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alissonmendonca

“As verdadeiras paixões dele são o PMDB e o ministro Geddel Vieira Lima”

Alisson Mendonça, numa entrevista exclusiva ao Pimenta (confira aqui), em agosto do ano passado, falando do coração de Newton Lima, prefeito de Ilhéus e ao qual o petista pode se aliançar pelos próximos dias. Newton prometeu apoio eleitoral a Jaques Wagner em 2010. Na entrevista, o vereador também avalia o mandatário ilheense: “é vacilante e fraco”.

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Marco Wense

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A relação entre a Câmara de Vereadores e o prefeito, aí simbolizando os poderes Legislativo e Executivo, tem que ser assentada no respeito mútuo, na harmonia e imprescindível independência.

Quando os poderes começam a desprezar os elementares ensinamentos de uma boa convivência democrática, enveredando-se para a política do toma-lá-dá-cá, acende-se o sinal vermelho.

No frigir dos ovos, como sempre acontece, termina o eleitor-cidadão-contribuinte pagando um alto preço pela irresponsabilidade e a insensatez dos senhores homens públicos.

O mínimo que se pede ao prefeito de Itabuna, Capitão Azevedo, e ao vereador Clóvis Loiola, presidente do Parlamento municipal, é a compreensão de que o diálogo, o bom senso e a civilidade são ingredientes indispensáveis no relacionamento entre os poderes.

Que o ano de 2010 ilumine a consciência e o juízo dos políticos. Que seja um ano de política e não de politicagem.

PESQUISA

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Uma pesquisa para deputado federal, na vizinha e irmã cidade de Ilhéus, realizada entre os dias 15 e 16 de dezembro de 2009, foi publicada pelo conceituado blog do Gusmão.

A surpresa ficou por conta de ACM Neto, que ficou na primeira colocação com 16,8%. “Para ele que não tem nenhum vínculo com a cidade, nenhum serviço prestado, realmente é uma surpresa”, diz o blog.

A votação de ACM Neto é a prova inconteste de que o carlismo está vivo. É uma forma de homenagear o ex-senador Antonio Carlos Magalhães através do voto. Não tem outra explicação.

Raimundo Veloso (PMDB) vem logo atrás com 14%. O ex-prefeito de Itabuna, Geraldo Simões (PT), é o terceiro colocado com 10,9%. Veloso e Simões são fortíssimos candidatos (reeleição).

O ex-presidente estadual do PT, Josias Gomes, aparece com apenas 0,6%. Uma lamentável surpresa, já que algumas lideranças do petismo de Ilhéus esperavam um resultado melhor, perto de cinco pontos percentuais.

ACM Neto na frente de Raimundo Veloso, como diz o ditado popular, é de “lascar o cano”. Raimundo Veloso é o mais legítimo e autêntico representante do povo de Ilhéus.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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A denúncia de uma correntista do Bradesco levou a polícia a desarticular um esquema implantado por bandidos para roubar clientes da agência da praça Siqueira Campos (praça Adami), ontem à noite, em Itabuna.

Pelo menos dez elementos ocupavam a área de caixas eletrônicos da agência e inseriam colas, metais e fios de nylon nos caixas para “fisgar” os depósitos dos clientes.

A ação dos bandidos ocorreu entre às 19h e 20h de ontem. Uma cliente, D.T., estranhou que o caixa não havia ‘puxado’ totalmente o envolope do depósito. Apesar disso, um comprovante foi emitido.

O envelope com os valores seria resgatado pelos bandidos logo após D.T sair da agência (não só ela, como outras possíveis vítimas).

A ‘casa caiu’ após a quase-vítima acionar a polícia militar. A quadrilha ainda tentou introduzir uma espécie de “chupa-cabra” nos caixas utilizados para saques, localizados à direita de quem entra na agência da praça Adami. Os depósitos são feitos em lado oposto.

A cliente conseguiu recuperar os valores que seriam furtados pelos bandidos. O material usado para o golpe foi recolhido para ser periciado no Complexo Political de Itabuna. Em caso de depósito, o cliente deve observar se o envelope foi totalmente “puxado” pela máquina para evitar surpresas.

P.S.: Desesperada ao perceber a ação dos bandidos, a cliente D.T. acionou o serviço de telemarketing do Bradesco. O atendente aconselhou a correntista a retornar a agência bancária no próximo expediente bancário, na segunda-feira. Ela resolveu, então, acionar a polícia. Do contrário, ela e mais outros clientes seriam lesados.

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Três pessoas da mesma família morreram na manhã deste sábado, 9, numa colisão entre um Gol (JRF 2726) e uma carreta (JSM 3706), no km 654 da BR-101, a cerca de 20 km de Itapebi (584 km de Salvador), extremo sul da Bahia.

Carro teria invadido mão contrária (Foto Hugo Santos/Radar 64).
Gol teria invadido mão contrária (Foto Hugo Santos/Radar 64).

Os ocupantes do Gol, André Anderson Costa, 33, que dirigia o veículo, Carina Fernandes Vasconcelos de Meirinho Araújo, 31, esposa do motorista, e o filho do casal, Andrey Anderson Fernandes Araújo de Meirinho, de 3 anos, morreram na hora da colisão.

Eles seguiam em direção a Eunápolis, e a carreta em direção contrária. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a colisão pode ter ocorrido porque o motorista do Gol teria cochilado ao volante ou fez a curva, para a esquerda, na mão contrária.

O motorista do Gol era gerente de vendas da Elo, empresa de Vitória da Conquista do ramo de distribuição de alimentos. André Anderson tinha saído de Ilhéus, por volta das 4h, para uma reunião com vendedores – o acidente foi por volta das 8h30min.

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A CASA DE DYLAN, BURDON E AGNALDO

Ousarme Citoaian
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É incerta a origem do clássico folk A casa do sol nascente, que teria chegado à América via colonos ingleses. The house of the rising sun é gravada desde 1933, por diversos artistas. O mais famoso arranjo, cantado por Eric Burdon, do The Animals, foi inspirado num show de Nina Simone (festejada vocalista de jazz), que cantou a The house antes de Bob Dylan (foto).

Os fãs de Dylan o acusaram de plagiar a versão do The Animals e ele, na moral, retirou a canção do repertório (aqui, uma contradição que não explico: ao que me consta, a gravação de Bob Dylan é anterior à do The Animals – o que torna o plágio uma impossibilidade. Aliás, o velho Bob anda com uma urucubaca danada: dia desses, passou pelo constrangimento de ter o clássico Blowin’ in the wind “interpretado” em pleno parlamento brasileiro pelo senador Eduardo Suplicy.
“(…) The house of the rising sun, com todos aqueles acordes  dançantes, saltou do aparelho de som e invadiu meus ouvidos, trouxe de volta os anos da dance e humilhou minhas articulações, lembrando a vítima que fui de mim mesmo, por culpa de um comportamento intolerante e esnobe.
Refresco minhas memórias esmaecidas: esta era, no longínquo 1965, a faixa de trabalho da banda The Animals, um grupo que disputava o gosto de quem amava os Beatles e os Rolling Stones, e que  foi revivida no fim dos setenta pelos ciganos da Santa Esmeralda, provocando verdadeiro “estouro” nacional. Entre aprender a música e derrubar a ditadura militar, minha geração preferiu a segunda escolha e fracassou rotundamente nas duas.
A história, impiedosa como é do seu costume, sepultou a ditadura e os Beatles (estes, apenas fisicamente, apresso-me a dizer, diante da previsível ira dos beatlemaníacos), fez dos Stones inesperados sobreviventes, com suas “titias” aí dando o maior banho na mesmice, enquanto do The Animals tudo que restou, ao menos para minha tribo, foi  The house
O que não é pouco. Quando Eric Burdon (ele era “o cara”), apoiado pelas guitarras do grupo, berra “There is a house in New Orleans/They call the rising sun…” é, como dizem alguns criativos redatores de tevê, “pra não deixar ninguém parado”. O mundo balança, as lembranças acordam, a vontade proustiana é de regressar a tempos de antanho e, não importa de que modo, recuperá-los, mesmo os sabendo irremediavelmente perdidos (…)”.
(LOPES, Antônio. “Caçador de mim”, in Estória de facão e chuva. Ilhéus: Editus/Editora da Uesc, 2005).

E FRED JORGE CRIOU CELLY CAMPELLO!

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No auge do sucesso, em 1965, a música teve uma versão no Brasil, gravada por Agnaldo Timóteo. Como costuma ocorrer com as versões, a letra em português (de Fred Jorge) nada tem a ver com a americana, aliás, bem chinfrim. A original fala de uma casa de tolerância, ambiente barra pesada, um lugar impróprio para menores; já Fred Jorge, pelo vozeirão de Timóteo, diz: “A casa dos meus sonhos/ é feita de ilusão/ e vive sempre cheia de amor/ amor e solidão…”. O texto poético é pífio, mas, pelo menos, não chega a tirar o sono do juiz de menores. E vendeu feito pão quente em fim de tarde.

Fred Jorge (nascido em Tietê-SP) foi letrista de música, jornalista, escritor e, acima de tudo, o grande versionista (era este o termo) do rock americano, nos tempos da Jovem Guarda. Entre seus maiores êxitos (além de A casa do sol nascente) dá para citar, de memória, Estúpido cupido, Banho de lua e Lacinhos cor de rosa – três músicas que garantiram à cantora Celly Campello (foto) o título de Rainha do Rock Brasileiro, graças ao trabalho do versionista. Mas também houve Diana e Oh, Carol! (Carlos Gonzaga) e A noiva (Agnaldo Timóteo). Fred Jorge morreu em 1994, em sua cidade natal, na mesma casa em que nascera, e em estado de pobreza, sobrevivendo da aposentadoria do INSS, sem receber nenhum direito autoral.
Por fidelidade ao clássico, revivemos aqui o registro do The Animals, com vocal de Eric Burdon.

CAMÕES E A LÍNGUA TORTURADA

A língua de Camões tem cerca de 370 mil palavras, segundo o último Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), da Academia Brasileira de Letras (ABL).
Por que as pessoas teimam em torturá-la, ao repetir termos e frases, se ela, riquíssima, oferece tantas possibilidades? A reincidência em não olhar para os lados, não explorar o amplo horizonte linguístico, é o caminho para aliar-se ao pior inimigo da comunicação: o lugar-comum (o locus comunis do latim, também identificado como  chapa, chavão, frase feita e outros), uma praga com presente brilhante e futuro promissor na nossa língua.
Claro que entre esses 370 mil vocábulos estão arcaísmos, neologismos, palavrões, calões, gírias e termos que revelam pedantismo, portanto, de menor interesse para a comunicação. Mas, se ficarmos somente com as categorias mais utilizáveis (substantivos, verbos, adjetivos e advérbios), ainda teremos umas 150 mil unidades para, devidamente combinadas, nos “traduzir” perante o mundo (este cálculo arbitrado, é da coluna, não da ABL).
Conta-se que um editor de jornal americano, cansado das repetições do seu jovem redator, lhe disse: “Filho, a língua inglesa tem mais de 60 mil palavras disponíveis. Use-as”.
Talvez a observação valha para todos nós, que lutamos com as palavras, “mal rompe a manhã”. Ler frequentemente, policiar a própria linguagem, ser implacável com os erros – enfim, fazer o melhor que possa ser feito, pois é isso que o redator deve ao seu público. Errar por ignorância é ser humano; errar por preguiça e desleixo é ser irresponsável. Embora o conselho de “ler, ler, ler” nunca seja seguido, é permitido dizer que há coisas que a gente só aprende com a leitura. O correto é casa… ou “caza”? É casa, segundo tenho lido nos bons autores. Como não existe regra que imponha a grafia, eu bem poderia grafar “caza”. Mas não grafo, porque a forma eleita por quem sabe escrever é casa (com “s”, não com “z”). Ler vale a pena.

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O escritor Hélio Pólvora (foto), faz tempo, já chamava a atenção para a diferença entre falar e dizer: muitos falam (ou escrevem), mas poucos dizem. E Hélio, bem aparelhado ensaísta, cronista e contista/novelista tem a crítica literária nacional a atestar que ele sabe… dizer – e o disse em muitos livros e artigos de jornal.

Expressões vazias de conteúdo (nos ensina o mestre itabunense) falam, mas não dizem. Prestam homenagem à banalidade, preenchem espaços no jornal (ou tempo de rádio e tevê), mas não comunicam, ou, ao menos, não exaltam a beleza da língua. Ao contrário, a atiram no abismo da anti-estética.

SEM ARROGÂNCIA OU PRECONCEITO

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“Um jornalista tem que escrever tão bem quanto um romancista”, prega a filóloga Dad Squarisi. Obviamente, jornalistas não precisam ter a desenvoltura dos ficcionistas (há quem diga que o jornalismo é só uma forma de subliteratura), mas são, igualmente, guardiões da linguagem: precisam perder a arrogância, o preconceito contra a gramática e, mais do que isso, ler os bons autores. Fazer isso não é ser sofisticado, mas reconhecer que tem responsabilidades com o leitor e com a língua em que se comunica.

Pensemos nisso, enquanto vemos uma listinha de lugares-comuns dos quais precisamos correr tanto quanto o capeta corre da cruz – isto também um lugar-comum, mas que me pareceu adequado, além de engraçadinho. Antes, não resisto a lhes passar esta frase de um anúncio do Sebrae, que está no ar, na tevê: “seu envolvimento faz toda a diferença”. Alguém ainda aguenta essa coisa de “fazer toda a diferença”? Vamos à lista:
No aniversário, quem ganha o presente é você; com certeza; fazer a diferença, não deixa ninguém parado, gente bonita, a sala ficou pequena, fazer o dever de casa, com pompa e circunstância, para se ter uma ideia, tragédia anunciada, deixa muito a desejar, gerar emprego e renda… E, para encerrar, este, mais recente e não menos detestável: “Um beijo no coração” (argh!)!

O GOVERNADOR E O LUGAR-COMUM

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Luiz Viana Filho era intelectual e político, filho de intelectual e político. Em 1968 (plena ditadura militar a que, aliás, ele serviu com denodo), estava – como governador “biônico” da Bahia – para assinar um decreto sobre o abastecimento de água, quando se deparou com a expressão “precioso líquido”. Recusou-se a assinar, sublinhou a heresia, escreveu ao lado “isto é mau português!” e devolveu o documento ao secretário. Biógrafo de Rui Barbosa e membro da Academia Brasileira de Letras, Luiz Viana Filho detestava lugares-comuns. “Mas gostava da ditadura”, diriam os maldosos.

Parece-me que tais expressões batidas não cabem em códigos, leis, matérias jornalísticas, crônicas, contos, enfim, qualquer coisa que exija comprometimento com a língua culta. São bem-vindas, no entanto, quando se proponhem ao picaresco, à ironia, ao gracejo – como nesta quadrinha do trovador Agulhão Filho, publicada aqui no Pimenta (a propósito da água de Itabuna):
Nosso líquido precioso
ganhou valor agregado:
está deveras gostoso,
depois que ficou salgado!…
(Uma curiosidade sobre Luiz Viana Filho: foi o único político brasileiro que nasceu em… Paris!).

PRECIOSO LÍQUIDO, SEM SAL

Em tempo: Jararaca Ensaboada, que não lê nem bula de remédio, e por isso escreve num dialeto que parece (mas não é) língua portuguesa, usa aquela expressão execrável, quando pede água. A fala da hipertensa criatura ao atônito garçom soa mais ou menos assim: “Quero uma taça com o precioso líquido, sem sal!”.
(O.C.)
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Em novembro de 2009, a produção industrial da Bahia avançou 3,9% em relação a outubro do mesmo ano, registrando a quarta taxa positiva consecutiva. Em relação a novembro de 2008, a taxa é de 4%.

O resultado da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, analisada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria do Planejamento, sinaliza claramente um processo de recuperação da atividade industrial. Informações do Política Livre.

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Do Política Etc

O meia Robson Luiz, que já atuou pelo Bahia, Vasco da Gama e Santa Cruz, e mais recentemente teve passagem pelo futebol mexicano, é o mais novo reforço anunciado pelo Itabuna Esporte Clube para o próximo campeonato baiano.

A contratação foi confirmada pelo presidente do Azulino, Ricardo Xavier. Segundo ele, a novidade já é fruto da parceria firmada entre o Itabuna e o ex-dirigente do Vitória, Jorge Sampaio.

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70 MM

duas estrelas

Leandro Afonso | www.ohomemsemnome.blogspot.com

O começo de Lula, o Filho do Brasil (idem – Brasil, 2009), de Fábio Barreto, lembra um faroeste: muito de imagens em busca de expressividade e auto-suficiência, pouco ou nada de diálogo. Até a longa apresentação dos créditos remete, com boa vontade, a Era uma vez no Oeste (1968), de Sergio Leone. Com essa atmosfera, o tom caricato e maniqueísta do início ainda soa como possível integrante de um mundo palpável, que pode existir na tela – e somente nela. O porém é que depois da primeira fala, e da primeira ação mais grosseira, esse mundo passa a ser outro. Não é o dos rostos e expressões em primeiro plano como uma forma de estilização e ritmo, mas sim a súplica – com frases prontas – pela sua lágrima; ou, no mínimo, pela sua admiração pela história do personagem.

Nesse ponto, inclusive, está provavelmente o maior problema do filme: o que está na tela é sempre menos forte do que está por trás dela. A vida de Lula que passa pelo projetor é a mesma conhecida pela maioria, com a diferença de que, filmada, ela tem seus percalços sublinhados pelo roteiro, pelo tempo dado a eles, e pela trilha sonora. É uma maneira de fazer melodrama, não há dúvidas, mas esse melodrama, pelo que chega à tela, peca não apenas pela repetição do mesmo – a história conhecida –, mas também (principalmente) pela gordura.

Em O Pianista (2002), Roman Polanski filma uma queda de maneira frontal e seca, sem soar apático e sem sublinhar o ato – específico mas apenas mais um dentro de todo o horror do holocausto. Em Lula, Fábio Barreto filma uma cena quase idêntica, como se ela (não a sua natureza, mas ela em si, como um acontecimento único), fizesse parte de um top-5 dos maiores absurdos da história humana – o que só pode ser aceito por um ingênuo de história e de cinema.

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Lula – bom diferenciar o filme do personagem – sustenta sua parte melodramática nessas catástrofes, sentidas na pele ou presenciadas por ele, mas sua parte histórica de construção de indivíduo está, muito e infelizmente, nos diálogos. Por mais que talvez, salientando o talvez, a transição do Lula com tendências burguesas para o sindical tenha sido feita de forma tão simplória, ver isso filmado dessa maneira soa até menos reducionista que preguiçoso.

Não dá pra cravar, contudo, que Lula é um desastre completo. Curiosamente, uma cena forte também é, como a abertura, curta e marcada pelo silêncio. Nela, um militar chega onde Lula se encontra, no mesmo instante em que o hoje presidente assiste a um companheiro ser espancado pela polícia. Lula basicamente não abre a boca, o pano de fundo e os olhares dizem muito mais do que eles com palavras – e falam muito mais a respeito do período. É simples, e a tensão está ali.

Infelizmente, todavia, as duas sequências são exceções. E o resto é engodo do mais de um mesmo sustentado nunca pelo filme, mas pelo tema. Da busca pelas emoções, que nunca alcançam o nível de um bom cinema de lágrimas (choro de biografado não conta), até a abrangência megalomaníaca de toda a vida de alguém tão marcante em “apenas” 130 minutos. Que terminam, curiosamente, com o presidente em segundo plano – como o cinema em todo o tempo.

Ps óbvio, mas importante: o texto é uma crítica sobre o filme, não sobre o presidente.

Lula, o Filho do Brasil (idem – Brasil, 2009), de Fábio Barreto

Direção: Fábio Barreto

Elenco: Rui Ricardo Dias, Glória Pires, Juliana Baroni, Cléo Pires

Duração: 130 minutos

Projeção: 1.66:1

8mm

Freud

Christoph Waltz, premiado ano passado em Cannes pelo que fez como o Coronel Hans Landa em Bastardos Inglórios, interpretará Sigmund Freud no próximo filme de David Cronenberg (A Mosca, Marcas da Violência) – o The Talking Cure. Freud, esperto como é, não vai querer explicar nada; vai é assistir.

Cléo

Ainda quero ver Cléo Pires, no cinema, numa atuação em que ela simplesmente não sorria. Acho que pode dar muito bom – embora também ache que devo ser exceção; ou ingênuo, se acreditar que isso pode acontecer.

Filmes da semana:

  1. O Pecado Mora ao Lado (1955), de Billy Wilder (***1/2)
  2. Manhattan (1979), de Woody Allen (***1/2)
  3. Rosetta (1999), de Jean-Pierre e Luc Dardenne (***1/2)
  4. 4. Lula, o Filho do Brasil (2010), de Fábio Barreto (Cinema do Museu) (**)
  5. 5. Sherlock Holmes (2009), de Guy Ritchie (Multiplex Iguatemi – Cabine de imprensa) (**)
  6. A Aventura (1960), de Michelangelo Antonioni (****)
  7. Segunda-feira ao Sol (2002), Fernando León de Aranoa (**)

Top-10 dezembro – não contam os dessa semana:

10. É Proibido Fumar (2009), de Anna Mullayert (***)

9. Atividade Paranormal (2007), de Oren Peli (***)

8. Uma Mulher é uma Mulher (1961), de Jean-Luc Godard (***)

7. Crash – Estranhos Prazeres (1996), de David Cronenberg (***1/2)

6. Instinto Selvagem (1992), de Paul Verhoeven (***1/2)

5. Polícia, Adjetivo (2009), de Corneliu Porumbiu (***1/2)

4. Ervas Daninhas (2009), de Alan Resnais (****)

3. A Bela Junie (2008), de Christophe Honoré (****)

2. Abraços Partidos (2009), de Pedro Almodóvar (****)

1. O Poderoso Chefão Parte II (1974), de Francis Ford Coppola (****1/2)

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Leandro Afonso é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”

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Essa semana o Pimenta publicou nota sobre o golpe da saidinha bancária em Itabuna, dando conta de que uma empresária foi assaltada em R$ 4 mil, depois de sacar os valores que seriam utilizados para pagamentos de funcionários e fornecedores.

O leitor que se identifica como o coronel PM Costa Jr, Comandante de Policiamento da Capital, do estado do Pará, viu a notícia e mandou o seguinte comentário, em que sugere ações que aplica em seu estado e que poderiam ser utilizadas em Itabuna (confira aqui o vídeo no You Tube):

Prezado leitores.
Sugiro que dêem uma olhada naquilo que estamos fazendo aqui em Belém para proteger os clientes de bancos.
Sou coordenador do programa SEGURANÇA CIDADÃ, do Governo do Pará e acredito que as medidas adotas aqui sirvam para qualquer lugar do meu país.
Confiram:

http://saibadascoisas.blogspot.com/2009/12/banpara.html
Atenciosamente,
Cel PM Costa Jr, Comandante de Policiamento da Capital

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Parece que os detentos de Itabuna resolveram, por conta própria, solucionar o problema da superlotação da cadeia. Seguindo esse suposto planejamento, a cada semana, uma leva resolve deixar para trás a vida de aperto nas celas e parte para uma vida ao ar livre.

Senão, vejamos. Em um mês, Itabuna registra quatro fugas da carceragem do Complexo Policial – três só entre 27 de dezembro e hoje. A última foi nessa madrugada, por volta das 03h30min. Foram 15 presos que, utilizando o mesmo modus operandi das outras inúmeras fugas – a já famosa teresa – ganharam o teto e depois o mundão. Segundo a Polícia Militar, tomaram “rumo ignorado”.

Eis a relação: Alessandro Oliveira Tavares; Paulo Roberto Silva Santos; Diego Oliveira dos Santos Maia; Israel Santos Galvão; Alexandro Evangelista dos Santos; Crispim Santos de Jesus; Sinval Sena dos Santos; Bruno Viera Sales; Melques Levi de Souza Barbosa; Geovane Liberalino dos Santos; Joilson Oliveira Santos; Jefferson Bastos Brito; Alan Marques de Oliveira; Cristiano Reis Santos; e Bruno Yuri Silva Araújo.

Uma curiosidade: o detento Melques Levi de Souza Barbosa foi preso na quinta-feira (7), acusado de ter matado, na madrugada daquele mesmo dia, com uma facada no peito, sua ex-companheira Bárbara Brandão. Nem deu tempo fazer novas amizades nem se ambientar ao que poderia ser seu novo lar por muito tempo.

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Daniel Thame

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Ian Stafford é prefeito de Preesall, uma insossa cidadezinha no interior da Inglaterra.

Ou melhor, era.

Ele renunciou ao cargo depois que foi flagrado cometendo uma irregularidade. A população não perdoou aquilo que considerou má conduta do administrador que elegeu para zelar pela cidade.

E lá se foi o mandato de Ian Stafford.

Seu crime?

Roubar calcinhas.

Por fetiche ou por algum, digamos, desvio freudiano, o fato é que as câmeras que tudo vigiam, flagraram Ian, primeiro numa loja, depois numa casa, surrupiando as calcinhas de suas recatadas  cidadãs.

Pego com as calças, perdão, as calcinhas, na mão, Ian Stafford ficou sem o cargo, eventuais mordomias e voltou à sua antiga profissão de jardineiro, que lá na Inglaterra tem até certo status, mas nada que chegue perto da nobre função de prefeito.

E ainda teve que devolver as calcinhas às suas legítimas donas.

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José Roberto Arruda é governador de Brasília, a capital do Brasil, centro do poder político do país.

E tudo indica que continuará sendo

Ele não renunciou ao cargo, mesmo flagrado pelas câmeras cometendo aquilo que por aqui se chamada popularmente de gatunagem.

Arruda foi filmado, com uma qualidade de imagem que não deixa margem para interpretações dúbias, recebendo maços de dinheiro de um assessor que operava um generoso esquema de propinas em seu governo.

Teve a preocupação de sair com o dinheiro sem ser notado e para isso recorreu a uma proverbial sacola, dessas que gente honesta usa para fazer compras e alguns políticos usam para levar dinheiro roubado dos cofres públicos.

Se Arruda recorreu às sacolas, seus auxiliares, igualmente flagrados recebendo propinas, recorreram às cuecas para esconder o dinheiro, prática que nos últimos anos tornou-se padrão no Brasil, elevando a produção de modelos tamanho GG.

Com notória cara de pau, Arruda disse que o dinheiro da sacola era para compra de panetones para distribuir aos pobres no Natal. Rendeu muitas piadas, mas punição que é bom, nada.

E, por fim, mantido no cargo, Arruda passou ainda mais óleo de peroba na cara de pau, ao dizer que perdoava seus detratores e que pedia perdão por seus erros.

Como se, em vez de surrupiar recursos oriundos Deus e os corruptos sabem lá de onde, tivesse atravessado um sinal vermelho, deixado de ajudar uma velhinha a atravessar a rua ou roubado (ops) o pirulito de uma criança.

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De Ian Stafford, pode se dizer que deu o azar de ter nascido num país onde roubar calcinhas é crime, seja ele um jardineiro ou um prefeito.

De José Roberto Arruda, pode se  dizer que deu a sorte de ter nascido num país onde roubar é ou não é crime, a depender do status de quem rouba.

Pensando bem, nessa coisa de calcinhas e de cuecas, há que se inverter o espírito da coisa.

Sorte tem os ingleses e azar temos nós, brasileiros.

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Daniel Thame é jornalista e blogueiro

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Um fenômeno ocorreu nessa sexta-feira, em Itabuna. Não pode ser classificado como milagre, porque já estava no script e era algo que os dois não viam a hora de realizar, mas bem que poderia ser considerado um prodígio de políticos.

Depois de um retaliar o outro, o outro rebater o um, eis que Loiola e Azevedo voltaram às boas. E, para demonstrar ‘que não guarda mágoas’, Azevedo re-autorizou a obra da discórdia no bairro Santa Inês, aquela que havia sido pedida por Loiola e foi suspensa assim que a Câmara decidiu não votar a reforma tributária do município, no dia 23 de dezembro.

O povo será beneficiado com a atitude dos dois, não resta dúvidas. Mas, pensando bem, será que esse detalhe passou pela cabeça da dupla que comanda os principais poderes do município?

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Agulhão F. acha que o ex-governador Paulo Souto “não entende nada” de Anamara. “Dizer que ela paralisa os marginais é dizer pouco de alguém capaz de imobilizar qualquer cidadão desse país”, proclama.

O trovador do Pimenta exemplifica com o estado quase cataléptico em que as fotos o deixaram, mas se mostra pessimista quanto às suas chances, perde as estribeiras e “xinga” a moça:

Mesmo não sendo bandido,
me sinto paralisado,
com o coração doído,
o corpo todo abrasado…
E por não tê-la em meu leito,
por entre lençóis de linho,
xingo, mostro meu despeito:
Pedaço de mau caminho!…