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Marco Wense

 

O que o povo brasileiro deseja é responsabilidade dos homens públicos, sob pena do bolsonarismo levar o país para o caminho do brejo, ressuscitando o “sapo barbudo”, como era chamado o ex-presidente Lula pelo saudoso Leonel Brizola, fundador do Partido Democrático Trabalhista (PDT).

 

 

É preciso acabar com essa bobagem de que quem critica o governo Bolsonaro é petista. Do contrário, vai virar uma grande idiotice.

É só falar qualquer coisita do desastroso começo do governo de plantão para que seja logo taxado de esquerdista e lulista de carteirinha.

Temos que reconhecer que é uma estratégia interessante, que termina funcionando e inibindo quem tem pavor de ser rotulado de petista.

Conheço algumas pessoas que já deixaram de comentar sobre a gestão bolsonariana nas redes sociais. “Eles não aceitam opiniões contrárias ao governo, mesmo que seja uma crítica construtiva”, desabafa um deles.

Ora, até as freiras do convento das Carmelitas sabem que o governo Bolsonaro precisa deixar as picuinhas e o disse-me disse e cair na realidade de que é preciso governar, que os problemas são muitos e a maioria exigindo rapidez, sob pena do “trem verde e amarelo” sair de vez do trilho.

Todos os dias tem bate-boca entre o Executivo e Legislativo. A orientação constitucional de que os poderes devem ser harmônicos e independentes entre si é jogada na sarjeta, o que não é bom para o Estado democrático de direito.

Dizer que a situação não é preocupante é o primeiro sinal de cegueira diante dos fatos. É como querer tapar o sol com uma peneira.

A Reforma Previdenciária está subindo no telhado e, pelo andar da carruagem, com esse pega-pega entre os presidentes Jair Bolsonaro (República) e Rodrigo Maia (Câmara dos Deputados), vai continuar lá, esperando que eles se entendam e passe a pensar no Brasil, deixando a politicagem de lado.

O esforço tem que ser direcionado para melhorar a situação do cidadão-eleitor-contribuinte. Não pode gastar energia com briguinhas pessoais e fofoquinhas diárias.

Portanto, o que o povo brasileiro deseja é responsabilidade dos homens públicos, sob pena do bolsonarismo levar o país para o caminho do brejo, ressuscitando o “sapo barbudo”, como era chamado o ex-presidente Lula pelo saudoso Leonel Brizola, fundador do Partido Democrático Trabalhista (PDT).

PS – E por falar no PDT, próximo mês de agosto faço 32 anos de filiação. Foi minha primeira e única legenda. Tive a honra e o prazer de ser o presidente do PDT de Itabuna por duas vezes. Tempos bons, quando a convicção, coerência e o forte e inabalável posicionamento ideológico ditavam o caminho a ser percorrido. Tive como padrinho político, o brizolista mais brizolista de todos, o também saudoso engenheiro Dagoberto Brandão, fundador do partido em Itabuna, hoje em um lugar chamado de eternidade.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Marco Wense

 

Além de todos os obstáculos que o presidente Bolsonaro tem que ultrapassar, cada vez mais complicado em decorrência da falta de diálogo com o Poder Legislativo, ainda tem um Olavo de Carvalho pela frente.

 

Quero logo dizer que não sou adepto da política do “quanto pior, melhor”. Torço para o sucesso de qualquer governo, independente a que partido pertença ou ao campo ideológico.

Inaceitável, no entanto, são os defensores do governo Bolsonaro acharem que as críticas sejam para alimentar o desejo de que as coisas piorem e caminhem até mesmo para um impeachment.

Ora, é inquestionável que o começo do governo Bolsonaro está sendo ruim. Nunca na histórica da República Brasileira se presenciou um início de gestão tão conturbado. É a verdade. Contra fatos não há argumentos.

E o pior é que fica parecendo que está tudo tranquilo, que as coisas estão caminhando a contento. Enquanto a crise política corre solta na Câmara dos Deputados, em torno da Reforma Previdenciária, o presidente Jair Messias Bolsonaro vai ao cinema com a primeira-dama em plena luz do dia, salvo engano às 9 horas.

Para colocar mais lenha na fogueira do imbróglio entre os poderes Executivo e Legislativo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não vai à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Parlamento para explicar sobre as propostas que alteram o sistema de aposentadorias.

Os mais lúcidos que integram o governo têm que alertar sobre a importância e a imprescindibilidade de se fazer um bom governo. O povo brasileiro, principalmente os que mais necessitam, não aguenta mais uma gestão desastrosa.

Como não bastassem os problemas internos, tem um Olavo de Carvalho com prestígio no bolsonarismo, incendiário e sem meias palavras, soltando o verbo sem medir as consequências.

Olavo, muito próximo do presidente Bolsonaro, uma espécie de guru filosófico, já foi chamado de “desequilibrado” pelo general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo.

Olavo, o sem papas na língua, já disse que o núcleo militar do governo tem “mentalidade golpista” e que o vice-presidente Hamilton Mourão seria “estúpido” e “idiota”.

Pois é. Além de todos os obstáculos que o presidente Bolsonaro tem que ultrapassar, cada vez mais complicado em decorrência da falta de diálogo com o Poder Legislativo, ainda tem um Olavo de Carvalho pela frente.

Faltando pouco para os cem dias de governo, o que predomina é a incerteza e a certeza de que as coisas podem piorar. Infelizmente.

PS – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o FHC, figura principal da “Privataria Tucana”, tem razão quando diz que “os partidos são fracos, o Congresso é forte. Presidente que não entende isso não governa e pode cair”. Ontem, 26, em votação relâmpago, a Câmara dos Deputados, presidida pelo demista Rodrigo Maia, retirou do governo poder que tinha sobre o orçamento. Outros exemplos de que o Parlamento é forte, podem acontecer a qualquer momento. Se esse indispensável diálogo não está acontecendo entre o Executivo e Legislativo, em decorrência do vergonhoso toma lá, dá cá, como alega o governo, aí é complicado.

O presidente Bolsonaro passa a ter razão, afinal foi promessa de campanha a implantação na “nova política”. Com efeito, esses slogans de novo isso, novo aquilo, é um marketing manjado. A sabedoria popular costuma usar a seguinte expressão: “Me engana que eu gosto”.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Gerson Marques | gersonlgmarques@gmail.com 

 

Hoje, o sul da Bahia tem duas universidades públicas, dois Institutos Federais de Educação, alguns Institutos estaduais, centros de pesquisas e muitas iniciativas privadas voltadas ao universo do cacau, chocolates e derivados, além da sinergia com outros seguimentos como turismo, agroindústria, cosméticos e movelaria.

Hoje é o dia do Cacau, um momento de reflexão positiva para quem trabalha com esta fruta amazônica, considerada um dos alimentos mais nobres da humanidade, exatamente no momento em que construímos com muitas mãos uma nova realidade em seu contexto.

O sul da Bahia não é o berço do Cacau, mas é onde sua história moderna começou a ser escrita, na condição de agricultura. A cacauicultura é uma criação baiana de quase três séculos, apesar do cacau ter registros históricos com os Olmecas datada de dois mil anos AC.

No sul da Bahia o Cacau plantou uma civilização, com todas as mazelas e contradições dos modelos econômicos da colonização brasileira, foi um grande concentrador de riquezas nas mãos de poucos e deixou no rastro uma parcela significativa de pobreza e miséria, refletida em índices extremamente baixos de desenvolvimento social.

Por outro lado, promoveu a implantação de uma infraestrutura única para uma região do interior do Nordeste, fez surgir dezenas de cidades, vila e povoados, em especial as cidades de Itabuna e Ilhéus que são os centros econômico e político da zona cacaueira.

Promoveu também o erguimento de uma civilização própria, ainda que inserida no contexto geopolítico da Bahia, a mesorregião cacaueira do Sul Baiano e seu litoral, chamado de Costa do Cacau, reúne características culturais, econômicas e geográficas distintas das demais áreas da Bahia, em algum momento denominada de civilização Grapiúna.

Existem diversos aspectos a serem estudados sobre a importância e significado do cacau nesta região, mas um extrapola em evidencias, trata-se de sua relação com a Mata Atlântica, o modelo Cabruca de condução da lavoura, que ajudou a salvar mais de quatrocentos mil hectares de florestas com relativo grau de preservação, situação de importância vital, visto que nesta região encontra-se uma das áreas de maior concentração de biodiversidade do planeta, onde chaga a coexistir mais de quatrocentas e cinquenta espécies diferentes de vegetais em um só hectare, classificado pela Conservação Internacional (CI), entre os cinco primeiros colocados na lista de “hotspots” do planeta.

A profunda crise econômica que se abateu sobre o modelo da cacauicultura regional, primeiro pela concorrência da África e depois pela contaminação com a Vassoura de Bruxa, levou os produtores de cacau do Sul da Bahia a se reinventarem, tornando-se produtores de chocolates “bean to bar e tree to bar”, cacau fino, cacau orgânico, e ampliando em muito as derivações do cacau em produtos que nem existiam comercialmente há alguns anos como o nibs, cervejas de cacau entre outros.

Hoje a região tem um olhar positivo e proativo em relação ao cacau, com profundas mudanças no modelo sócio econômico resultante da áspera realidade da forte crise, com o passar dos tempos, já são trinta anos convivendo com a vassoura-de-bruxa, ouve uma melhora no perfil da inclusão social, nos dados socioeconômicos como um todo e na diversificação da matriz econômica, na maior parte da região atualmente predomina a agricultura familiar como produtora de cacau, apontando também para uma diversidade produtiva, e forte cultura preservacionista e sustentável.

É de se esperar para os próximos anos impactos significativos deste novo modelo na economia regional, o cacau e todo seu entorno biodiverso entrou com força na academia. Hoje, o sul da Bahia tem duas universidades públicas, dois Institutos Federais de Educação, alguns Institutos estaduais, centros de pesquisas e muitas iniciativas privadas voltadas ao universo do cacau, chocolates e derivados, além da sinergia com outros seguimentos como turismo, agroindústria, cosméticos e movelaria.

Gerson Marques é presidente da Associação dos Produtores de Chocolate do Sul da Bahia.

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Marco Wense

 

 

É evidente que o Poder Judiciário não pode ficar imune às críticas, muitas delas com argumentos consistentes e protegidos com provas, assim como os membros do Executivo e Legislativo falham, os da Justiça não são infalíveis, cometem também seus desatinos.

 

O ex-presidente Michel Temer já está em casa. Sem dúvida, um maravilhoso paraíso quando comparado com a cadeia, onde passou quatro longos dias.

Sua prisão preventiva foi revogada por Antônio Ivan Athié, desembargador do Tribunal Regional Federal da Segunda Região, o TRF-2, cuja alegação principal é que “os indícios não servem para justificar a prisão preventiva”.

Vale ressaltar que a maneira como ocorreu a prisão de Temer foi contestada por partidos rotulados de esquerda, como o PT, e lideranças do campo de centro-esquerda, como Ciro Gomes, ex-candidato à presidência da República pelo PDT.

A defesa de Michel Temer, que foi o maior articulador do impeachment de Dilma Rousseff, está cometendo o mesmo erro do PT em relação a Luiz Inácio Lula da Silva. Ou seja, atacando o Judiciário e, como consequência, atiçando o corporativismo da magistratura.

É evidente que o Poder Judiciário não pode ficar imune às críticas, muitas delas com argumentos consistentes e protegidos com provas, assim como os membros do Executivo e Legislativo falham, os da Justiça não são infalíveis, cometem também seus desatinos.

Em nota, o corpo de advogados de Temer diz que os homens da Justiça “usam a toga para agirem como justiceiros e, a pretexto de combaterem a corrupção, violam as mais comezinhas noções de Direito”.

Há hoje um consenso no petismo de que os ataques ao Judiciário, principalmente tendo Gleisi Hoffmann como porta-voz, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, passaram do ponto. Foram irresponsavelmente exagerados e provocativos.

Portanto, o bom conselho que se pode dá ao ex-presidente Temer, é que ele diga a sua defesa para não seguir o caminho do PT.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Marco Wense

 

 

Confesso que não tinha essa informação sobre esse inesperado propósito de Jaques Wagner de presidir o Partido dos Trabalhadores, cuja estrela não é mais cintilante como em priscas eras.

 

 

Matéria do Política Livre, do jornalista Raul Monteiro, diz que o ex-governador Jaques Wagner deseja assumir o comando estadual do PT.

A legenda está sob o controle de Josias Gomes, integrante do primeiro escalão do governo Rui Costa como secretário de Desenvolvimento Rural (SDR).

Josias, aliado do presidente do PT, o ex-ceplaqueano Everaldo Anunciação, ganhou projeção política com o ex-prefeito Geraldo Simões, que o acolheu quando gestor no primeiro mandato. “Minha pedinha”, como é chamado por alguns petistas e muitos eleitores, foi alcaide de Itabuna por duas vezes.

A pretensão do ex-geraldista de carteirinha, de fazer o sucessor de Anunciação, mantendo o PT sob sua batuta, é perfeitamente normal e legítima. Josias quer um outro Everaldo, confiável, fiel e extremamente obediente.

O que chama atenção é o fato de Wagner estar na disputa pela presidência da legenda, já que, como senador, terá pela frente um árduo trabalho na Casa Legislativa, principalmente fazendo oposição ao Governo Bolsonaro.

E qual seria a intenção do ex-chefe do Palácio de Ondina na disputa pelo comando da sigla? É a pergunta que começa a circular nas hostes do petismo, inclusive com o conhecimento do ex-presidente Lula, que, de dentro da prisão, acompanha os passos dos companheiros.

Wagner, como postulante ao lugar de Everaldo, ex-vereador em Itabuna, é a prova inconteste que a vontade de derrotar Josias Gomes é grande. Qualquer outro adversário é tido pelos josianistas como fácil de vencer. A vitória seria dada como favas contadas.

Segundo o sempre bem informado Raul Monteiro, a eleição para a escolha do substituto de Everaldo foi adiada, “sob o argumento de que o partido precisa concentrar suas energias na oposição ao governo Bolsonaro (PSL)”.

Wagner versus Josias. O governador Rui Costa, mais cedo ou mais tarde, vai ter que tomar uma posição. É o que espera seu “criador político”, que sempre ficou do seu lado quando a maioria das lideranças expressivas da legenda não o queria como candidato ao governo do Estado.

Josias Gomes até que tentou ser o candidato do PT. Fez várias manobras para fritar Rui Costa, na época secretário de Relações Institucionais do então governo Wagner.

Cabe agora, até mesmo como reconhecimento ao esforço que Wagner fez para lançá-lo como candidato à sua sucessão, com as pesquisas apontando Rui com pouco mais de 2%, o apoio explícito do governador, sem arrodeios e meias palavras.

Confesso que não tinha essa informação sobre esse inesperado propósito de Jaques Wagner de presidir o Partido dos Trabalhadores, cuja estrela não é mais cintilante como em priscas eras.

PS (1) – O sonho de Josias Gomes é sair candidato a prefeito de Itabuna com o apoio do PSB, PCdoB, PP, PR, PSD e outras legendas da base aliada do governador Rui Costa. O maior obstáculo é o diretório do PT de Itabuna, sob o controle de Geraldo Simões, ainda na dúvida se disputa ou não o centro administrativo Firmino Alves na sucessão de 2020. Mesmo que o ex-prefeito desista de ser um prefeiturável, dificilmente apoiaria Josias. Até as freiras do convento das Carmelitas sabem os motivos.

PS (2) – Fazendo uma comparação tupiniquim, diria que Geraldo Simões é o “Senhor de Ferro” do PT de Itabuna, assim como Maria Alice, secretária de Governo, continua sendo a “Dama de Ferro” do prefeito Fernando Gomes.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Luciano Veiga

 

 

Que construamos uma sociedade consciente, para que possamos ter o que brindar no amanhã que se aproxima. Que nesta taça tenhamos o líquido da vida em vez da areia da morte.

 

No Dia Mundial da Água, estamos longe de comemorar. Os governos e os povos aceleram o processo de esgotamento das reservas deste precioso líquido, com políticas cada vez mais predatórias, com expansão das fronteiras produtivas eliminando nascentes, áreas de recarga, ampliando o nível do aquecimento global, poluindo rios e mares. Somos, portanto, o ser vivo mais predador que ocuparam e ocupam o Planeta Terra.

A água é dos elementos fundamentais para a manutenção da vida dos seres vivos. Isso todos sabem. Podem até refletir em relação ao tema, bebendo um copo de água, ou se preferir degustando um de seus subprodutos, uma cerveja, vinho, dentre tantos que tem a água como a sua matéria prima principal.

Porque então um líquido tão precioso e essencial é renegado a condição de extrativismo descabido, onde as suas fontes e nascentes são eliminadas, diminuído as nossas reservas, levando as gerações presentes e futuras a brigar pela água de cada dia.

Os riachos viraram esgotos, drenos poluídos ao céu aberto. Doenças e epidemias já sucumbidas retornam com a bandeira da morte, ceifando vidas, não só mais as severinas, mas do Oiapoque ao Chuí.

Nossa terra, nossa gente, não percebe, não entende que quando tiveres com a cuia na mão, a pedir e clamar por água, sentado ao lado de um riacho, sem nome, sem história, porém correndo água que não se pode beber e nem usar, como salina fosse, vais perceber que toda sua riqueza não mata a sua sede e nem salva a sua vida.

A água não tem limites territoriais, é plural. Nos ensina que só com a participação de todos podemos reverter o seu rumo, garantir as suas fontes, reservas e produzir água. A água que corre pelo esgoto, tem no saneamento básico como direito fundamental para o desenvolvimento da cidadania.

Quando desmatamos as florestas deixamos de produzir 20 trilhões de litros de água. Os rios detém apenas 1% da água doce disponível. Dois bilhões e meio (2,5 bilhões) de pessoas não têm acesso ao saneamento básico e está situação só se agrava. Com aquecimento global, estamos também perdendo as nossas reservas de água doce. O verão de 2019 foi considerado um dos mais quentes dos últimos cem anos, com um agravante, o efeito estufa, em que a sensação térmica é ampliada em até 4 graus. Pessoas, animais e plantas foram vítimas, sofrendo danos, muitos destes fatais.

Os investimentos em saneamento básico são sustentáveis também do ponto de vista econômico, não só pela diminuição de 80% das doenças que produz. Segundo estimam especialistas, a cada R$1 investido pelo Governo em saneamento básico, o sistema de saúde economiza R$4 no tratamento de doenças causadas pela ausência de tratamento de água e esgoto. Além do que, os esgotos podem ser transformados em energia, gerando uma importante fonte de receita.

No Brasil, é preciso entender que a responsabilidade de cuidar, investir e transformar a nossa realidade na Política da Água é de todos. Este conjunto de ações que compõem o seu mosaico, pode até ser recortado para que cada um dos agentes trabalhem o seu quadrado, mas depois de trabalhado, as peças voltam ao quadro. A água não é una, é plural, não é um recorte, é parte de um todo.

A água nossa de cada dia, nos daí hoje a força e a fé, nos faça agir e lutar, que unamos os povos em vez de dividi-los.

Que construamos uma sociedade consciente, para que possamos ter o que brindar no amanhã que se aproxima. Que nesta taça tenhamos o líquido da vida em vez da areia da morte.

Luciano Robson Rodrigues Veiga é administrador, especialista em Planejamento de Cidades e coordenador executivo da Amurc.

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Marco Wense

 

Fico a imaginar a imagem do Brasil lá fora, lá nos estrangeiros, como diz o povão de Deus. Dois ex-presidentes presos, troca de acusações entre os Poderes da República, declarações desastrosas de gente do primeiro escalão do governo Bolsonaro e o cotidiano noticiário da corrupção.

 

 

A primeira preocupação com a prisão de Michel Temer foi em relação ao trâmite da reforma Previdenciária nas duas Casas do Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados e Senado da República.

Se o MDB, legenda do presidiário Temer, iria causar problemas ao governo Bolsonaro como forma de vingar do calabouço a que será submetido o ex-presidente. Se os parlamentares do emedebismo, mais especificamente os temistas, ficariam rebeldes e incontroláveis.

Mas logo perceberam que o MDB não era o ponto principal no tocante às reformas que o governo Bolsonaro pretende aprovar no Parlamento, cuja tradição é a política do toma lá, dá cá.

Quem passou a assumir a preocupação maior foi o também preso Moreira Franco, ex-governador do Rio de Janeiro e político influente da era temista no Palácio do Planalto.

E agora? É a pergunta entre os senhores parlamentares, se referindo ao fato de que Moreira Franco é sogro de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, que tem a prerrogativa regimental de pautar os projetos.

Outro detalhe é que o PT, pelo menos até ontem, foi a única legenda que condenou o ato da Polícia Federal, obviamente com o aval de Sérgio Moro, ministro da Justiça e da Segurança Pública. O PT emitiu uma nota se posicionando contra a prisão de Michel Temer. Só faltou a palavra solidariedade.

Teremos o “Lula Livre” e o “Temer Livre” disputando quem vai ser solto primeiro, se a maior liderança do petismo ou o articulador-mor do impeachment de Dilma Rousseff.

A prisão de Temer joga um balde de água fria no discurso de que a Justiça está perseguindo Lula. Só falta a prisão de Aécio Neves para que a água fique mais gelada. O ex-presidenciável tucano parece imune diante dos rigores da lei, do “dura lex, sed lex”.

Fico a imaginar a imagem do Brasil lá fora, lá nos estrangeiros, como diz o povão de Deus. Dois ex-presidentes presos, troca de acusações entre os Poderes da República, declarações desastrosas de gente do primeiro escalão do governo Bolsonaro e o cotidiano noticiário da corrupção.

Pois é. Eles, os políticos, os com “p” minúsculo, simulacros de homens públicos, contam com a sorte de ter um povo pacífico e acomodado, sem vontade de “arrancar” suas orelhas.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Marco Wense

 

Maia versus Moro. Um embate interessante, que tende a sair como vitorioso quem tem mais vivência e experiência política. Sem dúvida, Rodrigo Maia, do Partido do Democratas (DEM).

 

De um lado, Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, do outro Sérgio Moro, ex-juiz da Lava Jato e atual ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro.

O impasse promete fortes emoções. As declarações de ambos são picantes. Maia chegou a chamar Moro de “funcionário do presidente Bolsonaro”, que está “confundindo as bolas”. Conclui o desabafo dizendo que “está ficando uma situação ruim para ele”, obviamente se referindo ao ex-juiz.

O imbróglio gira em torno da pressa para aprovar o projeto contra o crime organizado e o combate à corrupção. “Que o projeto tramite pelo Congresso Nacional com a urgência que o caso requer”, diz Sérgio Moro.

Não satisfeito com a crítica pública de Moro, o presidente do Parlamento federal chegou a dizer que o ex-juiz está copiando o projeto de Alexandre de Morais (STF). “Tem poucas novidades no projeto dele. Vamos apensar um ou outro projeto, mas o prioritário é o do ministro Alexandre de Morais”, alfinetada Rodrigo Maia.

Maia acha que Moro quer atropelar o trâmite normal a que deve ser submetido qualquer intenção, seja pelo próprio Legislativo, Executivo ou Judiciário. Moro, por sua vez, insinua que Maia não está demonstrando interesse por suas propostas contra os diversos tipos de crimes.

Pois é. Maia versus Moro. Um embate interessante, que tende a sair como vitorioso quem tem mais vivência e experiência política. Sem dúvida, Rodrigo Maia, do Partido do Democratas (DEM).

Os Poderes da República estão cada vez mais rebeldes com o preceito constitucional de que devem ser independentes e harmônicos entre si, o que não é nada bom para a solidez do Estado democrático de direito.

PS – Revendo minhas anotações, o modesto Editorial do Wense foi programado para encerrar no número 300. Peço desculpas aos leitores. Vamos seguir em frente. Um abraço a todos.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Efson Lima

Aproveito para reproduzir trecho, pois, o escritor é um dos maiores cronistas e sintetiza muito bem o espírito do espaço em tela: “Senhoras e senhores, só os vivos sonham, só os vivos reagem. Portanto, nem estão mortos os acadêmicos, nem a vida morreu na Academia de Letras de Ilhéus. Nem morrerá, enquanto houver sonhos e pessoas para sonhá-los

Certo dia, falei a uma pessoa que estava pesquisando sobre a Academia de Letras de Ilhéus (ALI). A interlocutora indagou: Por qual razão pesquisar sobre a Academia de Letras de Ilhéus? Agora, aproveito o momento para responder e abordar quanto essa instituição tem colaborado com a Bahia e a literatura nacional.

A Academia de Letras de Ilhéus alcança os 60 anos, precisamente em 14 de março de 2019. O professor Arléo Barbosa, historiador e membro da ALI, registra em Notícia Histórica de Ilhéus (2013) que a data para fundar a Academia foi escolhida em homenagem ao aniversário de Castro Alves, mas o patrono é Rui Barbosa, constituída a partir do arquétipo francês de 40 cadeiras, cujo modelo é observado em outras academias, inclusive na Academia Brasileira de Letras. As reuniões aconteciam aos sábados na casa de Nelson Schaun que, com Plínio de Almeida, Wilde Oliveira Lima e Nilo Pinto, traçou os desígnios da instituição. A instalação da Academia só aconteceria em 29 de junho de 1959, conforme apontou Francolino Neto em Reflexões Acadêmicas (1990) no capítulo “Jubileu de Pérola da Academia”, cuja data foi comemorada a 28 de dezembro de 1989 com a presença de Abel Pereira.

Transcorridos sessenta anos, podemos dizer que temos uma instituição regional? Recorro ao conceito de instituição apresentado por um dos membros da ALI e um dos nomes mais consagrados do Direito no Brasil, Edvaldo Brito, que considera “instituição” a repetição de fatos, acontecimentos que corroboram para a institucionalidade. Portanto, a ALI tem repetido seus atos durante todo esse percurso. Mesmo sem sede própria na maior parte do tempo – ora realizando reuniões na casa de um membro ora se encontrando na Associação Comercial de Ilhéus. Só em 2004 a ALI teve sua sede própria, graças à persistência de Ariston Cardoso, que solicitou ao então prefeito Jabes Ribeiro, que doou o imóvel. Atualmente o ex-prefeito é membro da ALI em virtude da promoção da cultura, recuperação e inauguração da Casa de Jorge Amado e reforma do Teatro de Ilhéus e da Maramata.

Sem exagero, temos um diamante. As bodas de diamante estão no salão. É como se estivéssemos diante de um casal que alcança os 60 anos de casamento. Significa que enfrentou muitos desafios, vivenciou fatos e acontecimentos, mas se mantiveram firmes no propósito do amor e não se desintegrou no momento da dor. Que bom! Pois, tudo parece ser fuga, as relações surgem e desaparecem instantaneamente. O arcadismo virou fichinha. Tudo parece ser tudo mais rápido. Mesmo assim, há casais que insistem em conviver, assim como a ALI que se manteve firme em seus objetivos.

As academias de Letras mundo afora são ecléticas, heterogêneas. São compostas de escritores, profissionais liberais, artistas. No Brasil, como o bacharelismo insiste em dar tônica, verifica-se massiçamente a presença de juristas, médicos e jornalistas nesses sodalícios. O importante é que elas são espaços que cultuam as letras, as artes, a cultura. Não por acaso são também adjetivadas como academia de letras, arte e cultura.

É obvio que as academias, por vezes, tornam-se espaços elitistas, entretanto, não podemos acusar de espaços ingratos com a identidade nacional, regional e/ou local. As academias colaboram para a perpetuidade da memória de um povo. É espaço de discussão, diálogo, é lugar de se retroalimentar. E em tempos difíceis são esses recintos que nos conduzem para momentos de sol. Aliviam nossas almas e nos levam à lua quando a Terra parece estar insuportável.

O jornalista Antonio Lopes, quando da sua posse de membro efetivo na ALI, comemorou os 42 anos da Academia e rogou por mais 42 anos, cujo discurso foi publicado no livro Estória de Facão e Chuva (2005). Aproveito para reproduzir trecho, pois, o escritor é um dos maiores cronistas e sintetiza muito bem o espírito do espaço em tela: “Senhoras e senhores, só os vivos sonham, só os vivos reagem. Portanto, nem estão mortos os acadêmicos, nem a vida morreu na Academia de Letras de Ilhéus. Nem morrerá, enquanto houver sonhos e pessoas para sonhá-los, pensamentos e pessoas que pensam, esperança e pessoas que esperam, sempre, sempre e sempre, infatigavelmente… Foi assim nesses primeiros 42 anos e assim será nos próximos 42 anos, por vontade de Deus e por esforço dos homens.” Eu agora, humildemente, peço licença para desejar mais 60 anos. Precisamos acreditar nas instituições e nas pessoas. As instituições e a diversidade institucional enriquecem o mundo. Possibilita uma dialética saudável e colabora para um debate público e sincero.

A Academia tem o termo “Ilhéus” em seu nome, poderia até ter outra nomenclatura, mas preferiram os fundadores fixar no substantivo próprio da Princesa do Sul, mesmo tendo confrades de outras cidades. A ALI não é só uma instituição. Ela reúne várias instituições. É embrião intelectual da região sulbaiana, sem desmerecer o Grêmio Olavo Bilac. Pode causar estranheza quando algumas pessoas não oriundas do sul da Bahia fazem parte do sodalício, certamente, os membros sabem por qual razão justa estes fazem parte e podem ser chamados de confrades.

Estão cônscios também porque as pessoas que não nasceram no chão grapiúna foram convidadas nas primeiras horas para participarem do nascedouro da ALI. É o caso de José Cândido de Carvalho Filho, o único fundador vivo da Academia. Por sinal, possui uma trajetória de imensa envergadura profissional e intelectual, razão pela qual prédios públicos recebem seu nome. Foram as situações também de Jorge Medauar (em 1959 foi vencedor do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro na categoria “Contos/crônicas/novelas”) foi natural de Uruçuca, bem como Soane Nazaré, membro da ALI, que merece um livro título de livro que aborda sobre Nelson Schaun, um dos fundadores da ALI, organizado por Maria Schaun.

O professor Soane Nazaré está para a nossa formação educacional universitária assim como Edgar Santos está para Bahia com a UFBA e Edivaldo Boaventura com a UNEB e a interiorização do ensino superior no estado. Talvez, a mais firme e consistente contribuição da lavoura do cacau esteja reunida no “projeto de modernidade UESC”. Graças ao visionário Soane Nazaré, que também é membro da ALI.

Aliás, Jorge Amado, membro fundador da ALI, um ano antes da fundação da Academia, em Gabriela, Cravo e Canela, sinaliza parte da formação humana da nação grapiúna, evidenciando a presença de pessoas oriundas de outros lugares. A personagem principal da obra é retirante. Nascib sintetiza o estrangeiro. Jorge Amado, o filho de Ilhéus mais ilustre na literatura, dispensa comentários. Temos muito a pesquisar sobre ele, a sua obra e a repercussão desta para o mundo da Língua Portuguesa. Ilhéus deve muito a memória deste escritor. Em visita à Casa de Jorge Amado percebi o quanto pode ser juntado de material para tornar o ambiente ainda mais rico. A Semana de Jorge Amado precisa ser consolidada. Ilhéus é uma Cidade Literária. Precisa descobrir esse potencial. As ruas exalam literatura na Princesinha do Sul, como o fervo ferve em Olinda e a música toca em Salvador.

E ainda falando de gente grande, por qual razão não falar do professor e geógrafo Milton Santos, ganhador do Prêmio Vautrin Lud – o Oscar, o Nobel – da Geografia em 1994. Um incansável pesquisador e crítico do sistema capitalista e da globalização. Foi membro da ALI e professor do IME.

É necessário transcorrer sobre Adonias Filho, que foi residente da ALI no ano do Centenário de emancipação de Ilhéus. Este escritor conseguiu em uma palavra sintetizar o que a nação grapiúna também produzia além do cacau: escritores. Sem dúvida alguma, escritores e dos bons. Registra-se a passagem de Zélia Gattai pela Academia de Letras de Ilhéus, que também foi membro da Academia Brasileira de Letras.

Discorrer sobre a ALI é encontrar Telmo Padilha, um poeta reconhecido no exterior. Lembro-me dos especiais do jornal Agora, informando sobre a presença do poema de Telmo Padilha na ONU. E Hélio Pólvora? Tive o prazer de em vida, quando da fundação do Grêmio do Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães em Ilhéus, participar da concertação que o homenageia com o nome da agremiação. Nosso eterno contista e cronista. É não descansar sem abordar, mesmo de que forma singela, Sosígenes Costa. Nosso escritor premiado em 1960, na segunda edição do Prêmio Jabuti de Literatura, categoria Poesia, com o livro Obra Poética. É Sosígenes Costa que nomeia o campus da UFSB localizado em Porto Seguro.

A morte é termo certo, na linguagem do direito, mas causa-nos surpresa toda vez que alguém parte. Em 08 de março do corrente ano, fomos surpreendidos com a notícia da morte de João Hygino via o Blog Pimenta. Ele foi membro da ALI e persistente acadêmico do sodalício, deixando ociosa a cadeira n.01. Foi autor de Deus e os Deuses (2008) e exaltou Porto Seguro, sua cidade natal, em 1966. O mais significativo é que o corpo físico da pessoa pode desaparecer, mas não submergem as ações, o pensamento e a produção intelectual. O cultivo da imortalidade intelectual é parte contributiva desses silogeus.Leia Mais

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Luciano Veiga

 

 

A resposta talvez esteja em “quem não sabe comunicar, se trumbica”, ou seja, não basta se comunicar é preciso SABER SE COMUNICAR.

 

O velho guerreiro Chacrinha já dizia “quem não se comunica, se trumbica”. No mundo midiático em que vivemos, o nosso querido Guerreiro, se aqui estivesse, talvez acrescentaria ao seu jargão a frase “Quem não sabe comunicar, se trumbica”.

A comunicação no universo político viveu nos últimos tempos forte influência do marketing. Quem não se lembra que as últimas eleições foram marcadas com um modelo, que podemos denominar candidato produto. Os marqueteiros acostumados a trabalhar com produtos, tornando-os conhecidos e desejados pelos consumidores, fizeram o mesmo com os candidatos. Pesquisas qualitativas davam o contorno das propostas, do vestir, do falar, do agir, construindo um slogan “eu faço, eu quero, eu posso”.

No período Donald Trump, a mídia social ganha espaço, que seja pela universalização destes veículos de comunicação, do linguajar do pessoal às redes sociais, criando seguidores e devotos em um sistema que chega a todos, quebrando barreiras. Denominada como comunicação direta, foi também protagonizada no Brasil nas últimas eleições.

O que virou cartão de visita, tem-se transformado no cartão de saída.

No Brasil, dizemos quando o candidato é eleito, o mesmo precisa descer do palanque. Hoje, nos tempos modernos, podemos dizer que o mesmo precisa deixar de twittar e dar espaço à comunicação institucional, afinal, a sua comunicação passa a ser inerente ao cargo que ocupa e à instituição que representa.

As mídias sociais, consideradas pelos críticos como terras de ninguém, têm provocado vítimas entre celebridades, atores, desportistas, políticos e outros, que têm as suas vidas íntimas devassadas, na maioria das vezes quando eles mesmos postam textos e vídeos polêmicos.

Hoje, já se faz uma nova interpretação de preservação de imagem. Vale a pena ter milhares de seguidores ou ter a vida de volta e a instituição preservada? A resposta talvez esteja em “quem não sabe comunicar, se trumbica”, ou seja, não basta se comunicar é preciso SABER SE COMUNICAR.

Daí, como o mundo gira rápido e os valores acompanham estes movimentos, e todo movimento em regra parte de um eixo, logo, o giro volta ao marco inicial. Voltamos então ao que dizia os senhores e senhoras na porta de casa, na calçada ou na janela, valores se constrói a partir de casa e se consolida na sociedade. E cuidar destes valores não tem preço.

Assim como dizia a minha saudosa mãe, cuidado com o que fala, pois as palavras são como pregos, deixam as suas marcas na tábua.

Luciano Veiga é administrador e especialista em Planejamento de Cidades (Uesc) e, Atualmente, secretário executivo da Amurc e do CDS-LS.

*Trumbicar – “Diz-se da ação de copular ou do ato de e prejudicar com algo, “se dar mal”.

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Manuela Berbert || manuelaberbert@yahoo.com.br

 

 

 

“Que audácia é essa, Mangueira?! Quem vocês pensam que são para fazer isso?!”, sugere, em um relato que demonstra a mesma firmeza das mãos desta foto. “Nos nossos calcanhares carregamos dor misturado com sonhos!”

 

Essa imagem me chamou atenção em uma rede social, especialmente pela garra que representa. Esta mulher, que carrega um mundo no olhar, chama-se Evelyn Bastos, Rainha da Bateria da Estação Primeira de Mangueira, tradicional escola de samba do Rio de Janeiro, campeã deste 2019 com o enredo “HISTÓRIA PARA NINAR GENTE GRANDE”. Na contramão das escolas que convidam e convidaram artistas e celebridades para ocupar o posto, inclusive.

A apuração ainda não tinha acontecido no momento em que cheguei ao perfil dela na rede, mas a narrativa que acompanhava esta imagem, no meu entendimento, já tornava Evelyn uma campeã na vida. Conta, com determinação nas palavras, que o enredo atraiu tantas críticas que a mesma teria chegado a achar que era uma espécie de déficit de atenção de muitos, até entender que a verdade é que para muita gente é insuportável ver o preto ser exaltado, guerreiro e herói. O entendimento de uma mulher “presa na miséria da favela”, mas que ainda assim desce a ladeira cheia de amor para fazer muita gente sorrir, como a mesma narra.

“Que audácia é essa, Mangueira?! Quem vocês pensam que são para fazer isso?!”, sugere, em um relato que demonstra a mesma firmeza das mãos desta foto. “Nos nossos calcanhares carregamos dor misturado com sonhos! E hoje, além disso, estamos levando para a avenida a história do país negro, mulato e mestiço que nenhum livro vai poder apagar”, escreveu.

Vi um projeto social chamado SAC, de apoio aos moradores de rua do Centro do Rio de Janeiro, e ao Quadril de Mola, Workshop de Samba que roda o mundo. Não me surpreendi. As mulheres, quando descobrem a capacidade de renascer em vida, não olham para o que lhes falta, mas para o que são capazes de construir. E aí, não há obstáculo que consiga interromper sua trajetória!

Manuela Berbert é publicitária e escreve no blog www.manuelaberbert.com.br

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Marco Wense

É sempre assim. Mourão consertando os erros e as declarações, no mínimo constrangedoras e inconvenientes, do presidente Bolsonaro, como a última envolvendo as Forças Armadas e a democracia.

Se não fosse o vice-presidente da República Antônio Hamilton Mourão, quem seria?

É evidente que a pergunta diz respeito a quem estaria corrigindo os escorregões do presidente Bolsonaro, cada vez mais constantes e no dia a dia.

É que os chamados “jornalões”, mais especificamente do eixo Rio-SP, só procuram o general. É só o presidente falar o que não devia ou cometer algum deslize, um ato incompatível com o cargo que exerce, que a ordem é dada aos repórteres: “Vão atrás do Mourão”.

É sempre assim. Mourão consertando os erros e as declarações, no mínimo constrangedoras e inconvenientes, do presidente Bolsonaro, como a última envolvendo as Forças Armadas e a democracia.

Mourão não fugiu de responder a nenhuma indagação dos meios de comunicação. Ratifico que o general é o ponto de equilíbrio institucional e emocional do governo de plantão.

No entanto, como exceção à regra de opinar e defender o presidente, se esquivou de responder sobre o polêmico vídeo pornográfico e a pergunta de Bolsonaro sobre o que é um “golden shower”.

“O vídeo eu não comento, tá bom?”, respondeu o general ao ser questionado. Para muitos correligionários, o silêncio de Mourão significa que esse desagradável fato foi o mais difícil de explicar, de salvar a pele do presidente.

Essa desenvoltura de Mourão, sua ativa participação, vem causando ciúmes no staff bolsonariano. Olavo de Carvalho, guru e referência filosófica de Bolsonaro, chamou Mourão de “extremista fanático”.

Olavo, que andou dizendo que cigarro não causa câncer de pulmão – com a palavra o médico oncologista e prefeiturável Antônio Mangabeira (PDT) -, declarou que está arrependido em ter apoiado Mourão para vice de Bolsonaro.

Cada vez mais mordaz e crítico com o general, sua última investida foi dizer que o vice “afaga os que odeiam o presidente e ofende os que o amam”. E mais: “que enganou os eleitores com posicionamentos recentes que supostamente vão contra o pensamento de Bolsonaro”.

Pois é. E olhe que ainda não tem cem dias de governo, prazo dado para que o presidente eleito coloque a casa em ordem e aponte o caminho que pretende tomar. Do contrário, nem as freiras do Convento das Carmelitas sabem o que vai acontecer com o país e, consequentemente, com o povo brasileiro, principalmente com os mais pobres.

Morão, por sua vez, ao ser perguntado sobre as críticas do guru filosófico de Bolsonaro, desdenhou, fez sinal de irrelevantes e ainda mandou “beijinho”.

Se os modestos Editorias do Wense fossem intitulados, esse seria “O “beijinho” de Mourão”.

O general Antônio Hamilton Mourão vai terminar como uma espécie de “tábua de salvação” do governo Bolsonaro, principalmente no tocante ao relacionamento com outros países, a imprescindível política diplomática.

Marco Wense é articulista e colunista do Diário Bahia.

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Domingos Leonelli

 

 

Se o marketing político e a propaganda de modo geral já possuíam muito dessa unilateralidade, pois trabalharam com informações sem contraposição no momento em que são veiculadas, o novo webmarketing é ainda mais unilateral.

 

A sociedade moderna já revolucionou a militância política em termos de comunicação digital. Além das discussões políticas pelo Facebook, das mobilizações convocadas pelo zap, proliferaram-se também os sites e blogs políticos de variadas tendências políticas que em grande medida superam jornais, revistas e até canais de rádio e TV. Informações e opiniões são atualizadas por minuto e, quem acompanha pelo celular ou pelo computador os blogs e sites de notícias, praticamente não vê nada de novo nas notícias noturnas de TV e rádio, ou jornais da manhã.

Para o bem ou para o mal, milhões de pessoas são emissores e receptores de informação e opinião políticas.
Assim, é que no terreno instrumental a política já esta inteiramente “up to date”. Mesmo os acertos, as fofocas e os conchavos são, em grande parte, revelados por sites especializados.

E ainda tem as fake news que, de certa forma, são também reveladoras das intenções dos seus emissores.

Velhos axiomas da política, como um que o ex-deputado Jutahy Magalhães Jr, me citou anos atrás, continuam válidos numa sociedade digital: “quando mentem para mim, eu levo a sério e fico agradecido, pois a mentira traz sempre uma informação e revela no que meu interlocutor quer que eu acredite”.

A vitória da ultra-direita nas eleições presidenciais de 2018 que dizimou o centro e a direita tradicional e derrotou o centro-esquerda no segundo turno, além do uso científico e em grande escala da parafernália da internet, largamente manipulada e fortemente financiada (robots, fake news etc.), contou também com um dado absolutamente relevante: o conteúdo.

Bolsonaro revelou-se o personagem certo, no lugar certo, na hora certa para a veiculação de um conteúdo radical e “revolucionário” na forma, contra-revolucionário na essência. Tudo traduzido na linguagem simples, rápida e rasteira dos celulares e notebooks. Mensagem rápidas e fáceis que traduziam os conteúdos mais longos e didáticos das aulas on-line de Olavo de Carvalho e os textos do seus seguidores, como o diplomata Ernesto Araújo (hoje Ministro), da pastora Damares Alves na área de costumes, do “príncipe” Philippe de Orleans e Bragança e até de uma certa contra-cultura de direita de um tipo como Alexandre Frota.

Na área econômica trouxe ao debate as propostas radicais do neo-liberalismo de Paulo Guedes e seus “Chicago boys”. Apropriou-se também da onda anticorrupção provocada pela Lava Jato, concluindo a operação de marketing com o convite a Sérgio Mouro para o Ministério.

E a cobertura desse bolo de conteúdos mais ideológicos foi a mensagem geral de “acabar com tudo que está aí”. Nesse tudo, inclui-se o toma-lá-dá-cá da política tradicional, a corrupção, os acordos políticos, a mídia (parte dela) que ficou contra. E também o desemprego, a “ideologia de gênero”, os direitos trabalhistas excessivos que tornaram “difícil ser patrão neste país”, os direitos dos índios a terras tão grandes, a política externa de apoio a Cuba e Venezuela.

A verdade é que desde a redemocratização não se assiste a uma campanha eleitoral tão rica de propostas e conceitos, tão claramente expostas. Tudo, é verdade, apresentado unilateralmente sem debates nem uso dos canais abertos de TV e rádio, já que Bolsonaro possuía apenas 8 segundos de tempo de TV.

Se o marketing político e a propaganda de modo geral já possuíam muito dessa unilateralidade, pois trabalharam com informações sem contraposição no momento em que são veiculadas, o novo webmarketing é ainda mais unilateral. E tem a vantagem de serem mensagens dirigidas a públicos escolhidos por sua maior receptividade e capazes, portanto, de reproduzirem os conteúdos indefinidamente.

A campanha de Bolsonaro, baseada na de Obama e Trump, dirigiu-se a um público previamente conhecido, uma minoria de direita, basicamente de classe média, potencializando e transformando a insatisfação em ódio. O ódio contra a “esquerda corrupta”. Ódio contra a defesa dos “direitos humanos de bandidos que geram a violência das ruas”, ódio contra homossexuais e professores que querem “ensinar nossas crianças a serem gays”.

Se isso ocorreu com a classe média de direita, o povão que na sua maioria aderiu, foi fisgado pela insatisfação com o desemprego e a violência urbana.

Mas o que eu quero resumindo o que já se sabe sobre a campanha de Bolsonaro? Demonstrar o quão importante é o conteúdo ideológico apresentado de forma simples, direta e antenada com as principais insatisfações populares.

E enquanto a esquerda fala de democracia, elites (sem dizer quais) desenvolvimento, reparação social, conciliação de capital e trabalho e o empoderamento feminino, a direita foi direto ao ponto com os inimigos implacavelmente definidos e, muitas vezes, personificados em Lula e Dilma.

E também a luta ideológica, contra o comunismo dissoluto, o socialismo da Venezuela, o esquerdismo dos direitos humanos dos bandidos.

Esqueceram Eduardo Cunha e concentraram em Lula, preso por corrupção. Desprezaram o eleitorado do centro e de esquerda e concentraram-se em juntar o ódio pré-existente da classe média à insatisfação popular com três fatores básicos: o desemprego, a violência e a corrupção. Deixaram a agenda dos costumes com os evangélicos e seu imenso potencial de militância.

Ganharam as eleições e agora estão no Governo. Conquistaram o governo nas urnas e estão tratando de consolidar a conquista do Poder com alianças com o DEM dos banqueiros e das telecomunicações, o PP das empreiteiras, o PR dos negócios novos, com a parte do PSDB da burguesia paulista, e com a parte do PMDB fisiológico. E, é claro, articulações com o judiciário de Curitiba ao STF. Essa recomposição com a direita tradicional já obteve duas grandes vitórias: as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com dois quadros jovens do DEM. Com os governadores dos maiores estados da federação completa-se a obra de reaglutinação da direita e parte do centro com a ultra-direita.

A aliança com o DEM e parte do PSDB (João Dória, especialmente) vai possibilitar ao núcleo duro neoliberal radicalizar ainda mais seu programa econômico anti-nacional, rentista e restritivo aos direitos dos trabalhadores.
Enquanto isso a forte presença militar no governo de Bolsonaro ainda é uma certa incógnita. Pode ser um “poder moderador”, porque ao menos os generais têm curso de Estado Maior, noções constitucionais e, presume-se, um resíduo nacionalista.

Nessa área as notícias são contraditórias: Mourão se colocando como bastião do bom senso, contra a intervenção na Venezuela e se posicionando contra o decreto liberando a posse de armas assinado por Bolsonaro e Sérgio Moro. Mas em compensação este mesmo Mourão assinou decreto que mudou a regra de transparência sobre decretos oficiais. E o general Augusto Heleno manda espionar a Igreja Católica.

Como se sabe o governo de Bolsonaro é um arquipélago de grupos familiares, militares, economistas neo-liberais e de costumes. Mas rapidamente pode se reorganizar, juntando a extrema-direita, a direita tradicional e parte do centro fisiológico.

E a oposição?

E a esquerda?

Haverá uma oposição democrática agregando parte da direita tradicional, o centro e a esquerda? Esse parece ser o desejo da maioria das direções dos partidos de esquerda e de centro-esquerda. A formação de uma frente ampla em defesa da democracia. Pode ser que dê certo.

Interesso-me mais, no entanto, nos limites deste texto, a tratar da posição das esquerdas.

Além de cumprir o seu papel fazendo uma oposição aguerrida e, principalmente, inteligente, sabendo se utilizar das contradições no seio do governo, não temendo fortalecer os segmentos menos entreguistas e menos fascistas, valendo-se das modernas tecnologias, políticas e sociais de manejo de dados, a esquerda precisará também de novos métodos e novos conteúdos econômicos, culturais e sociais. Confira a íntegra do artigo clicando no “leia mais”, ao lado.Leia Mais

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Mariana Benedito || mari.benedito@outlook.com

 

Sri Prem Baba, um mestre espiritual brasileiro, tem uma frase que diz que o perdão é uma flor que nasce de sementes de compreensão. É a gente procurar identificar as nossas próprias contradições, se mover na direção de ultrapassar os obstáculos da mágoa e do ressentimento, deixando esses pesos desnecessários para trás e plantar sementes.

 

O perdão tem um significado interessante no dicionário: ação através da qual uma pessoa está dispensada do cumprimento de um dever ou de uma obrigação por quem competia exigi-lo. Aí eu fico cá me perguntando e levo para você essa pergunta, amado leitor; no frigir dos ovos, a carga emocional é maior em quem exige que o outro faça algo de acordo com as suas expectativas ou em quem é dispensado de realizar uma ação que não lhe competia? Ou seja, trocando em miúdos, a densidade que a falta de perdão provoca é maior em quem alimenta o ressentimento ou em quem a gente joga a culpa pelos infortúnios da vida? É que nem aquele ditado: tomar veneno esperando que o outro morra.

Mas aí, meu caro, a gente entra em três vertentes quando fala em perdão: perdoar alguém – dispensar essa pessoa de cumprir algo que a gente acha que ela deveria cumprir; pedir perdão quando temos consciência que magoamos, entristecemos ou machucamos alguém e o autoperdão.

Como tudo nessa vida, a gente só dá ao outro o que tem cultivado e semeado dentro da gente. Quantas vezes a gente se culpa, se pune, se condena por ter agido de determinada forma, por ter caído em determinada situação que já era para ter aprendido a desviar, por ter dito palavras duras em algum momento de ira. Eu, sinceramente, acredito que o fato de a gente ter a percepção que escorregou na casca de banana já é um progresso! A gente ter o discernimento para identificar quando exagera no tom, nas palavras, na reação, na atitude já demonstra que nós estamos atentos. O autoperdão perpassa pelo entendimento de que fazemos o melhor com as ferramentas que temos, mas ainda estamos em aperfeiçoamento – e estaremos por toda a vida. Quando a gente se perdoa, a gente compreende, se liberta e se compromete em fazer melhor da próxima vez.

Você já experimentou pedir perdão? Quando a gente entende que cometeu alguma coisa que prejudicou o outro, magoou, machucou, feriu, entristeceu e se arrepende disso, de forma sincera e verdadeira, essa é a porta para que nós deixemos de lado a culpa e nos libertemos de carregar esse pacote tão pesado. Todo mundo na face desse planetão já machucou alguém, talvez a gente não admita isso com tanta facilidade por medo, vergonha de imaginar que a gente pode ser canal de coisas não tão legais, também; mas a grande chave disso tudo é perceber que errou, se arrepender, abrir o coração pro outro e pedir perdão. Faça a experiência, comece o movimento. Se abra para ele.

E perdoar alguém? Isso requer maturidade de nossa parte. Porque o perdão não é algo racional, consciente, forçado. Não é com a mente que a gente perdoa. E isso vai além do entendimento, é quando a gente aceita que todo mundo erra, todo mundo comete falhas e, das duas, uma: ou aquele que te machucou fez tentando acertar, mas não foi condizente com as suas expectativas – e aí a coisa tem mais a ver com você do que com o outro – ou aquele que te ofendeu também está passando por dores, mágoas e a única maneira que possui é colocar toda essa dor para fora ferindo outras pessoas – aí entramos na área da compaixão.

Percebe? Sri Prem Baba, um mestre espiritual brasileiro, tem uma frase que diz que o perdão é uma flor que nasce de sementes de compreensão. É a gente procurar identificar as nossas próprias contradições, se mover na direção de ultrapassar os obstáculos da mágoa e do ressentimento, deixando esses pesos desnecessários para trás e plantar sementes.

Elas florescerão!

Mariana Benedito é psicanalista em formação, MBA Executivo em Negócios, pós-graduada em Administração Mercadológica e consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria.

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Luciano Veiga

 

Defender o municipalismo é defender a República Federativa do Brasil, no seu conceito e essência, fortalecer os municípios é dá força aos pés que segura o corpo de uma nação, que necessita e exige ficar de pé, e andar, correr e ser “ordem e progresso”.

 

A Federação Brasileira possui um extrato de importância às avessas. É composta pela União de 26 Estados Federados, 5.570 municípios e Distrito Federal. Este recorte federativo, pelo princípio da engenharia, teria nos seus pilares, a base de sustentação, os municípios, raízes da sociedade, dos acontecimentos e realizações. São, portanto, o celeiro político, administrativo e ambiente inspirador ao legislador e ao judiciário.

O município é a célula viva de uma sociedade, entretanto são colocados a margem, como entes enfraquecidos e dependentes.

O conceito de municipalismo que consiste em uma ideologia política, objetiva oferecer maior autonomia aos municípios, atendendo especialmente à organização e prerrogativas das cidades, por meio de uma descentralização da administração pública, tem na sua luta um brilho de reconhecimento e necessidade. Necessidade de deixar mais leve a gestão pública, dando a quem faz os instrumentos, as ferramentas e os recursos necessários para que possamos desenvolver como nação.

A Constituição de 88 traz os municípios como entes federados independentes, político, administrativo e financeiro, sendo inclusive a única constituição mundial em posicionar este ente com tal independência.

A dura realidade dos municípios brasileiros mostra uma outra face onde a maioria destes sofrem de inanição financeira, tornando o seu corpo frágil, muitas das vezes debilitado, tornando presa fácil a uma estrutura política, que prefere tratar de uma alimentação com base de pires na mão, em doses homeopáticas do que torná-los vigorosos e pujantes.

Com tantas frentes parlamentares esculpindo o Planalto Central, em especial nas casas do Senado e a Câmara dos Deputados Federais, não há a uma Frente Municipalista, capaz de defender as demandas e necessidades dos municípios. Entretanto vários congressistas batem no peito e se dizem municipalistas, mas quando estão legislando, em regra, voltam contra os municípios, aprovando despesas e obrigações diversas, sem ao menos apontar as receitas ou capacidade deste ente em atender tal pleito.

Dia 23 de fevereiro, onde se comemora o Dia do Municipalismo, podemos infelizmente afirmar que não temos conquistas a comemorar, mas muitas obrigações. Os municípios carregam os fardos do Estado e da União. Somos o primo pobre e distante, lembrados de quatro e em quatro anos, que, como magia, fazem ressurgir a bandeira do municipalismo, o seu discurso, a sua proposta. Fechadas as urnas, tudo volta a era do antes em um país que não perdeu a sua cultura monárquica, onde os municípios produzem e o rei se veste.

Defender o municipalismo é defender a República Federativa do Brasil, no seu conceito e essência, fortalecer os municípios é dá força aos pés que segura o corpo de uma nação, que necessita e exige ficar de pé, e andar, correr e ser “ordem e progresso”.

Luciano Veiga é administrador e especialista em Planejamento de Cidades (Uesc).