Jabes Ribeiro fala ao PIMENTA sobre montagem da chapa governista para a eleição estadual
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O secretário-geral do PP na Bahia, Jabes Ribeiro, diz que não há nada definido para a formação da chapa majoritária do grupo governista para a disputa do Palácio de Ondina e da vaga no Senado. Nesta entrevista ao PIMENTA, ele fala sobre as cartas que estão na mesa de discussão da base do governador Rui Costa (PT).

Com 69 anos de idade e quatro décadas na vida política, Jabes está em Salvador, onde participa ativamente das articulações do Progressistas. Por telefone, ele também falou ao site das movimentações do partido no sul da Bahia, especialmente em Ilhéus, município que governou por quatro mandatos (1983-1988; 1997-2000; 2001-2004; e 2013-2016).

Segundo o ex-prefeito, o Progressistas terá candidatos a deputado em todas as grandes cidades baianas, inclusive em Ilhéus e Itabuna. A montagem das chapas proporcionais é outro tema da entrevista.

Jabes também comenta a possibilidade de Rui Costa deixar o comando do governo estadual para disputar as eleições deste ano. Leia.

PIMENTAAs informações sobre a formação da chapa majoritária indicam dificuldade para essa equação. Só há uma vaga para o Senado e, naturalmente, uma vaga para a cabeça da chapa. O senador Otto Alencar pretende a reeleição. O senador Jaques Wagner é o pré-candidato do PT a governador. Qual será o papel do PP no arranjo da aliança? Há mesmo dificuldade para fechar essa conta?

Jabes Ribeiro – Primeiro, uma preliminar. Há esforço e interesse em garantir a unidade da base aliada. Esse fator é fundamental para conseguirmos o nosso objetivo, que é ganhar as eleições e garantir a manutenção do nosso projeto. Projeto, inclusive, que tem tido aceitação popular. Veja aí a aprovação que o governador Rui Costa tem em todo o estado. Esse é o nosso objetivo número um: preservar a unidade da base aliada.

Ponto dois. Pelo que sei – e tenho participado de todas as conversas que envolvem o PP -, não há nada definido em relação à chapa [majoritária]. Não há definição em relação a nada. Tudo é expectativa. O PT, por exemplo, apoia o nome do senador Wagner. Já o nosso partido propõe que o candidato a governador seja o vice-governador João Leão. Ouço que o PSD desejaria ter o senador Otto Alencar candidato à reeleição. No entanto, nada disso está fechado. Tudo ainda é motivo de conversas.

O que posso lhe garantir, no caso do nosso partido, é o seguinte: Leão não pode mais ser candidato a vice-governador. Ele está impedido por conta da legislação eleitoral vigente. Se não pode ser vice, só tem duas possibilidades: ser candidato a governador ou a senador. Ora, se todos desejam garantir a unidade da base, é preciso que todos tenham a compreensão de que Leão não pode ser vice.

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Leão não pode mais ser candidato a vice-governador. Ele está impedido por conta da legislação eleitoral vigente. Se não pode ser vice, só tem duas possibilidades: ser candidato a governador ou a senador.

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A manutenção da unidade é mesmo um desejo de todos os partidos da base?

Creio que sim. Todos nós ajudamos a ganhar as últimas eleições e ajudamos a governar. A experiência de Wagner, Otto Alencar e João Leão é indiscutível. Todos têm compromisso com a Bahia e com a preservação do projeto que tem sido implementado no estado. No nosso caso, não há uma posição intransigente. Por exemplo: se Leão diz: – o que não é o caso –  “Sou candidato a governador e não abro mão!”, isso não é fazer política. Isso não é querer unidade. Da mesma forma, se Otto Alencar afirma: “Sou candidato a senador e não abro mão pra ninguém!”, isso também não é lógico; nem acredito nessa visão por parte de Otto, que tem experiência.

Creio que esse jogo, essa equação, melhor dizendo, essa equação está sendo montada e montada de forma competente, porque tem na liderança dessa montagem a figura de Jaques Wagner, um homem treinado, acostumado a fazer articulação política. Ele é o grande construtor desse projeto, que começou em 2006. De nossa parte, não tem problema, há uma questão legal: João não pode ser vice. Se pudesse, tudo estaria resolvido.

A possibilidade de o governador Rui Costa se afastar do cargo e, consequentemente, de João Leão assumir o governo seria um caminho para fechar essa equação?

Veja. Nós não trabalhamos, dentro da negociação da chapa, com esse ponto. Ela pode ocorrer sim, depende do governador. É natural até que ela possa acontecer. O governador tem sete anos e quase dois meses à frente do estado, com uma administração exitosa, bem avaliada pela população. Ninguém pode obrigar o governador e dizer: “Você não vai ser candidato a nada. Vai ficar sem mandato.” Isso seria absolutamente insensato. Não teria lógica. Se ele disser:  “Eu quero ter mandato” – e ele ainda tem tempo para decidir -, é algo absolutamente legítimo. Creio que todos compreenderão isso, tanto o PSD, como o PP e os demais partidos da base.

Portanto, há uma situação a decidir e nós não temos porta fechada pra nada. Não depende de nós, essa é uma decisão do governador. Nós estamos dispostos a colocar na mesa essa questão e discuti-la. Não há nenhum dificuldade de nossa parte. Como você está vendo, o PP não é problema. O PP é solução. Seja qual for a possibilidade, estamos dispostos a discutir.

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O PP não é problema. O PP é solução. Seja qual for a possibilidade, estamos dispostos a discutir. Há apenas uma questão. O nosso nome para essa equação chama-se João Leão.

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Há apenas uma questão. O nosso nome para essa equação chama-se João Leão. Existem nomes valorosos no PP. Temos uma bancada de dez [deputados] estaduais e quatro federais. Temos prefeitos, ex-prefeitos, deputados, lideranças importantes, mas, dentro desse cenário, neste instante, o nome que temos para essa montagem, essa equação, é João Leão, que é unanimidade no PP por tudo que representa. Foi cinco vezes deputado federal, prefeito de Lauro de Freitas, vice-governador por dois mandatos, tem experiência administrativa, é secretário de estado. É um nome que contribui com o projeto de todos da base aliada.

O partido terá candidato em Ilhéus e Itabuna para as eleições proporcionais?

A executiva estadual definiu uma proposta no sentido de que, nas grandes cidades do estado onde o partido está presente – e está presente em todas -, devemos participar ativamente do processo eleitoral. Você faz política, articula, organiza, mas, na verdade, as eleições definem o poder político, seja no plano estadual, federal ou municipal. Por se tratar de uma eleição nacional, em que você tem a necessidade de eleger deputados federais, estaduais e senadores, essa situação faz com que o partido estimule seus quadros.

Ilhéus e Itabuna são duas cidades extremamente importantes para o partido. Trabalhamos para que essas cidades participem também do processo eleitoral para fortalecer o partido, para elegermos uma boa bancada federal, uma boa bancada de deputados estaduais. Por Ilhéus, posso garantir, teremos deputado federal ou estadual. Estamos discutindo. Também pretendemos que aconteça isso em Itabuna, Conquista, Feira.

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Por Ilhéus, posso garantir, teremos deputado federal ou estadual. Estamos discutindo. Também pretendemos que aconteça isso em Itabuna, Conquista, Feira.

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O nome em Ilhéus é o do ex-vice-prefeito Cacá Colchões, presidente municipal do Progressistas?

É o nome natural. O nome de Cacá é o natural pelo que ele representa, uma liderança importante do partido em Ilhéus, mas estamos discutindo.

Quais são os critérios para definir se a candidatura em Ilhéus será a deputado federal ou estadual?

Depende muito. Vamos analisar a seguinte situação. Em 2018, trazendo um pouco de memória, Cacá era candidato a federal. Em determinado momento do processo, ainda antes das convenções – claro-, houve um movimento em Ilhéus que levou o partido local a decidir que seria melhor que Cacá saísse a estadual. Seria candidato a federal, originariamente, mas houve um movimento político que levou o partido à avaliação de que seria melhor Cacá sair a estadual. Isso foi conversado com a executiva estadual e foi batido o martelo.

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Cacá foi o [candidato a] deputado mais votado de Ilhéus naquela oportunidade, mais votado na cidade. Mais votado entre todos os estaduais e federais. Não se elegeu, não é uma eleição simples, você sabe disso, mas saiu muito bem avaliado na cidade.

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Cacá foi o [candidato a] deputado mais votado de Ilhéus naquela oportunidade, mais votado na cidade. Mais votado entre todos os estaduais e federais. Não se elegeu, não é uma eleição simples, você sabe disso, mas saiu muito bem avaliado na cidade. Todas essas questões são objeto de análise. Estamos em 2022. Qual é o melhor caminho: termos uma candidatura do Progressistas a estadual ou a federal? O ideal seria que tivéssemos as duas, mas não é assim. As coisas não são exatamente como a gente deseja. No entanto, a recomendação da [executiva] estadual é que tenhamos candidato a federal ou a estadual. Analisamos uma série de elementos, de vetores, para saber como o partido vai participar desse projeto.

Repito: o nome natural é o de Cacá, mas, se por qualquer razão, Cacá não puder ou não tiver interesse de participar, vamos ter outro. O que posso acrescentar é o seguinte. Se Cacá não puder participar por uma decisão pessoal – repito: ele é o candidato natural, tem a prioridade -, queremos lançar uma mulher. Se você me perguntar qual, não vou lhe dizer agora. Não posso. Mas, certamente, seria algo muito importante pra cidade.

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