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Felipe de PaulaFelipe de Paula | felipedepaula81@gmail.com

Além de disponibilizar formação geral capaz de expandir horizontes intelectuais, a UFSBA permitirá que estudantes sul baianos alcancem e frequentem uma universidade de alto nível sem saírem de suas cidades.

Na semana em que as chaves do Campus Jorge Amado da Universidade Federal do Sul da Bahia foram entregues ao seu Reitor é conveniente que reflitamos a respeito do quão importante é a chegada de uma Universidade desse porte à nossa região. Não é preciso conhecer profundamente a dinâmica acadêmica para obter noção das revoluções que ocorrerão em breve em terras sul baianas. E, em se tratando de revolução, talvez a questão mais chamativa da Universidade que chega são os Colégios Universitários (CUNI).

Embora ainda causem curiosidade devido ao seu caráter de inovação, os CUNIs não se constituem em novidade no mundo. Nos Estados Unidos, há mais de um século formam jovens através dos Junior Colleges. No Canadá, Collèges D’Enseignement Général ET Professionnel (CEGEP) oferecem um ciclo inicial que dá acesso às universidades públicas desde os anos 60. Na Venezuela mais de mil Aldeas Universitárias funcionam em mais de 300 municípios.

Nascidos no Brasil a partir da idealização do educador baiano Anísio Teixeira, os Colégios Universitários constituíram-se na base da reforma universitária da UNE nos anos 60 e foram fortemente debatidos em diversas reuniões à época.

Em 1962, na reunião de Belo Horizonte, foi documentado o seguinte: “O Colégio Universitário atenderia aos anseios da massa na medida em que, obedecendo a rigoroso planejamento, procurará dar ao aluno que nele ingresse uma visão geral das profissões, dentro de uma perspectiva mundial e brasileira, permitindo uma escolha consciente, voltada para a comunidade e não para si mesmo.” Mais adequado aos anseios do mundo contemporâneo, impossível. Contudo, daí por diante veio o golpe militar que derrubou os esforços de avanços sociais e políticos da educação brasileira.

A década de 2000 trouxe novamente à tona os CUNIs. O regime de ciclos de formação passar a ser efetivamente disponibilizado. Em 2007, a UFABC implanta Bacharelado Interdisciplinar (BI) em Ciência & Tecnologia. No ano seguinte, a UFBA faz o mesmo em todas as áreas de formação. Em 2014, a UFSBA recebe seus primeiros alunos dos BIs. A grande revolução que o Sul da Bahia experimentará é que a etapa de formação geral dos BIs da UFSBA poderá ser feita nos Colégios Universitários.

Os CUNIs serão implantados em municípios da região que contem com mais de 20.000 habitantes e situados a mais de 30 km do campus de referência (Itabuna, Porto Seguro ou Teixeira de Freitas). A entrada dos alunos na formação geral será através do ENEM, contudo sem utilizar o SISU. As vagas serão exclusivas para estudantes residentes no município, que tenham cursado todo o ensino médio em escolas públicas.

Além do caminho “tradicional” de saída universitária, ao término da etapa de formação geral dos CUNIs, o estudante que alcançar 1.200 horas no CUNI e ingresse nos Institutos Federais parceiros para estudar mais 600 horas de componentes específicos de determinada habilitação profissionalizante, receberá uma certificação intermediária de Curso Superior Tecnológico.

Educação com total inclusão. Além de disponibilizar formação geral capaz de expandir horizontes intelectuais, a UFSBA permitirá que estudantes sul baianos alcancem e frequentem uma universidade de alto nível sem saírem de suas cidades. Promovendo para a região, qualificação, desenvolvimento, oportunidades. Ao Sul da Bahia, os parabéns por estar recebendo uma instituição alinhada com a vanguarda acadêmica mundial.

Felipe de Paula é professor universitário.

5 respostas

  1. Espero que esta realidade para região seja vislumbrada logo… e que os donos do poder, viabilizem LOGO a sede permanente, pq esse negocio de sede alugada só beneficia o dono do imovel e quem fez a corretagem…

  2. O quanto a ditadura militar prejudicou nosso país.E, ainda tem gente, que sem ter o minimo conhecimento dono que os milicos causaram na educação e no avanço da democrácia,chega a até o cumulo de dizer que tem saudade da queles tempos.
    Pobres analfabetos políticos, se soubesse quantas mães choram até hoje, sem saber que fim deram aos seus filhos que lutavam contra as perseguições politica, certamente não teria saudade. Mas isso tem alguns culpados! Nossa grande mídia-GLOBO Sonegação de mais de 600 milhões a Receita Federal e outros monopolio midiatico desta elite mafiosa.
    Precisamos fazer urgente uma reforma nas comunicações, aprovando a Lei dos médios Ja!

  3. Já havia me manifestado sobre a excelente proposta do Bacharelado Interdisciplinar e sobre a necessidade de se implantar um Colégio Universitário em cidades com mais de 20.000 habitantes, uma Universidade Federal e um Hospital Universitário Público em cada Mesoregião do Brasil, além de complementação pelos Estados… Assim (Ideias inteligentes e planejamento) é o caminho para melhorar o ensino público – que tantos querem que não dê certo… mas é caminho indispensável para o Brasil combater o pior de seus males: a desigualdade!

  4. Professor Felipe, a comunidade regional já incorporou a sigla “UFESBA” ao seu cotidiano. Não adianta tentarem nos empurrar “garganta abaixo” a sigla “UFSBA” de percepção sonora horrível.

    Inventaram um “enquete” de última hora que ninguêm viu, ninguêm votou, e uma desculpa esfarrapada sobre um projeto “engavetado” de universidade para o extremo sul que já teria o nome “UFESBA”. Projeto, e ainda mais “engavetado”, não justifica tentarem impedir a comunidade regional de utilizar uma sigla amplamente incorporada. NOSSA UNIVERSIDADE É “U F E S B A” (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA)!!.
    Fora essa “pequena” ressalva, parabéns pelo artigo.

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