Cláudio Rodrigues | acrodrigues@gmail.com
Com uso de palavrões, a composição de Tony Bellotto, Paulo Miklos e Charles Gavin, aponta o nosso direito à indignação. Agora, com as últimas decisões na Corte Suprema do País, só nos resta ouvir a música e cantar em voz alta o refrão…
Nesta semana de três dias, cortada pelo feriado de Nossa Senhora Aparecida, a sociedade brasileira viu como funciona a justiça no Brasil. Antes havia alguma vergonha em tomar certas decisões. Hoje a coisa escancarou. Com a devida “vênia”, os ministros que compõe a Suprema Corte cuspiram em nossas caras sem o menor constrangimento.
Na última terça-feira (dia 10), os ministros do Supremo Tribunal de Federal – STF, de uma só tacada concedeu ao ex-magnata Eike Batista e ao “Rei dos Ônibus” Jacob Barata Filho, ambos acusados de participar do esquema de corrupção chefiado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, o direito a liberdade. Porém, com um “forte agravante”: os dois são obrigados ao recolhimento noturno.
Os dois corruptos estavam cumprindo prisão domiciliar, obviamente em suas belas mansões, desfrutando de todo o conforto que o dinheiro da corrupção pode proporcionar. Agora poderão circular durante o dia, com a obrigação de se recolher à noite em suas mansões.
Mas o que é um peido para quem já está completamente cagado?
Na quarta (dia 11), o Pleno do STF decidiu que afastamento de parlamentar precisa do aval do Congresso, medida que beneficia diretamente o senador Aécio Neves, que teve o primo e braço direito flagrado recebendo malas de dinheiro de executivo da J&F, num total de R$ 2 milhões, dinheiro esse destinado ao senador.
O senador, por decisão da Primeira Turma do STF, havia sido afastado do mandato e obrigado ao recolhimento noturno. Boêmio de carreira, além de corrupto, o recolhimento noturno foi um duro golpe ao parlamentar. Agora caberá aos seus pares, que não são nem um pouco corporativos, dar a palavra final sobre o caso.
Coube à ministra Carmem Lúcia, presidente da Corte, o voto de minerva que beneficiou o nobre parlamentar. A ministra que já havia se reunido com o presidente do Senado Eunício Oliveira. “Pipocou” para evitar uma ruptura entre os poderes. Esse é a justiça, cuja balança tem um peso para os ricos e poderosos e outro para os pretos, pobres e moradores da periferia.
No ano de 2005, a banda Titãs lançou a música Vossa Excelência, no ápice do Escândalo do Mensalão. Com uso de palavrões, a composição de Tony Bellotto, Paulo Miklos e Charles Gavin, aponta o nosso direito à indignação. Agora, com as últimas decisões na Corte Suprema do País, só nos resta ouvir a música e cantar em voz alta o refrão…
Cláudio Rodrigues é consultor