Caixa misteriosa, que seria fardo de borracha, apareceu na Praia do Sul, em Ilhéus || Foto Geovana Almeida
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Turistas e nativos que caminhavam na zona sul de Ilhéus, na manhã desta sexta-feira (19), se depararam com “caixa” coberta por organismos marinhos. As caixas são semelhantes às encontradas na orla da Região Metropolitana de Salvador e nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, onde a embarcação alemã afundou em 1944.

O material foi avistado na praia do Sul, em Ilhéus. A enfermeira Geovana Almeida disse ao PIMENTA que caminhava pela praia, por volta das 7h30min, quando viu o objeto, que tem formato de mala.  A descoberta logo atraiu curiosos, que acionaram o “Senhor Google” em busca de informações que auxiliassem na identificação do objeto.

O material, de borracha, seria parte da carga de um navio nazista que afundou após tentar entrar na costa brasileira em plena Segunda Guerra Mundial, nos anos 1940, conforme o oceanógrafo Carlos Teixeira, da Universidade Federal do Ceará (UFC). As pesquisas do professor da universidade cearense começaram em 2018, quando fardos começaram a aparecer na costa brasileira, primeiro no Ceará.

Segundo a pesquisa do professor, a carga fazia parte do navio SS Rio Grande. Os alemães, conforme entrevista de Teixeira ao Correio24h em agosto deste ano, usavam o nome português para confundir os adversários em plena Segunda Guerra. Com o SS Rio Grande, a estratagema furou. A embarcação foi torpedeada em 4 de janeiro de 1944 por embarcações de guerra norte-americanas próximo a Natal, capital do Rio Grande do Norte.

No ataque dos Aliados contra os nazistas, uma pessoa da embarcação morreu, 71 ficaram feridas e o navio afundou a mais de 5,7 mil metros de profundidade, de acordo com o professor Carlos Teixeira. Ainda intriga os pesquisadores o que fez a carga voltar à superfície. Das teorias aceitáveis, diz o professor, a descoberta da embarcação por grupos piratas.

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marivalguedesMarival Guedes | marivalguedes@gmail.com

Um fervoroso católico que conheço costumava fazer chacota afirmando que comunista come criancinha, maliciosamente utilizando o duplo sentido. Não brinca mais. Neste aspecto, descobriu depois que a brincadeira ou a “coisa séria” se aplicava a alguns padres.

Ouço, desde a adolescência, a frase comunistas comem criancinhas e somente no ano passado descubro sua origem lendo o ótimo livro Os últimos soldados da guerra fria, do escritor Fernando Morais.

A anedota afirmando que comunistas comem pessoas nasceu no fim da Segunda Guerra Mundial por meio dos fascistas, que distribuíam milhares de panfletos dizendo: os soldados que se entregarem ao Exército Vermelho serão triturados e transformados em comida para saciar a fome da população.

No caso específico das crianças, a macabra estória surgiu numa das mais perversas operações realizadas pelos Estados Unidos em Cuba. Segundo o escritor, “a CIA e o arcebispo Coleman Carroll, titular da arquidiocese de Miami, arquitetaram um espantoso plano de transferência massiva de crianças de Cuba para os EUA.”

Através de uma emissora de rádio instalada em território hondurenho, um locutor gritava alertando as mães cubanas que o governo revolucionário iria roubar seus filhos quando eles completassem cinco anos. Acrescentava que “só seriam devolvidos aos 18 anos, transformados em monstros materialistas.”

Depois foram distribuídos milhares de panfletos “com o texto de uma falsa lei afirmando que o pátrio poder das pessoas menores de vinte anos seria exercido pelo Estado.” No documento, com três artigos e dois parágrafos, colocaram a assinatura do Doutor Fidel Castro, primeiro ministro, e do presidente da República, Osvaldo Dorticós.

A denominada Operação Peter Pan foi executada em 1960 pelo padre irlandês Brian Walsh. Fernando Morais conta “que os desmentidos do governo revolucionário não foram suficientes para diminuir a apreensão das famílias cubanas.”

Foi neste momento que espalharam a estória dos comunistas comedores de criancinhas. Escreve Morais: “Vigários de paróquias de todo o país, especialmente no interior, onde vivia a população mais simples e desinformada, se encarregaram de difundir a macabra versão de que as crianças separadas dos pais seriam removidas para Moscou e transformadas em consumo para a população russa.” Segundo uma ONG americana, 14.048 menores de ambos os sexos foram contrabandeados para os Estados Unidos.

Um fervoroso católico que conheço costumava fazer chacota afirmando que comunista come criancinha, maliciosamente utilizando o duplo sentido. Não brinca mais. Neste aspecto, descobriu depois que a brincadeira ou a “coisa séria” se aplicava a alguns padres.

Marival Guedes é jornalista e escreve no Pimenta às sextas.