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Ailton Silva | ailtonregiao@gmail.com

Até o aeroporto internacional de Salvador teve o nome substituído para homenagear um político que, com todo o respeito aos seus familiares e admiradores, não terá nunca a importância da Independência do nosso estado e do Brasil.

As histórias sobre a independência da Bahia e do Brasil são ricas, embora parte delas recheada de contradições, assim como é contraditório o nosso comportamento com relação aos heróis e ao 2 de Julho de 1823.

Manipulados pelos políticos, permitimos que eles homenageiem a si mesmo com nomes de ruas, praças, hospitais, pontes, viadutos, avenidas e até municípios. Assim aceitamos, também, que os heróis da Independência da Bahia praticamente fiquem esquecidos.

O coronel que assumiu o comando geral do Exército Brasileiro e derrotou os soldados portugueses em 1823, por exemplo, sequer teve a honra de ter o nome cravado em um logradouro público importante. Não cabe aqui discutir os interesses da família dele.

José Joaquim de Lima e Silva assumiu as tropas brasileiras em um momento crucial. Ele substituiu o general Pedro Labatut, que fora capturado pelas tropas inimigas que chegaram a dominar parte da Bahia, principalmente a região de Salvador.

De igual modo, a heroína Maria Quitéria de Jesus (1791-1853) mereceu o esquecimento do povo baiano. Pioneira na luta para expulsar os portugueses do Brasil, a filha de fazendeiro inscreveu-se voluntariamente no Exército para lutar contra os invasores.

Com grande habilidade no manuseio das armas de fogo e ótima em montaria, Quitéria cortou o cabelo, vestiu-se de homem para ingressar no Exército, em 1822, com o nome de José Cordeiro de Medeiros, o seu cunhado. Fez isso escondido do pai, o fazendeiro Gonçalo Alves de Almeida.

Nascida em 27 de julho, no arraial de São José de Itapororocas, hoje município de Feira de Santana, a heroína foi condecorada no Rio de Janeiro com a Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul. Ela recebeu a medalha das mãos do imperador Dom Pedro I.

Quitéria lutou por mim, por você, caro leitor; por nós, que não erámos nascidos;  pelos filhos dos coronéis que fugiram do alistamento, mas, principalmente, pela verdadeira independência política e administrativa do Brasil. Ela foi integrante do Batalhão dos Voluntários do Príncipe, conhecido, também, como “Batalhão dos Periquitos”, por causa dos punhos e golas de cores verdes de seu uniforme.

A nossa heroína morreu em Salvador em 1853, praticamente cega e no anonimato. Ao contrário dos nossos “heróis políticos”, que estão com os seus nomes gravados pelos quatro cantos do Brasil, em logradouros construídos com o nosso dinheiro.

Ah, depois de anos no esquecimento, em 28 de junho de 1996, Maria Quitéria passou a ser reconhecida como Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. A história da mulher é admirável e deslumbrante.

Outra heroína brasileira, só lembrada na celebração do 2 de Julho, é a freira Joana Angélica de Jesus. Ela tentou abrigar, no convento em Salvador, os soldados brasileiros que tinham sido cercados, mas foi fuzilada pelas tropas portuguesas. Pouco se fala sobre a brava mulher.

Os políticos reduziram a importância dos nossos heróis para desvalorizar o 2 de Julho,  dia em que os soldados brasileiros conseguiram a separação do país do domínio de Portugal.

Até o aeroporto internacional de Salvador teve o nome substituído para homenagear um político que, com todo o respeito aos seus familiares e admiradores, não terá nunca a importância da Independência do nosso estado e do Brasil.

O 2 de Julho não deveria ser feriado estadual, mas nacional porque foi a verdadeira independência do Brasil. Parabéns aos nossos verdadeiros heróis!

Ailton Silva é repórter de A Região, chefe de jornalismo da Morena FM e assessor de comunicação.

 

15 respostas

  1. Assino em baixo dessa matéria.É triste ver em Itabuna ruas,praças e viadutos com nomes de pessoas que foram péssimos políticos.A pergunta que não quer calar: por que só se homenageia politicos? Temos tantos cidadãos de bem que poderiam “batizar” monumentos,ruas,praças,pontes e viadutos,mas o que vemos com tristeza é rua com nome de Fernando Gomes,Paulo Souto,ACM,Luis Eduardo Magalhães (que todos sabem,não passou de um playboizinho em SSA,à sombra do pai ACM.Os verdadeiros heróis da Bahia são desprezados totalmente.

  2. Concordo plenamente!!! Viva a nossa Bahia..o Governador fantoche que temos não tem força politica para mudar o nome do aeroporto de Salvador. Este deveria voltar a ser chamado de 2 de julho.

  3. Texto perfeito.
    E a situação, depois do Lula, só vai piorando. Estamos transformando o maior País da América do Sul numa espécie de Continente Africano. Necas para educação. Necas para saúde. Tudo para perpetuação da pobreza e para a compra de consciências e votos. Milhões para o mensalão dos ricos, centenas de reais para comprar o voto dos pobres. E tome-lhe agricultura familiar, que não produz alimentos, mas produz VOTOS!
    Em Itabuna, votos para o sujeito acusado (sem contestação) do crime hediondo da vassoura-de-bruxa! A África…é aqui em Itabuna.

  4. Esse finado Luiz Eduardo foi um politico como outro qualquer de uma familia de corruptos e ladrões que surrupiaram a Bahias por décadas, por isso exigo que volte o nome origi9nal do Aeroporto Internacional Dois de Julho. Fora nomes dessa corja da familia Magalhaes. Viva a Bahia, Morra os Magalhães pra sempre!!!

  5. Politica é arte de enguliar sapos e vomitar elefantes. Quem quiser se enganar confio em algum plitico profissional que infesta nossa nação brasileira. Fora os Simóes, Azevedos, Gomes, Magalhães, Adervans da vida. VIVA NOSSA INDEPEDEÊNCIA, VIVA NOSSA SOFRIDA BAHIA!

  6. Que bom que ainda tem gente que lembra deste fato histórico. As coisas não andam tão ruins assim. Parabéns pelo texto Ailton! Não entendo porque ainda não voltou para 2 de Julho o nome do Aeroporto de Salvador. Jogaram a História no lixo.

  7. Parabéns ,menino, por nos lembrar de uma história embora cheia de sangue, mas bonita, de um povo que sabia defender uma causa que é de todo o povo, a exemplo de Quitéria. Hoje cruzamos os braços diante de tanta sujeira política, que nos envergonha e nos faz sentir um nada diante da grandeza dos nossos verdadeiros heróis do passado.

  8. Bianca deixe de escrever bobagem, o Brasil é um país laico e, Jesus está no campo espiritual, não misture as coisas com o seu grande desconhecimento. quanto ao texto, imenso parabéns.

  9. Eu tenho consciência que o meu comentário, que foi censurado, referente a este assunto, foi forte, agressivo, mas muito menos “trash” que a versão de “gaybriela” postada por vocês neste mesmo blog, …!!!

    Agora, que é uma bobagem ficar se importando com mudança de nome de aeroporto de Salvador, sendo que aqui na nossa região há assuntos mais relevantes e importantes a serem discutidos, isto é fato!

    De uma forma ou de outra, com tanto tempo o pessoal do PT no poder, então porque não retornaram ao velho nome do aeroporto de Salvador?

    Eu proponho trocar, por exemplo, o nome do Estádio de Fonte Nova, após a reforma, assim como vão mudar o nome do de Brasília, para 2 de Julho, como forma de reparar o dano que supostamente possa ter causado a alguém, a mudança do nome do aeroporto de Salvador, …!!!

    Outra coisa que diz respeito ao referido jornal foi uma comparação, no mínimo descabida, entre as cidades de Itabuna e São Paulo, já que Itabuna é menor que alguns bairros de Salvador, imaginem São Paulo? Seria a mesma coisa de tentar comparar o referido jornal com jornais do nível de Folha de São Paulo e Estado de São Paulo, por exemplo.

    Porque não falou a respeito do trânsito de São Paulo, da violência que também há por lá, e por aí vai, …?!?!?!

    Problemas? Todos os locais têm, …!!!
    Senhor Censor – mas com o apelido de moderador – eu creio que agora o comentário está bastante “família”, bem comportado, espero que sem merecer ação coercitiva da Censura, …!!!

    Viva a liberdade de expressão, em pleno ano de 2012, …!!!

    Da Redação: Professor Sérgio, quando os argumentos são deixados de lado para dar lugar à ofensa, a moderação se faz necessária. E serviu para que o senhor trouxesse um comentário razoável. Quanto ao vídeo, respeitamos a opinião emitida, mas não vimos ali agressividade que se comparasse ao que foi dito em comentário moderado anteriormente.

  10. – O Ariete quer que o hino da Bahia seja em ritmo de arrocha ou axé.. so pode..ou então é mais um forasteiro assim como o governador Jonnir Walker!!!!!

    O hino foi homologado pela população, assembleia legislativa e governo.. todos aceitaram como um hino de seu estado..

  11. É povo do DEM eles não respeitam as historia de um povo,aqui em Itabuna eles trocaram o nome da Av.J.S. Pinheiro,um homem que fez historia nas terras grapiúna,politico e empresario que gerou muitos empregos em nossa cidade, e lutou por Itabuna,para colocar Av.ACM, é coisa do DEM,esse povo de pensamento de direita,neo-liberais,racionarios.

  12. Excelente texto! Fico feliz quando vejo iniciativas, ainda que poucas, de resgatar a nossa história tão desrespeitada. Assino embaixo da sua colocação: a nossa história é esquecida e manipulada pra valorizar políticos que pouco ou nada fizeram em prol de nosso país, sempre trabalhando em benefício próprio acima de tudo. Parabéns!

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