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Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com

O assassinato do secretário de Economia Solidária de Camamu, Fabrício Matogrosso, exige uma posição rigorosa do governador Jaques Wagner no sentido de se promover uma apuração rápida e eficiente, que leve aos que atiraram e eventualmente aos que mandaram atirar.

Os cinco tiros que mataram Fabrício têm todas as características de um crime de mando, hipótese reforçada pela conhecida atuação dele em favor de assentados e agricultores familiares na região do Baixo Sul da Bahia; embora também se trabalhe com a possibilidade de uma reles briga de trânsito, o que torna o crime ainda mais tolo.

Uma atuação que certamente gerou descontentamento para muita gente, que ainda se julga nos tempos do coronelismo, da truculência e impunidade.

Um tipo de gente que acredita na violência como única alternativa para rebater eventuais interesses contrariados.

O dado preocupante é que Fabrício é a terceira liderança popular assassinada na Bahia nos últimos seis meses.

Em setembro de 2009, o presidente e o diretor do sindicato dos professores de Porto Seguro, Álvaro Henrique Santos e Elisney Pereira, foram mortos numa emboscada, em plena campanha salarial da categoria.

Neste caso, a polícia e o Ministério Público agiram com eficiência e apontaram o envolvimento de policiais militares nos assassinatos e o secretário de governo de Porto Seguro como mandante. Todos tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça.

Não pode ser diferente em relação a Fabrício Matogrosso.

O Governo da Bahia precisa deixar claro que os tempos são outros e que não há crime sem punição.

É o único caminho para se evitar uma nova onda de sangue, a exemplo do que ocorreu nos anos 1990, em que 10 profissionais de imprensa foram assassinados, metade deles comprovadamente no exercício da profissão, sem que um único mandante fosse importunado.

No mais, além de apurar com rigor e punir assassinos e mandantes, é garantir a segurança do cidadão, incluindo aqueles que, por idealismo e convicção, arriscam suas vidas para melhorar a vida de pessoas mais humildes.

E que, se pudessem escolher antes que os tiros lhes tirassem a vida, certamente dispensariam a condição de mártires.

Daniel Thame é jornalista.

4 respostas

  1. Admiro sua boa vontade, mas creio que as prioridades dessa laia que se instalou no poder são mais prosaicas: reeleger o governador e fazer o sucessor do Lula.

  2. Prezado Daniel.

    Mais uma vez, perfeito o seu artigo. O Governo Wagner tem que mostrar, inequivocamente, a que veio. A investigação e punição imediata dos envolvidos em tais barbaridades e a reabertura dos rumorosos casos acontecidos em passado recente, só farão aumentar as esperanças naqueles que quizeram uma mudança nos rumos destes rincões e agora assistem essa guinada do governo para os braços daqueles que fizeram parte de tudo isso há muito pouco tempo.

    Todo o rigor com esses tipos ainda será pouco.

    A violência tem que ser coibida, venha ela de que lado vier, tenha ela a cor que tiver!!!

  3. Zelão diz: – Tolos, são os que se deixam matar por um ideal.

    Tomando como base o pensamento do presidente Lula, ao afirmar: – …É tolice se deixar morrer por uma causa – fazendo referencia a morte de um dissidente cubano preso, que morreu fazendo greve de fome, faço minhas as suas palavras, se realmente o “companheiro” foi assasinado, pela sua luta em prol dos seus ideais em defesa dos mais fracos.

    Em Cuba, a luta e morte do dissidente era além de coletiva em prol da liberdade ao povo cubano, era também, uma luta pessoal pela liberdade.

  4. Caro Daniel,

    Eu tive o prazer de ter nascido irmã de Fabrício. Em sua breve e profícua vida ele fez pelos menos favorecidos, muito mais do que dizia, muito mais do que sabemos.Desejo muito que esse crime não engrosse apenas, as estatísticas da violência que se instalou em nosso país. Mais do que um assassinato o ato cometido contra ele foi de extrema agressividade, bem como uma demonstração pública, à luz do dia…para quem quizesse ver. A punição para crimes, quiasquer que sejam, deve ser prioridade em todos os níveis de atuação das leis e da justiça desse País. Ou então estaremos todos a mercê da barbárie e da demência de uns e, do cômodo silêncio de tantos outros!. Soa até um pouco ingênuo, mas eu creio, tenho esperança de que dias melhores virão.
    Um forte abraço
    Norbélia

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