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Numa análise aprofundada, o retorno das duas instituições líteras, etílicas e mundanas foi por demais proveitoso, com a aprovação da filiação do debutante Miron à Confraria d’O Berimbau, enquanto aguarda a decisão do Clube dos Rolas Murchas. A próxima assembleia promete assanhar os velhinhos.

Walmir Rosário

Finalmente! Agora, sim, comecei a levar fé que o mundo está voltando a ser o mundo de antes, modificado que foi nestes tempos em que a tal da Covid-19 esfacelou tudo de bom que existia neste Brasil de meu Deus e por aí afora. Uma simples convocação feita pelo whatsapp foi prontamente atendida por boa parte dos membros da Confraria d’O Berimbau e do Clube dos Rolas Cansadas.

É certo que não se tratava de uma simples reunião, mas da comemoração do confrade Antônio Alves (que também atende como Tonhão ou Tonhe Elefoa), o que envolve um substancial prato da mais forte culinária. E desta vez foi servido um lauto mocofato, prato de sustança para os que se reúnem para tratar de coisas bastantes sérias numa mesa de bar, sem horário para o fim do encontro.

Como sempre alguns recalcitrantes teimaram em não aparecer, dando como escusas compromissos assumidos anteriormente, hoje em dia uma desculpa indelicada e não levada a sério. Entre os faltosos, o Almirante Nélson, que amarelou, seguido por Valdemar Broxinha, que agora somente comparece aos encontros caso tenha sido anunciado pelo comunicador Mário Tito pelas ondas da Rádio Sociedade da Bahia e mais uns três.

O aniversário – com os tradicionais parabéns pra você –, na verdade, era apenas um pretexto motivador para a presença dos confrades. Dois temas da maior relevância constavam da pauta: o retorno das reuniões semanais às quintas-feiras (Clube dos Rolas Cansadas), de forma itinerante, e aos sábados, no bar Mac Vita, ambiente aberto e ventilado, longe dos perigos dos vírus que circulam por aí.

Mas nem tudo seguiu conforme o planejado, haja vista o comportamento desajustado dos velhinhos após a ingestão de alguns copos de cerveja, tratando de alguns temas extrapauta. A começar pela data do aniversário, que seria no dia 4 de julho, transferido para o dia 5 por Tonhão, por conta da coincidência da independência americana, ficando longe do capitalismo do Tio Sam.

Já a segunda discussão animou os confrades, pelo pagamento de uma dívida. Calma, eu explico. É que no dia 24 de março de 2018, o conceituado Grupo RM, como se intitula (embora maldosos digam que representa Rolas Murchas) veio a Canavieiras exclusivamente para se encontrar com as coirmãs e estabelecer laços de amizade e troca de informações institucionais.

Em Canavieiras, a representação de alto nível, capitaneada pelo presidente Cal e os membros Zé Leite, o saudoso Gileno Alves, Coronel Jamil e Zé Nílton, isso em veículo próprio conduzidos pelo motorista abstêmio Paulo Taquari. Por aqui fizeram uma tournée pelo centro histórico, praia, Igreja de São Boaventura, Bar Laranjeiras, finalizando na Confraria d’O Berimbau.

Recebidos pelos confrades das duas instituições líteras, etílicas e mundanas, trocaram juras de amizade e juraram solenemente manter contatos recíprocos entre as duas sedes: Ilhéus e Canavieiras. Na sede d’O Berimbau a conversa rolou solta até quase o fim da tarde e sessão de fotos, devidamente acompanhadas das melhores cachaças, cerveja bem gelada e comida de sustança.

Como disse que existe a dívida, conto também os motivos que até hoje o motivo da inadimplência, o que tem deixado alguns confrades avexados. E todas as culpas recaem no planejamento (ou falta dele) da viagem a Ilhéus, por conta de Tyrone Perrucho e Demostinho. Os 110 quilômetros que separam as duas cidades não recomendam viagem dirigindo os próprios carros, por questões de absoluta segurança.

A solução foi contratar uma van ou micro-ônibus para a viagem. Aí foi que apareceram os insolúveis problemas: As vans de sete lugares não comportavam os poucos confrades, já os micro-ônibus eram grande demais para fazer a viagem com tão poucos passageiros. Até nos dispusemos a avaliar a proposta do confrade Tedesco, de que nos deslocássemos a Ilhéus de num barco de pesca, ideia abortada pelos frágeis estômagos dos confrades.

Sem encontrar solução, não conseguimos aportar na Barrakitika, sede dos encontros de sábado do Grupo RM. Para que não seja considerada incompetência, já recorremos ao adjutório do Secretário Plenipotenciário d’O Berimbau, Gilbertão, que virá de Santa Cruz Cabrália para definir o compromisso de tal monta. A viagem urge e pelo emocional dos confrades, desse ano não passa.

Numa análise aprofundada, o retorno das duas instituições líteras, etílicas e mundanas foi por demais proveitoso, com a aprovação da filiação do debutante Miron à Confraria d’O Berimbau, enquanto aguarda a decisão do Clube dos Rolas Murchas. A próxima assembleia promete assanhar os velhinhos.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Chuva provoca alagamentos em Canavieiras || Foto TV RBR
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Antes dessa próxima e urgente reunião extraordinária, aproveitarei os festejos de Nossa Senhora da Conceição, no bairro do mesmo nome, em Itabuna, para rogar à Mãe do Salvador sucesso nessa importante empreitada.

 

Walmir Rosário

Acredito que Canavieiras vai se acabar em águas. Pela quantidade e violência das chuvas, acompanhadas de trovoadas e relâmpagos, pensei que seria minhas últimas horas como um ser vivente. Deve ser o pecado desse povo! Valha-me Deus! Pelo que me lembro, várias profecias e teses profanas já vaticinaram o fim do mundo, desta vez em fogo, mas eu tenho medo é da chuva. E como tem chovido!

Na madrugada de sexta-feira pra sábado, da semana atrasada (20 de novembro), ela chegou como quem não queria nada e provocou pânico, alagando ruas e casas, da maneira mais democrática possível. Acordou a população, que se armou de vassouras e rodos para limpar a sujeira deixada no interior das residências e casas comerciais. Sujeira maior ficou nas ruas, atulhadas com os móveis e outros objetos danificados.

No fim de semana passada não deixou por menos e voltou a incomodar, um pouco mais fraca, é verdade, deixando o povo em polvorosa, acordado, pronto para repelir a temida invasão. E não é que repetiu na noite desta segunda para terça-feira (29). Pelos cálculos dos meteorólogos, nunca choveu tanto na cidade e muito ainda há por vir, e com bem mais intensidade.

Eu não sou dado a noticiar fatos ou previsões com estardalhaços, para atemorizar a população, já cansada das notícias escabrosas veiculadas pela grande mídia, mas confesso que estou temeroso do que poderá acontecer. E por um simples motivo: as chuvas que têm caído aqui pra nós são bem diferentes daquelas que fazem o rio Pardo transbordar e invadir tudo o que tem pela frente, sem pedir permissão.

Agravante maior me veio à mente com a tese de uma caranguejóloga sergipana, que no ano 2000 disse, com todas as letras, que Canavieiras seria engolida pelo mar e o rio Pardo, em no máximo 20 anos. À época, cheguei a traçar um plano B para abrigar os amigos em terras mais altas, a exemplo dos morros de Itabuna, projeto que estou desengavetando e que pretendo colocar em prática o mais rápido possível.

E não me baseio apenas na tese da especialista sergipana. Também fiz questão de recorrer ao oráculo, notadamente a São Boaventura, padroeiro de Canavieiras e seráfico doutor da Igreja Católica. Uma certa feita, há muitos anos, a imagem do Santo desapareceu da Igreja, em Canavieiras, e posteriormente foi encontrada no distrito do Puxim, local em que apareceu após o naufrágio do navio português em que viajava.

Pois bem, para melhor esclarecimento dos fatos, por ocasião dos festejos dos 300 anos da Paróquia de São Boaventura, um grande pôster com sua foto foi encontrada de cabeça pra baixo, no local da exposição. Somente esta foto. À época, tal estripulia foi creditada ao ateu Tyrone Perrucho, que teria visitado a exposição em companhia do confrade Antônio Tolentino (Tolé), este vizinho da matriz.

Pesquisando os fatos históricos, tomei conhecimento que desde o sumiço de São Boaventura da Igreja Matriz, se tornou conhecido o motivo de seu retorno ao Puxim. E tal decisão chegou ao extremo, dado o número de pecadores que grassam na cidade. Outro Santo bastante amado em Canavieiras, São Sebastião, há uns três anos também teria se mostrado descontente, tanto assim que o mastro em sua homenagem não foi erigido, por mais que os carregadores tentassem.

Com esses avisos divinos e a teoria científica, achei melhor colocar minhas barbas de molho e apresentar o projeto aos confrades. Em vão! Não consegui alcançar o quórum exigido pelos estatutos da Confraria d’O Berimbau e do Clube dos Rolas Cansadas, ocupação que era de obrigação de Tyrone Perrucho, levado extemporaneamente e a contragosto pela tal da Covid.

Diante de tal relevante fato, terei que adotar medidas extremas, batendo à porta de cada um dos confrades para dar ciência da gravidade do problema e apresentar a solução cabível requerida ao caso. Para tanto, teremos que recambiar o engenheiro de minas Gilbertão, atualmente em Santa Cruz Cabrália; tirar Tedesco dos seus estudos sobre navegação e, quem sabe, conseguir libertar Alberto Fiscal de seu retiro na Atalaia.

Antes dessa próxima e urgente reunião extraordinária, aproveitarei os festejos de Nossa Senhora da Conceição, no bairro do mesmo nome, em Itabuna, para rogar à Mãe do Salvador sucesso nessa importante empreitada. Como todo o brasileiro que tem um pé no religioso e outro no profano, participarei de reuniões com o apoio dos confrades Augusto e Ériston, nos bares de Leto e Valtinho, requerendo apoio aos futuros desabrigados.

E tudo tem que ser feito com urgência, antes do Carnaval chegar…

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.