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Pedro morreu. É mais uma grande perda em 2020, mas sua mensagem profética está eternizada: “Malditas sejam todas as cercas que nos impedem de viver e de amar”(…). E “na dúvida, fique do lado dos pobres”.

Aldineto Miranda || erosaldi@hotmail.com

Casaldáliga era catalão de origem, e escolhe a América Latina para ser seu “chão” em 1970, em plena ditadura militar. Torna-se bispo em São Félix do Araguaia (Mato Grosso) e lá intensifica sua caminhada apostólica de opção pelos pobres.

Um bispo diferente. Dispensa a mitra (utilizada pelos pontífices) e a troca por um simples chapéu de palha. No seu dedo a sua opção preferencial pelos pobres é simbolizada pela utilização do anel de tucum ao invés do tradicional anel de ouro. Em sua vida, lutou contra todas as formas de opressão defendendo em especial os direitos dos povos indígenas; denunciou também o trabalho escravo, a colonização, as várias formas de opressão, sempre mantendo vivo o lema: “nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar, e, sobretudo, nada matar”.

Pedro, como gostava de ser chamado, afirmava que ser cristão era dividir, e lutar por uma sociedade justa e igualitária. Quando em entrevista ao Roda viva o questionam se ele era contra os ricos, ele afirma que a mensagem de Cristo era clara: o Pai nosso deveria reverberar em pão nosso também. Não que fosse contra os ricos, mas era a favor de uma sociedade em que não existissem nem ricos nem pobres, mas que todos tivessem iguais oportunidades e recursos e que todos pudessem ter dignidade.

Numa época que presenciamos os direitos dos povos indígenas sendo vilipendiados, o desrespeito para com a mãe terra, a Pachamama, como a terra é chamada no Peru e em outras partes da América Latina, em que estamos diante de uma pandemia que já ceifou a vida de 100.000 no Brasil, pessoas principalmente pobres, num momento em que também são noticiados vários casos de racismo e de discursos autoritários e preconceituosos. Nesse panorama social, o Casaldáliga é uma luz para o Brasil e toda a América Latina, um exemplo de vida e de verdadeira humanidade, um exemplo daquele que buscou viver a mensagem de Cristo e de como deveria ser um verdadeiro cristão.

Em um momento em que a religião virou barganha, numa teologia da prosperidade egoísta e alienante, o Bispo dos Pobres nos mostra que o reino de Deus se manifesta no engajamento em prol da libertação do povo oprimido, daqueles que são marginalizados por àqueles que seja por sua posição econômica e/ou política se colocam como superiores.

Casaldáliga nos mostrou que Cristo está na mulher agredida, na prostituta desconsiderada, na criança abandonada, nos povos indígenas que são assassinados, no povo negro que sofre com o racismo e a violência cotidianamente, e no povo pobre que labuta dia-a-dia pela sua sobrevivência.

Pedro morreu. É mais uma grande perda em 2020, mas sua mensagem profética está eternizada: “Malditas sejam todas as cercas que nos impedem de viver e de amar”(…). E “na dúvida, fique do lado dos pobres”.

Aldineto Miranda é professor de Filosofia do Instituto Federal da Bahia (IFBA).

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Acontece na próxima semana em Itabuna a II Conferência de Promoção da Igualdade Racial. A atividade, que debate o tema “Democracia e desenvolvimento sem racismo: por um Brasil afirmativo”, será realizada nos dias 17 – das 19 às 22 horas – e 18 – das 8h às 12h30 e das 14h às 17h30, no auditório da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC). No primeiro dia, haverá credenciamento dos participantes a partir das 17 horas.

A conferência terá palestras de Hamilton Borges dos Santos, coordenador do Projeto Intramuros no Interior dos Presídios de Salvador; da professora Rachel Oliveira, da Uesc; e da socióloga Vilma Reis, da Secretaria da Promoção da Igualdade Racial da Bahia.

Durante o evento, serão escolhidos os membros da delegação que representará o município na Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial.

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O Colégio Estadual Duque de Caxias, de Jequié, foi um dos contemplados nesta segunda-feira, 21, com o Selo Educação para a Igualdade Racial 2010. A entrega aconteceu durante solenidade em Brasília, na qual o Estado teve como representante o secretário da Educação Osvaldo Barreto.

O Selo para a Igualdade reconhece políticas voltadas à preservação do patrimônio histórico e cultural dos povos negros no Brasil e na África. Segundo Barreto, o prêmio obtido pela unidade vinculada à Secretaria da Educação do Estado reflete a preocupação do governo com as políticas que “valorizam a cultura étnica e o fortalecimento da autoestima dos estudantes negros”.

A Escola Duque de Caxias fica na comunidade de Barro Preto, em Jequié, e está inserida em uma área quilombola.