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Curar a mãe dentro de você é conciliar-se consigo mesmo. Porque, queira ou não, goste ou não, essa mãe vive em você.

 

Rava Midlej Duque || ravaduque@gmail.com

O nosso movimento na vida e para a vida está diretamente relacionado aos nossos pais. Na Psicologia Sistêmica e nas Constelações familiares gostamos de dizer: a mãe é a vida, o pai é o mundo.

Mas hoje, em específico, quero falar da mãe. Não só por ser o mês oficial de celebração às mães, mas também por ser a mãe a primeira estrutura para onde olhamos quando estamos buscando a nós mesmos. Ou pelo menos, deveria ser.

Mas agora você pode estar a perguntar, mas por que a mãe, Rava?

Eu gostaria muito de aprofundar essa explicação aqui, mas não é possível. Porque só esse assunto me rendeu um livro. Mas vou te contar algo suficiente para que gire uma chave importante em você.

A nossa mãe é a nossa grande professora. Professora do quê, Rava? Da nossa alma. É ela quem nos traz (isso acontece de forma inconsciente) os aprendizados necessários para crescermos e evoluirmos.

Tenha em mente que nossa família é um campo funcional. Cada pessoa ocupa um lugar único nesse campo e é somente quando cada um ocupa o seu lugar: sua mãe, seu pai, seus avós, os pais deles, o pai dos pais deles, e assim desde a origem, é que a vida se faz para você. Concorda comigo? Afinal você precisou de uma mãe, um pai, os seus pais precisaram dos pais deles e assim desse a primeira semente da sua árvore genealógica.

A clareza sobre o nosso lugar no mundo é estabelecida a partir da nossa relação com a nossa família, a começar da mãe e do pai. Mas como avisei lá no começo do texto, hoje vamos direcionar a nossa atenção a mãe.

A ausência da mãe (física ou emocional) na vida da pessoa pode causar feridas profundas, com cicatrizes e dores por toda uma vida. Um conflito relacionado à nossa mãe afeta a relação que temos com nós mesmos, com os outros e com o mundo, porque a mãe é a primeira relação que temos na vida e, por isso, a base de todas as outras que estabelecemos ao longo da nossa vida.

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Ao entendermos a profunda ligação entre nossas relações familiares, em especifico a relação da ‘figura’ materna com a nossa saúde alimentar e emocional, abrimos caminho para uma vida mais equilibrada e mais consciente.

 

Rava Midlej Duque || ravaduque@gmail.com

Imagine uma tapeçaria tecida com fios invisíveis, cada um representando nossas crenças, que desde a infância moldam nossas escolhas e experiências. Esses fios sutis, muitas vezes não percebidos, têm o poder de guiar nossas jornadas de forma profunda e determinante.

Na jornada da vida, algumas pessoas encontram um cenário de abundância, felicidade e crescimento contínuo, enquanto outras enfrentam desafios persistentes e dificuldades. Essa diferença muitas vezes está enraizada em suas crenças mais profundas.

Não é diferente com o seu corpo e a sua relação com a comida. No processo terapêutico, é crucial deixar de lado a mente racional e abrir um espaço disposto e disponível para acessar além do aparente. Compulsão alimentar, bulimia, alergia alimentar são transtornos que estão diretamente conectados com as relações familiares e são sintomas que dizem algo sobre como nos sentimos em relação à vida.

A forma como nos relacionamos com a nossa mãe está ligado diretamente à como tratamos nossas vidas. Mãe e comida são portadoras da mesma energia que nutre alma e corpo. A mãe é aquela que dá vida e o primeiro alimento. Por isso, quando o adulto apresenta problemas com peso ou disfunções alimentares, está de forma inconscientemente buscando essa mãe.

Muitas vezes, assumimos padrões alimentares transmitidos ao longo das gerações, refletindo conflitos internos e transtornos alimentares por uma vida inteira. Ao acessar as emoções e os padrões inconscientes por trás das disfunções alimentares, torna-se possível liberar e reprogramar comportamentos.

Esses padrões, enraizados em questões familiares não resolvidas, se manifestam de diversas formas, desde compulsões até rejeições alimentares, revelando nossos sentimentos mais profundos em relação à vida e àqueles que nos cercam, especialmente nossa mãe. É nesse contexto que a Terapia Sistêmica e as Constelações Familiares se destacam como ferramentas poderosas de auxilio e transformação.

Estas ferramentas não oferecem uma solução mágica, mas sim uma jornada de autoconhecimento e transformação. Ao trazer à luz as fontes dos nossos conflitos alimentares, aqui em especifico as dinâmicas relacionadas à mãe, nos tornamos consciente do cerne da questão que causam os sintomas que vivemos. A partir disso, podemos assumir de forma lúcida, uma nova postura que nos impulsiona em direção ao bem-estar de dentro para fora.

A Constelação Familiar nos permite olhar para o essencial, para a dinâmica oculta que está por trás das disfunções e distúrbios. Diagnosticamos as causas profundas da obesidade, compulsões e outros distúrbios, permitindo movimentos terapêuticos que nos levam à reconciliação com nosso corpo e nossas relações familiares.

Ao explorarmos as leis do universais e da ordem familiar, encontramos o cerne dos transtornos alimentares e a chave para as pazes com o nosso corpo emocional e físico. Não é uma receita de bolo. Cada caso é uma caso e cada pessoa está contando a sua própria história com as dificuldades que enfrenta. Mas há um parágrafo único: a relação que você tem com o alimento representa de maneira indireta a relação que você tem com a sua mãe.

Durante uma Sessão de Constelação ou com o uso do Mapeamento Sistêmico para investigar as relações familiares da pessoa, podemos descobrir as raízes profundas que estão regendo o padrão alimentar disfuncional, que pode estar ligado a uma lealdade inconsciente por aspectos emocionais, vínculos afetivos, não só aspectos fisiológicos, hormonais e bioquímicos.

Ao entendermos a profunda ligação entre nossas relações familiares, em especifico a relação da ‘figura’ materna com a nossa saúde alimentar e emocional, abrimos caminho para uma vida mais equilibrada e mais consciente. Até porque a nossa alma também têm fome. É por esse motivo que chegamos em um momento de vida que buscamos por um sentido maior para tudo isso aqui. Além de crescer, casar, comprar e pagar conta.

Com o acesso às dinâmicas sistêmicas, descobrimos que a forma como nos relacionamos com a comida e cuidamos do nosso corpo está intrinsicamente ligada às nossas relações familiares e aos padrões emocionais que absorvemos ao longo da vida. Cada escolha alimentar, cada comportamento relacionado à comida é um reflexo direto desses padrões sistêmicos.

Ao olharmos para o sistema como um todo, percebemos que esses elementos aparentemente independentes – nossas relações, nossa alimentação e nosso corpo estão entrelaçados por fios invisíveis. A Terapia Sistêmica nos ensina a ler os sinais dessa grande teia, a compreender a integração do nosso sistema interno e externo. Ao compreendermos os padrões sistêmicos, abrimos espaço para uma vida mais saudável e equilibrada, onde nossas relações, nossa alimentação e nosso corpo se tornam aliados. Nunca oponentes.

Rava Midlej Duque é comunicadora, mestra, terapeuta sistêmica, consteladora familiar e especialista em Psicologia Perinatal.

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Por achar que não conseguimos.
Porque achamos que não somos bons o suficiente.
Porque as pessoas não acreditam na gente.
Porque é difícil.
Porque crescemos ouvindo que isso era Ímpossível.
Porque não nos sentimos merecedores.
Por que desistimos?
São tantos os porquês…

Rava Midlej Duque || ravaduque@gmail.com

Certa vez, quando havia desenvolvido a depressão e fui clinicamente diagnosticada, falei para a terapeuta que estava sentindo muita raiva da vida e assustada com as pessoas e com o mundo. Essa sensação me causava o questionamento: PARA QUE E POR QUE ESTOU VIVA?

Era uma sensação que desencadeava várias outras, e eu fugia das pessoas. Além de reclamar delas, reclamava da vida, reclamava do governo, da sociedade, dos vizinhos, da família…

“A última pessoa que imaginei que passasse por isso seria você, Rava”, falou mainha, olhando para mim. Era mesmo difícil acreditar, principalmente porque sempre me senti alegre, para cima, com vontade de vida! Mas a depressão chegou à minha vida. E eu estava ali, derretendo em um buraco sem fundo. Eu realmente estava desistindo de mim, não no sentido de tirar minha própria vida, mas desistindo da vida em vida, tornando-me apática, fria, sem brilho nos olhos. Mas, aos poucos, com tempo, paciência e, sobretudo, com decisão e dedicação, felizmente fui resgatada pela minha família e pela espiritualidade.

Não que hoje eu esteja isenta dos problemas e dificuldades da vida, ou que eu não me sinta confusa em algumas situações ou que nunca desanime diante das demandas e responsabilidades. Sim, faço, sinto! Sou humana! Mas hoje me conheço melhor e tenho ferramentas para encontrar de solução para tudo. Sim, eu disse, tudo! Para tudo há caminhos de solução, basta que a pessoa queira e comprometa-se com o seu processo. Não é fácil. Mas é possível e vale a vida!

Cura é jornada! Autoconhecimento é processo! Não desista. Não desista de você. Resgate quem você é e vá retirando todas as máscaras que te levaram a esquecer.

Respeite a sua história e tudo que te trouxe até aqui.

E lembre-se: quando você começa a questionar o sentindo da sua vida, é porque sua jornada no autoconhecimento iniciou. Por isso busque apoio, busque profissionais que te ajudem nesse processo. Não é fácil seguir sozinha.

Muita coisa está acontecendo ao mesmo tempo. A energia está intensa e tensa no mundo. Estamos em um momento em que, se a pessoa não tem um apoio emocional, alguém para auxiliar, escutar, receber ferramentas, caminhos de soluções, a pessoa não consegue sozinha.

Quando você recebe o auxílio, a mão de alguém para ajudar você nos seus processos, você recebe uma força de vida que te resgata, te impulsiona, te eleva para o seu melhor. E quando você se alinha no seu lugar de força vital, começa a se relacionar com a intensidade do mundo de forma diferente: mais confiança, menos controle.

Eu não me tornei terapeuta sistêmica só lendo livros ou assistindo 500 horas de aula, eu sirvo aquilo que eu conheço. Ou seja, eu já estive do outro lado. Eu passei meses olhando para o fundo do poço. Eu sei como é estar perdida diante à vida, sem sentido, sem bússola, sem noção do que fazer e qual caminho seguir.

Então lhe digo, sente que precisa de ajuda? Busque! Agarre com unha e dentes e faça disso sua prioridade. Não se deixe para depois. Não há tempo a perder! É preciso trazer para o consciente aquilo que está inconsciente, e por isso, sem entendimento. Identifique e trabalhe nisso. Trabalhe nisso para que se torne uma FORÇA e não uma FUGA!

Nunca é tarde para se perguntar ” Estou pronta(o) para mudar a minha vida, estou pronta(o) para fazer diferente a partir de agora?

Eu passei por um processo que eu precisava para encontrar o meu propósito, uma vida que fizesse sentido ao meu coração e a minha alma. Sigo encontrando todo dia. E você também pode encontrar esse lugar. Não desista!

Rava Midlej Duque é comunicadora, mestra, terapeuta sistêmica e consteladora familiar especialista em Psicologia do Nascimento.

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Para o problema que a pessoa possa identificar, há sempre caminhos de soluções. Não é fácil, mas é possível e extraordinário.

 

Rava Midlej Duque

Há dias em que eu me sinto vulnerável. Há dias em que eu foco no que não tenho. Há dias em que eu sinto o vazio como um problema, confundo solitude com solidão. Há dias em que eu alimento pensamentos que só sabotam e enfraquecem o meu processo. Há dias em que eu choro sem motivos aparentes.

Dar espaço para sentir e reconhecer esses padrões é o que me transforma. A gente não aprende sobre o amor, sem amar, a gente não aprende sobre paciência, sem viver momentos que nos exijam paciência.

Ninguém passa ileso pela vida. Somos desafiados o tempo todo, de certa forma acredito que é tudo com propósito. Somos seres espirituais vivendo uma experiência física e material, não o contrário. Estamos todos aqui para aprender a viver neste plano terreno: aprender, ensinar, se relacionar, evoluir diante às adversidades e às circunstâncias. Por mais cruéis que possam nos parecer à primeira vista, a dor muitas vezes, nos torna pessoas melhores. Aqui não faço apologia à dor, não a desejo! Mas quando ela inevitavelmente nos encontra, há algo nesse acontecimento que podemos aprender. A dor é o incômodo que impulsiona a ostra a produzir pérolas. Diante das adversidades e situações dolorosas que viveu, quais pérolas você conseguiu produzir até aqui? Pense nisso.

Os desafios fazem parte da nossa existência, sobretudo, a oportunidade de aprender com eles. Os problemas existem e vão continuar a existir, só terão nomes diferentes: uma hora é dinheiro, outra é saúde, outra vez é a autoestima ou o relacionamento que não vai bem. Independente se é Ano Novo ou não, se é Verão ou Inverno, se é carnaval ou São João, problemas existem. Pode parecer um tanto utópico, mas a questão não é sobre ter ou não problemas. Uma pessoa bem resolvida consigo mesma, ela é próspera em seus pensamentos, comportamentos, tem brilho nos olhos, passa confiança na fala, suas atitudes são coerentes e elevadas. Ela transborda!

Mas atenção, essa pessoa também tem seus problemas e desafios, mas a postura dela faz toda diferença, é a forma como essa pessoa investe tempo, energia e dinheiro para encontrar recursos, ferramentas de autoconhecimento que lhe dê sustentação e autonomia para enfrentar e solucionar esses problemas e dificuldades. Então o que estou falando aqui é: não é sobre o que a vida faz de você ou para você, mas o que você faz com aquilo que recebe dela.

A intenção da evolução aqui na terra nada mais é do que evoluir a consciência. Não adianta Sermos se não formos na direção de encontrar Quem Somos. A questão humana é ser e existir de maneira coerente. E existir exige que tenhamos consciência de quem somos. Alguma vez na vida você já se fez a pergunta: Quem sou eu? Se ainda não fez essa pergunta, chegará a hora. E quando essa hora chega para você, o seu entendimento sobre a vida começa! Sábios e Mestres durante toda a história da humanidade apontaram um caminho para obtermos respostas sobre a vida: Conhecer a si mesmo e dominar a si mesmo. Aristóteles, filósofo da Grécia Antiga, em seus escritos uma vez disse: “Conhecer a si mesmo é o começo de toda a sabedoria”. Lao Tzu, filósofo chinês, disse algo semelhante: “Conhecer os outros é inteligência; conhecer a si mesmo é a verdadeira sabedoria. Dominar os outros é força; dominar a si mesmo é o verdadeiro poder”,

Existe algo para o qual somos todos convidados: A revolução interna!

Não é algo linear: você levanta, cai, levanta, depois cai de novo e levanta mais forte, depois vem algo que te mata, apaga, suga, aí você morre e depois de algum tempo, renasce. Depois cai de novo, rasteja, até que aprende a voar. E aprender a voar é algo empoderador! Você precisa experimentar. Eu sei que não é um caminho fácil, mas é possível. É por isso que existem profissionais como eu, Terapeutas, Psicólogos, profissionais de diversas áreas do Desenvolvimento Humano, capacitados a conduzir e ajudar efetivamente às pessoas que buscam conhecer a si mesmas, que buscam mudanças nas suas vidas.

Durante os atendimentos que realizo é recorrente eu receber pessoas que querem melhorar suas vidas de fora para dentro. Querem que as condições externas melhorem, independente da mudança interior. Mas as mudanças externas só acontecem depois da interna. Isso eu aprendi na prática! A minha função enquanto educadora, terapeuta e especialista na área de desenvolvimento humano, precisa ser mais do que cumprir um protocolo de atendimento e dar a receita de um bolo que nem existe. O meu compromisso é dar à pessoa que me procura, o acesso às forças necessárias para que ela sinta-se capaz de resolver o problema que lhe é prioritário. Ensino a reconhecer a capacidade que todo ser humano tem de mudar a sua vida. Para o problema que a pessoa possa identificar, há sempre caminhos de soluções. Não é fácil, mas é possível e extraordinário.

Rava Midlej Duque é comunicadora, mestra, terapeuta sistêmica, consteladora familiar e especialista em Psicologia Perinatal.

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Nosso destino é crescer na capacidade de amar. Aprender a amar é fazer o caminho de volta para casa.

 

Rava Midlej Duque || ravaduque@gmail.com

Minha mãe foi a minha primeira experiência de amor. Meu pai a minha primeira experiência com a espiritualidade – a busca interior. Anos atrás lembro de contar ao meu pai um fato curioso: sempre encontrava borboletas amarelas pelo caminho, onde quer que eu estivesse, elas apareciam. E perguntei o que ele achava que poderia significar isso, e ele respondeu: “eu não sei, deixe que elas mesmas te contem”. Achei isso bonito e segui o conselho. Depois de alguns anos, o Mário Quintana, com sua poesia, me deu uma grande oportunidade de lição: “O segredo é não correr atrás das borboletas… é cuidar do jardim para que elas venham até você(…)”.

Então, entendi que não precisava sempre correr atrás das coisas como se estivesse numa guerra. Havia a possibilidade de alinhar-me internamente e abrir espaço para que as ‘coisas’ que desejava pudessem chegar até a mim, como num encontro, atraídas por ressonância de energia, puro magnetismo. Entender esse movimento, quase como uma dança de casal (eu e a vida) me tirou o peso do: “preciso me encontrar na vida”. A vida já me encontrou!

Eu mesma já falei e muitas vezes ouço pessoas sustentando intenções como: “Quero entrar o ano com chave de ouro” ou “Quero entrar o ano com o pé direito” ou “Desejo que o ano novo nos dê paz, amor, realizações, isso ou aquilo”. Estava aqui lembrando o que Platão falava sobre o
‘Homem de Ouro’, assim como os Alquimistas buscaram em seus estudos e pesquisas, transformar chumbo em ouro – a procura pela pedra filosofal – sendo entendida como o grau mais elevado de evolução de si mesmo. Então fiquei a pensar o quanto estamos de fato nos dedicando a fazer alquimia com a nossa própria vida e a encontrar a pedra filosofal que nos transforma, edifica, eleva. No fim das contas, penso que o Ouro, o qual Platão e os Alquimistas faziam referência é a própria maturidade da nossa consciência.

Certa vez, em um encontro com Deus, Neale Walsch, disse: “Somos todos levados à verdade para qual estamos prontos”. É verdade! A vida sempre nos responde de forma proporcional à nossa capacidade de compreensão. Encontre um lugar de relaxamento no seu Ser para ouvir a vida. Não é sempre que você tem que correr atrás dela, a vida caminha lado a lado e te entrega coisas conforme você também dá! Mas se você fica só querendo receber ou só correndo atrás da vida, você não recebe o que deseja e também não percebe o que a vida te entrega por todos os lados. Então ao invés de: “Eu quero que a vida me dê mais amor, quero que o Ano Novo me dê mais paz, mais alegrias”, te convido a pensar: “ok, quero que a vida me dê isso e aquilo, mas o quanto eu estou dando para a vida?”. Essa é a ressonância, a matemática exata da vida.

O filósofo e matemático Pitágoras, conhecido por sua sabedoria visionária, ao fim de todos os dias desafiava seus discípulos a mergulharem na auto-observação, a despertar para uma vida mais consciente, no sentido de refletir sobre as atitudes, ganhos, perdas, destacando a importância do autoconhecimento na moldagem da vida de cada. Pitágoras entendia que esses desafios não eram obstáculos, mas oportunidades de aprendizado. Esse convite à reflexão ecoa em nossas vidas, especialmente durante a temporada festiva, quando
somos convidados a celebrar o Natal e saudar o Ano Novo.

O Natal, por exemplo, não é só um fato histórico, mas também um fato psicológico, uma oportunidade de renovação, Renascimento. Em meio à correria das festividades, não podemos perder de vista o nosso dever de casa – estamos moldando a nossa jornada nesta vida, que é única e significativa, precisamos estar atentos e atentas. A transformação genuína começa ao reconhecer o seu mundo interior. Então, antes de pedir e escolher o que deseja que o Ano Novo lhe dê, não saia desse ano sem fazer um reflexão útil de tudo que viveu, sem aprender alguma coisa e sem se dispor a crescer no ano que vem.

Os frutos do presente encontram suas sementes e suas raízes no passado, e os frutos do futuro encontraram suas sementes e raízes no agora. Avalie se você tem as raízes necessárias daquilo que pretende frutificar no futuro. Como Terapeuta Sistêmica e Consteladora Familiar, especialista em Psicologia Perinatal, não desejo mais entrar com o pé direito, agora digo: “Quero começar o ano com o pé direito e esquerdo”, porque essa dupla é a própria sustentação primária, é o recurso basal para estar e atuar no mundo. O primeiro passo básico para iniciar qualquer coisa na sua vida é entrar os novos dias com essa integração das duas forças que vivem em você: pé direito, tomando a força que vem da mãe e toda linhagem dela. E pé esquerdo, tomando a força do pai e toda a linhagem dele.

Nós sonhamos com as flores e os frutos, mas não cuidamos das raízes. Viver de forma mais leve e consciente a nossa vida presente requer honrar as raízes, o passado: de onde você veio; a história que compõe sua vida até aqui; sua trajetória. E, porventura, perceber a própria incoerência a partir da pergunta a si mesmo: “O que estou pedindo para a vida e o que eu estou dando para ela?” A vida é puramente pedagógica!

Temos a tendência de nos identificar com o ‘papel’ da vítima: ‘a vida é uma merda’; ‘isso sempre acontece comigo’; ‘a culpa é do outro; ‘o país não tem jeito’; ‘a humanidade é mesmo cruel’; ‘por conta daquilo ou daquela pessoa é que eu não consigo’. São infinitos os nossos pensamentos sabotadores, mas na medida que assumimos a nossa responsabilidade diante daquilo que atraímos para a nossa vida, somos convidados a uma jornada introspectiva, onde o autoconhecimento se entrelaça com a consciência, e a busca incessante por nossa verdade, transborda em cada acontecimento de vida.

Se eu posso deixar alguma sugestão, que antes de tudo é um recado para mim mesma, digo: aprenda a cultivar a si mesmo, seus valores, suas virtudes. Resgate quem você é, retirando todas as máscaras que te levam a esquecer. Olha para o teu oceano, mergulha em profundidade dentro de si. Não fica na superfície tapando buracos com distrações que só diminuem você. Seja o que você espera, ofereça o que você quer receber, sobretudo, silencie e escute o que vibra em teu coração e transborde. Apenas seja e permita que a vida se manifeste através de você. Não é um caminho fácil, porque estamos acostumadas a lei da selva, mas digo: é totalmente possível.

Não há lugar mais importante para chegar a não ser em nós mesmos. Conectar, desfrutar e partilhar. E uma vez que reconhecemos a grandiosidade da vida que nos respira, não buscamos mais aprovação. Não há espaço para vergonha. Não há espaço para ser o que não
se é. Nesse momento a gente toma consciência que a gente só brilha na nossa verdade. E as verdades coexistem e se transformam o tempo todo. Quanto mais difícil for, mais necessário será conectar-se à fonte que tudo rege: o amor.

O amor é a nossa natureza. O espaço que abrimos em nossas vidas e as decisões que fazemos a cada instante podem ser baseadas no amor ou no medo. Escolha o amor. O medo vibra na escassez e na tristeza. Ele nos aprisiona. O amor vibra na abundância e na alegria. Ele nos liberta. Nosso destino é crescer na capacidade de amar. Aprender a amar é fazer o caminho de volta para casa. Caminhamos todos.

Rava Midlej Duque é terapeuta sistêmica, consteladora familiar e especialista em Psicologia Gestacional.

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As pessoas que não conseguem liberar-se do luto permanecem enredadas em um ciclo prolongado de tristeza e melancolia. Não estão vendo suas vidas, não estão olhando para vida e sim para a morte, estão estacionando sua energia vital e seguem congeladas no trauma.

 

Rava Midlej Duque || ravaduque@gmail.com

Onde estão os entes queridos que partiram deste plano físico?

Estão nos nossos corpos físicos agora. Na nossa mente, no nosso amor, na nossa voz, na nossa obra, no nosso servir. Estão manifestados em nós!

Assisti a uma entrevista em que uma moça falava da morte sem aviso da sua mãe. E fiquei comovida com o seu entendimento e percepção diante da perda que, segundo ela, foi uma das maiores dores que sentiu. Ela disse: “minha mãe dormiu e não acordou mais em seu corpo físico. E embora a dor seja grande, eu pude aprender algo valioso: nunca mais acordei sem agradecer. Hoje quando eu acordo a minha mãe também acorda. Ela vive em mim, nunca mais acordei sozinha. Eu a sinto em mim, eu sou ela!”.

Achei isso tão bonito, porque trata-se de um entendimento que é constantemente ocultado pelo cenário do luto, quando na verdade, poderia ser óbvio! Mas é como dizem, o óbvio precisa ser dito!

O fato é que viver a nossa vida é a forma mais poderosa de honrar quem já partiu deste plano físico. Os entes queridos que partiram querem que a gente continue vivendo, homenageando-os com a nossa vida. Legitimar essa existência através de nós. A forma que temos de manter viva a memória de alguém é mantendo-o vivo dentro de nós. E se possível, fazer algo de bom com o que foi deixado por essa pessoa, através da sua vida, ensinamentos, ações, comportamentos, palavras.

Então, a partir de agora, quando alguém perguntar onde está aquele seu ente querido que deixou o corpo físico dele, não diga apenas ‘morreu’, diga: está aqui dentro. Vive em mim e através de mim, porque ele sou eu.

Dia 02 de novembro é patenteado como o Dia Internacional dos Finados, com celebrações em diferentes partes do mundo. É o dia dedicado à memória das pessoas que faleceram, é o dia de orar pelas almas que se foram, como foi designada ainda no século X, pelo entusiasta abade Odilon, de Cluny, na França. Em alguns países, este dia é considerado como expressão cultural, dia de celebrar a vida com os mortos, com danças, bebidas, músicas e histórias contadas.

No Brasil é diferente. O luto traz muita resistência, porque tem a ver com o que nós entendemos sobre a morte. A morte nos coloca em uma despedida inevitável. É uma despedida dolorosa. É natural sentir tristeza, dor, muitas vezes culpa ou raiva, da vida, do mundo ou até mesmo da pessoa que partiu. Essa dor pela ausência atinge as pessoas de forma diferente, mas há algo comum e inegociável: em qualquer uma das formas e maneiras, o luto precisa ser vivido! É necessário que se viva a dor da perda, caso contrário a pessoa pode pagar com a própria vida futura por essa negligência.

Para a Terapia Sistêmica, área da terapia em que o meu trabalho está fundamentado, se a pessoa por algum motivo é impedida de viver o luto: não pode falar, expressar, dar espaço para sentir a dor, certamente essa dor não expressa, é provável que essa pessoa vá desenvolver algum um sintoma ou doença psicossomática. Senão ela, algum descendente da sua família vai viver a dor dessa morte depois.

É comum, por exemplo, acontecer essa transferência quando uma mulher tem um segundo filho(a), mas antes passou pela perda do primeiro, e não se deu o direito de viver o luto. A criança que vem depois sente e absorve o peso da morte, por conta de um luto não vivido da mãe. Mas, atenção, não é culpa da mãe! Na verdade, na Terapia Sistêmica e nas Constelações, não trabalhamos com culpas, mas olhando os fatos além do aparente. O luto que não for vivido quando o fato acontece, mais cedo ou mais tarde virá à tona para algum membro da família.

O luto precisa de espaço e tempo para ser visto, olhado de frente, vivido e devidamente expressado! Para cada pessoa isso vai ser diferente. É importante respeitar as fases, mas é preciso atenção para perceber até onde a pessoa consegue atravessar o ciclo do luto sozinha. Muitas pessoas e até mesmo famílias inteiras precisam da intervenção de um profissional para ajudá-los nessa travessia.

As constelações familiares oferecem uma perspectiva muito bonita para lidar com a questão da perda e do que chamamos de luto. Elas desempenham um papel fundamental ao auxiliar o processo de aceitação, liberação e cura. Porque é necessário olhar para a morte de uma maneira mais ampla, além do aparente. Precisamos encarar a perda, incorporá-la, honrá-la e expressar uma gratidão, por tudo que essa pessoa representou em nossas vidas. Quando realizamos uma constelação, estamos liberando emoções, bloqueios e resistências que podem estar ligados à morte de alguém.

É através dessa liberação que adotamos uma postura diferente em relação à morte, quanto mais liberamos nossos sentimentos de luto, mas encontramos vida em nossa própria existência.

É fácil fazer isso, Rava? Não!

É por isso que terapeutas, psicólogos, profissionais como eu, desempenham um papel fundamental nessa jornada de aceitação. Através de uma abordagem sensível, compassiva e recursos eficazes, podemos ajudar as pessoas a identificar o que as mantém presas a um luto que perdura por 5, 10, 20 ou 30 anos, para então permitir que essas emoções sejam ressignificadas e se dissipem.

O luto, quando bem trabalhado, nos faz lembrar da vida e nos permite honrar a memória daqueles que se foram.

A vida tem um desejo inato de ser amada e respeitada, e a memória daqueles que partiram permanece em nós de várias formas. Por isso, ao invés de lastimar, pesar, sofrer, é sugerido que a gente aprenda a considerar o que foi. E quem sabe, aprender a celebrar quem já partiu através de boas histórias, replicar uma receita de bolo que a mãe fazia, comprar aquele aroma que faz você lembrar daquela pessoa, ou colocar a música que ela gostava e saudar, celebrar, agradecer o tempo que estiveram juntos. Existem várias formas de se fazer, não precisa ser com peso, com sofrimento e com lamentações permanentes e infinitas.

As pessoas que não conseguem liberar-se do luto permanecem enredadas em um ciclo prolongado de tristeza e melancolia. Não estão vendo suas vidas, não estão olhando para vida e sim para a morte, estão estacionando sua energia vital e seguem congeladas no trauma e criando somatizações e bloqueios emocionais e espirituais.

É curioso como a palavra LUTO tem sido utilizada. A etimologia da palavra luto vem do latim ‘luctus,us’, que significa dor, mágoa, lástima, aflição, pesar, lamentar. Quando a pessoa entra em luto ela entra em aflição, lamentação. Eu não gosto de usar a palavra’ luto’. Prefiro substituir pela palavra ‘honra’. A origem da palavra honrar vem do latim ‘honrare’, tratar com consideração e crédito. Prestar honra e respeito. Sinônimo de honrar é agradecer, enobrecer, elevar, engrandecer e valorizar.

Gosto de pensar por essa via. Ir ao cemitério faz parte da nossa cultura. Entretanto, entendo que mais importante do que ir aos túmulos, acender velas, levar flores, é saber, por exemplo, que os meus avós que já se foram deste plano físico, vivem em mim, através de mim. Nenhum pai morre, nenhuma mãe morre, porque a vida deles está dentro de nós.

Rava Midlej Duque é terapeuta sistêmica, consteladora familiar e especialista em Psicologia Gestacional.