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Marco Wense

 

 

Para Mourão, a liberdade provisória de Lula para seu último adeus ao ente querido é uma “questão humanitária”.

 

Mais uma vez Hamilton Mourão pensa diferente do presidente Jair Bolsonaro, o que demonstra sua firmeza de personalidade, que não é vice decorativo e nem adorno palaciano.

O caso agora diz respeito ao velório de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do ex-presidente Lula, falecido na terça, 29.

O general Mourão, que vem surpreendendo positivamente o bolsonarismo, com suas posições firmes e sensatas diante dos problemas inerentes a qualquer início de governo, defende a presença do petista-mor no ato fúnebre.

“Perder um irmão é sempre uma coisa triste. Eu já perdi o meu e sei como é”, diz o vice. Para Mourão, a liberdade provisória de Lula para seu último adeus ao ente querido é uma “questão humanitária”.

A Justiça já decidiu que o ex-mandatário não irá ao velório do irmão e nem no enterro. Alegou que não há como evitar um possível tumulto popular, uma manifestação incontrolável.

A juíza da Vara de Execuções Penais de Curitiba, Carolina Lebbos, rejeitou o pedido dos advogados de Lula, acolhendo os argumentos do Ministério Público Federal e ofício da Polícia Federal.

Ao negar o habeas corpus impetrado pela defesa de Lula, Leandro Paulsen, desembargador de plantão do Tribunal Regional Federal (TRF-4), lembrou da prisão do ex-presidente em São Bernardo do Campo, quando os petistas adiaram a entrega de Lula à polícia.

“Por iniciativa do próprio preso e dos seus apoiadores, esses atos acabaram por oferecer risco à segurança pública e ao regular andamento das atividades da Justiça, sendo absolutamente preocupantes e dispendiosos”, finalizou Paulsen.

O exagero ficou por conta de que poderia haver uma fuga do ex-presidente, em uma cena cinematográfica, digna de um bom filme de ação, suspense e aventura.

A reação da cúpula do Partido dos Trabalhadores foi tímida. A presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, que costuma bradar forte, com exagerados e teatrais esperneios, não fez nenhum pronunciamento ao “modo Hoffmann”.

Espera-se a presença de Gleisi no velório e no enterro de Vavá, representando o PT, já que algum filho de Lula deve assumir o lugar do pai nesse ato de despedida.

Marco Wense é articulista e colunista do Diário Bahia.

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Marco Wense

 

É bom lembrar que na última vez que falou sobre a sucessão de 2020, no programa de Roberto de Souza, Rádio Nacional, Josias não descartou a possibilidade de sair candidato a prefeito de Itabuna. Transferiria seu domicílio eleitoral de Ilhéus para a irmã e vizinha cidade.

 

Um, dois, três… De quinze pré-candidatos, somente cinco ou seis vão até o fim disputando a sucessão de Fernando Gomes, prefeito de Itabuna por cinco vezes.

Dificilmente teremos outro político para superar essa marca de ter governado Itabuna em cinco oportunidades, sendo sempre derrotado quando tentava o segundo mandato consecutivo.

Com efeito, nenhum alcaide conseguiu quebrar o tabu de permanecer no cargo pelo instituto da reeleição. O eleitorado itabunense não gosta de reeleger o chefe do Executivo.

O substituto de Fernando, que será conhecido em outubro de 2020, vai sair do grupo do governador Rui Costa ou de Mangabeira, sem dúvida o nome da oposição com mais chances de derrotar o candidato do governismo, seja municipal ou estadual.

O candidato do governador será também o de Fernando Gomes e vice-versa. Não teremos dois postulantes ao Centro Administrativo Firmino Alves dessa aliança. A tendência é pela escolha de um petista.

Nos bastidores, principalmente do Palácio de Ondina, o que se comenta é que Josias Gomes, ex-secretário de Relações Institucionais, seria o nome indicado pela cúpula do PT com o aval de Rui Costa e o ok de Fernando Gomes.

É bom lembrar que na última vez que falou sobre a sucessão de 2020, no programa de Roberto de Souza, Rádio Nacional, Josias não descartou a possibilidade de sair candidato a prefeito de Itabuna. Transferiria seu domicílio eleitoral de Ilhéus para a irmã e vizinha cidade.

Do outro lado, o grupo de Mangabeira com Augusto Castro e todos que querem uma mudança na política de Itabuna, um ponto final no fernandismo, que não pode ser subestimado, continua enraizado e respirando sem ajuda de aparelhos.

Se a eleição fosse hoje, o prefeito de Itabuna seria o médico Antônio Mangabeira, do Partido Democrático Trabalhista (PDT).

O que chama atenção na sucessão de 2020, é a pretensão de se candidatar dos ex-prefeitos Geraldo Simões, Claudevane Leite e Capitão Azevedo. Os dois primeiros ligados ao PT. O militar a ACM Neto, gestor soteropolitano, presidente nacional do DEM e candidatíssimo ao governo da Bahia no pleito de 2022.

No mais, esperar o desenrolar dos acontecimentos para um comentário mais firme, consistente e com pouca especulação.

Vale ressaltar que especular, dentro de uma certa lógica e racionalidade, é inerente ao jornalismo político. Do contrário, a análise ficaria condicionada ao surgimento do fato, que poderia acontecer até mesmo na véspera do dia da eleição. Portanto, a projeção do que pode vim pela frente é perfeitamente aceitável.

Lá na frente teremos o fernandismo e o petismo de mãos dadas para fazer o sucessor de Fernando Gomes, ilustre integrante do Movimento dos Sem Partido, o MSP.

Marco Wense é articulista e colunista do Diário Bahia.

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Sócrates Santana || soulsocrates@gmail.com

 

 

Vale frisar que os EUA, no caso da carne de frango halal exportada para a Arábia Saudita, também concorrem com Brasil e a Austrália. Mas quem resolveu contrariar os árabes? Não foi o presidente australiano, mas Jair Messias Bolsonaro, supostamente em nome de uma promessa de transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém.

 

“A democracia no Brasil sempre foi um lamentável mal-entendido”, diria o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, que utilizo – mais uma vez – para ilustrar a política de comércio exterior adotada pelo presidente Jair Bolsonaro e o ministro Ernesto Araújo. Digo, mais uma vez, porque, escrevi na semana passada o artigo “Os muros de Bolsonaro” e fui questionado sobre o uso do termo o “homem cordial” cunhado por Sérgio Buarque, autor do célebre livro “Raízes do Brasil”.

Alguns amigos teceram comentários pertinentes sobre a minha abordagem. Em particular, críticas contra uma maneira equivocada de enxergar o brasileiro como um povo dócil e amável. No lado oposto, recebi críticas de outros amigos por acusar o atual governo de descortês, bem como, um governo contaminado por ideologias sem propósito. Em ambos os casos, assumo a responsabilidade de quem – talvez – não se fez claro o suficiente.

É preciso, contudo, que o leitor compreenda a importância de interpretar sem escolher necessariamente um lado. Não é uma redação do Enem, nem uma filiação partidária. Escrevo para provocar a reflexão e, neste caso, quero demonstrar como o governo de Jair Bolsonaro revela na natureza de suas decisões, particularmente, relacionadas ao comércio exterior, uma ausência de um tradicional componente da formação do povo brasileiro para a tomada dessas decisões, a cordialidade.

Pra começar, gostaria de argumentar contra quem não enxerga nas decisões do presidente Jair Bolsonaro um viés ideológico forte. No texto anterior, relatei telegrama enviado pelo Ministério de Comércio Exterior à ONU, despactuando a participação do Brasil no Pacto Global para a Migração. Também relatei o estremecimento das relações entre Brasil e China, maior parceiro comercial do Brasil. E, por fim, acrescento agora a suspensão recente da importação de carne de frango brasileira por parte da Arábia Saudita, que representa uma demanda para os frigoríficos brasileiros de duas milhões de toneladas ou 50% de toda a carne de frango exportado pelo Brasil por ano para 57 países islâmicos, sendo 22 países árabes. A cortina de fumaça é a transferência da Embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. Mas, só que não…

É uma decisão de quem resolveu apostar todas as fichas no segundo maior importador do Brasil, os EUA. Só que preciso reforçar algo que talvez não tenha ficado claro no artigo anterior. Os EUA não anunciaram o aumento de sua participação em nenhum dos principais itens de exportação do nosso país e – pior ainda – ainda concorrem diretamente com a indústria brasileira.

Pela primeira vez, desde 2003, os EUA passaram a vender carne bovina para o Brasil. E, enquanto Jair Bolsonaro brigava com a China, o presidente Donald Trump selava a paz com a liderança chinesa Xi Jinping, que ainda firmou o compromisso de comprar produtos agrícolas (entre eles, a carne e o frango) e industriais dos EUA com o objetivo de “minimizar o desequilíbrio comercial entre os dois países”. E o Brasil? Como fica?

Vale frisar que os EUA, no caso da carne de frango halal exportada para a Arábia Saudita, também concorrem com Brasil e a Austrália. Mas quem resolveu contrariar os árabes? Não foi o presidente australiano, mas Jair Messias Bolsonaro, supostamente em nome de uma promessa de transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém. Mas, não é só isso. E tem relação com o homem cordial, a religião muçulmana e o Pacto Global para a Imigração.

Segundo o diretor-executivo da certificadora de alimentos árabe, Ali Saifi, o Brasil criou laços fortes com as comunidades islâmicas nas últimas décadas e hoje é um dos países mais abertos e respeitosos às nossas tradições e costumes. E por quê respeitar as tradições e costumes é tão importante para uma relação comercial?

Para que estes países possam consumir a carne produzida no Brasil, os frigoríficos precisam seguir alguns rituais descritos no alcorão, livro sagrado do Islã. O animal deve ser abatido por muçulmanos praticantes e a sangria precisa ser feita com o peito do frango virado para Meca. Ou seja: mais imigrantes ou mais muçulmanos. E isso requer um país cordial, sujeito a aproximação com outras culturas, mas, especialmente, capaz de dosar as diferenças entre o público e o privado, encontrando na convergência de interesses particulares de cada povo o caminho para o bem comum. Mais cordialidade, mais emprego.

Em cifras, estima-se que a economia da carne de frango halal global atingiu a marca de US$ 6,4 trilhões em 2018, o dobro dos US$ 3,2 trilhões contabilizados em 2012, conforme dados levantados pela Autoridade de Padrões e Metrologia dos Emirados Árabes ((Esma). E antes de Jair Bolsonaro, as empresas brasileiras abasteciam simplesmente 40% de toda a carne de frango halal consumida na Arabia Saudita. Doeu? Imagina no bolso dos frigoríficos de Santa Catarina?! Imaginou? Só que o volume de prejuízo para o Estado de Santa catarina ainda é incalculável, porque as empresas não repassaram os números previstos de exportação. Ao todo, somente em Santa Catarina, 19 indústrias perderam a certificação e outras já foram desativadas.

O fato é que um dos lemas da campanha de Jair Bolsonaro foi “menos Brasília, mais Brasil”. Viria bem a calhar, neste momento, saírem de cena e assumirem o papel de um governo ausente – pelo menos – nas relações comerciais brasileiras. Se não pode ajudar, como diz o ditado popular, não atrapalha.

Sócrates Santana é jornalista e gestor de inovação da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia.

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Marco Wense

 

O presidente sabe que a sustentação do governo, aí também incluindo a tal da governabilidade, depende mais do apoio do segmento militar do que do Congresso Nacional.

 

A maior preocupação com o governo Bolsonaro, eleito democraticamente, não é dos aliados políticos, do seu partido (PSL) e do campo da direita. O segmento militar é o mais apreensivo, especificamente os generais.

Se o bolsonarismo fracassar, leva junto o militarismo, já que a opinião de que o governo é conduzido por esse segmento institucional é unânime. O insucesso da era Bolsonaro pode colocar em dúvida a capacidade dos militares.

É bom lembrar que Jair Messias Bolsonaro é um capitão do exército, o que faz seu governo ficar cada vez mais distante do civilismo, destoando assim dos últimos presidentes eleitos.

A vontade do presidente Bolsonaro era ser mais incisivo na defesa do seu filho Flávio Bolsonaro, eleito senador pelo Estado do Rio de Janeiro. A pressão dos militares fez o mandatário-mor da República recuar.

“Se por acaso ele errou e isso for provado, lamento como pai, mas ele terá de pagar o preço por esses atos que não podemos aceitar”, disse o chefe do Executivo em Davos (Suíça), no Fórum Econômico Mundial.

O caso Coaf e outros envolvendo o filho, terminaram prejudicando o desempenho do presidente no encontro internacional. O prêmio Nobel de Economia, Robert Shiller, foi mordaz ao ser questionado sobre a fala de Bolsonaro: “O Brasil é um grande país. Merece alguém melhor”.

Os senhores generais temem que o discurso de que “lugar de militar é no quartel” volte com toda força nos partidos de esquerda, mais especificamente no PT e PCdoB, ferrenhos defensores do regime ditatorial venezuelano e adeptos do quanto pior, melhor.

O presidente sabe que a sustentação do governo, aí também incluindo a tal da governabilidade, depende mais do apoio do segmento militar do que do Congresso Nacional.

PS – O que chama mais atenção no Caso Coaf, envolvendo o filho do presidente, cuja renúncia do mandato já é defendida no staff militar, é o silêncio do ministro da Justiça e ex-juiz Sérgio Moro, sem dúvida o membro do governo que mais entende de lei, principalmente quando ela é transgredida.

Marco Wense é articulista político e colunista do Diário Bahia.

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Saulo Carneiro

 

 

 

Resta ao governador, à secretária de Cultura e à responsável pelos espaços culturais esclarecerem à população o motivo do fechamento e precarização do Centro de Cultura Adonias Filho.

 

2019 não parece que será um ano fácil. Logo no começo do ano, descobri que o Centro de Cultura Adonias Filho, aparelho cultural que atende todo o território identitário do Litoral Sul, composto por vinte e sete municípios, não abriu sua pauta e permanece com a sala principal fechada desde 2017.

Mas qual é a relevância disso? O Centro de Cultura Adonias Filho, funciona (ou deveria funcionar) há exatos trinta e três anos, e abriga espetáculos das mais diversas áreas artísticas, oficinais, workshops, palestras, e diversas manifestações artísticas, culturais e esportivas.

Para mim, falar do CCAF, é falar sobre uma relação afetiva, pois, foi nesse espaço que assisti a primeira peça de teatro da minha vida, aos oito anos de idade no colo de minha mãe, foi também ali, que assisti diversos espetáculos, e saí chorando e sorrindo. Desde então, mantenho um vínculo afetivo, que também se tornou profissional com o Centro.

Conheço todos cantos do CCAF, da coxia até as passarelas suspensas da sala principal, e sei, o quanto o espaço está abandonado, e vem sofrendo com uma precarização, que cada vez mais parece ser proposital, tendo até as cortinas da sala principal sido furtadas.

Não é mera coincidência nossa cidade figurar nos índices de violência, como uma das primeiras colocadas. Sendo considera a mais violenta para jovens em 2009, em pesquisa do Ministério da Justiça.

A cultura de Itabuna sofre e sangra, com a Polícia e o Ministério Público invadindo a sede da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania, e tendo seus espaços culturais fechados. Uma frase que circula nas redes sociais, cada vez mais faz sentido em nossa cidade, “Em lugar onde não há atividades culturais, a violência vira espetáculo”.

Como diria Ramon Vane, padecemos nós, pobres e sem cultura, agora ainda mais padecidos, sem o principal espaço cultural da cidade.

Resta ao governador, à secretária de Cultura e à responsável pelos espaços culturais esclarecerem à população o motivo do fechamento e precarização do Centro de Cultura Adonias Filho.

Saulo Carneiro é estudante de interdisciplinar em humanidades da UFSB e membro do Conselho Municipal de Cultura

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Manuela Berbert || manuelaberbert@yahoo.com.br

Na contramão disso tudo, vale ressaltar, o índice de violência doméstica só cresce. Basta uma olhadinha nos veículos de comunicação para encontrarmos manchetes sobre crimes passionais, por exemplo.

Tenho visto e acompanhado, cada vez mais, o excelente desempenho de diversas mulheres pelo mundo. Observo algumas se encontrando, profissionalmente falando, e muitas se reencontrando. Quase todas tomando as rédeas do próprio destino pelas mãos, independente da idade, classe social e financeira.

Só ontem li que a autobiografia de Michelle Obama, Becoming – a Minha História não para de bater recordes em vendas. Recorde esse que, invariavelmente, já era de uma mulher, E.L.James, autora da trilogia Cinquenta Sombras de Grey. As revelações da antiga primeira-dama norte-americana trazem de problemas comuns na gravidez à terapia de um casal em crise, diminuindo cada vez mais a suposta distância entre as damas das altas sociedades e as mulheres de vida simples.

Enquanto isso, também foi divulgado na última segunda-feira, e voltado para o universo mais jovem, a seguinte manchete: dentre os candidatos que tiraram nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2018), as mulheres foram a grande maioria. Os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) trazem mais uma realidade: o alto poder de entendimento delas sobre a vida em si, já que as questões das provas têm trazido as relações humanas e seus problemas cotidianos à tona, sempre.

Na contramão disso tudo, vale ressaltar, o índice de violência doméstica só cresce. Basta uma olhadinha nos veículos de comunicação para encontrarmos manchetes sobre crimes passionais, por exemplo. É inegável, também, que portas para as grandes oportunidades de emprego foram, enfim, abertas para as mesmas. No entanto, ainda constata-se que muitas chegam a cargos importantes de liderança, correspondem às suas qualificações, mas são mal remuneradas. Diante de um cenário diário tão dúbio e conflitante, me questiono: ainda não estamos prontos para a força da mulher?

Manuela Berbert é publicitária e escreve no blog www.manuelaberbert.com.br

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Sócrates Santana

 

 

A falta de cordialidade do presidente empossado Jair Bolsonaro e o seu empenho de realizar uma cruzada ideológica contra os vermelhos incluiu no seu alvo o maior destino da exportação brasileira, a China. O resultado: o presidente da Câmara de Indústria e Comércio Brasil-China, Charles Tang, confirmou que seu país colocou o Brasil em stand by.

 

A mais enraizada e consensual tradição da família brasileira está sendo violentada pelo novo governo: a cordialidade. Ao menos, desta maneira conceituou um dos mais importantes pensadores da formação do povo brasileiro, o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda. Segundo o autor da célebre obra Raízes do Brasil, a cordialidade revela a vontade da família brasileira aproximar o que é distante do nível do afeto. O “homem cordial” é, portanto, um artifício, encrustado em nossa formação enquanto povo. É por isso que Sérgio Buarque disse, também, que: “a contribuição brasileira para a civilização será o homem cordial”. Uma promessa conjugada verbalmente no tempo do futuro do presente do indicativo.

A emissão de um telegrama à ONU do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pôs em risco o prelúdio do pensador brasileiro com o fim da participação brasileira no Pacto Global para a Migração. Uma decisão, ideologicamente contaminada, tomada pelo presidente recém empossado, Jair Bolsonaro, que colocou 3.083.255 brasileiros que vivem no exterior a mercê de um benefício internacional, não sendo o país mais “signatário do pacto global para migração segura, ordenada e regular”.

O fato é que o Brasil não tem um problema sério de migração. Ou seja: estrangeiros que moram no Brasil são poucos proporcionalmente aos brasileiros que vivem no exterior. Temos uma parcela muito pequena da nossa população composta por migrantes, são cerca de 0,4% de migrantes chegando no Brasil, e temos muito mais brasileiros vivendo no exterior do que estrangeiros vivendo no nosso país. Então, a saída do pacto prejudica mais os brasileiros do que a permanência no pacto.

Obviamente, a decisão não é uma atrapalhada do presidente Jair Bolsonaro. É um risco mal calculado por quem não governa para todos, mas apenas para os 57.796.986 de brasileiros que votaram nele. Eu vou explicar o meu argumento e mostrar como o cálculo do Palácio do Planalto é baseado no resultado das urnas. O presidente Jair Bolsonaro sabe que o número de brasileiros no exterior não representa necessariamente a totalidade dos brasileiros residentes nos 120 países dos 193 membros da ONU que assinaram o Pacto Global para Migração, mas, simplesmente, menos da metade.

Coincidência ou não, o maior número de brasileiros no exterior reside nos EUA. Um total de 48%. Os brasileiros de Miami garantiram uma vitória esmagadora de Bolsonaro no exterior. Esses dados mostram como as decisões do presidente Jair Bolsonaro são tendenciosas e ideologicamente contaminadas pelo mapa eleitoral. A decisão, portanto, não é fruto de uma atrapalhada e uma decisão sem fundamento. É uma decisão de quem resolveu apostar todas as fichas no segundo maior importador do Brasil. Este, talvez, seja outro risco mal calculado pelo presidente Jari Bolsonaro.

Hoje, os EUA correspondem a apenas 16% das exportações brasileiras, enquanto os chineses, por exemplo, correspondem a mais de 30%. Todos os indícios da política internacional do governo empossado apontam para uma busca desenfreada e de alinhamento com o Tio Sam. Mas, todos os números da economia brasileira mostram como o governo americano busca ocupar espaços e concorrer com os produtos de exportação do Brasil, que sofrem ainda mais com a redução do dólar.

Enquanto isso, o presidente norte-americano, Donald Trump, celebra o crescimento das exportações de carne dos EUA para o Brasil que, desde 2003, não vendia para o país sulamericano. Aliás, o Brasil pode se preparar para uma concorrência maior dos Estados Unidos no setor de carnes em 2019. A produção e exportação deverão ser recordes em alguns dos setores de proteína deste país, concorrente direto do Brasil. Uma das apostas dos americanos é exatamente a China, com quem selou recentemente uma trégua na guerra comercial. Mas, só que não…

A falta de cordialidade do presidente empossado Jair Bolsonaro e o seu empenho de realizar uma cruzada ideológica contra os vermelhos incluiu no seu alvo o maior destino da exportação brasileira, a China. O resultado: o presidente da Câmara de Indústria e Comércio Brasil-China, Charles Tang, confirmou que seu país colocou o Brasil em stand by. Tradução: bye, bye US$ 19 bilhões em soja vendidas para a China. Ou pior: zài jiàn 80% de toda a soja produzida por fazendeiros brasileiros comprada pelos chineses.

“A verdadeira força moral da Casa de Rio Branco” está em pânico com tamanhos disparates e mostrou em manifestação pública a sua preocupação sobre o futuro sem cordialidade do Itamaraty brasileiro. O presidente Jair Bolsonaro e o chanceler Ernesto Araújo precisam da razão esclarecedora do homem cordial, segundo Sérgio Buarque, inspirado em caminhos sem muros, mas, cheios de fronteiras para aproximar quem precisa “viver nos outros” e não suporta o peso da individualidade.

Para alguns, estabelecer fronteiras significa apenas divisão e construção de muros para separar pais e filhos, a exemplo de Donald Trump em relação aos imigrantes mexicanos. Para outros, erguer fronteiras significa garantir a unidade de pontos diversos, a exemplo da Grande Muralha da China, que gerou emprego e, principalmente, uniu sete reinos em um país. Para os brasileiros, as fronteiras são possibilidades de amarrarmos a nossa soberania com os laços do coração, aproximando a civilidade do diálogo permanente com o outro, dando uma chance para todos recomeçarem, imigrantes ou não, brasileiros ou não, eleitores de Bolsonaro ou não.

Sócrates Santana é jornalista e brasileiro. Atualmente, atua como mentor de startups e gestor de inovação para o Governo da Bahia.

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Manuela Berbert || manuelaberbert@yahoo.com.br

 

 

 

E eu fico daqui, passando o olho e – vez ou outra – até torcendo que algo realmente bom saia daquilo tudo, mas confesso que aprendi a sorrir mais e a levar tudo menos a sério.

 

Só cresce o número de grupos no Whatsapp com pessoas bem intencionadas em resolver os problemas da minha cidade, Itabuna. De todas as áreas possíveis, incluindo políticos em exercício, as discussões são intermináveis: “vamos construir uma agenda”, “precisamos nos unir” etc… E eu fico daqui, passando o olho e – vez ou outra – até torcendo que algo realmente bom saia daquilo tudo, mas confesso que aprendi a sorrir mais e a levar tudo menos a sério.

Acompanhei uma discussão interessante sobre a reconstrução de praças, após a publicação da imagem de um empresário local fazendo uma doação de sacos de cimento. “E pode?”, alguém questionou, abrindo precedente para os ânimos mais exaltados fuçarem matérias sobre cidades onde as praças são adotadas por empresas particulares – e aquele blá-blá-blá todo que a velocidade da internet permite. Não opinei, mas lembrei de uma situação que aconteceu recentemente, envolvendo uma cidadã comum, moradora do Banco Raso, bairro localizado no fundo da Prefeitura Municipal de Tabocas Ville, a terra onde tudo pode acontecer a qualquer momento.

Segundo informações, a senhora de meia-idade utiliza, diariamente, a área física da prefeitura como passagem para a Avenida Princesa Isabel. Ela sai da sua residência, trafega pelos corredores do prédio administrativo e chega ao seu destino, evitando a volta pelo prédio. Acontece que, observando que a porta que proporcionava sua comodidade estava trancada por dias, a mesma teria procurado um representante da Guarda Municipal. Ele, por sua vez, teria explicado que a fechadura estava com defeito, coisa que a senhora se prontificou a resolver.

Segundo um familiar, ela teria chamado um chaveiro, trocado o entrave e entregado a cópia das chaves. Nessas, claro, fora repreendida pelo responsável da manutenção. Alguns xingamentos depois, eis que a mesma teria ido parar na Delegacia Especializada de Apoio à Mulher. “Mas a senhora não pode fazer isso!”, teria dito a delegada. “Pegue a Constituição Federal e me mostre onde isso está escrito! Porque até onde eu sei, nela consta que eu não posso depredar um bem público. Zelar por ele, eu posso sim!”

O tempo urge, a sapucaí é grande e Itabuna, minha terrinha natal, se alguém inventar de cobrir, vira circo!

Manuela Berbert é publicitária e escritora.

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Jaciara Santos
 
 

Reitero a expressão: “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo.”

 
 
A esperança mais uma vez toma conta de nossas mentes e corações. As pessoas se cumprimentam com votos de um ano de grandes realizações. Mas afinal, o que são realizações? O que é sucesso?
Definições de alguns estudiosos sobre sucesso:
– Êxito, triunfo, vitória, sensação de glória; de sorte; felicidade;
– Significa ter êxito em alguma coisa;
– Ter um resultado feliz em algo;
– Conseguir chegar ao fim de uma empreitada.
Se avaliarmos friamente algumas pessoas de “sucesso”, percebemos que apesar de tantas realizações materiais, êxito, triunfo, são pessoas sedentas de amor e esperança.
O sucesso está nas pequenas coisas da vida. Num abraço sincero e num sorriso verdadeiro.
Sucesso é viver cada dia com a intensidade de maneira que façamos, falemos e perdoemos a quem nos ofendeu ou a quem ofendemos.
Por vezes, ficamos magoados por coisas tão pífias, que não fazem nenhum sentido à proporção que damos a elas.
Não tenha vergonha de perdoar ou de pedir perdão, de reconhecer que errou.
A vida é muito curta para que a vivamos com intrigas e desamor.
Relatarei três características relevantes para nos tornarmos pessoas de sucesso:
– As pessoas de sucesso são apaixonadas pelo que fazem independente do que a sociedade julga como profissão de sucesso;
– As pessoas de sucesso possuem foco e determinação e não tem vergonha de recomeçar;
– As pessoas de sucesso são pessoas alegres (por dentro e por fora), além de serem empáticas.
Que tenhamos neste novo ano a oportunidade de recomeçar e tentar acertar. Avaliar o que deu certo e em quais pontos precisamos melhorar.
Será fácil? Com certeza, não! Mas a evolução consiste no simples fato de se propor fazer a diferença.
Findo com a sugestão de buscar sermos pessoas melhores, mais humildes e humanas. Olhar o outro, fazer algo pelo outro, enxergar os que estão à nossa volta.
Reitero a expressão: “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo.”
Que 2019 seja um ano de oportunidades novas.
Jaciara Santos é Master Coach

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Rosivaldo Pinheiro

Precisamos mentalizar que o relógio do tempo não para, que a nova contagem dos dias do próxima ano é apenas simbólica, resultado da capacidade humana de criar cenários e caminhos para tornar menos estafante a caminhada na oxigenação da nossa existência.

Estamos encerrando mais um ano. 2018 foi um ano em que vimos escancarada a face do ódio, do conservadorismo, das liberdades avassaladoras e do impacto das redes sociais. Percebemos o impacto do mundo virtual sobre o mundo real. 2018 será um ano de ensinamentos, um ano régua, para aferição do processo de organização sociopolítica do nosso país.
Esperamos que tenha sido um ano de rupturas com as falsas verdades, de desconstrução das falsas moralidades. Foi um ano difícil, mas de necessária razão de existir para o fortalecimento da nossa ainda jovem democracia. Que tenhamos capacidade de tirar desses acontecimentos lições para superação das diferenças e nos fortalecer na formação de um projeto de nação. Que possamos olhar a história, nossos fossos pessoais, respeitar as diferenças e avançar na construção dos saberes, dando vasão a um ambiente forjado no bom debate, superando a ignorância conveniente e entendendo que uma sociedade democrática nascerá a partir da educação do seu povo, na convivência sadia entre os diferentes, em todos os níveis da livre manifestação.
2019 bate à porta. É logo ali, na esquina do tempo. Uma nova oportunidade para nos melhorarmos e que exige de nós uma autoavaliação, assumindo responsabilidades e direitos, sem avançar no terreno alheio. Precisamos romper com as nossas convicções e, de certa forma, superar as nossas hipocrisias – aquelas que conhecemos ao conversar com o espelho -, aprendendo que ninguém muda o outro, sem, antes, mudar a si.
Precisamos mentalizar que o relógio do tempo não para, que a nova contagem dos dias do próxima ano é apenas simbólica, resultado da capacidade humana de criar cenários e caminhos para tornar menos estafante a caminhada na oxigenação da nossa existência. Um novo ano só acontecerá se no interior de cada um de nós brotar um ano novo. Precisaremos, então, fixar metas, cumprir palavra, policiar-nos nas certezas e separar as “massas das maçãs”. Assumir novas atitudes. Precisamos ser indivíduos melhores em cada amanhecer, gerando, diuturnamente, um planeta melhor a partir das nossas casas. Feliz 2019!
Rosivaldo Pinheiro é economista com especialização em Planejamento de Cidades.

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Marco Wense

Não acredito no surgimento de outro nome como protagonista de uma terceira via, capaz de atrapalhar essa disputa entre ACM Neto versus Otto Alencar, um ex-seguidor do carlismo.

Salvo algum acidente de percurso, a candidatura de ACM Neto, presidente nacional do Partido do Democratas (DEM), ao comando do Palácio de Ondina, na sucessão de 2022, é irreversível.
Não tem como o alcaide soteropolitano fugir da disputa, como fez na eleição de 2018, deixando o oposicionismo a ver navios, desorientado e macambúzio.
O candidato da oposição foi José Ronaldo, ex-prefeito de Feira de Santana, o que terminou levando o governador Rui Costa a conquistar o segundo mandato com uma vitória acachapante.
Seria imperdoável um recuo de Neto na disputa pelo governo da Bahia daqui a quatro anos. Politicamente, um suicídio. Uma tomada de posição que significaria o fim da carreira política.
Nenhuma dúvida: o demista ACM Neto é candidatíssimo. Passa a ser a única opção com viabilidade eleitoral para evitar que o PT faça o sucessor de Rui Costa.
Para os netistas, dois pontos são favoráveis ao líder da oposição: 1) a fadiga do eleitorado com o PT, completando 16 anos de governo com o segundo mandato de Rui Costa. 2) o apoio, dado como favas contadas, do presidente eleito Jair Bolsonaro.
Sobre o natural cansaço do eleitor, é bom dizer que o próprio governador, em conversas reservadas, já admite que o candidato da situação não pode ser do PT. Opinião compartilhada pelo senador eleito Jaques Wagner.
Vale lembrar que tanto Rui como Wagner, já demonstraram, na sucessão presidencial, que o PT precisa apoiar nomes de outras legendas, amenizando o unânime comentário de que o Partido dos Trabalhadores adora ser apoiado e detesta apoiar.
Rui Costa e Jaques Wagner fizeram de tudo para que Ciro Gomes, do PDT do saudoso Leonel Brizola, fosse o candidato da frente de esquerda em uma aliança com o PSB e o PCdoB. Deu no que deu: Fernando Haddad, o “poste” de Lula, foi derrotado por Bolsonaro.
Em relação ao ponto 2, ACM Neto, ao nomear Alberto Pimentel para a secretaria do Trabalho e Esportes, marido de Dayane Pimentel, eleita deputada federal pela Bahia, procura um canal de comunicação com o governo Bolsonaro.
Dayane, que obteve 136 mil votos, usando a bandeira do combate à corrupção, é presidente estadual do PSL, representante-mor de Bolsonaro na boa terra e do mesmo partido do militar que virou a maior autoridade do Poder Executivo.
Como o PT tende a não ter candidatura própria, ACM Neto terá o senador Otto Alencar, do PSD de Gilberto Kassab, como provável adversário mais difícil de ser encarado.
Não acredito no surgimento de outro nome como protagonista de uma terceira via, capaz de atrapalhar essa disputa entre ACM Neto versus Otto Alencar, um ex-seguidor do carlismo.
Marco Wense é articulista político.

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Marco Wense
 
 

Reformas, sim. Elas são importantes, quer no campo da economia, administrativo e político. Mas não fazendo com que os menos privilegiados paguem a conta pela irresponsabilidade de irresponsáveis governantes.

 
 
Medidas impopulares, nunca anunciadas durante uma campanha presidencial, deverão ser tomadas pelo governo Bolsonaro.
Qualquer reforma que se faça, principalmente a que mexe no bolso do cidadão-eleitor-contribuinte, é sempre contestada e serve de “alimento” para os políticos de oposição.
Se outro presidente fosse eleito, a análise seria a mesma, sem nenhuma alteração de conteúdo, trocando apenas os personagens. O protagonismo da oposição ficaria com os políticos bolsonarianos.
O que não pode, independente de fulano, sicrano ou beltrano como presidente da República, são as necessárias reformas assentadas no colo do povão de Deus. E aí me refiro também aos que estão enquadrados na classe média.
Ora, não se pode admitir qualquer medida que venha apertar ainda mais a corda no pescoço de quem já está em situação de desespero e totalmente desesperançoso, na base do “só Deus salva”, “só Ele na causa”.
Essa advertência não é só para o chefe do Poder Executivo, diz respeito também ao Legislativo, nas suas duas Casas – Câmara dos Deputados e Senado – e ao Judiciário.
Os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por exemplo, no ano de 2018, votaram mais a favor das empresas de plano de saúde do que dos usuários, deixando muita gente sem saber o que fazer.
O STJ é quem julga as ações contra planos de saúde. Segundo o Anuário da Justiça da Saúde Suplementar, o tribunal, até setembro deste ano, prestes a findar, teria julgado 9.292 processos. Em 2017, foram 10.012.
Reformas, sim. Elas são importantes, quer no campo da economia, administrativo e político. Mas não fazendo com que os menos privilegiados paguem a conta pela irresponsabilidade de irresponsáveis governantes.
Ora, ora, até as freiras do Convento das Carmelitas sabem quais os segmentos da sociedade que devem fazer “sacrifícios”. Um deles, sem dúvida o mais endinheirado, é representado pelos senhores banqueiros, que dão pouco e recebem muito.
Que as reformas sejam bem vindas, principalmente a Previdenciária e a Política. Na minha modesta opinião, as mais imprescindíveis e urgentes.
Marco Wense é articulista político.

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Marco Wense
 

Nos bastidores, o que se comenta é que o ex-governador e senador eleito Jaques Wagner pode levar Geraldo para Brasília, se o companheiro ficar de fora do Governo Rui Costa neste segundo mandato.

Toda vez que a reforma administrativa do governador Rui Costa emerge nas conversas entre petistas, o nome de Geraldo Simões é logo lembrado.
Prefeito de Itabuna por duas vezes, 1993-1996 e 2001-2004, também conhecido como “Minha Pedinha”, Geraldo divide a cúpula estadual do Partido dos Trabalhadores.
Tem os que defendem sua indicação para um cargo de primeiro escalão e os que torcem para Simões continuar a ver navios. Os mais religiosos fazem até promessas ao Senhor do Bonfim e colocam fitinhas no pulso.
Geraldo se mostra tranquilo.
Compreende que o chefe do Executivo não tem muita simpatia por ele. Até as freiras do convento das Carmelitas sabem da frieza de Rui com o ex-alcaide. Deve ter seus motivos, nunca revelados de público, mas sempre comentados em conversas reservadas.
A situação de Geraldo, quando comparada com a de priscas eras, como diria o saudoso, inquieto e polêmico jornalista Eduardo Anunciação, hoje em um lugar chamado Eternidade, é infinitamente melhor.
Teve um período em que Geraldo era uma espécie de “patinho feio” para Everaldo Anunciação, presidente estadual do PT, e Josias Gomes, então secretário de Relações Institucionais de Rui Costa. O apoio de Geraldo à reeleição de Josias para o Parlamento federal amenizou o pega-pega do passado.
Nos bastidores, o que se comenta é que o ex-governador e senador eleito Jaques Wagner pode levar Geraldo para Brasília, se o companheiro ficar de fora do Governo Rui Costa neste segundo mandato.
Geraldo Simões, que tem o controle do diretório do PT de Itabuna há muito tempo, é adorado por muitos e também odiado na mesma proporção.
O maior obstáculo no caminho de GS é sua performance nas últimas eleições que disputou, com resultados muito abaixo do esperado, provocando uma derrota atrás da outra.
Uma pergunta, no entanto, é oportuna e pertinente: Geraldo Simões estaria mesmo interessado em ocupar um cargo no Governo do Estado?
No mais, esperar o que vai acontecer com a reforma de Rui Costa, que terminou oxigenando o discurso oposicionista de que o morador mais ilustre do Palácio de Ondina cometeu “estelionato eleitoral” ao passar para o eleitor que a situação financeira do governo estava sob controle, que tudo corria conforme o figurino da boa e exemplar administração da coisa pública.
PS – Geraldo Simões, um dos fundadores do PT de Itabuna, é portador de uma invejável coerência na sua vida pública. O exemplo bem tupiniquim desse seu nexo político, se deu com a inusitada aliança entre Rui Costa e Fernando Gomes, atual gestor de Itabuna e considerado, por muito tempo, o maior inimigo do PT no sul da Bahia, daqueles que não perdiam a oportunidade de esculhambar com o partido e os petistas. Geraldo, quando questionado sobre o enlace político entre Rui e Fernando, foi hilariante: “casamento de cobra com jacaré”. A dúvida, até hoje não esclarecida, ficou por conta de quem seria a cobra e o jacaré.

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Cláudio Rodrigues
 

Mas o que Alejandro e os 18 milhões de meninos e meninas desse Brasil desejam é não serem privados de direitos básicos como moradia digna, educação, informação, água, saneamento e proteção contra o trabalho infantil.

 
“O futuro de seu filho começa aqui!”. O outdoor com a chamada de uma escola para o início de matrículas para o próximo ano letivo é uma ironia para Alejandro, de 6 anos, e outras 13 crianças que há duas semanas montaram abrigo na Avenida Contorno, em Feira de Santana, tendo como base para a instalação de suas tendas, a placa de publicidade que vende a educação como futuro.

Alejandro e a placa de outdoor em Feira || Foto Reginaldo Tracajá Pereira

Futuro esse que Alejandro e as demais crianças que ali “habitam” sabem que é incerto. O espaço é dividido por oito famílias que saíram do interior da Paraíba, fugindo da fome e falta de emprego. As famílias ali instaladas ilustram os gráficos da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo a qual 50 milhões de brasileiros – 25 por cento da população – vivem abaixo da linha de pobreza, com renda familiar de US$ 5,5 por dia, sendo que 43 por cento desse contingente está na região Nordeste.
No País em que seis em cada dez crianças vivem na pobreza, conforme estudo inédito do Fundo das nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado no último dia de novembro 14, a futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, pastora Damares Alves, em mais uma declaração ideológica sobre gênero, afirmou que vai tratar meninas como princesas e meninos como príncipes. Mas o que Alejandro e os 18 milhões de meninos e meninas desse Brasil desejam é não serem privados de direitos básicos como moradia digna, educação, informação, água, saneamento e proteção contra o trabalho infantil.
Na semana em que se comemora os 70 anos da proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), o que a família de Alejandro e tantas outras na mesma situação desejam é que o Brasil faça valer seu o Artigo 25:

I) Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si mesmo e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez ou casos de perda de meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.

II) A maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.

A pastora e futura ministra – que durante uma pregação em um culto evangélico disse ter visto Jesus Cristo quando estava em cima de uma goiabeira e impediu que o mesmo subisse na árvore para não se machucar – talvez consiga, num milagre ou passe de mágica, tratar meninos como príncipes e meninas como princesas. Porém, se ela fizer valer o Artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os milhões de Alejandros desse país já se darão por satisfeitos.
Cláudio Rodrigues é consultor de empresas.

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Marcolino Reis
Momento histórico na politica ilheense. Na tarde dessa quarta feira (12), aconteceu o inesperado na eleição para a presidência da Câmara de Vereadores de Ilhéus.
A vitória do vereador Paulo Carqueija (PSD), dada como certa, não ocorreu como esperado.

Carqueija, Marão e o novo presidente a partir de 2 de janeiro, César Porto

No apagar das luzes, numa articulação do ex-presidente da Câmara Jailson Nascimento, em conjunto com outros vereadores e com uma grande articulação política, os mesmos compuseram uma nova chapa, encabeçada pelo vereador César Porto (PDT) conseguindo uma vitória com placar de 11 contra oito.
Desta forma, a reviravolta ocorrida poderá mudar o cenário politico municipal.
Parabéns à nova mesa diretora eleita para o biênio 2019-2020 composta por Cesar Porto (PDT), Luis Carlos Escuta (PP), Fabricio Nascimento (PSB) e Juarez Barbosa(MDB)!
Marcolino Reis é comunicador.