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PROF ELTON OLIVEIRAO aumento do fluxo turístico ocorrido nos últimos anos no município de Itacaré, no litoral sul da Bahia, e a falta de planejamento da atividade turística, têm provocado um desenvolvimento “empobrecedor”, que ameaça o ciclo turístico na região. O diagnóstico é do economista Elton Silva Oliveira e já havia sido levantado em sua tese desenvolvida no mestrado em Cultura e Turismo, do extinto programa Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), em convênio com a Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Membro convidado do Núcleo de Turismo e Desenvolvimento Regional (NTDR) da Uesc, Elton aponta os impactos socioambientais e econômicos do turismo e seus reflexos no desenvolvimento de Itacaré. Priorizando os aspectos qualitativos em detrimento dos quantitativos, devido ao caráter social do tema, o pesquisador considera que “o turismo em Itacaré tem se caracterizado por ser ecologicamente predatório, economicamente concentrador, socialmente iníquo e culturalmente alienante”.
Revela que houve uma melhora sensível no IDH do município, mas, por outro lado, condena a forma como a atividade se estabeleceu ali, gerando aumento do custo de vida, degradação ambiental, elevação dos índices de criminalidade, prostituição, tráfico de drogas, violência, especulação imobiliária, importação de mão-de-obra e ocupação urbana desordenada (favelas).
O aumento da violência tem inquietado a população de Itacaré. O número de assaltos, furtos e homicídios vem crescendo significativamente, observa o pesquisador. Várias pousadas foram assaltadas e agora os residentes também são vítimas dos delinquentes.
No último Sábado, dia 22 de novembro de 2014, na parte da manhã, um grupo de surfistas foi vítima de um “arrastão” que ocorreu na praia da “Engenhoca”. Os mesmos tiveram capas, celulares, óculos, pranchas e equipamentos de surf roubados pelos delinquentes.
Como ainda não nos encontramos na alta temporada, cabe ao Governo do Estado da Bahia, a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, a Secretaria de Turismo do Estado da Bahia, a Polícia Militar através dos Comandos de Operações da Cipe Cacaueira e do Tático Ostensivo Rodoviário (TOR), tomar providencias e desenvolver patrulhamento efetivo na área, tendo em vista se tratar de um destino de turistas internacionais, ressalta o pesquisador.

Esse turismo de massa, sazonal, que canaliza um fluxo de visitantes seis vezes maior que a população local. “Essa demanda concentrada principalmente em Janeiro, gera um grande impacto ambiental com efluentes lançados ao mar sem nenhum tratamento, contaminando praias, sobretudo as urbanas, e acúmulo de resíduos sólidos coletados e armazenados em locais inadequados que se transformam em lixões a céu aberto”, enfatiza o pesquisador.
A venda de propriedades pelos nativos, os postos de trabalho com baixa remuneração e o desgaste das manifestações culturais locais frente às festas do calendário turístico, são outros aspectos negativos revelados pela pesquisa. Nem mesmo os casarões, as praças e vias públicas, construídos no período áureo do cacau, escapam a essa metamorfose: estão sendo substituídos por calçadões, lojas, pousadas e restaurantes no estilo Bali, na Indonésia. “Isso ocorre em função da ausência da ausência de leis e políticas públicas locais que garantam a preservação e valorização do patrimônio artístico, cultural, histórico e natural da comunidade”, diz o pesquisador.

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