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Editorial do Jornal Bahia Online:
A jovem Letícia Lázaro, a ex-amante do secretário afastado Augusto Macedo, não era apenas servidora do Bolsa Família em Ilhéus. Era beneficiária do programa, destinado pelo governo federal para aqueles que vivem em situação de extrema pobreza, o que não vem a ser, nem de longe, o caso de Letícia. Seria apenas mais um exemplo de descontrole público e de desrespeito aos que mais precisam, não fosse um instigante detalhe. Letícia é estudante. Cursa uma universidade pública – portanto, paga por todos nós -, Ciências Sociais. Estuda todos os dias os aspectos sociais da vida humana e se prepara para atuar e refletir criticamente sobre os problemas da realidade social, sobretudo a brasileira.
Ao que parece, Letícia não tem aprendido a lição. Prefere, na prática, exercer o papel inverso daquele herói mítico inglês que teria vivido no século XIII que, para uns, nada mais era do que um fora-da-lei. E, para outros, um dos maiores heróis da Inglaterra. Robin Hood, roubava dos ricos para dar para os pobres. Era ajudado por seus amigos “João Pequeno” e “Frei Tuck”, entre outros moradores de Sherwood. Trazendo a “realidade” do interiorzinho da Inglaterra, para a não menos provinciana Ilhéus, enriquece-se esta história virada ao avesso adicionando uma pitada quente de uma relação afetiva que, ao seu fim, revelou trocas de acusações e farpas e uma população que já não sabe mais em quem acreditar. E nem o que fazer.
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Marco Wense
De cada quatro ministros em atividade nos tribunais que compõem a cúpula do Judiciário, três deverão sua indicação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O levantamento não inclui os ministros do TSE, já que o sistema de escolha segue um critério diferente das demais cortes.
A previsão é do Anuário da Justiça 2010, com a informação de que o atual presidente da República já nomeou 51 ministros dos 78 em ação. E mais: Lula, até o fim de seu mandato, ainda pode indicar 15.
Alguma coisa tem que ser feita – uma urgente reforma na Constituição, por exemplo – para evitar que o Judiciário se torne coadjuvante e submisso. Uma instituição sob a batuta do presidente da República de plantão.
Sem a necessária e imprescindível independência entre os Poderes, como preceitua a Carta Magna, no título dos Princípios Fundamentais, o Estado democrático de Direito, que custou muito suor, sangue e lágrima, fica ameaçado.
O primeiro passo para fortalecer o Judiciário, acabando com essa nociva e cada vez mais escancarada dependência, é criar critérios constitucionais para o sistema de escolha dos ministros.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), instância maior da Justiça brasileira, é nomeado pelo presidente da República depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
Ora, basta o presidente da República ter maioria na Casa Legislativa para nomear o nome da sua vontade, independente do critério constitucional do notável saber jurídico e reputação ilibada.
O critério de escolha, que deveria ser técnico, baseado no que diz o artigo 101 da CF (notável saber jurídico e reputação ilibada), passa a ser político. O ministro escolhido fica devendo “favores” ao presidente da República e aos senhores senadores.
A discussão sobre a Lei da Ficha Limpa no STF, se seria aplicada na eleição de 2010 ou não, parou em decorrência da falta de interesse do presidente Lula em nomear o décimo-primeiro integrante para ocupar a vaga deixada pelo ministro Eros Graus.
“Provavelmente teremos que aguardar a nomeação do décimo-primeiro ministro do Supremo para desempatar”, disse o ministro Ricardo Lewandowski sobre o impasse (e o empate) na votação da Lei da Ficha Limpa.
O Poder Judiciário, principalmente sua Corte máxima, o nosso digno Supremo Tribunal Federal (STF), não pode ficar subordinado aos interesses e as conveniências políticas dos governantes de plantão.
O presidente Lula fará sua nona nomeação para o STF. O chefe do Executivo, até o fim de seu mandato, terá nomeado nada menos que nove ministros de um total de 11 que compõem a Alta Corte.
Que os Poderes da República sejam independentes e harmônicos entre si. É o que todo o povo brasileiro deseja.

COISA FEIA

A atual Câmara de Vereadores de Itabuna vai ficar conhecida, quem sabe até lá no estrangeiro, como a mais de tudo: a mais nojenta, a mais podre, a mais ridícula, a mais subserviente, a mais titica e a mais corrupta.
Pouquíssimos edis, talvez dois ou três, no máximo quatro, não estão atolados no lamaçal que toma conta da Casa Legislativa. Os outros, indignos representantes do povo, são “viriadores”.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br
O vereador Claudevane Leite (PT) é dos poucos integrantes do legislativo itabunense pelos quais este blogueiro sempre nutriu admiração. Sóbrio, tranquilo, de uma humildade franciscana, Vane (assim ele é carinhosamente chamado por todos) jamais ofereceu qualquer chance para que duvidassem de seu caráter.
Alguns podem dizer que, no momento em que o petista passou a se relacionar bem demais com o governo do DEM, ele já dava mostras de certa “flexibilidade”. Mas, na dúvida, pesou mais a boa fama do vereador que, como tantas outras pessoas, considerava oportuno dar um voto de confiança à nova gestão (quando ela ainda era nova). Petista heterodoxo, Vane chegou a ser alertado pelo seu partido quando a afabilidade com o os democratas ficou exagerada.
Veio a Comissão Especial de Inqúerito da Câmara de Vereadores e o petista foi escolhido relator. As denúncias eram cabeludas e pareciam indicar a existência de uma quadrilha no legislativo, com ramificações de extensão indefinida. Acreditava-se que a CEI não só confirmaria as suspeitas de sempre, como também destruiria reputações até então tidas como inabaláveis.
Sessenta dias de trabalho e Vane se mostrava inquieto. Revelou que era pressionado a cobrir o relatório da CEI com mussarela, presunto e molho de tomate, mas garantiu que estava firme e iria até o fim. Mesmo antes de ler o parecer em plenário, o petista demonstrava a intenção de levá-lo ao Ministério Público, sendo impedido pelo presidente da Câmara, Clóvis Loiola (PPS), hoje tutelado pelo Executivo.
Lembro-me de Vane na sala das comissões técnicas da Câmara, diante de alguns profissionais de imprensa, mostrando-se decepcionado por não ter conseguido – naquela ocasião (o dia era 5 de novembro) – protocolar o relatório da CEI no Ministério Público. Ele repetia a orientação da Secretaria Parlamentar, informando que somente poderia apresentar o documento ao MP após a leitura do mesmo em plenário, o que dependia de autorização de Loiola.
O relatório da CEI foi lido finalmente no dia 16 e esperava-se que, logo em seguida, o documento chegasse ao MP. A pressa demonstrada por Vane fazia todos crerem que, imediatamente após a leitura em plenário, o vereador sairia em disparada até o escritório da Promotoria, situado a poucos metros da sede do Legislativo.
A pergunta é: por que Vane não foi ao MP? Essa é a indagação que tentamos fazer ao vereador desde sexta-feira (26), mas seu telefone celular encontrava-se desligado em todas as tentativas. Também perguntaríamos se o petista manterá a disposição de votar em Ruy Machado (PRP) para a presidência da Câmara, mesmo com a recomendação em sentido contrário feita pelo PT. Infelizmente, Vane parece não estar com muita vontade de dar explicações. Por que será?
A atual situação da Câmara de Itabuna aguça desconfianças. Sabe-se que uma apuração rigorosa dos malfeitos daquela casa pouparia pouquíssimas cabeças, o que talvez explique o acordão feito entre governistas e oposicionistas para mudar o regimento e eleger uma nova mesa diretora presidida pelo vereador Ruy Machado.
De mãos dadas, governo e oposição tentam flutuar na lama, enquanto a parcela atenta da sociedade acompanha tudo estarrecida.
Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros responsáveis pelo PIMENTA e também escreve no Política Etc.

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(…) espalmou a mão negra e – “com gosto de gás” – deu um tapa na cara da mulher, em sincronia com um desabafo: “descarada é você, cachorra vagabunda.

Marival Guedes
O cantor/compositor Chico Buarque contou em entrevista que seu genro Carlinhos Brown, a filha Helena Buarque e os netos deixaram um condomínio de classe média na Gávea (RJ) por causa da discriminação racial. Indignado, relata que ficou impossível continuarem lá porque eram claramente indesejados, agredidos.
Ele diz ainda que quando vai à praia costuma ouvir gracinhas agressivas do tipo: Chico, cadê o genro? Mas o cantor dá risada quando diz que “estes caras musculosos da praia pensam que são brancos. E não são. Eu também não sou branco, o país é miscigenado, o que é muito bom. O problema é a falta de informação destas pessoas, é in-cultura mesmo.”
O NEGRO E O MÉDICO
O dirigente do Grama, entidade ambientalista de Itabuna, Valmir do Carmo, depois de participar de um congresso em Londrina (PR), foi à noite a um bar. Lá ouviu a pérola: “negrinho, se não fosse você e sua raça, minha família não seria rica”. O agressor, médico famoso na cidade, se referia ao período escravagista.
Valmir chamou a PM, mas o homem já havia saído de táxi . O comandante ordenou que o gerente do bar ligasse para a central e conseguiu localizá-lo e dar voz de prisão.
O irmão do acusado, outro médico, protestou: “era só o que faltava, meu irmão ser preso por causa de um preto”, disse, sem sequer atentar para o fato do comandante ser negro. Imediatamente recebeu voz de prisão e os dois foram para a cadeia. Dia seguinte ,Valmir foi procurado por um batalhão de jornalistas.
A NEGRINHA E A MADAME
Uma estudante da UESC, atravessava a avenida Amélia Amado, em Itabuna, quando uma  motorista, ao invés de reduzir, aumentou a velocidade  do veículo . Não satisfeita gritou: “sai da frente, negra descarada”.
A estudante, famosa militante de esquerda, valente, barraqueira e dona de gargalhada inconfundível, saiu em disparada tal qual uma louca para alcançar a agressora. E conseguiu. O carro era o primeiro da fila. Ela se aproximou ofegante da motorista, levantou o grosso braço, espalmou a mão negra e – “com gosto de gás” – deu um tapa na cara da mulher, em sincronia com um desabafo: “descarada é você, cachorra vagabunda”.
O estalo chamou a atenção dos transeuntes. Apavorada, a madame  arrastou o veículo antes mesmo do sinal abrir, fazendo “cantar”  os pneus.
Há vários dias não vejo a estudante. Por falta de autorização, e para segurança dela, omiti o nome .
O Brasil avançou muito nas últimas décadas com relação ao combate à discriminação. Mas ainda falta uma parcela entender que não existe superioridade racial. E não somos brancos.
Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA sempre às sextas-feiras.

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Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br
É costume chamar a Câmara de Vereadores de “Casa do Povo”, por estarem nela aqueles que, numa democracia representativa, cumprem o mandato popular para ser a voz dos que os elegem. A casa é do povo porque é deste que, como diz a Constituição, o poder emana e em seu nome é exercido.
Na teoria, perfeito. Na prática, a Casa do Povo muitas vezes vira casa de uma mãe só, a Joana. Casa de falcatruas, escândalos, privilégios e abusos, onde se trai o mandato popular sem a menor cerimônia e se gasta mais energia em artimanhas na luta do poder pelo poder do que em projetos que beneficiem a população.
A Câmara de Vereadores de Itabuna é uma que há muito tempo não funciona como autêntica Casa do Povo. E o eleitor, que em grande parcela ainda desconhece o valor do voto e a necessidade de participar do processo político, tem sua dose de culpa se muitos dos que estão no legislativo usam a função pública com o único e exclusivo fim de atender interesses privados.
Salvam-se poucos vereadores e, ainda assim, os que não se envolvem diretamente em maracutaias respondem, no mínimo, por sua omissão. Há um clima de conivência no ar, uma sensação de que existe um medo de efeito dominó, em que a queda da primeira peça desencadeará um desmoronamento sucessivo de uma estrutura corroída, que, se fica de pé, é porque a safadeza tem raízes profundas.
No legislativo itabunense, acostumou-se de tal maneira às práticas escusas, que elas passaram a integrar a práxis da casa. É hábito conhecido, por exemplo, o de vereadores que contratam funcionários e ficam com os cartões bancários e senhas dos que aceitam a desonrosa função de laranja. Além de abocanhar boa parte do salário do indicado, o vereador ainda costuma utilizar seu limite de crédito no banco e firmar empréstimos usando o nome da “fruta cítrica”. Tem gente que trabalhou em outras legislaturas e ainda hoje está como o nome sujo na praça.
A imprensa conhece o que se passa na Câmara de Itabuna e grande parte da sociedade também sabe. O mesmo vale para o Ministério Público, que acaba de receber um azeitado relatório da Comissão Especial de Inquérito e talvez só precise de pouca coisa para formatar uma ação penal. A partir daí, é torcer para que as denúncias sejam apuradas e os responsáveis, punidos exemplarmente.
Por falar em punição, o que falar da situação do morador de rua Carlos André dos Santos, que acabou no Conjunto Penal de Itabuna por ter roubado dois quilos de jabá? É sintomático que a sensibilidade de nossas autoridades se aguce mais com um furto de bagatela na Cesta do Povo que com a pilantragem institucionalizada na “Casa do Povo”.
Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros responsáveis pelo PIMENTA e escreve também no blog Política Etc.

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Walmir Rosário | ciadanoticia@ciadanoticia.com.br
Pela leitura dos jornais do final de semana (20 a 22), em Itabuna, dá para se ter uma ideia dos rumos que têm tomado nossa sociedade. A manchete do Jornal Agora traz uma matéria na qual o presidente da Câmara Municipal de Itabuna, Clóvis Loiola, assume a condição de réu confesso e diz que o esquema de fraudes na instituição que dirige “tungou” mais de R$ 5 milhões dos cofres públicos.
Loiola vai além e confessa, publicamente, que existe a possibilidade de pagar por isso na cadeia, mas faz uma ameaça a seus pares: “posso ir preso, mas levo todos os vereadores comigo”, estampa a manchete das páginas centrais do Agora. Essa afirmação, por si só, já é um libelo de acusação, mas que vem passando ao largo das instituições que devem evitar os desvios de conduta da sociedade, notadamente o Ministério Público (fiscal da sociedade) e o Poder Judiciário.
Mais estranho ainda é que essas declarações têm sido feitas pelo ainda presidente da Câmara, Clóvis Loiola, na presença dos seus advogados, profissionais escolhidos “a dedo” pelos porões do Centro Administrativo Firmino Alves, onde se escondem alguns membros do Poder Executivo. Digo estranhar esse fato pela defesa, baseado no princípio constitucional de que um cidadão (qualquer) não está obrigado a produzir provas contra si.
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Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br
É impressionante como a política – no caso, mais especificamente, a má-política – influencia de maneira decisiva na vida de cada um de nós, em todos os setores. Pensem em qualquer mazela, problema social e na frieira do menino da periferia… Tudo tem a ver com a conduta dos escolhidos para representar a população nas instâncias que decidem.
O programa NBlogs, da TV Cabrália, está provando a tese. Na primeira edição, em que este blogueiro teve a honra de ser um dos debatedores, representando o Pimenta, o tema foi a corrupção na Câmara de Vereadores de Itabuna. E  a segunda edição do programa, a mais recente, tentou variar, discutindo o risco de uma epidemia de dengue em Ilhéus. Resultado: os blogueiros presentes acabaram desembocando no grande rio de águas sujas da politicagem. Não teve jeito.
Assim como a roubalheira no legislativo itabunense, práticas escusas e a política mesquinha de quem se elege pensando apenas em se dar bem corroem a gestão da saúde em Ilhéus. O blogueiro Emílio Gusmão, por exemplo, repetiu a denúncia de que 19 agentes de combate a endemias indicados pelo vereador Jailson Nascimento (PMN) sabotavam o trabalho de controle da dengue. As faltas injustificadas de alguns desses maus-elementos chegavam a absurdas 300 horas.
Quanto dinheiro de nossos impostos não vem sendo usado para pagar meliantes que não têm espírito de serviço nem amor ao próximo? Desrespeitam quem lhes paga o salário e veem a administração pública como cenário de armações, no que são estimulados pelas generosas brechas da impunidade.
Se amanhã o NBlogs resolver discutir o sucateamento no Hospital de Base, dará no mesmo. Igualmente, se o tema for a precariedade do Restaurante Popular, a desorganização do trânsito ou a poluição do Rio Cachoeira. Cada um tem suas causas imediatas, mas bem antes delas encontra-se a famigerada corrupção política e moral, a maior desgraça desse País.
Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do Pimenta e também dá uns pitacos no blog Política Etc.

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O sogro de Dilermano, que não era comunista e nada sabia da sabotagem, ia passando na hora e foi agredido pelos “galinhas verdes”

Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br
Nas eleições de 1955 o líder integralista Plínio Salgado se candidatou a presidente da República pelo PRP (Partido da Representação Popular). Em Itabuna havia muitas lideranças deste grupo, fato que o estimulou a fazer um comício nesta cidade.
Mas o PCB (Partido Comunista Brasileiro) também estava fortalecido, tendo inclusive nos seus quadros pessoas de destaque no município. Uma das lideranças, Dilermano Pinto, que gerenciava a farmácia do sogro, resolveu sabotar o comício. Convocou os militantes menos famosos, moradores dos bairros, e pediu que se infiltrassem no grupo de direita para uma atividade clandestina. Fez suspense e depois contou o que deveria ser feito.
O evento foi no cine Itabuna. Quando Plínio Salgado começou a falar, um cheiro forte invadiu o local. As pessoas lacrimejavam e tossiam. Algumas chegaram a desmaiar e em poucos minutos o local foi esvaziado.
O farmacêutico havia distribuído ampolas contendo gás tóxico. Os militantes do partidão jogaram estas armas no chão do cinema e se retiraram. Pisadas, pelos próprios integralistas, as ampolas estouravam. O candidato também deixou imediatamente o local, indo fazer um comício improvisado na praça Adami, sem som nem palanque.
O sogro de Dilermano, que não era comunista e nada sabia da sabotagem, ia passando na hora e foi agredido pelos “galinhas verdes” – assim eram chamados os integralistas. Revoltado, foi à delegacia e prestou queixa.
Plinio Salgado ficou em quarto e último lugar com apenas 8% dos votos. Juscelino Kubitschek obteve 36%, derrotando também Juarez Távora e Adhemar de Barros. A oposição tentou impedir a posse alegando que Juscelino não conseguiu os 50% mais um voto. No entanto, a Constituição determinava que seria eleito o mais votado.
Marival Guedes é jornalista e escreve sempre às sextas-feiras.

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O medo, como se sabe, costuma provocar cegueira e surdez. Ninguém está seguro em locais em que a presença da polícia é quase miragem.

Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com
Ana Clara Galdino, de quatro anos de idade, brincava com as amiguinhas na porta de sua casa, uma residência modesta no bairro Califórnia, periferia de Itabuna.
De repente, desapareceu sem deixar vestígios.
Como se fosse natural uma criança desaparecer enquanto brinca na porta de casa, mesmo diante de tantas coisas sobrenaturais que ocorrem numa periferia dominada pela violência, pelas drogas e pelo medo.
Ana Clara, que brincava com as coleguinhas quando foi raptada sem que ninguém desse conta, tornou-se um hiato.
Onde estaria Ana Clara? Perguntaram os familiares, os amigos, já que, aparentemente, ninguém viu nem ouviu nada.
O medo, como se sabe, costuma provocar cegueira e surdez. Ninguém está seguro em locais em que a presença da polícia é quase miragem.
Quatro dias depois, soube-se finalmente onde estava Ana Clara.
Ou o que havia restado da menina meiga, doce e brincalhona, na ingenuidade angelical de seus quatro aninhos de vida.
Ana Clara era apenas um corpinho abandonado num terreno baldio. Estava morta.
Ana Clara teve os cabelos raspados, o que pode indicar algum tipo de ritual macabro.
Ao lado do corpo de Ana Clara foram encontrados preservativos usados, o que pode sinalizar que ela foi vítima de violência sexual, antes ou depois de ser morta.
Com ou sem ritual macabro ou violência sexual, a morte da menina Ana Clara é dessas coisas que chocam pela brutalidade.
Porque o simples ato de matar já é injustificável.
Que monstruosidade é essa que tira a vida de uma criança?
Que insanidade é essa que transforma seres aparentemente humanos em monstros?
Que mundo é esse em que a vida não vale nada, em que crianças desaparecem enquanto brincam e reaparecem mortas num terreno baldio?
Ana Clara Galdino, 4 anos.
“Parecia uma bonequinha”, disse à polícia a mulher que encontrou o corpo.
Uma bonequinha.
À brutalidade, soma-se a ironia involuntária.
Ana Clara brincava justamente de boneca com suas amiguinhas quando foi tragada por monstros, não de fantasia, mas tragicamente reais.
Daniel Thame é jornalista, blogueiro e autor do livro Vassoura.

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Emílio Gusmão | emilio.gusmao@gmail.com
Em 2012, o Brasil vai comemorar o centenário de Jorge Amado, escritor que, segundo João Ubaldo Ribeiro, deu “forma, expressão e identidade” à cultura baiana.
“A Bahia não pode ser compreendida — e, por via de consequência, o Brasil não pode ser inteiramente compreendido — sem Jorge Amado e Dorival Caymmi”, escreveu João Ubaldo, após ser informado sobre o falecimento do amigo (clique aqui).
É do conhecimento de todos (até mesmo das pessoas que nunca o leram), que Ilhéus fez parte da vida e é um referencial importante na obra do escritor, que viveu aqui grande parte de sua infância.
Este blogueiro está preocupado. Que tipo de homenagem o atual governo municipal pensa em fazer para Jorge Amado? Estou receoso, pois uma administração que não consegue recolher o lixo, diariamente, tudo indica, não terá condições de preparar nada à altura do romancista.
A Fundação Cultural de Ilhéus, por mais que o presidente seja uma pessoa atenta e de bons propósitos, está perdida em meio ao baixo orçamento e ações equivocadas, como a Caravana Cultural, que se propõe a levar “cultura” para as localidades. Ué! As localidades não têm cultura?
Está na hora do prefeito Newton Lima criar uma comissão que envolva diversos atores sociais da cidade (incluindo também a Uesc e as escolas públicas e particulares) para começar a planejar ações relacionadas à data. Os principais veículos de comunicação (principalmente a Globo, que bebeu da obra e se lambuzou) provavelmente darão grande ênfase. Sendo assim, está mais do que na hora de manter contato com a família, de refletir e idealizar.
Em 2008, ano em que se comemorou 50 anos da publicação do romance “Gabriela, Cravo e Canela”, a prefeitura fez uma singela homenagem, ao promover a exibição do filme “Gabriela”, do diretor Fábio Barreto.
Jorge Amado odiava essa adaptação, a qual chamava de “pornozinho”, por se prender apenas à sensualidade da protagonista. Quem leu sabe a diferença, não só de linguagem (cinema e literatura), como também da opção do diretor, que apelou ao erotismo para lotar as salas de exibição.
Em 2012, não teremos o direito de cometer o mesmo erro, nem muito menos algo parecido.
Emílio Gusmão é comunicólogo e editor do Blog do Gusmão.

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Marco Wense
A onda contrária ao retorno da CPMF é alimentada pela dúvida em relação aos milhões de reais que serão arrecadados, já que existe a “promessa” de que todo o din-din é para o sistema de saúde.
Se houvesse a certeza (100%) de que a contribuição seria direcionada para a melhora da saúde pública, com uma implacável fiscalização, punindo severamente os responsáveis por qualquer desvio, a defesa da CPMF seria inabalável.
Ninguém, pelo menos em sã consciência, seja capitalista, comunista, socialista, direita, esquerda, iria questionar uma iniciativa do governo para amenizar o sofrimento dos mais pobres.
Quanto ao aspecto político, mais especificamente da política partidária, os tucanos, exercendo o democrático exercício oposicionista, criticam a presidenta eleita Dilma Rousseff, que na campanha era contra qualquer tipo de imposto e, agora, defende a volta da CPMF.
Vale lembrar que o mais árduo defensor da ressurreição do imposto sobre o cheque é o governador eleito de Minas, o tucano Antonio Anastasia, que não tomaria essa posição sem antes consultar Aécio Neves, seu criador e principal liderança do PSDB (2).
Geraldo Alckmin, eleito governador de São Paulo, figura de destaque do PSDB (1), só é contra a CPMF quando é questionado por jornalistas. Mas, nos bastidores, longe dos holofotes, é também um entusiasmado defensor.
Para acabar com o disse-me disse, que fulano é contra ou favor, fica a seguinte sugestão: quem é contra, diz logo de público e não aceita um tostão. Quem é favor, assume um eventual desgaste.
O que não pode é essa demagogia, essa tapeação assentada em posições dúbias, sendo, concomitantemente, a favor e contra a CPMF. Pela manhã, CPMF mais nunca. Na calada da noite, CPMF já.
METAMORFOSE
Os tucanos, tanto do PSDB (1) como do PSDB (2), estão sobressaltados com o Lula pós-eleição. Os petistas, por sua vez, estão espantados com o José Serra depois do término da campanha eleitoral.
Durante a campanha presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva pregava o “extermínio” da oposição. Os oposicionistas ficaram tiriricas da vida com o petista-mor. Agora, Lula defende que a oposição e o governo “respeitem-se mutuamente e divirjam de forma madura e civilizada”.
Já José Serra, que segundo FHC tem uns demônios que nem ele mesmo consegue controlar, diz agora que Lula “pratica um populismo cambial”, “o governo é populista de direita na área econômica” e o país vive um “processo claro de desindustrialização”.
O José Serra de ontem, além de colocar a imagem de Lula no seu programa no horário eleitoral gratuito, dizia com todas as letras, em alto e bom som, que “Lula estava acima do bem e do mal”.
Lula, como uma espécie de Deus na terra, não partiu da então candidata e companheira Dilma Rousseff. O tucano José Serra, assombrado com a popularidade do petista, se encarregou de colocá-lo acima do bem e do mal.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Inspirados no “ame-o ou deixe-o”, os locutores bradavam que estes “maus brasileiros” deveriam deixar o país. A mãe de Bené entrou em pânico.

Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br
Na década 70 e início dos anos 80, a maioria dos militantes de esquerda torcia contra a seleção brasileira. Acreditavam que os militares golpistas  tirariam proveito político, já que os marqueteiros orientaram o presidente Médici a buscar maior envolvimento com o futebol. Naquele período só um membro do Estado tinha direitos, o governo.
Do outro lado, Fernando Gabeira- quem te viu, quem te vê- exilado na Argélia, discutia com os companheiros qual seria o posicionamento do grupo. Na copa de 82, realizada na Espanha, as discussões eram iguais, mas  em Itabuna um protesto se diferenciou. No dia do jogo Brasil x União Soviética, quatro jovens compraram alguns metros de tecido vermelho e saíram pelas ruas defendendo o país comunista, num momento em que os partidos comunistas estavam na ilegalidade.
Os jornalistas Ederivaldo Benedito e Joel Filho juntamente com os atores Carlos Betão e Emiron Gouveia exibiam a “bandeira” russa e os dois últimos declamavam e faziam discursos. Houve reações, mas escaparam  ilesos. A notícia se espalhou através das emissoras de rádio, principalmente dos programas esportivos. Inspirados no “ame-o ou deixe-o”, os locutores bradavam que estes “maus brasileiros” deveriam deixar o país. A mãe de Bené entrou em pânico.
Não satisfeitos, os quatro foram ouvir a transmissão do jogo na casa de Joel. Logo no primeiro tempo a Rússia surpreendeu e fez 1×0. O silêncio nas redondezas foi quebrado pelos gritos e murros na mesa dos quatro torcedores. A Festa durou pouco. No segundo tempo o Brasil virou o jogo e venceu por 2×1.
Joel decidiu ficar em casa, mas os outros precisavam ir embora. E aí surgiram as pedras no caminho. Os vizinhos, ávidos por vingança, ficaram de plantão na rua esperando os “quintas-colunas”. Eufóricos, xingavam eles e suas genitoras. Até as crianças participaram do linchamento verbal indo até a porta dos refugiados e gritando em coro: “comunistas descarados, comunistas descarados, comunistas descarados”… Um torcedor mais exaltado, aos berros, sugeria o local onde a bandeira deveria ser introduzida.  Betão, Emiron e Bené ficaram confinados até altas horas quando, cansada, a vizinhança foi dormir.
Marival Guedes é jornalista e escreverá no Pimenta sempre às sextas-feiras.

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Sócrates Santana

No franzir dos olhos, uma revoada vem sendo anunciada, mesmo sem o consentimento da direção nacional do DEM, minado pela base por PSDB, PR, PP e PMDB.

É notória a fragilidade partidária do DEM. Apesar de recusar a ideia de fusão com outras agremiações, os democratas colocam em evidência um balão de ensaio, expondo para os adversários dois cenários: o primeiro, de que o partido encontra dificuldades para manter a unidade interna perante o assédio da base governista; o segundo, de que é possível a convergência com outras legendas, mas numa determinada situação de rearranjo das forças oposicionistas.
Na Bahia, por exemplo, a tese que deflagra a insustentável leveza do DEM ganha fôlego nos bastidores. Já no processo eleitoral, o ingresso do ex-conselheiro Otto Alencar para a chapa do governador Jaques Wagner, incluiu nas rodas de conversas, o distanciamento do deputado estadual Gildásio Penedo das hostes carlistas.
Penedo é casado com a sobrinha de Otto, Roberta Alencar, e responde por uma votação atribuída ao padrinho político. O homem de partido, contudo, Penedo, contesta a saída da agremiação.
Um outro provável dissidente é o deputado estadual reeleito, Rogério Andrade (DEM), que sonda ou vem sendo sondado pelo ex-secretário estadual de Infraestrutura, João Leão, deputado federal reeleito pelo Partido Progressista (PP). A mudança do DEM para o PP ocorreria mediante a possibilidade do pepista apoiar Rogério Andrade para a prefeitura de Santo Antônio de Jesus.
No franzir dos olhos, portanto, uma revoada vem sendo anunciada, mesmo sem o consentimento da direção nacional do partido, minado pela base por PSDB, PR, PP e PMDB. É claro que o argumento da fusão pode ter sido plantado pela base governista. Porém, as mensagens cifradas traduzem um sentimento que brotou de dentro do partido.
As perspectivas, contudo, variam conforme a projeção das alianças em curso. O presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia, revelou em recente declaração, por exemplo, a distinção entre os democratas e os tucanos: “O DEM tem uma posição de centro-direita e o PSDB se enxerga mais como sendo de centro-esquerda”. Ou seja: o DEM está para o PSDB, assim como o DEM está para o PMDB. E o PSDB está para o DEM, assim como o PSDB está para o PSB.
O fato é que apesar dos democratas terem sido tachados como um fardo eleitoral pela opinião pública, nas urnas revelou possuir uma identificação latente com uma parcela significativa do eleitorado de viés ultra-conservador. E em política é leviano afirmar que desta água nunca beberá.
Sócrates Santana é jornalista.

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Do Política Etc:
Imagine a situação: uma casa está com grande vazamento de água e o proprietário, com o objetivo de resolver o problema, manda aumentar o abastecimento, sem fechar o rombo por onde o recurso é desperdiçado.
É mais ou menos o que o governo procura fazer, quando tenta criar um novo tributo num país como o Brasil, onde os rombos da corrupção continuam provocando megavazamentos de dinheiro público. Antes de estabelecer novo imposto, ou contribuição – como agora se pretende com a ressurreição da CPMF em nova roupagem – o correto e honesto seria combater a roubalheira.
O Brasil tem notoriamente uma das maiores cargas tributárias do mundo, combinada com serviços públicos vergonhosos. Por fora, a voracidade do estado. Por dentro, a fome dos larápios que infestam o poder público (federal, estadual e municipal).  Embaixo, um povo assaltado.
Dizem que a Contribuição Social para a Saúde (CSS), sucessora da CPMF, é absolutamente necessária para pagar as contas do SUS. Quem conviveu com a CPMF deve se lembrar que o dinheiro desta contribuição, criada para reforçar o caixa da saúde, serviu bem pouco ao seu objetivo. E certamente, como parte da arrecadação do Estado, serviu muito a objetivos inconfessáveis.
Cabe uma pergunta: faltam recursos para a saúde no Brasil ou o setor é mais uma vítima da corrupção e ineficiência do poder público?
Um “baianim” amigo deste blogueiro passava temporada numa cidade do interior de Santa Catarina, quando teve um problema de saúde e acabou num pronto-socorro. Atendimento da melhor qualidade, diagnóstico de labiritinte, exames agendados para o laboratório mais próximo do endereço onde o paciente estava hospedado… Alguns dias depois, aparece uma pessoa à procura do baiano na recepção do hotel: era uma assistente social do município, querendo saber se ele havia feito todos os exames, se estava tomando os medicamentos, como estava de saúde etc.
Pense em algo do tipo numa cidade como Itabuna, onde a incúria administrativa se junta a vícios dos mais nocivos e sabota qualquer possibilidade de um serviço de saúde de qualidade. Os recursos que chegam são os mesmos, mas a cultura de não levar a coisa pública a sério é o grande problema.
Mas todos os problemas se acabaram: para salvação geral, vem aí mais um tributo.

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Ailton Silva

Os que acham que somos um bando de analfabetos esquecem que temos mestres, pesquisadores, doutores, grandes empresas e estamos na terra do jurista Ruy Barbosa (…).

A campanha eleitoral deste ano foi marcada mais pela troca de agressões entre os candidatos do que por debates sobre temas como reforma tributária e investimentos em infraestrutura. Outra constatação foi que, em muitos momentos, a mídia deixou de fazer o bom jornalismo, prestar um serviço ao cidadão, independente da opção eleitoral, para fazer panfletagem.
Uma vergonha para quem diz que faz jornalismo independente. O enquadramento “a gosto” ocorreu, muitas vezes, nos pequenos e grandes veículos. Mas não vou entrar neste mérito, pois os leitores, telespectadores e ouvintes perceberam isso claramente.
Talvez o que muita gente não percebeu foi o preconceito de algumas pessoas do Sul e Sudeste (muitos de São Paulo) contra o nordestino e nortista. Os comentários nas redes sociais, revistas, jornais foram muitos. E vergonhosos. Os mais leves foram: burros, imbecis, idiotas, dependentes de “bolsa esmola”.
Tantos “adjetivos” porque o Nordeste e o Norte foram duas das três regiões do Brasil nas quais a maioria dos eleitores preferiu Dilma Rousseff (PT) a José Serra (PSDB). É verdade que essas duas regiões têm alto índice de analfabetismo, são carentes de saúde pública de qualidade, esgoto tratado, mais moradia, segurança pública e salários melhores. As consideradas regiões ricas não sofrem com nada disso?
Tentar separar o Brasil entre regiões ricas e pobres não é nada inteligente. Somos todos brasileiros, filhos de uma só nação e sonhamos com melhoria em todos os setores, com mais pessoas ascendendo de classe social. O Nordeste e o Norte merecem respeito.

Para Mayara, xenofobia pouca é bobagem.

Não venham argumentar que não há preconceito. Ele, infelizmente, vai existir por algum tempo, enquanto as pessoas acreditarem que as manifestações durante o período eleitoral e logos após resultado da eleição são fatos isolados. Não são. Existem, sim, muitos preconceituosos, entre eles a estudante de direito Mayara Petruso, que chegou a postar, na sua página, frase como “Nordestisto (sic) não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!”,
A estudante paulista escreveu ainda: “Dêem direito de voto pros (sic) nordestinos e afundem o país de quem trabalha pra sustentar os vagabundos que fazem filhos pra ganhar o bolsa 171”.
Sei que esse, felizmente, não é o sentimento da maioria do povo de São Paulo nem de outros estados das regiões Sudeste e Sul, mas que há muita gente que pensa como essa patricinha, como tem!
Para nós, nordestinos com muito orgulho, o que importa é que estamos em processo de desenvolvimento e caminhando para um dia termos estados com mais qualidade de vida.
Os que acham que somos um bando de analfabetos esquecem que temos mestres, pesquisadores, doutores, universitários, veículos de comunicação fortes, grandes empresas, artistas da música, do teatro, da televisão e estamos na terra do jurista Ruy Barbosa, o Águia de Haia, que foi para a Inglaterra ensinar inglês. Além de tudo, temos gente que trabalha, vive com dignidade e que ajuda a manter esse país.
No mais, qualquer pessoa sensata sabe que não foram apenas o Nordeste e Norte que asseguraram a eleição da candidata do PT. José Serra, também, perdeu em estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro. Perdeu na região Sudeste. E mais: a petista se elegeria mesmo se, como querem alguns, o Nordeste fosse riscado do mapa.
O pior: o candidato venceu em São Paulo por menos de dois milhões de votos (12.308.038 dele contra 10.462.010 dela). Como um excelente administrador como apregoam alguns veículos de comunicação, ele deveria vencer de goleada no próprio estado. Ou Não?
Então, seguindo a lógica dos que estão revoltados com os nordestinos e nortistas, o eleitor de São Paulo, que preteriu o candidato do PSDB, é burro, é imbecil? Tenho certeza que não. Como homem perfeito como se vendeu e foi repassado por parte da mídia, ele poderia ter saído do estado como pelo menos 15 milhões de votos. Não saiu.
Poderia muito bem ter vencido em Minas Gerais, estado em que o ex-governador Aécio Neves, seu aliado, teve mais de sete milhões e meio de votos para o Senado. Agora, culpar o nordestino e nortista, porque muitos preferiram a continuidade, é coisa de quem não tem classe para perder.
O preconceito não é o melhor caminho em um país democrático e cheio de contrastes que precisam ser resolvidos. Somos um só povo e quem votou em Dilma merece respeito e quem optou por Serra também. O resto é torcer para que os nossos problemas econômicos e sociais sejam resolvidos nos próximos anos.
Ailton Silva é jornalista, editor do Jornal das 7 (Morena FM) e repórter d´A Região.