Dirigentes do Hospital e distrito sanitário durante assinatura de documento || Foto Maurício Maron
Tempo de leitura: 2 minutos

O Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio (HMIJS) deve se tornar a primeira unidade médico-hospitalar da Bahia e a segunda do Brasil a ofertar atenção especializada para os povos originários. Nesta semana, foi assinado o Plano de Metas e Ações do programa (IAE-PI) pela diretora-geral do HMIJS, Domilene Borges, pelo coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia (DSEI Bahia), Flávio de Jesus Dias; e pelo Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena da Bahia (Condisi), Sérgio Utiarite Bute.

Agora o documento segue para análise final da Secretaria Estadual da Saúde e do Ministério da Saúde. De acordo com a instituição, a iniciativa visa avançar na qualificação da prestação do serviço aos Povos Originários da Bahia, respeitando contextos interculturais, cuidados tradicionais e a presença de atividades de educação permanente nas aldeias, dentre outros importantes eixos, conforme previsto em Portaria do Ministério da Saúde.

O IAE-PI também vai incrementar acessos a serviços de saúde de média e alta complexidade na rede SUS, garantindo a complementariedade da atenção.

CONFORTO E TRADIÇÃO

Segundo o documento assinado hoje, as diretrizes gerais que norteiam os objetivos vão desde a melhoria no acesso das populações indígenas ao serviço especializado; adequação da ambiência de acordo com as especificidades culturais; ajuste de dietas hospitalares considerando os hábitos alimentares de cada etnia; acolhimento e humanização das práticas e processos de trabalho dos profissionais em relação aos indígenas e demais usuários do SUS, considerando a vulnerabilidade sociocultural e epidemiológica de alguns grupos.

Estão previstos ainda o estabelecimento de fluxo de comunicação entre o serviço especializado e a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena, por meio das Casas de Saúde Indígena (CASAI) e a qualificação dos profissionais que atuam nos estabelecimentos que prestam assistência aos povos indígenas quanto a temas como interculturalidade.

Tanto Sérgio Bute, que representa o controle social, quanto o cacique Flávio Dias, que é vereador licenciado no município de Euclides da Cunha e representa a gestão do DSEI, elogiaram a estrutura do hospital. Eles visitaram as instalações e asseguraram que o modelo a ser implantado em Ilhéus deve servir como referência e exemplo para todo o Brasil. “Vamos levar o que vocês estão propondo executar para debate em todo o Brasil. É um modelo inovador”, assegurou o cacique.

ATENÇÃO E CUIDADO

Nas últimas semanas a direção do HMIJS tem intensificado ações nas comunidades dos Povos Originários. Direção e técnicos já visitaram as aldeias Itapoã e Acuípe do Meio, dialogaram com os técnicos e enfermeiros do Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia e convidaram lideranças indígenas para uma visita-guiada ao hospital. Esta última ação deve ocorrer nos próximos dias.

O Brasil tem quase 1,7 milhão de indígenas, segundo os dados de 2022 divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com 229.103, a Bahia conta com a segunda maior população indígena no país, o que representa 1,62% dos habitantes do estado. No ranking das 50 cidades do Brasil com maior comunidade do grupo étnico, a Bahia ainda conta com Porto Seguro, em 14°, e Ilhéus, 21°, com pouco mais de 12 mil pessoas que vivem tanto na zona urbana quanto na zona rural.

Os Tupinambá estão situados em uma área de 47 mil quilômetros quadrados entre os municípios de Ilhéus, Buerarema e Una, no Território Litoral Sul. São 23 aldeias tradicionais e, pelo menos, 90% desta área ficam localizados no município de Ilhéus. De uma população de 8 mil pessoas aldeiadas, aproximadamente 5 mil são mulheres.