Tempo de leitura: 3 minutos

70-mm

uma e meia

Leandro Afonso | www.ohomemsemnome.blogspot.com

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Em seus dois primeiros longas – Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes (1998) e Snatch – Porcos e Diamantes (2000) –, Guy Ritchie conseguiu despertar alguma curiosidade como alguém com um diferencial dentro da explosão de adeptos da geração MTV. Mais de dez anos depois, contudo, ele consegue a incrível e infeliz façanha de, reiterando e – teoricamente aprimorando – algumas de suas características como diretor, fazer provavelmente o seu pior filme: Sherlock Holmes (idem – EUA, 2008).

Em todo o tempo, Guy Ritchie dá indícios de que não acredita em ninguém. Robert Downey Jr., com um carisma sem igual para personagens excêntricos e enigmáticos (como Holmes), nunca tem tempo de tela suficiente; as gags do roteiro são tão apressadas que, se comparadas aos geralmente picotados sitcom’s da atualidade, fazem estes últimos parecerem arrastados filmes mudos; e as sacadas de Holmes, de tão explicitadas, se transformam em simples explicações, que conseguem o feito de ser didáticas (por explicar tim-tim por tim-tim) e, ao mesmo tempo, confusas – pela rapidez e pelo fato de aparecerem a todo momento.

Como se não bastasse a mania de explicar e acelerar tudo, temos uma história que funciona bem até ligada no piloto automático sem, aqui, o que de melhor é inerente a ela – o mistério e o poder da sugestão. Guy Ritchie satisfaz aquele que quer dizer que Holmes é inteligente (mesmo que não faça ideia do que está vendo), mas não o outro que prefere perceber por si só essa inteligência.

Com 42 anos ainda incompletos, Guy Ritchie é um exemplo de cineasta jovem e já preso ao passado de sua formação – ou pelo menos a que chega na tela. Com seus recursos fáceis e os vícios cada vez mais específicos de sua época que de sua pessoa, ele consegue deixar sua marca cada vez mais forte: a de uma cineasta eternamente “jovem” – e bobo.

Ps: Terminada a cabine de imprensa, as duas pessoas com quem falei sobre o filme estavam bem felizes com o que viram. Até que tentei (embora não muito), mas não consegui entender.

Sherlock Holmes (idem – EUA, 2009)

Direção: Guy Ritchie

Elenco: Robert Downey Jr., Jude Law, Rachel McAdams

Duração: 128 minutos

Projeção: 1.85:1

8mm

LOLA

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Ainda me faltam ver coisas de Rainer Werner Fassbinder – afinal de contas, são mais de 40 filmes em 16 anos de carreira –, mas é provável que poucas voltem a deixar as marcas de Lola. Da abertura, com os cabelos da dita cuja em paralelo com um diálogo baseado em raciocínio sobre poesia e tristeza, até o sarcástico final; passando pela cena em que Lola parece dançar possuída depois de ser vista por quem não podia, num plano sequência que dá a impressão de ser filmado e atuado por seres (com talento) sem paralelo entre os terráqueos. Maravilha de filme.

Sem luz

Primeiro veio Viver a Vida, agora Tempos Modernos; antes Godard, depois Chaplin. Qual será a próxima heresia em nomes de novela da Globo? O Iluminado? Soberba? Kubrick e Orson Welles já se reviram…

Filmes da semana:

  1. Sweeney Todd: o Barbeiro Canibal (2006), de Dave Moore (**)
  2. Lola (1981), de Rainer Werner Fassbinder (****1/2)
  3. Casablanca (1942), de Michael Curtiz (****)
  4. Código Desconhecido (2000), de Michael Haneke (***)
  5. Deserto Vermelho (1964), de MichelangeloAntonioni (**1/2)
  6. Caminhos Perigosos (1973), de Martin Scorsese (***)

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Leandro Afonso é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”

2 respostas

  1. Leandro,

    Sua critica, além de rasa, parece ter sido feita por alguém, ou q não assistiu ao filme, ou q apenas leu a critica de alguma dessas revistas semanais.
    Dá proxima vez q resolver criticar algo, seja, pelo menos, mais original

  2. Gostei muito do que disse sobre o filme, Parafuso – embora, obviamente, a beleza (e a profundidade) de seu comentário não seja páreo para a de seu nome.

    Sempre defendo discussões embasadas sobre filmes (anteriores e dos quais a crítica depende), como a que você proporcionou.

    Abraço!

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