Tempo de leitura: 2 minutosRicardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com
É imprescindível punir os maus, mas um autoexame também se faz necessário. Ou o combate ficará apenas na superfície e, logo que trocadas as peças no tabuleiro, o jogo continuará o mesmo.
Neste Domingo de Páscoa, peço compreensão a Deus para entender o momento que o Brasil atravessa. Guerra (política), epidemias (dengue, zika e chikungunya), falta de água nesta cidade sem rumo… Sensação de Apocalipse, de que o mundo está para acabar a qualquer momento!
Sobre a política, o que o momento nos diz? Possíveis interesses sub-reptícios disfarçados sob o manto do louvável combate à corrupção. Quem pode ser contra a condenação dos ladrões do erário? Mas estaremos inocentes ao acreditar que tudo se limita a essa cruzada do bem contra o mal?
O medo de que a democracia sucumba é crescente e justificável. Juízes que se portam como inquisidores, transbordando parcialidade e paixões, somente despertam desconfiança. Mas a maioria da assistência se conforta com a fachada da causa justa.
Está difícil conter o estouro da boiada e agora, aparentemente, só nos resta orar. Pedir a Deus pelo Brasil, para que este país enfim se torne uma nação de verdade, onde seus filhos sejam respeitados, onde o coletivo prevaleça sobre o individual, onde a ética se aparte da demagogia e se concretize na prática, onde o povo tenha discernimento para não ser tangido feito boi de um lado para o outro, sem saber para onde está indo.
Que a verdade seja plena e o combate, honesto! Boa parte do público já percebeu que nesse faroeste não se dá uma briga de mocinhos contra bandidos. O enredo sugere que estão todos com as mãos sujas: protagonistas, coadjuvantes e, ora, até os espectadores. Como disse Jesus diante da mulher adúltera, “atire a primeira pedra aquele que não tiver pecado”. E todos se aquietaram.
É imprescindível punir os maus, mas um autoexame também se faz necessário. Ou o combate ficará apenas na superfície e, logo que trocadas as peças no tabuleiro, o jogo continuará o mesmo.
Somente aí muitos entenderão qual é o problema real desse país…
Ricardo Ribeiro é advogado.