O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Itabuna (ACI), Valdino Cunha, acompanha o debate sobre a propostas de emenda à Constituição que pretendem eliminar a jornada de trabalho 6×1, em que o trabalhador tem apenas um dia de descanso remunerado por semana. Para ele, a questão é saber quem absorveria os impactos econômicos de uma medida como essa. “A classe empresarial não é contra o fim da escala 6×1. A classe é contra pagar a conta sozinha”, afirmou ao PIMENTA.
Segundo Valdino, caso a redução da jornada de trabalho seja implementada sem a diminuição dos salários, o aumento do custo com mão de obra poderia chegar a 30%. “Isso, obviamente, seria repassado para o custo dos produtos, haja vista que nas margens de lucro hoje praticadas pelos mercados, que são todos absurdamente concorridos, não há espaço mais para absorção de nenhum custo”, declarou.
Conforme o presidente da ACI, hoje, o varejo opera com margens líquidas de 3 a 10%. “Não há mais espaço para a absorção de um custo de 30%, sem haver a possibilidade de repasse. Então, a classe empresarial não se posiciona contra as mudanças, desde quando elas sejam discutidas e seja devidamente esclarecido para quem sobrará a conta”, reforçou.
CONTRAPARTIDAS
Dono das Óticas Diniz, Valdino Cunha afirma que, no Brasil, 60% dos empreendedores tocam micro, pequenos e médios negócios, o que tornaria ainda mais difícil a acomodação do aumento da despesa com a força de trabalho. Para ele, o caminho pode ser o das compensações, a exemplo do fim do controle de preços em determinados segmentos, como o dos combustíveis.
“Poderia também ser criado o salário por hora, porque aí seria uma forma justa. Pode-se também diminuir a interferência do Estado no mercado empregador, diminuir o imposto sobre a folha de pagamento, a Contribuição Previdenciária Patronal”, exemplificou.
Também apontou como saída a diminuição dos gastos com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Nesse caso, sugeriu o empresário, a alternativa seria obrigar o trabalhador a investir em previdências privadas.
“Com isso, esses aumentos de custo que a mudança de escala traria seriam melhor absorvidos pelo mercado e não trariam um sufocamento para uma classe que hoje em dia tem apenas 39% de viabilidade”, acrescentou Valdino, citando dado de matéria jornalística sobre o percentual de empresas que sobrevivem às intempéries do capitalismo.
O PIMENTA também entrevistou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio de Itabuna, Amanda Santos. Clique aqui e confira a opinião da dirigente sindical sobre o fim da escala 6×1.