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Walter Pinheiro (foto Clodoaldo Ribeiro)

O Pimenta fez uma pequena entrevista na manhã desta segunda-feira, 31, com o deputado federal Walter Pinheiro, recém-indicado para disputar a vaga de senador pelo PT da Bahia.

Ainda em clima de comemoração da vitória obtida no encontro extraordinário do partido, realizado ontem (30), em Salvador, Pinheiro falou sobre as repercussões da disputa que travou com o ex-governador Waldir Pires. Ele acredita que, apesar da dureza da peleja política, o PT sai coeso do processo.

O deputado fala também sobre o papel que será desempenhado pelo ex-governador Waldir Pires daqui pra frente e nega ter acusado Paulo Souto e César Borges de receberem financiamento do crime organizado. Só que o Pimenta localizou as notas taquigráficas de seu discurso proferido na Câmara dos Deputados, onde consta a denúncia.

Confira:

O processo de disputa pela indicação do candidato a senador deixou o PT mais unido ou mais dividido?
O PT tem uma divisão natural na sua política, mas tem unidade na ação. Nós fazemos o debate interno, que é importante. O PT não é um partido monolítico, onde um bloco só determina as coisas. Você tem as diversas correntes de pensamento e essa fluidez do debate é que faz a riqueza do PT. Esse processo foi muito importante, porque nós debatemos com a militância, pudemos discutir as melhores alternativas e fomos construindo já a plataforma de campanha. Essa riqueza faz do PT um partido efervescente.

Qual será  o caminho do partido após essa disputa?
Agora o PT marcha enquanto PT. Nós estamos já conversando com os partidos da frente. O presidente Jonas Paulo já deve estar tomando todas as iniciativas nesse sentido e o certo é que o PT vai “ultra-unido” nessa jornada.

O debate entre os que o apoiavam e os que preferiam Waldir incluiu ataques duros. O que houve?
A unidade não pode cercear a liberdade de pensamento, e unanimidade – obviamente que não quero me comparar a ele –  mas nem Cristo teve. Num momento crucial da história, Cristo terminou tendo gente que, mais do que palavras, chegou a lhe atirar outro tipo de agressão. Na realidade, a divergência é normal no processo político e nós tivemos um debate que, ainda que em determinados momentos com um certo calor, deu-se dentro dos limites do chamado campo da democracia e das ideias. Se por um lado houve um tipo de postura mais firme, mais dura, por outro lado nós tivemos uma ampla maioria do Partido dos Trabalhadores que tomou decisões importantes sobre a política de alianças, desenvolvimento da campanha e a própria questão da candidatura ao Senado. Eu diria que a nossa candidatura não só sai vitoriosa pelo fato de ter uma ampla maioria, como sai vitoriosa pela riqueza do processo. Orgulha a qualquer um postulante ter a oportunidade de fazer um grande debate de ideias com uma figura como Waldir Pires.

Que papel sobra para Waldir Pires no campo da esquerda baiana?
Waldir não pode ter um papel de sobra porque fica parecendo que é resto. Waldir tem um papel importante, um papel de ponta, pois é uma figura que contribuiu muito. Chegou no PT em 1997, foi nosso candidato a federal em 1998, a senador em 2002. Ele cumpriu uma tarefa importantíssima à frente da Controladoria Geral da União (CGU), implantando um trabalho que hoje é motivo de premiação mundial no que diz respeito à questão da transparência. Waldir vai continuar tendo papéis como esses e tranquilamente se incorporará ao processo de campanha do PT  e contribuirá muito para que a gente possa continuar com esse nosso projeto no País.

Na discussão que seguiu ao assassinato do delegado Clayton Leão, o senhor acusou os ex-governadores César Borges, atual senador, e Paulo Souto de terem sido coniventes e recebido apoio financeiro do crime organizado. Em resposta, César Borges o acusou de jogar baixo. Quem está falando a verdade?
Não, eu não fiz acusação nenhuma a ninguém. O que eu disse foi uma resposta ao senador  César Borges e ao governador Paulo Souto, que declararam que o governador Jaques Wagner tinha lavado as mãos. Eu disse e repito peremptoriamente: lavar as mãos foi o que eles fizeram durante oito anos de gestão, porque um foi sequência do outro. Não fiz nenhuma acusação. O que eu disse foi que, na realidade, eles, na minha opinião, não investiram para combater o crime organizado, diferentemente dos investimentos feitos pelo governador Jaques Wagner. Então, se alguém lavou as mãos, e aliás deixou uma água bastante suja, foi quem ao longo de oito anos não se preocupou com um investimento pesado em segurança. A crítica que eu fiz foi pelo fato deles tentarem politizar o crime, o que na nossa opinião não deveria ser desse jeito. Eu fiz questão de frisar: não dá pra fazer isso. Eles tentaram inclusive “surfar” num momento difícil, de dor de família, da perda de uma pessoa muito importante para a família e para a estrutura da polícia.

Obs.: O Pimenta consultou o site da Câmara dos Deputados e localizou transcrição do discurso proferido pelo deputado Walter Pinheiro no dia 27 de maio, em que ele realmente acusa os carlistas de ter recebido financiamento do crime organizado. Leia o trecho:


“(…) A Bahia, atualmente, é conhecida nacionalmente como o Estado que mais gera emprego, que mais cresce, mesmo num cenário de dificuldade. A violência atual é fruto da inoperância de governos passados, que não tiveram coragem de enfrentar o crime organizado. Pelo contrário, juntaram-se a ele, até em financiamento de campanha“.

5 respostas

  1. apesar de nunca ter votado no deputado tinha ate uma admiracao pelo mesmo, mas nao assumir o que fala na tribuna da camara e muito feio.O deputado deve estar com medo de nao provar o que falou, quem fala o que nao prova e um mentiroso.A Bahia ja esta cansada destes mentirosos do PT.Chega outubro vem ai e voces vao ter a resposta do povo.

  2. VCS DO PT, NUNCA FIZERAM NADA POR ITABUNA, NADA, AINDA TEMOS UM DEPUTADO AQUI DO PT, QUE NADA FAZ,POR ISSO ELEGEMOS FERNANDO GOMES TOCADOR DE OBRAS

  3. Zelão diz: – A outra face

    Fazendo coro com Walter Pinheiro, quando lembrou que nem Jesus Cristo, teve a unanimidade, é bom lembrar ao deputado, que vale também citar outra passagem da bíblia, na qual Jesus Cristo teria dito: – “Se te esbofetearem oferece a outra face ao teu inimigo.”

    Depois de “esbofetearem” a história política de Waldir Pires, o PT, agora querem que Waldir, ofereça a outra face, e, se engaje de corpo e alma na campanha da chapa majoritária encabeçada por Jaques Wagner. Relevando a traição sofrida e se submeter à volúpia de poder dos seus detratores moral.

  4. Gosto da atitude do pimenta,que mostra com clareza os discursos dos entrevistados.Eu mesmo estava em dúvida se o pinheiro tinha pronunciado ou não o envolvimento dos carlistas com o crime orgamnizado. Mas agora com a transcrição fica evidente que ele saiu pela tangente. CREDIBILIDADE PARA O BLOG.PARABÉNS MENINOS.

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