Tempo de leitura: 2 minutos
Wagner espera ter Lula 100% em sua campanha.

Jaques Wagner vai à convenção petista tendo uma certeza: não conseguirá reproduzir na eleição de 2010 o mesmo palanque do pleito de 2006. Dos aliados daquele ano, abandonaram a aba petista o PMDB, o PPS, o PV,  o PMN e o PTB.

Coincidência ou não, todos estes dissidentes – afora o PV – estão unidos em torno do nome do ex-ministro Geddel Vieira Lima, ex-aliado de Wagner e já definido como adversário do petista na disputa pelo Pácio de Ondina.

A convenção petista ocorrerá neste domingo (27), às 9 horas, no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador. Dos antigos aliados, ficaram PSB, PCdoB e PRB. Achegaram-se ao projeto de reeleição de Wagner o carlista PP, que indicou o vice Otto Alencar, o PSL e o PDT, que fez aliança branca em 2006.

O governador iniciará a campanha como favorito. De acordo com a última pesquisa Vox Populi, o petista tem 41% das intenções de voto, seguido por Paulo Souto (DEM), com 32%. O peemedebista Geddel Vieira Lima aparece com 9%. A pesquisa foi realizada de 8 a 11 de maio.

A convenção deste domingo confirmará a chapa majoritária petista e, também, definirá as coligações proporcionais para disputar cargos de deputado estadual e de federal. “Esperamos que a convenção seja um instrumento de deflagração da campanha em todas as regiões do Estado”, afirma Jonas Paulo, presidente estadual do PT.

A campanha eleitoral começa, oficialmente, no dia 3 de julho. Os nomes da majoritária petista foram definidos com antecedência. Wagner terá como candidato a vice o carlista Otto Alencar, do PP. Os deputados federais Lídice da Mata (PSB) e Walter Pinheiro (PT) são os dois nomes que disputarão as vagas baianas ao Senado Federal.

Wagner terá como principais adversários na disputa o ex-governador Paulo Souto (DEM) e o ex-aliado Geddel Vieira Lima (PMDB). Um outro ex-aliado também estará na peleja: o deputado federal Luiz Bassuma, que abandonou o PT e filiou-se ao PV.

O governador chega nesta reta de campanha tendo a seu favor a democratização da Bahia, a geração recorde de empregos e investimentos em saúde e educação. O fraco, no entanto, é a segurança pública, amplamente explorada pelos adversários.

Tempo de leitura: 7 minutos

DEPUTADO CHUTANDO CANELAS

Ousarme Citoaian

“Ela não caiu no gosto dos baianos”, vocifera um deputado federal da Boa Terra, ao referir-se a uma candidata à presidência da República. Convenhamos que atacar a língua portuguesa não é o defeito mais grave dos nossos parlamentares. Mas é certo que “cair no gosto”, solecismo também utilizado exaustivamente na mídia ignara, é chute na canela, sem bola. Lance pra cartão vermelho. A antiga e legítima expressão cair no goto é conhecida de todos os que já leram algum livro – nem que tenha sido na escola, sob o ferrão daquela injustiçada professora de literatura. Desconhecer tal expressão é injustificável para os cultores da dita última flor do Lácio.

“TRADUÇÃO NASCIDA NA IGNORÂNCIA”

Cair no goto é frase feita. Mas daquelas que, ao contrário de provérbios e lugares-comuns que incomodam nossos ouvidos, valorizam o texto. Escritores as empregam com freqüência, pois elas revigoram a tradição da boa linguagem, dando elegância e sabor originais à escrita. Quem diz “caiu no gosto” atesta ignorância da língua literária, valendo-se de uma “tradução” modernosa, nascida no desleixo, amamentada pelos redatores desinformados e, pelo que ouvi, agora encampada também pelo parlamento. Leio num blog que “Invictus não caiu no goto dos críticos de cinema, que o classificam como uma obra menor de Eastwood”, e festejo. Nem tudo está perdido.

NINGUÉM ABONA “CAIR NO GOSTO”

Trocar cair no goto por cair no gosto é rematada ignorância. A expressão (com o significado de algo que agradou às pessoas) é recorrente na linguagem culta. “O romance caiu no goto do público”, diz o Aurélio. Hélio Pólvora, Machado de Assis e muitos outros usaram cair no goto (nunca, jamais, cair no gosto!), de sorte que seria enfadonho apontar abonações de grandes autores (quando “cair no gosto” não encontra nenhuma). Mas vá lá Mário Palmério, no clássico Vila dos confins (com reedição em 2003): “Prova provada é o Domingos, o tal rapaz novo e disposto que caiu logo no goto do Pe. Sommer”.

O GOTO, O TINHOSO E A CACHAÇA

Não resisto a outra abonação: o folclorista alagoano Altimar Pimentel (1936-2007), conta que o Diabo vinha pela estrada, sedento, cansado e mau humorado, quando viu um canavial. Entra como se ali fosse sua casa, “quebra uma cana e começa a chupá-la com tal sofreguidão que o caldo, azedo, caiu-lhe no goto e abrasou-lhe as goelas”. Era “o cão chupando cana”. Vingancista contumaz, o Tinhoso atirou sobre aquelas plantas inocentes (e pelas suas gerações ad aeternum) uma maldição: “De vocês o homem há de tirar uma bebida tão ardente como as caldeiras do inferno”. Tal bebida é a cachaça, outrora chamada, não sem motivo, água ardente (e que virou, creio, por aglutinação, aguardente).

PostCommentsIcon Comente

SONHANDO O SONHO DAS ÁRVORES

Eu queria dormir
dentro
das árvores
e sonhar os seus sonhos,
viver os seus amores.

Eu queria morar
dentro
das árvores e viver a justiça
de suas raízes.
Eu queria morrer
dentro
das árvores
e participar da glória
de renascer no chão,
como semente.

POETA DE LINGUAGEM MEDIDA E DESPOJADA

A autora do texto acima, Ecologia, é Valdelice Soares Pinheiro (1929-1993), que publicou dois livros de poesia (De dentro de mim e Pacto). Cyro de Mattos (em Itabuna, chão de minhas raízes) a descreve como “poeta que elabora sua poesia com linguagem medida e despojada”. Para o autor de Berro de fogo, a poética de Valdelice (foto) também “é de grande conteúdo humano, de equilíbrio entre concepção e execução, harmonia entre poema e ato, verso e matéria”. Ecologia foi retirado de Expressão poética de Valdelice Pinheiro, livro coordenado por Maria de Lourdes Neto Simões, lançada pela Editus/Uesc em 2002.

PostCommentsIcon Comente

DA IRRELEVÂNCIA E OUTROS DEMÔNIOS

Mas saibam quantos lerem esta coluna em feitio de bazar de turco, que nela assuntos abundam, pois tudo aqui é relevante. Até a irrelevância se faz relevante. Então, falemos de identificação das pessoas que escrevem nos jornais – não por falta de tema, mas por ser… relevante. Antes, um passeio pelos veículos nacionais, em que uma senhora chamada Danuza Leão se identifica nos seus escritos como “escritora e cronista”. Ora, muito bem. Quererão me dizer que essas categorias são diferentes? Cronista não é escritor? Será que alguém teria a petulância de dizer que Rubem Braga (foto), talvez o único cronista-apenas-cronista de quem já se ouviu falar, não era escritor?

OS “FILÓSOFOS” QUE SOBRAM NA CURVA

É comum que articulistas bissextos sejam identificados por uma lenga-lenga que sabe a curriculum vitae. A identificação quase compete, em tamanho, com o texto pífio que a antecede, e por pouco não ganha dele em qualidade. O palavrório varia entre 20 e 40 termos, que falam das excelências do autor, indo de cursos que fez a prêmios que ganhou, havendo até um que se diz “nacionalmente conhecido” (!). Há também o tipo que, além de sete ou oito “especialidades”, também se diz “escritor, poeta e redator” (o que, ao fim e ao cabo, vem dar no mesmo Mané Luiz). Mas a joia da coroa vai para uns dois desses comunicadores que empregam em suas identificações a palavra “filósofo”. Aí, sobram na curva.

TATIBITATE, SENSO COMUM E FILOSOFIA

Ser filósofo é algo além de concluir uma licenciatura em Filosofia. Mesmo quem se doutorou na matéria não usa o título de filósofo, salvo se for um rematado presunçoso. Filósofo é quem investiga, argumenta, discute, analisa, “pensa” criticamente o mundo e formula teorias que expliquem nosso cotidiano. Não é qualquer artigo vazado em linguagem gaguejada, defendendo teses bebidas no senso comum da tevê que vai justificar a alguém se auto-intitular filósofo. Lembremos de que a professora Helena dos Anjos, que sabe do assunto mais do que uma dúzia desses “articulistas-filósofos”, é chamada de professora de Filosofia, não de filósofa.

NA HUMILDADE DO PASTOR, O EXEMPLO

É preciso dizer que essa explosão de incontidas vaidades é estimulada pelos jornais, pois seus editores, a quem caberia fazê-lo, não podam os excessos, reduzindo a identificação àquilo que a sensatez recomenda, e que é seguido pelos grandes veículos. Por exemplo, Clóvis Rossi se identifica  nos seus artigos como “jornalista”, sem os penduricalhos da presunção. Mas preferimos utilizar um modelo mais próximo a todos nós: Dom Ceslau Stanula (foto), de vastíssimo currículo (incluindo Filosofia!), se identifica no texto que publica num jornal da cidade como “Bispo de Itabuna”. Um exemplo acabado de humildade e (“de onde não se espera é que sai”) de bom jornalismo, a ser seguido pelas editorias.

ALGUÉM CHORA EM ALGUM LUGAR

Às 20h10min do dia 18 de junho, alguém que se apresenta apenas como “Larissa”, e que diz morar em vasto espaço chamado “República Portuguesa”, entre lágrimas, postou no seu blog:

Vou sentir a tua falta Saramago, porque, tal
como pertenciais ao mundo, um pouco de ti
também era meu…

Ainda sobre a morte de Saramago, escreveu o poeta argentino Juan Gelman:

Com as lágrimas que se vertem agora se
poderia acabar com as secas do mundo
PostCommentsIcon Comente

ATITUDE DE DUNGA É COMUM NO FUTEBOL

O cronista esportivo Alberto Helena Jr. (Última Hora/SP) queria na seleção brasileira de 1970 o zagueiro Joel Camargo, para compor a defesa com Carlos Alberto, Djalma Dias e Rildo, todos quatro do Santos, e sugeriu isso a seu amigo João Saldanha, que convocara Brito. “Brito é mais versátil”, disse o técnico. Helena Jr. (foto)  insistiu, tentando justificar a troca de Brito por Joel Camargo. Saldanha, como sempre, foi direto: “Você arruma uma seleção e faz o seu time; a minha seleção escalo eu”. A passagem, do livro João Saldanha, uma vida em jogo (André Iki Siqueira), marca apenas uma das vezes em que João quis sair no tapa com os críticos. Resposta semelhante ele daria ao ditador do momento, o famigerado Garrastazu Médici.
</span><strong><span style=”color: #ffffff;”> </span></strong></div> <h3 style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>E FRED JORGE CRIOU CELLY CAMPELLO!</span></h3> <div style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>No auge do sucesso, em 1965, a música teve uma versão no Brasil, gravada por Agnaldo Timóteo. Como costuma ocorrer com as

POÇO DE TEIMOSIA, ARROGÂNCIA E GROSSURA

Ninguém seria insano a ponto de colocar no mesmo saco João Saldanha e o atual técnico brasileiro, pois todos sabem que, como pessoa ou treinador de futebol, seria necessário dissolver dez ou doze Dungas para obter meio Saldanha. O que se deseja lembrar é que treinador de futebol costuma ser poço de arrogância, teimosia e grossura. Alguns deles: Leão e Felipão (de cuja genética saiu Dunga), Paulo Amaral (brigão emérito), Telê (teimoso até a medula), Evaristo, Luxemburgo (a pose em pessoa) e Muricy (imbatível em presunção). Carlos Alberto Parreira, parece-me, só confirma a regra: é um homem educado, a quem o técnico da França deixou de mão estendida. Prova de que o futebol merece Dunga, não Parreira (foto).

UM RISCO PARA NOSSAS CRIANÇAS

O viés autoritário era visível em Saldanha (foto) – para mim o homem que revolucionou o futebol (embora a mesmice voltasse, quando ele se afastou). Creio, sem querer passear pelo espaço da psicologia, ser isto normal. Tanto assim que (até que as mulheres ousassem entrar em campo) se repetia a frase calhorda “futebol é pra homem”, numa alusão à grossura que impera nesse esporte. Se futebol é mesmo assim, Dunga é seu símbolo, pois a terra dele é famosa pela exaltação dos machos, ao menos é o que diz o folclore gaúcho. E o técnico aplicou tapas na própria cara, para provar que é macho de verdade, bradando, raivoso, entre tabefes, ter “cara de homem”. Homem ridículo, sim, com risco de ser exemplo para nossas crianças.


(O.C.)
Tempo de leitura: 6 minutos

Leandro Afonso | www.ohomemsemnome.blogspot.com

Três das palavras que sempre remetem aos irmãos Coen (Fargo, Onde os Fracos não têm Vez, Queime Depois de Ler) – e que estão longe de serem as únicas – são cinismo, pessimismo (ou fatalismo, a depender do ponto de vista) e humor. De maneira bem característica e específica, os dois nos acostumaram, por exemplo, a não ver uma comédia facilmente identificável como tal, mas um filme que provoca o riso típico do que é assinado por eles.

Esse caráter bem próprio vem anabolizado em Um Homem Sério (A Serious Man – EUA, 2009), no qual eles parecem querer elevar à última potência tudo de disparatado que caracteriza o cinema de ambos – sem deixar de lado a força do acaso (cuidadosamente feito à maneira deles), o descaro, e a tentativa de fazer rir através de variações do absurdo. Com o importante adendo de que, dessa vez, nada funciona.

Os irmãos mostram todo seu sadismo na vida de Larry Gopnik (bom Michael Stuhlbarg), e todo o prazer em serem meticulosos ao enquadrar no resto da projeção. O culto ao nonsense, ao invés de interessante – entre outros motivos – pelo imprevisível, chega a um nível tão elevado que o efeito obtido passa a ser apenas o colateral.

A vontade de mostrar o não narrativo, o que está ali apenas porque eles querem (e não porque ajuda no desenrolar da história), o pouco imaginável para tantas pessoas e em tantas vezes, leva o filme a uma espécie de arbitrariedade excessiva, o que leva a uma quase apatia. Nesse sentido, Um Homem Sério se mostra como o filme do desinteresse – mas não, como talvez tenham pensado os irmãos, sobre pessoas desinteressadas com a vida fora do judaísmo, mas sim um filme desinteressado e que se torna desinteressante.

Se responder nunca foi um forte dos Coen (e muito do que de melhor existe neles vem do não responder), aqui eles não perguntam e nem provocam. Não se trata da zona de conforto do autor, mas sim do sublinhar o que os levam a ser vistos como tais, com o porém de que esse destaque torna as obsessões (do tema à abordagem) mais salientes que a força do resultado.

É verdade que abertura e fechamento, com a ideia aberta ao funesto, trazem uma muito bem vinda ironia ao ouvirmos somebody to love. Em meio à maluquice onde vivem, é válido perguntar: você não quer (ou não precisa de) alguém para amar?

No entanto, é lamentável que, no restante do filme, a impressão é de que eles não queriam alguém para amar, mas algo para filmar. Não encontraram – mas o fizeram mesmo assim.

Visto no Cine Vivo – Salvador, junho de 2010.

8mm

Enebriado

O português Manoel de Oliveira (Um Filme Falado, A Carta e mais algumas pérolas), independente de estar na ativa aos 101 anos, é e será sempre ídolo. Mas em Sempre Bela (2006) a sensação foi de alguém que, de uma vez, resolveu demonstrar seu (provavelmente eterno) estado enamorado por Paris, Luís Buñuel e a mise-en-scène. O melhor do filme está justamente nessa última, mas o potencial dele além dela (pouco maior que a homenagem e com consciência disso) parece ter se perdido em meio a tanta paixão.

Filmes da semana

1. Um Homem Sério (2009), de Joel e Ethan Coen (Cine Vivo) (**)
2. A Infância de Ivan (1962), de Andrei Tarkovsky (DVDRip) (****)
3. Sempre Bela (2006), de Manoel de Oliveira (Espaço Unibanco – Glauber Rocha) (**1/2) 4. Índia, Amor e Outras Delícias (2006), de Pratibha Parmar (Cinema do Museu) (*1/2)

    ______________

    Leandro Afonso é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”.

    <p style=”text-align: center;”><a href=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/70-MM2.jpg”><img title=”70 MM” src=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/70-MM2.jpg” alt=”” width=”559″ height=”95″ /></a></p>
    <p style=”text-align: center;”><a href=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/Final-3.jpg”><img class=”aligncenter size-full wp-image-30092″ title=”Final 3″ src=”http://www.pimentanamuqueca.com.br/wp-content/uploads/Final-3.jpg” alt=”” width=”42″ height=”13″ /></a></p>
    <p style=”text-align: center;”>
    <p><strong>Leandro Afonso</strong> | <a href=”http://www.ohomemsemnome.blogspot.com”>www.ohomemsemnome.blogspot.com</a></p>
    <p><em><img class=”alignright” src=”http://roteiroceara.uol.com.br/wp-content/uploads/2009/09/BLOG2_viajo_porque_preciso_volto_porque_te_amo_cultura.jpg” alt=”” width=”368″ height=”182″ />Viajo porque preciso, volto porque te amo</em> (<em>idem</em> – Brasil, 2009), de Karim Aïnouz (<em>O Céu de Suely</em>, <em>Madame Satã</em>) e Marcelo Gomes (<em>Cinema, Aspirinas e Urubus</em>), é um <em>road-movie </em>experimental (também por isso inevitavelmente irregular) que tem de melhor o que de melhor seus dois diretores podem oferecer – especialmente Aïnouz. É um filme em um meio, o semi-árido nordestino, e sobre sentimentos – carinho, amor, rejeição – já visitados por ambos, mas trata também e principalmente das divagações e aflições do personagem principal.</p>
    <p>Faz sentido dizer que a maioria dos planos de <em>Viajo porque preciso…</em> não tem significado concreto ou função narrativa. Do mesmo modo, praticamente tudo aquilo que visa o horizonte e paisagens afins dura mais que o que o plano de fato mostra – mas esses fatos são menos um demérito que uma defesa da contemplação. E ainda que muitas vezes simplesmente não haja o que ser contemplado, faz parte do personagem esse sentir-se parado – a agonia e o tédio do personagem chegam a nos atingir, às vezes, sem eufemismo algum</p>
    <p>Em filme que se assume tão ou mais experimental quanto narrativo, temos aí, no entanto, talvez – e paradoxalmente – uma tentativa de evitar uma monotonia que a ideia do filme sugere. Quase tudo não acontece em cena, mas na cabeça do personagem principal, a escrever suas cartas – trata-se de um filme epistolar de mão única. Como, então, filmar isso – algo tão ligado a um diário, algo a princípio tão anti-audiovisual?</p>
    <p>Não temos uma resposta, mas uma opção arriscada, na qual os melhores momentos vêm de depoimentos (prostituta falando em vida-lazer, por exemplo), quando percebemos que os dois souberam extrair uma sinceridade tocante que emana daqueles que dirigem. Isso sem falar do personagem como entrevistador/provocador, em situação que nos liga inevitavelmente a ele fazendo o papel de diretor.</p>
    <p>Esse caráter experimental, contudo, pode camuflar desnecessários tremeliques de câmera ao mostrar o personagem em meio à sua jornada, uma vez que não dá para chamar de experimental (ou dar qualquer mérito aqui) o que já virou um quase padrão – a câmera na mão nos dias de hoje.</p>
    <p>Ainda assim, vale dizer que os altos do filme atingem um nível de sensibilidade que vem, entre outras coisas, justamente dessa abstração da narrativa convencional: da por vezes completa imersão em um mundo acima de tudo sensorial. Torto, talvez fatalmente torto, talvez o mais fraco trabalho de ambos, mas com momentos de coragem e brilhantismo bem-vindos.</p>
    <h2><span style=”color: #800000;”>8mm</span></h2>
    <p><strong>Paixão do visível</strong></p>
    <p style=”text-align: left;”><em><img class=”aligncenter” src=”http://harpymarx.files.wordpress.com/2009/03/sylvia2.jpg” alt=”” width=”480″ height=”270″ />Na Cidade de Sylvia</em> (<em>En La Ciudad de Sylvia</em> – Espanha/ França, 2007) é meu primeiro contato com José Luis Guerín, catalão que teve três de seus longas exibidos no Panorama Internacional Coisa de Cinema. (Alguém sabe falar sobre?)</p>
    <p>Guerín se mostra preocupado com a cidade, às vezes mais que com seus dois personagens principais, ou – o que pinta com alguma prioridade – as relações entre personagens diversos e o lugar onde vivem. No entanto, a busca dele (Xavier Lafitte) por ela (Pilar López de Ayala) é interessante a ponto de causar angústia quando algo foge do esperado. Ele desenha e retrata a cidade, é ele o mais afetado e sobre quem é o filme, é ele que não sabemos de fato o que sente, viveu ou viu; mas é ela que magnetiza a tela quando aparece.</p>
    <p>Todavia, e felizmente, o filme vai além da contemplação de um sensacional rosto de uma boa atriz. Pode-se entrar em longas discussões e análises sobre memória e imagem, sobre miragem e dúvida; em uma palavra, sobre cinema. E, o que é melhor, através do cinema.</p>
    <h2><span style=”color: #800000;”>Filmes da semana<br />
    </span></h2>
    <ol>
    <li><strong>Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009), de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes (Cine Vivo) (***)</strong></li>
    <li><strong>Batalha no Céu (2008), de Carlos Reygadas (sala Walter da Silveira) (***1/2)</strong></li>
    <li><strong>O Refúgio (2009), de François Ozon (Espaço Unibanco – Glauber Rocha) (***)</strong></li>
    <li><strong>O Profeta (2009), de Jacques Audiard (Espaço Unibanco – Glauber Rocha) (***1/2)</strong></li>
    <li>O Demônio das 11 Horas (1965), de Jean-Luc Godard (DVDRip) (****)</li>
    <li>Na Cidade de Sylvia (2007), de José Luis Guerín (DVDRip) (***1/2)</li>
    </ol>
    <p>______________</p>
    <p><strong>Leandro Afonso</strong> é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”.</p>
    Tempo de leitura: < 1 minuto

    O governador Jaques Wagner estará em Brasília, na próxima segunda (28), assim como governadores de estados escolhidos como sedes ou subsedes da Copa 2014. O encontro foi convocado pelo Palácio do Planalto, para assinatura de protocolos de construção ou modernização de estádios. “Por isso, o governador não poderá estar em Ilhéus”, enfatiza Maurício Maron, assessor de comunicação da prefeitura ilheense. Uma das sedes da copa será Salvador.

    Wagner viria à região para inaugurar obras de abastecimento de água em Itacaré e no distrito de Santo Antônio, em Ilhéus, além de receber a Comenda da Ordem do Mérito de São Jorge dos Ilhéus (veja nota).

    Tempo de leitura: 3 minutos

    Ângela Góes

    A acessibilidade nas relações de consumo traz números interessantes para a área econômica em todo país. Por ano, produtos e serviços para reabilitação rendem 1,5 bilhões de reais. Na adaptação de veículos automotores, o retorno é de 800 milhões de reais.

    A tendência é o aumento desses números, tendo em vista a quantidade de pessoas com deficiência a cada ano, devido a acidentes de trânsito, à violência urbana e complicações causadas por diabetes.

    Por outro lado, a frota de veículos adaptados tende a aumentar, considerando-se a inserção de mais pessoas na classe C, a classe média, aumentando seu consumo e as isenções tributárias para adquirir veículos adaptados.

    Na construção civil, a acessibilidade ainda durante a edificação gera uma economia de 25% em comparação com as adaptações posteriores. O acréscimo de custos para adaptações com desenho universal ainda na fase de projetos é insignificante: 0,5% a 3% em casas; 0,5% a 1% em habitações coletivas; e media de 0,11% em centros comerciais e restaurantes.

    Por todo o país o turismo acessível tem destaque em Brotas (SP) e Foz do Iguaçu (PR), já sendo um evento constante a Mostra de Turismo Sustentável de Iguaçu. No  Guia de Turismo Acessível em Alagoas, que incluirá a Jangada Acessível, etc.

    O interesse por acessibilidade no consumo já está definido, considerando-se que a IX Reatech –Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade teve 45.000 visitantes, em abril de 2010 em S Paulo.

    Esta feira é destinada às pessoas com deficiências físicas, mentais, visuais, auditivas e múltiplas, seus familiares e profissionais que prestam serviços a este público. A Reatehc reúne no mesmo evento fisioterapeutas, equoterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, ortopedistas, pedagogos, psicólogos, assistentes sociais, advogados, arquitetos e engenheiros, entre outros.

    Os movimentos nacionais e internacionais têm buscado o consenso para a formatação de uma política de integração e de inclusão.

    Os movimentos nacionais e internacionais têm buscado o consenso para a formatação de uma política de integração e de inclusão, visando resgatar o respeito humano e a dignidade e o pleno desenvolvimento e o acesso aos recursos da sociedade por parte desse segmento.

    Ampliar o alcance e o conhecimento das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida este  deve ser o foco dos setores da sociedade  para que possa  tratar essas pessoas de maneira igual independente de suas limitações.

    As pessoas com  mobilidade reduzida encontram dificuldades como o simples andar na calçada até provar uma roupa em uma loja. Não se deve esquecer que cada vez mais estas pessoas estão independentes e tornando-se consumidores potenciais.

    Não se pode fechar os olhos para esta nova realidade. Cada vez mais a sociedade,  proprietários de  lojas, restaurantes, bares, bancos enfim, todos que  fornecem serviços ao público  deve  adaptar-se  às pessoas com algum tipo de deficiência, devem  direcionar projetos futuros para atender este novo público em ascensão.

    Concluindo, faço um relato pessoal de consumidora com deficiência que se sentiu violada em seus direitos em virtude de sua deficiência. Ao procurar uma empresa de cursos na área jurídica, fui impedida de efetuar a matrícula nessa escola devido à ausência de rampas e elevador que  permitisse o acesso ao 1º e 2º andar, onde era ministrado o curso.

    Este  é  apenas  um  dos  inúmeros  óbices  que  encontramos  aqui  na  cidade  de  Itabuna que  impedem os cadeirantes de exercer seu direito de consumidor.

    Ângela Góes é professora e cadeirante.

    Tempo de leitura: < 1 minuto

    A advogada Jussara Marília Pontes de Souza, 55, morreu na madrugada deste sábado, após vários dias internada no Hospital Santa Isabel, em Salvador. Irmã do vereador Roberto de Souza e do diretor do Dnit na Bahia, Saulo Pontes, Jussara morreu de insuficiência respiratória.

    O corpo de Jussara será velado na Santa Fé, ao lado do cemitério Campo Santo, a partir das 14 horas, e o sepultamento está previsto para as 17 horas.

    Tempo de leitura: < 1 minuto

    O serviço de hospedagem utilizado pelo Pimenta avisa que irá promover a realocação física de seus servidores. Em virtude dessa mudança, o acesso ao site estará suspenso a partir das 23 horas deste sábado, 26, mas a promessa é de que tudo voltará ao normal às 11 horas de domingo.

    Contamos com a compreensão de nossos leitores.

    Tempo de leitura: < 1 minuto

    Aguardada com expectativa e até anunciada oficialmente, a visita do governador Jaques Wagner a Ilhéus foi cancelada. Ele receberia a Comenda da Ordem do Mérito de São Jorge dos Ilhéus.

    Não está claro o porquê do cancelamento. A deputada federal e pré-candidata ao Senado, Lídice da Mata, representará o governador. A comenda é a maior honraria concedida pelo município.

    _

    Tempo de leitura: < 1 minuto

    Do site Última Instância:

    O ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu enviar o mandado de segurança impetrado pelo ex-deputado e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo José Carlos Gratz (PSL) contra a Lei Ficha Limpa para apreciação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), por entender que a matéria não é de competência do Supremo.

    “A Súmula do Supremo Tribunal Federal 624 é expressa ao determinar que ‘não compete ao STF conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais’”, disse Toffoli em seu parecer.

    O ex-deputado Gratz foi deputado por quatro mandatos consecutivos e é possível candidato ao Senado ou ao governo do Espírito Santo. Ele quer que o Supremo reconheça o direito de ter seu pedido de registro de candidatura deferido pela Justiça Eleitoral.

    Leia mais

    Tempo de leitura: < 1 minuto

    Cerca de 30 marisqueiras que vivem na zona norte de Ilhéus participaram, este mês, de um treinamento para introduzir novas técnicas no beneficiamento do pescado. O curso, realizado pelo Instituto Aliança dentro do Projeto Transformar, as ensinou, por exemplo, a aproveitar partes do camarão que antes eram descartadas, além de defumar peixes e também a produzir o “fishburguer”. Após o treinamento, as marisqueiras têm a expectativa de aumentar seu faturamento.

    Tempo de leitura: < 1 minuto

    As empresas de telefonia móvel aparentemente desconhecem a importância do litoral norte ilheense, uma área que está prestes a receber megainvestimentos, mas é pessimamente servida em termos de comunicação.

    Em locais como os condomínios Joia do Atlântico e Mar e Sol, Vila Juerana, Ponta da Tulha e adjacências, só é possível falar ao celular ou conectar-se à internet quando se está na praia, bem pertinho do mar. Andou 100 metros continente adentro… Bye, bye sinal!

    Tempo de leitura: < 1 minuto
    Marão (o segundo da esquerda p/direita): em breve o apelido poderá ser "Marinho"

    Pouco tempo após a gastroplastia a que se submeteu, o vice-prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre (PSDB), já está irreconhecível. Neste período de festas juninas, Marão – como (ainda) é conhecido – circula pela Avenida Soares Lopes com o visual repaginado e deixa todo mundo surpreso.

    Já está mais fino que Alcides Kruschewsky e, quando fica ao lado do secretário de Ação Social Augusto Macedo, reproduzem a dupla da antiga série “O Gordo e o Magro”. Macedo, aliás, se ouvir os conselhos do vice, será o próximo a cair no bisturi.

    Tempo de leitura: < 1 minuto

    Embora ainda vá oficializar seu reingresso no PMDB – em evento programado para esta terça-feira, 29, em Itabuna – o ex-prefeito Fernando Gomes já é apresentado pelo médico Renato Costa como “presidente regional de honra” do partido. Tratamento vip para quem por tento tempo o maltratou e agora coordena a campanha de Renato, que tentará eleger-se deputado estadual.

    FG será uma das principais estrelas no evento que marcará o início das obras de revitalização do canal da Amélia Amado, em Itabuna, no dia 29. Aliás, esta será uma “inauguração” às avessas, feita antes do serviço e sob encomenda para angariar simpatias.

    Coisas de campanha eleitoral…