi como o poder econômico influenciava os veículos.A grana da prefeitura entrava para nortear a linha da cobertura e isso nunca bateu muito comigo. Eu pensava o seguinte: como é que eu vou dizer que a cidade está linda e o cara vai tropeçar no buraco? Como é que vou dizer que tá tudo iluminado se o cidadão foi assaltado em uma rua escura?

Pimenta – O que você fez para se livrar dessas decepções?

Rabat – Comecei a mandar notícia pra fora e esqueci um pouco daqui. Escrevi matérias de polícia para o Estadão, O Globo, Folha de São Paulo, A Tarde… Foi quando surgiu o Marimbondo, que eu acho que mexeu um pouco com a história do jornalismo em Ilhéus. É que o político desenvolveu um grau de cinismo tão grande, acostumou-se tanto a ser mentiroso, a utilizar a arte do engodo, de ludibriar as pessoas, que se você faz uma crítica direta a ele, entra por um ouvido e sai pelo outro. No entanto, se você criar situações de humor, em que o comportamento dele seja transformado em motivo de gozação, ele pira com você. Aí surge a “Arubumba”.

Pimenta – O que é Arubumba?

Rabat – Arubumba é uma palavra africana, que significa algo como confusão generalizada, bagunça, arerê… E é nada mais nada menos do que a coisa mais séria que eu já fiz até hoje.

Pimenta – E as travestidas do Marimbondo?

Rabat – Rapaz, aquilo quase resulta em processo. Teve um cara “travestido” que era amigo do juiz e foi lá no fórum. Quando o juiz abriu o jornal, não aguentou: caiu na risada e sacaneou a vítima também. Dizem que o juiz falou pro amigo: “eu prefiro você assim” (risos). Eu deixei de fazer as montagens porque houve uma ocasião em que os colegas de um adolescente levaram o jornal para a escola e o pai do menino estava lá de viúva, vestido de preto e tudo. Foi a maior gozação com o garoto. Aí eu parei.

Pimenta – Qual foi a melhor “travestida”?

Rabat – A melhor de todas foi Maurício Maron (jornalista). O que esse cara recebeu de cantada! Ele enlouqueceu, mas foi um momento especial na vida dele, quando ele conseguiu a mobilização de todo o comércio e dificilmente conseguirá nova façanha. O dia de estrela de Maurício, por mais que queira negar, ele tem que agradecer a mim. Eu mesmo achei Maurício a mulher mais gostosa de Ilhéus (muitos risos).

Pimenta – E campanha política, você chegou a fazer?

Rabat – Uma coisa que me provocou a maior indignação e me fez largar uma coordenação política no meio, foi quando o candidato entrou na zona do mangue do Teotônio Vilela e tinha uma pessoa com deficiência física, sentada lá numa cadeira toda quebrada, furada e o cara foi falando que estava ali porque soube que havia uma pessoa necessitada, que os outros políticos não davam importância à área social e que ele ia ajudar. A família do cara toda na porta, batendo palma. Depois, entramos na van e eu perguntei quando o candidato iria providenciar a cadeira. Ele respondeu que era conversa fiada, que ele não era nenhuma “Irmã Dulce”. Saí da campanha e eu mesmo arranjei a cadeira. O político, com raras exceções, investe na necessidade do povo e mente descaradamente.

Pimenta – Qual o seu sentimento com relação a isso?

Rabat – Eu peço a Deus que chegue o tempo em que a coisa seja verdadeira, que não exista tanta safadeza, tanta mentira, que o político deixe de enganar. O político vive da miséria e das esperanças alheias. E o povo, coitado, ele precisa que alguém o engane para ele criar uma expectativa de quatro anos de vida. Se o cara entender que tá todo mundo mentindo, que não vai mudar nada, ele mete uma bala na cabeça.

Pimenta – Como surgiu o Marimbondo?

Rabat – O Marimbondo surgiu para contar essas histórias com humor e destacando o cinismo, a mentirada que rola no meio político.

Pimenta – Você conseguia vender anúncios?

Rabat – Não, e é por isso que o projeto sobreviveu apenas uns dois anos. Os empresários recebiam pressão dos políticos para não anunciar no Marimbondo. Toda vez que você via o jornal na rua tinha um CDC baixado no Banco do Brasil, que eu pegava para custear as despesas. Eu arranjava um bocado de coisa pra fazer por fora, digitei até trabalhos escolares, fiz monografia… Tudo pra juntar grana e fazer o jornal.

Pimenta – Como você se sentiu com o fim do Marimbondo?

Rabat – Quando acabou o Marimbondo, fiquei meio descrente. Eu não tinha o meu veículo e os jornais e as rádios locais desenvolviam uma linha que não me agradava. Aí eu tô em casa, pensando na vida, fazendo matéria pros outros, diagramando jornal, quando chegam duas pessoas que me convidaram para abrir uma sucursal de um veículo regional em Ilhéus. Disseram que eu teria “toda liberdade do mundo”, mas pouco tempo depois as minhas matérias não saíam e eles alegavam que era falta de espaço. Logo eu fui informado de que a Prefeitura tinha acertado um débito grande com o veículo e por isso eu fui escanteado.

dsc093481“Peço a Deus que chegue o tempo em que a coisa seja verdadeira, que não exista tanta safadeza, tanta mentira, que o político deixe de enganar”

Pimenta – O jeito foi mais uma vez seguir carreira solo…

Rabat – Tava surgindo a internet discada e eu não sabia nem ligar o computador, mas queria aproveitar aquele negócio. Foi quando eu criei o R2C Press. Imagine que meu sonho era ter 100 leitores diários. No dia que apareceu “nesse momento tem 10 visitantes online”, a rua toda soube (risos). Eu posso fazer no site o que não consegui nos outros veículos. O R2C Press surgiu da minha insatisfação ao perceber que veículo nenhum sobrevive se não tiver com o governo. Eu imaginava que isso era daqui, mas eu fui percebendo que é no mundo todo (detalhe: o site já passou das 8 milhões de visitas).

Pimenta – Como os políticos recebem as críticas do site?

Rabat – Eu gostaria que as autoridades constituídas vissem o nosso trabalho como uma ajuda. Qual é o secretário que vai dizer que a secretaria dele não está andando? Eu espero em Deus que haja um amadurecimento, que as autoridades vejam os veículos como aliados, mesmo na crítica. O problema é que todo político é extremamente vaidoso e acha que tem uma imagem irretocável e que não erra. Quem erra é o secretário.

Pimenta – Você não acredita na boa intenção de alguns políticos?

Rabat – Há exceções mas em geral só existe oposição porque o cara não está na situação. É tudo igual, a única diferença é que um tá no poder e o outro quer entrar. Não existem esquerda e direita, mas sim um eterno jogo pelo poder. Quando houve aquelas manifestações pedindo a saída do nosso ex-prefeito, o “grande” Valderico (Reis), teve uma mobilização tremenda. Eu vi os poderes se digladiando em praça pública, mas não comi aquela farofa. Pelo amor de Deus, é subestimar a nossa inteligência.