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Allah Góes | allah.goes@hotmail.com
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Não, este assassinato não aconteceu na sua forma bíblica (tipo Caim matou Abel). Este se deu, ou se dará, nas urnas grapiúnas onde, por conta de uma tresloucada decisão, ocorrida na antevéspera da eleição de 2008, mudou-se por completo a sorte de seus atores.
Mas aí, justamente por conta do resultado final (a fantástica e incontestável vitória de Azevedo), me vem uma dúvida: será que o ocorrido, aquela fantástica vitória, não foi justamente o que queriam que tivesse acontecido?
Na semana final da campanha eleitoral de 2008, as pesquisas já indicavam uma grande desidratação das intenções de voto do Capitão Fábio, uma estagnação da candidatura de Juçara Feitosa e uma forte subida de Azevedo, fatores que obrigavam que se tomasse uma atitude por parte daqueles que não subiam.
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Dispondo de dados mais confiáveis que os do candidato do PMDB, o então secretário de Agricultura, vendo que a candidatura que criara havia chegado ao seu teto, e que muito dificilmente ultrapassaria os limites de então, vendo que a eleição estaria perdida de qualquer jeito, resolveu tomar a mais arriscada das decisões, a da cooptação.
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Dessa forma, com base naqueles dados, e sabendo da “falta de fôlego” da candidatura fabista, resolveu-se apostar, não mais naquelas eleições de 2008, que já se tinha como perdida, mas nas de 2010 (que servem de termômetro para as de 2012), e lançou-se mão da estratégia que visava “assassinar” politicamente o Capitão Fábio.
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Assim, iniciaram-se as “conversas” com o Capitão Fábio, onde lhe induziram a acreditar que, como é de costume em Itabuna, no dia da eleição haveria um afunilamento das intenções de voto, que seriam despejados majoritariamente entre Juçara e Azevedo, e que ele acabaria tendo menos votos do que teve aqui para deputado, o que, segundo lhe afirmavam, liquidaria suas chances de reeleição à Assembleia em 2010.
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Além disso, acenaram a Fábio com uma espécie de “acordo”, pelo qual Geraldo se comprometeria a “apoiar e pedir votos” para ele em Itabuna nas eleições de 2010, o que, em tese lhe garantiria a renovação dos quase 15 mil votos por aqui obtidos no pleito de 2006.
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Sem ponderar com ninguém, e acreditando nas promessas que lhe foram feitas, o Capitão Fábio se entregou, de corpo e alma, à candidatura petista, e o resultado? O resultado foi a imediata ojeriza a seu nome, as ilações de que havia recebido dinheiro para desistir e o desgaste, até agora irrecuperável, de sua imagem junto ao eleitorado grapiúna.
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Mas aí se atingiu o grande objetivo da cooptação, que nunca foi vencer a eleição de 2008 que, conforme se mostravam os dados, estava perdida. O que de fato se queria era inviabilizar eleitoralmente o Capitão Fábio que, em mantendo a sua candidatura até o fim, mostraria respeito ao seu eleitorado e se colocaria, até por conta de sua atuação na Assembléia, como a grande opção para as eleições de 2012.
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E agora, demonstrando que nunca foi sua intenção honrar o compromisso feito, ou melhor, sempre foi este o objetivo, já se inicia uma campanha para lançar como candidata à Assembleia a Sra. Juçara Feitosa, chegando-se ao ponto de se afirmar que se isso de fato acontecer (e acontecerá), será “porque o povo é quem quer”.
Claro que tudo isso são conjecturas, “achismos”, mas o desenrolar dos acontecimentos nos permite antecipar que, politicamente, houve um “assassinato”. Ah, isso nos permite.
Allah Góes é advogado municipalista, e foi consultor jurídico da campanha eleitoral do PMDB em 2008.