Efigênia Oliveira | [email protected]
A sociedade se cala, mas espera aflita, intervenção de pautas emergenciais e criteriosas de combate a esse monstro.
Junho (2016) chega ao final com essa notícia da imprensa, na íntegra: estudo divulgado nesta quinta-feira (30) mostra que o país ocupa o terceiro lugar em homicídios de crianças e adolescentes em um conjunto de 85 nações analisadas. Em 2013, último ano com dados disponíveis, foram assassinadas 10.520 crianças e adolescentes no Brasil, o que resulta em uma média superior a 28 casos por dia.
A situação se agrava nos últimos três anos. A violência em escala ascendente atrai meninas e meninos para a vibe perigosa contra pessoas das faixas abaixo e acima, e contra eles mesmos como num rito de passagem para algum lugar extraordinário, onde a bonança os espera. Diz o comentarista que reina silêncio sepulcral sobre o problema gerador de desastrosos impactos nas famílias e nos sistemas: de saúde, educação, econômico, prisional, previdenciário e outros mais.
Auxílios e vacinas que praticamente erradicaram doenças da infância, antes motivos de altas taxas de mortalidade infanto-juvenil, bem como assistência odontológica e psicossocial, têm garantido melhorias à saúde infantil. É claro que os benefícios citados não alcançam a todos, mas boa parte, sem dúvida. Avanços da ciência e da tecnologia têm prevenido doenças e preservado milhares de vidas, especialmente de infantes.
Incrível constatar que o custo para livrá-los da morte por doenças, é alto, mas a violência não perdoa vidas escapadas da morte na infância. Como o destino trágico em vingança primitiva contra esforços do contribuinte que não vê retorno positivo dos impostos que paga, e do cidadão brasileiro atacado em seu bem mais precioso, a família atingida sem compaixão nessa recorrente tragédia nacional.
A violência não poupa nem os ditos bem nascidos, por isso não vale o argumento de precariedade familiar, pois ao longo do tempo, vem se ampliando opções de diversão, estudo, preparação para o trabalho e inserção social, motivos de elevação da autoestima de crianças e adolescentes. As gerações passadas que o digam o quanto isso é interessante para a juventude, pois as suas jamais imaginaram semelhante progresso. Estranho é que crianças dependentes de atenção familiar e social, com amplas possibilidades de lograr êxito na vida, estejam aos dez, doze anos de idade tombando como comparsas do crime.
Ainda mais estranho é ver que a dor imensa das famílias é silenciada nas esferas que tratam das adversidades do gênero, o que dá a impressão de que tudo está perdido. Não somente pela agressão a sangue frio como numa guerra civil, de pessoas que decidem atacar o próximo sem causa alguma. Do outro lado o estado e a falta de zelo com o caráter, a índole e a fragilidade de infantes que ora sofrem horrores, ora ampliam vícios e perversões num país que se diz justo e atento à segurança de suas crianças e de seus cidadãos, num país que conta com leis de conteúdos de excelência.
A sociedade se cala, mas espera aflita, intervenção de pautas emergenciais e criteriosas de combate a esse monstro que põe em risco total, entre outros, a engenhosidade humana, a beleza da arte em suas dimensões e o futuro em dias melhores, regido e redimensionado por meninas e meninos, se resgatados forem por ações dignas da espécie humana.
Um robusto pacto construído pela sociedade civil organizada – jovens e adultos de boa vontade, entidades classistas – considerando paternidade e maternidade dos envolvidos – sem pretensões político-partidárias e o poder judiciário em jornada e diálogo no território brasileiro com o parlamento nacional, no sentido de corrigir o que está contaminando o cerne do homem contemporâneo no melhor período da história da humanidade, é aguardado.
O tempo não para, mas ainda é tempo de criar responsabilidade com o dever de educar a criança, antes de atirá-la contra a sociedade desprevenida, e depois condená-la ao escuro poço da miséria.
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A sociedade se cala, mas espera aflita, intervenção de pautas emergenciais e criteriosas de combate a esse monstro que põe em risco total, entre outros, a engenhosidade humana, a beleza da arte em suas dimensões e o futuro em dias melhores, regido e redimensionado por meninas e meninos, se resgatados forem por ações dignas da espécie humana.
Enquanto o entendimento da sociedade for se isentar da responsabilidade como familia não existe expectativa de retrocesso no quadro atual.
Então vamos logo à sugestão de solução com a iniciativa da sociedade chamando os poderes constituídos a fazerem a sua parte.