Luiz Conceição
“No Brasil as coisas acontecem, mas depois, com um simples desmentido, deixaram de acontecer”.
O governador baiano Otavio Mangabeira, com mandato de 1947 a 1951, cunhou a frase que, durante anos, mais envergonhou aos nascidos na Bahia: “Pense num absurdo, na Bahia tem precedentes”.
Há anos, a máxima do ex-mandatário poderia ter sido estendida ao Brasil sem supressões ou adendos.
A divulgação dos vídeos das colaborações premiadas de dirigentes e ex-executivos da construtora baiana Odebrecht a procuradores federais não deixa dúvidas: Se culpas ou dolos há, portanto não existem santos ou demônios na política nacional e no empresariado, incluindo a mídia.
A mesma que agora gasta tonéis de tinta, contas de energia elétrica de emissoras de rádio e TV e de expectadores, a contar a narrativa que não esconde seus interesses.
E o povo, a tudo assiste bestializado, mesmo fenômeno relatado quando da “Proclamação da República”, em 1889.
A lembrança que me vem é do antigo humorista brasileiro Stanislaw Ponte Preta, Lalau, apelido do jornalista Sérgio Porto, que morreu em 1968: “Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!”.
É dele também a frase: “No Brasil as coisas acontecem, mas depois, com um simples desmentido, deixaram de acontecer”.
Luiz Conceição é jornalista.