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Walmir Rosário | ciadanoticia@ciadanoticia.com.br
Pela leitura dos jornais do final de semana (20 a 22), em Itabuna, dá para se ter uma ideia dos rumos que têm tomado nossa sociedade. A manchete do Jornal Agora traz uma matéria na qual o presidente da Câmara Municipal de Itabuna, Clóvis Loiola, assume a condição de réu confesso e diz que o esquema de fraudes na instituição que dirige “tungou” mais de R$ 5 milhões dos cofres públicos.
Loiola vai além e confessa, publicamente, que existe a possibilidade de pagar por isso na cadeia, mas faz uma ameaça a seus pares: “posso ir preso, mas levo todos os vereadores comigo”, estampa a manchete das páginas centrais do Agora. Essa afirmação, por si só, já é um libelo de acusação, mas que vem passando ao largo das instituições que devem evitar os desvios de conduta da sociedade, notadamente o Ministério Público (fiscal da sociedade) e o Poder Judiciário.
Mais estranho ainda é que essas declarações têm sido feitas pelo ainda presidente da Câmara, Clóvis Loiola, na presença dos seus advogados, profissionais escolhidos “a dedo” pelos porões do Centro Administrativo Firmino Alves, onde se escondem alguns membros do Poder Executivo. Digo estranhar esse fato pela defesa, baseado no princípio constitucional de que um cidadão (qualquer) não está obrigado a produzir provas contra si.
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O Vitória terá que não apenas suar a camisa nos dois próximos jogos, pois não mais dependerá apenas de si para continuar na elite do futebol nacional. Hoje, jogando em casa, o Leão empatou com o Corinthians em 1 a 1 e caiu para 17º lugar. Terminado o jogo no Barradão, a esperança era um empate ou derrota do Avaí, que jogou logo depois e bateu o Atlético-GO (por 3 a 0). Assim, empurrou o rubro-negro baiano para a zona de rebaixamento da Série A.
Se o caríssimo leitor-torcedor quer ver um BAVI na Série A, melhor elevar as mãos ao céu… e orar.

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Missão baiana na Nova Zelândia

O governador da Bahia, Jaques Wagner, comemorou os resultados da missão que visitou na última semana a Nova Zelândia, com o objetivo de atrair investimentos em benefício da economia baiana. Também participaram da visita o secretário da Agricultura, Eduardo Salles, e prefeitos da região oeste do Estado, que governam municípios já “descobertos” por investidores neozelandeses.
No oeste, os empresários da Nova Zelândia têm voltado suas atenções para a pecuária leiteira e a indústria de lácteos. Existe a intenção de aumentar a presença, abrangendo também empreendimentos agrícolas e a indústria de tecnologia. “O governo neozelandês destacou que a Bahia oferece boas oportunidades e recomendou expressamente os investimentos em nosso Estado”, enfatizou o governador.
Eduardo Salles também festejou “as indicações expressas para que as empresas neozelandesas e os fundos de investimento prestem atenção na Bahia”.

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Carne apreendida pela polícia na rodovia Coaraci-Itapitanga (Foto Costa Filho)

A Polícia Rodoviária Estadual efetuou apreensões de aproximadamente duas toneladas de carne bovina clandestina ou transportadas sem refrigeração.
Uma das últimas apreensões ocorreu na terça-feira, quando 280 quilos de carne fresca eram transportados irregularmente na carroceria de uma Toyota Bandeirantes, na rodovia Coaraci-Itapitanga.
E agora o Ministério Público estadual aperta o cerco contra o produto vendido sem as especificações exigidas desde 1994. Ontem, cerca de três toneladas de carnes foram apreendidas em ação comandada pelo promotor público Yuri Lopes.
O produto era vendido na Feira de Itajuípe fora de balcões frigoríficos. “Essa carne fica exposta ao calor, sem nenhuma higiene e, antes do final do dia, já está em decomposição”, disse o promotor ao jornal A Tarde.

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Marcelo Ganem, cantor sul-baiano e também conhecido pela causa ambiental, fez sucesso em sua passagem pela França, quando se apresentou no Salão do Chocolate, em Paris. Quem viu gostou e o artista foi convidado a se apresentar em três cidades europeias: Madri, Londres e novo show na capital francesa. Num clique, você acompanha um pouco do que fez o homem de Macuco em solo parisiense.

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Marco Wense
Não sei o motivo de tanto espanto em relação a obsessiva fúria do PMDB na busca de cargos no governo da presidente eleita Dilma Rousseff. O PMDB é assim mesmo: monstruosamente pragmático.
O PMDB, com seu “blocão”, “megabloco” ou “superbloco”, formado pelo PTB, PR, PP e o PSC, com 202 deputados federais, pressionando por mais ministérios e centenas de cargos no segundo e terceiro escalões, é o óbvio ululante.
O sócio majoritário do governo Dilma Rousseff é o PT. A presidente eleita não pode, em nome da governabilidade, ficar refém do peemedebismo e, o que é pior, perder a autoridade inerente e imprescindível ao exercício da nobre função.
Os outros partidos, tendo na linha de frente o PSB, PDT e o PC do B, que também contribuíram para a vitória de Dilma, têm que se unir, sob pena de serem engolidos pelo PMDB. É bom lembrar que o PSB elegeu seis governadores.
VISITA INDIGESTA
Como não bastasse o tal do “blocão”, protagonizado pelo PMDB de Michel Temer (SP), vem agora José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, e solicita uma inesperada audiência com a presidente eleita Dilma Rousseff.
Depois de ser bombardeado no programa eleitoral do PSDB, como a principal figura da “turma da Dilma”, Dirceu deveria esperar a poeira assentar, evitando assim esse inevitável constrangimento para a futura presidente da República.
O problema de José Dirceu, ex-todo poderoso ministro do governo Lula, é sua doentia obsessão de querer aparecer na mídia de qualquer jeito e a qualquer custo. José Dirceu, neste aspecto, é incontrolável.
DUAS VERSÕES
O ex-candidato ao Palácio de Ondina, Geddel Vieira, fragorosamente derrotado pelo governador Jaques Wagner (reeleição-PT), aparece constantemente ao lado de Michel Temer nos encontros com a equipe de transição da presidente eleita Dilma Rousseff.
Para os correligionários de Geddel, a presença dele ao lado de Temer, presidente nacional do PMDB, é a prova inconteste do seu prestígio junto ao comando maior da legenda. Os adversários, no entanto, propagam a versão de que Geddel estaria insistindo na sua permanência como ministro da Integração Nacional no governo Dilma.
A terceira interpretação (ou variante) fica por conta do caro leitor, caso ele não concorde com as versões dos correligionários e adversários do ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br
É impressionante como a política – no caso, mais especificamente, a má-política – influencia de maneira decisiva na vida de cada um de nós, em todos os setores. Pensem em qualquer mazela, problema social e na frieira do menino da periferia… Tudo tem a ver com a conduta dos escolhidos para representar a população nas instâncias que decidem.
O programa NBlogs, da TV Cabrália, está provando a tese. Na primeira edição, em que este blogueiro teve a honra de ser um dos debatedores, representando o Pimenta, o tema foi a corrupção na Câmara de Vereadores de Itabuna. E  a segunda edição do programa, a mais recente, tentou variar, discutindo o risco de uma epidemia de dengue em Ilhéus. Resultado: os blogueiros presentes acabaram desembocando no grande rio de águas sujas da politicagem. Não teve jeito.
Assim como a roubalheira no legislativo itabunense, práticas escusas e a política mesquinha de quem se elege pensando apenas em se dar bem corroem a gestão da saúde em Ilhéus. O blogueiro Emílio Gusmão, por exemplo, repetiu a denúncia de que 19 agentes de combate a endemias indicados pelo vereador Jailson Nascimento (PMN) sabotavam o trabalho de controle da dengue. As faltas injustificadas de alguns desses maus-elementos chegavam a absurdas 300 horas.
Quanto dinheiro de nossos impostos não vem sendo usado para pagar meliantes que não têm espírito de serviço nem amor ao próximo? Desrespeitam quem lhes paga o salário e veem a administração pública como cenário de armações, no que são estimulados pelas generosas brechas da impunidade.
Se amanhã o NBlogs resolver discutir o sucateamento no Hospital de Base, dará no mesmo. Igualmente, se o tema for a precariedade do Restaurante Popular, a desorganização do trânsito ou a poluição do Rio Cachoeira. Cada um tem suas causas imediatas, mas bem antes delas encontra-se a famigerada corrupção política e moral, a maior desgraça desse País.
Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do Pimenta e também dá uns pitacos no blog Política Etc.

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ENTRE A EUFORIA E O RANGER DE DENTES

Ousarme Citoaian

Após o previsível resultado das eleições, a mídia regional solidificou-se em dois grandes grupos: o que range os dentes e espuma de ódio e impotência diante da derrota e o que se deixa tomar pelo entusiasmo paroxístico que a vitória sugere.  E os analistas – alguns com cheiros e cores claramente diletantes – se sucedem, a exarar opiniões que, muitas vezes, têm pouco a ver com a verdade e muito compromisso com a paixão. Comunicadores em geral não são isentos, mas precisam buscar a isenção. E a regra é clara: se vai escrever, deixe seu ódio no armário, atenha-se à verdade, tente (ao menos tente!) ser isento.

ESTÁ NO AR A VOZ IRACUNDA DO FASCISMO

Entre os diletantes que os jornais abrigam (e com isso fecham a porta aos profissionais, os que fazem a feira com o resultado do seu trabalho intelectual) recolho esta pérola, do mais puro fascismo demodé: “nossa presidente é ex-presidiária”, afirma, sem corar, uma dessas “analistas”, fazendo concorrer no mesmo ponto a ignorância e a má-fé. A prisão política, em todas as culturas do mundo, é honrosa, diferente dos encarcerados comuns. Não serve à sociedade a mídia que se deixa usar como escoadouro de lamentos e frustrações; melhor faria se se propusesse a ser um locus da discussão qualificada ou, pelo menos, bem intencionada.

SÉRGIO FLEURY E A TORTURA “COLETIVA”

O Brasil tem um triste exemplo de aviltamento dos presos políticos: a regra não escrita do respeito internacional foi aqui claramente rasgada durante a ditadura militar pelo delegado Sérgio Fleury, o braço policial do governo: esse Fleury não só tratava os presos políticos como bandidos comuns, como os supliciava em sessões “coletivas”: o torturado era colocado no centro da sala e, em volta, os demais presos eram forçados a assistir à sessão; se algum deles desviava os olhos ou baixava a cabeça, Fleury “gentilmente” o fazia voltar ao espetáculo. Pessoas assim não eram “presidiárias”, mas vítimas da ditadura.

BERLUSCONI FICARIA EM SEGUNDO LUGAR

A ideia deste comentário era discutir se, à luz da língua portuguesa, dona Dilma Rousseff (foto) é presidente ou presidenta – mas as questões ideológicas tomaram a si as rédeas da redação e o espaço findou-se. Mesmo assim, ainda deixou-se de dizer que nem Berlusconi em seus momentos de maior autenticidade chamaria Dilma de “ex-presidiária”, pois até o velho fascista sabe a diferença entre os dois tipos de prisão. Fazer o quê? Primeiro o mais urgente: a resposta ao neofascismo. Quanto à provocação linguística, ficamos com o débito para a próxima semana.

ABORTO, PAPA, ÓDIO E SEXO DOS ANJOS

Vimos recentemente que a descriminalização do aborto tem muito a ver com o sexo dos anjos, sem querer fazer trocadilho. Ele ocupou importantes espaços da campanha eleitoral, exacerbou ânimos, gerou declarações disparatadas, virou matéria de difamação – até ser recolhido a merecido silêncio. Eis que, nos últimos dias do pleito, o papa resolveu soprar as brasas, por pouco não reavivando as chamas do ódio aparentemente apaziguado. E os dois candidatos usaram, neste caso, a “conveniência” de sempre. Eu esperava um pouco que fosse de defesa do lacaísmo, pois aqui entre nós Igreja e Estado são entidades independentes (na saborosa expressão popular, “cada macaco no seu galho”). Faltou coragem, sobrou hipocrisia.

NA ITÁLIA, O MAL ARRANCADO PELA RAIZ

Hipocrisia é também o que anota o livro Basílicas e capelinhas – um estudo sobre a história, a arquitetura e a arte de 42 igrejas de Salvador (Biaggio Talento e Helenita Hollanda): os antigos guardiões da Igreja de São Francisco, num surto de moralismo, amputaram os órgãos sexuais de anjinhos barrocos e tentaram esconder esse fato colando saiotes de pano nas imagens. Um amigo me conta que no museu  do Palazzo Medici Riccardi (foto), em Florença, todas as estátuas masculinas tinham “o mal arrancado pela raiz”. Ao perguntar a um funcionário da casa os motivos da mutilação, ouviu que aquilo tinha sido obra de uma antiga proprietária muito religiosa. E muito hipócrita, ora pois.

AFINAL, SERIAM OS ANJOS ASSEXUADOS?

Por fim, o sexo dos anjos, questão aqui levantada (ops!). A expressão vem do século XV, quando os turcos tomaram Constantinopla (hoje Istambul). Com os invasores em enorme superioridade (cerca de 11 soldados para cada defensor da cidade), a guerra estava perdida, mas as autoridades cristãs, em vez de se preocuparem com isso, estavam reunidas num concílio que discutia, entre outros temas, o fato de os anjos terem sexo ou não. O imperador Constantino XI, que comandava a frágil resistência, foi morto, ao lado de milhares de cristãos, sendo que o Império Bizantino virou Império Otomano, comandado por Maomé II. E os doutos exegetas não concluíram se os anjos eram ou não assexuados.

TESTEMUNHA OCULAR DO COLONIALISMO

O Repórter Esso foi um noticiário que fez história no rádio e na tevê do Brasil, de sorte que até hoje rastros dele estão por aí. Foi o primeiro informativo radiofônico do País que não se limitava a notícias recortadas dos jornais (processo chamado pejorativamente de Gillette Press), utilizando matérias enviadas por duas agências de notícias sob o controle do governo americano, fundidas em 1958 na United Press International (UPI). O programa era patrocinado por uma multinacional sediada nos Estados Unidos e conhecida aqui como Esso Brasileira de Petróleo. Foi, já se vê, criado para fazer a propaganda da guerra americana direcionada ao povo brasileiro. Mais colonizador, impossível.

PETROBRAS, PRÉ-SAL E A MÍDIA “NERVOSA”

O dito “testemunha ocular da história” era um instrumento de dominação ideológica dos Estados Unidos sobre o Brasil e outros 14 países do continente, onde se fazia ouvir – tido por especialistas em mídia como das mais eficazes armas utilizadas pelo imperialismo estadunidense nas Américas. Bom exemplo dessa ação é a campanha desenvolvida pelo programa nos anos cinquenta, contra a criação da Petrobras. Os mesmos especialistas comparam aquela posição do Repórter Esso com alguns veículos atuais, que se mostram “nervosos” com a anunciada atuação soberana do Estado brasileiro na exploração das novas jazidas de petróleo na camada do pré-sal. Daí se dizer que a história se repete.

HERON DOMINGUES, UMA LENDA DO RÁDIO

O Repórter Esso criou em torno de si uma aura de sentimentalismo, chegando a transformar em lenda do rádio brasileiro o locutor Heron Domingues (foto), talvez o “noticiarista” mais imitado em toda a história do rádio e da tevê no Brasil (outros apresentadores notáveis foram Gontijo Teodoro, Kalil Filho, Luiz Jatobá e Roberto Figueiredo). O programa tinha, de fato, ares de competência jornalística: nova linguagem, textos escritos especialmente para serem lidos, poder de síntese, economia de adjetivos e pontualidade – que permitia ao ouvinte acertar o relógio ao primeiro acorde da vinheta de abertura. Lançado em agosto de 1941 (na Rádio Nacional), o noticioso teve sua última edição em 31 de dezembro de 1968, na Globo.

O DIA EM QUE A EMOÇÃO VENCEU A TÉCNICA

Para os poucos que não conhecem: após o prefixo da Globo, o locutor Guilherme de Souza dá a hora e anuncia a velha fórmula: “Alô, alô, Repórter Esso! Alô!” Ao som das trombetas famosas, entra Roberto Figueiredo com a escalada das notícias, entre elas o AI-5 da ditadura militar. Depois, ele inicia uma retrospectiva dos 27 anos do Repórter Esso, emociona-se e começa a chorar, a ponto de ser substituído pelo locutor Paulo Ribeiro, que, por acaso, estava no estúdio. Roberto, ainda aos prantos, volta e encerra o último Repórter Esso, com desejos de boa-noite e feliz ano novo. Já chorei com várias edições deste vídeo. Esta semana, chorei com a minha. Para ouvir a emoção vencendo a técnica, clique.

(O.C.)