Tempo de leitura: 3 minutos

– Assassinos e mandantes tiveram proteção do aparato policial

Valéria, Denise, Wagner e Marcel: reparação à morte de Manuel Leal (Foto Manu Dias).

A família do jornalista e proprietário do jornal A Região, Manuel Leal, assassinado em 14 de janeiro de 1998 em Itabuna, recebeu das mãos do governador Jaques Wagner a indenização de R$ 100 mil recomendada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), num ato ocorrido há pouco, no CAB.

Participaram do ato na governadoria os filhos Marcel e Valéria Leal e a superintendente da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Denise Tourinho. O governador baiano disse que “a indenização não devolve a vida do jornalista, mas é um passo a mais contra a impunidade no estado”.

A indenização é paga no Dia do Jornalista, 7 de abril. Também é um reconhecimento do estado de sua inoperância (ou negligência) no caso. Todas as investigações, sejam policiais ou conduzidas pela própria família, apontavam para uso do próprio aparato policial do estado para proteger mandantes e assassinos.

Leal morreu quando denunciava irregularidades na prefeitura de Itabuna (Foto Arquivo).

Manuel Leal foi assassinado quando chegava à sua residência, no bairro Jardim Primavera, em Itabuna, há 12 anos. Três homens desceram de uma caminhonete GM Silverado e executaram o jornalista com seis tiros. Apesar da residência de Leal estar situada entre o complexo policial de Itabuna e o 15º Batalhão da Polícia Militar, e a menos de 400 metros de um e de outro aparelho policial, ninguém foi preso.

A investigação se arrastou por muito tempo e registrou vários “equívocos” de delegados do caso, dentre eles Jacques Valois Coutinho, Gilberto Mouzinho e Raimundo Freitas, e o promotor público Ulisses Campos Araújo. Apenas um dos apontados como executores do jornalista chegou a ser preso, o ex-agente da polícia civil Monzar Brasil, que foi demitido da Secretaria de Segurança Pública da Bahia em 4 de dezembro do ano passado.

O inquérito do  caso deverá ser reaberto. Dos apontados como envolvidos na execução, também foi a júri o ex-presidiário Marcone Sarmento, que acabou sendo absolvido por um conselho de sentença formado por parentes do ex-prefeito e ex-deputado Fernando Gomes e funcionários da prefeitura de Itabuna à época. Dias antes do assassinato, Leal recebeu ameaças de assessores diretos do prefeito, o que fez aumentar as suspeitas da autoria do atentado à liberdade de imprensa.

Fernando era sempre citado no rol de mandantes do crime contra Leal, assim como a ex-secretária de Governo Maria Alice Pereira Araújo e o delegado da polícia civil, Gilson Prata. Marcone tinha ligações com Maria Alice e Fernando Gomes. Hoje ele é funcionário do diretório itabunense do DEM e nega relação com o crime.

Leal foi um dos dez jornalistas e radialistas assassinados na Bahia nos anos 1990. Nenhum dos mandantes de crimes estão na cadeia. Em 1998, momentos depois da morte de Leal, o ex-governador Paulo Souto visitava Itabuna e afirmava que esclarecer o crime era “uma questão de honra” para o estado. Não esclareceu.

18 respostas

  1. 100.000,00???? Quem é que quer esse dinheiro??? O que queremos sao os mandantes presos, pagando pelo crime que cometeram. 100.000,00 nao resolvem a impunidade o descompromisso com a carta magna.
    Esse dinheiro só vai tapar o descaso o absurdo, e a negligencia.
    Isso mostra que dinheiro compra tudo e cala a boca do povo.
    Pão dormido é pao esquecido.
    CADEIA NELES!!!

  2. Seu Pimenta, essa indenização não repara a morte de Leal, o que o estado deve fazer como reparação é reabrir o caso e colocar um delegado e um promotor público sem envolvimento com Itabuna, o crime é de fácil elucidação, está mais que claro como foi encomendado e por quem. O inquerito tem que começar do zero. É fácil até encontrar as pessoas que participaram de uma reunião na prefeitura no gabinete do vice-prefeito para acertarem detalhes da morte dias antes do crime acontecer. Tá todo mundo em Itabuna, os mandantes, o advogado, os amigos dos mandates. Não será nescessário nenhum Sherloke para desvendar esse crime, falta é vontade. Esse crime antes de acontecer já tinha delegado nomeado para apurar e advogado contratado para defender se algo saisse errado, infelizmente não saiu!

  3. Infelizmente ninguém foi preso por esse crime. E infelizmente a família da vitima usou de sua influência pra receber indenização!

    Se fosse pra indenizar todo mundo que é asassinado neste país, não ia ter dinheiro nem pro caixa dois.

    Lamentável.

  4. Marcel: esse é um dinheiro SUJO! Vcs. da família, estarão, inversamente, concordando com a morte do Sr. Manuel. Se esse dno. fosse para procurar o(s) mandantes, até que era compreensível.
    Recebido o valor, “já estará pago o serviço”, pode afirmar o(s) assassino(s)!

  5. “Reparação” ou seja, melhor 100 mil na mão do que nada- Pena que esse dinheiro talvez nem chegue na mão dele- Marcel Leal tem muita coisa pagar, como ele alega não ter dinheiro, agora tem-

  6. Se o Estado fosse pagar por todos os crimes que acontecem e são frutos da negligência do aparelho estatal, não faríamos mais nada senão indenizar parentes das vítimas.

    No caso específico de Manuel Leal, acho que atendendo uma recomendação de uma Organização Internacional a indenização até pode se justificar. Afinal, precisamos legitimar entidades que vigiam a aplicação dos direitos humanos no mundo.

    Não sou inGênuo a ponto de achar que isso basta, mas o Governador pediu a reabetura do caso. Que assim seja . Fernando Cuma e os executores na cadeia!

    Quanto a Paulo Souto, ah, este devia está preso também.

  7. Ô povinho que gosta de uns assassinos no Poder, viu?

    Tô quase acreditando naquela “novela” de que Portugal mandava tudo quanto era considerado resto deles – leia-se: assassinos, ladrões, estupradores, etc – para o Brasil como forma de punição eterna.

    Mistura isso tudo, e é o vemos hoje nos Podres Poderes dessa Nação fuleira.

    Reabre o inquérito e enfia essa cambada na cadeia!!!

  8. O causa estranheza é algumas desejarem a volta dos “MATADORES DE JORNALISTAS” ao poder no Estado.

    O atual governo fez essa indenização atendendo recomendação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA).

    Além disso, o atual governador determinou a reabertura do processo. O retorno de carlistas/soutista ao poder representará uma nova pedra sobre o caso.

  9. Se tivessem certeza dos acudasados ninguém receberia nada,verdade é que gera ibope para o jornal e agora dinheiro para família este conto que todos falam,mas a propria família reconhece que não falam o verdadeiro suspeito pois não dá noticia e não vai dar em nada…

  10. No final das contas, nós, contribuintes inocentes, que pagamos essa conta, enquanto os culpados estão soltos, bem como ilesos de qualquer obrigação pecuniária. Salve, salve Brasil!!!

  11. A FAMILIA LEAL DEVERIA PEGAR ESTE DINHEIRO MANCHADO DE SANGUE E APLICAR NA LEI DE TALIÃO, “OLHO POR OLHO E DENTE POR DENTE” OU ENTÃO SE CALAR E ESPERAR A JUSTIÇA DIVINA, QUE TARDA MAS NÃO FALHA,POIS AS DOS HOMENS AQUI NO BRASIL NÃO PREVALECE PARA QUEM TEM PODER E DINHEIRO.

  12. Estão soltos… mas estão aí (em Itabuna) ao alcance da Justiça!

    Qual o problema em se colocar um ex-prefeito, um ex-delegado, um ex-governador na cadeia!? Parece que essas dificuldades só ocorrem na Bahia pela falta de manifestação popular! O único que não pode mais ser preso é o ACM! Mas, este já deve estar pagando suas contas no além!

  13. O pior é que a grana não saiu do bolso dos mandantes… Eu não me conformo é com isso!!! Acredito que a família Leal deve esperar pela JUSTIÇA DIVINA. Quando ela chegar, vai justiçar todos os que carregarem o crime em seus códigos de barra. Essa justiça não aceita vela de sete dias, bode preto…

Deixe aqui seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *