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Raimundo Santana | jrsantana13@gmail.com
 

O Sintesi requereu ao Ministério Público Estadual que promova uma mediação com o Município de Itabuna e a direção do CEMEPI, com vistas a tentar encontrar uma saída negociada em que os mais afetados não sejam os usuários do SUS, sobretudo os mais carentes.

 
Há uma guerra de versões sobre o fechamento do CEMEPI. A direção da unidade hospitalar alega que os recursos pagos pelo Município de Itabuna são insuficientes para manter a instituição, que funciona com 100% SUS com portas abertas, com pronto-socorro funcionando 24 horas. Afirma que só está em funcionamento, ainda, por causa do repasse mensal de um subsídio de R$ 100.000,00 que as duas gestões municipais anteriores faziam – e levantou o repasse ideal para abrir uma negociação, que já se arrasta, faz bom tempo, sem encaminhamento concreto.
Por sua vez, o secretário de Saúde, Isaac Nery, alega que já paga além do faturado pelo hospital e a direção da unidade hospitalar foi inflexível e precipitada no processo, não deixando margem para negociação que viabilize a manutenção do funcionamento do hospital. O secretário prometeu buscar uma alternativa com outro prestador que propicie a manutenção dos leitos que eram utilizados pelo CEMEPI. O hospital fazia cerca de 470 consultas/mês e cerca de 100 internamentos/mês.
Na verdade, o que está em jogo é a manutenção ou não de uma importante parcela do atendimento pediátrico em Itabuna e região com o fechamento de uma unidade hospitalar com 50 anos de serviços prestados, que emprega diretamente 46 funcionários.
Quando se fala em buscar alternativa de internamento para absorver essa demanda, não é tão simples assim. A Maternidade Ester Gomes encontra-se à beira da falência, com cerca de 7 meses de salários atrasados deixados pela gestão anterior e cerca de 3 meses de salários atrasados da atual gestão, problema com pagamento de folha médica, etc.
Já o hospital Manoel Novaes tem um papel importante no atendimento de pediatria, atendendo SUS e convênios de Itabuna e região, com uma considerável sobrecarga. A UPA chegou a ser um alento no atendimento de pediatria em nossa cidade, contudo o Município renegociou o contrato com o instituto que administra a unidade alterando de R$ 900 mil para R$ 500 mil o contrato e reduzindo os serviços. Porém, já no pagamento da primeira fatura, quitou-se apenas R$ 350 mil. Como ato final, os médicos pediram demissão coletiva.
O financiamento da SUS deveria ser tripartite (União, Estado e Município). Todavia, o gestor municipal não leva esse fato em consideração. Essa inobservância está transformando Itabuna e demais cidades da região em cemitérios de hospitais.
A partir dessa realidade, o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Itabuna (Sintesi) requereu ao Ministério Público Estadual que promova uma mediação com o Município de Itabuna e a direção do CEMEPI, com vistas a tentar encontrar uma saída negociada em que os mais afetados não sejam os usuários do SUS, sobretudo os mais carentes.
Raimundo Santana é dirigente do Sintesi.

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Marco Wense
 

É evidente que Wagner não criaria nenhum obstáculo para essa iniciativa de aproximá-lo do chefe do Executivo. Pragmático como é, não vai contrariar a máxima de que todo apoio é bem-vindo.

 
Só falta um nome para o prefeito de Itabuna, Fernando Gomes, sem partido depois que deixou o DEM, fechar sua chapa nas eleições de 2018.
Para o governo da Bahia, o alcaide vai votar na reeleição de Rui Costa (PT). Deputado federal e estadual, respectivamente Jonga Bacelar e Sérgio Gomes. Para o senado da República, em Ângelo Coronel.
O candidato de FG à presidência da República é Jair Bolsonaro, do PSL, que é também do vice-prefeito Fernando Vita e da maioria do secretariado do Centro Administrativo Firmino Alves.
O sólido antipetismo da campanha bolsonariana e a defesa do porte de armas são os pontos que são mais elogiados no staff fernandista.
Aliás, o próprio Fernando Gomes não cansa de dizer que seu único compromisso é com o governador Rui Costa, que quer distância do PT.
Seria uma inominável ingratidão se o prefeito tivesse outro comportamento com o governador, que o apoiou na última sucessão municipal, tanto no campo político como no jurídico.
Como são duas vagas para senador, fica faltando um voto do alcaide. A única certeza é que FG já descartou Jaques Wagner. As apostas giram em torno do Irmão Lázaro e Jutahy Júnior.
O único pedido que Fernando faz, de maneira mais incisiva, principalmente entre os que ocupam cargos de confiança, é em relação ao filho Sérgio Gomes, postulante a uma vaga na Assembleia Legislativa.
A cobrança de FG está sendo ignorada por alguns secretários simpatizantes da candidatura de Rafael Moreira, hoje neopetista e muito próximo de Josias Gomes, ex-secretário estadual de Relações Institucionais.
Nos bastidores, longe dos holofotes e do povão de Deus, a informação é de uma articulação para aproximar o prefeito do ex-governador Jaques Wagner.
É evidente que Wagner não criaria nenhum obstáculo para essa iniciativa de aproximá-lo do chefe do Executivo. Pragmático como é, não vai contrariar a máxima de que todo apoio é bem-vindo.
Não se sabe a opinião de FG sobre a tentativa de fazer as pazes com o responsável direto pela eleição de Rui Costa ao Palácio de Ondina.
Somente o governador Rui Costa pode ter sucesso nessa difícil missão, dizem os correligionários mais próximos do prefeito.
Marco Wense é articulista e editor d´O Busílis.

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Walmir Rosário | wallaw2008@outlook.com
 

Ao invés de eleições caríssimas, poderíamos eleger alguns bares da cidade e, através do debate democrático exercido pelos frequentadores, apreciar (democraticamente) e aprovar as questões mais prementes da sociedade.

 
Nada melhor do que jogar conversa fora num botequim. Quem conhece a filosofia dos frequentadores dessas extensões do trabalho e de casa sabe que não existe nada melhor do que uma boa discussão para voltar pra casa aliviado das tensões após um dia de trabalho estafante. Até hoje não sei por que cargas d’água os médicos (principalmente os cardiologistas) não prescrevem para os estressados candidatos a pontes de safena uma passadinha diária num dos muitos botequins da cidade.
Botequim que se preza deve oferecer aos clientes boas e variadas bebidas, cerveja gelada e tira-gostos de se comer “rezando”. Taí uma receita que não falha e depende apenas de acrescer uma boa dose de atendimento exemplar, que o sucesso está assegurado. Com todos esses ingredientes, bons clientes chegarão aos borbotões, e como o homem é um ser gregário, aí é só ir fazendo a seleção natural.
Eu mesmo conheço vários em diversas cidades, aos quais faço questão de frequentar sempre que retorno, pois vejo os amigos, fico a par das notícias passadas e ainda posso fazer previsões para o futuro. Em Ilhéus, até hoje “choro” o desaparecimento do Sancho Pança, reduto de vários “tribos”, que se reuniam em vários ambientes.
Mas como Secundino decidiu mudar de ramo, mudaram-se também os clientes para a não menos gostosa Barrakitica, que resiste bravamente até hoje, reunindo artistas e intelectuais das mais diversas expressões, boêmios de todos os naipes, executivos e até quem não gosta de nada disso e só quer beber em paz. Aos poucos, esses importantes redutos vão caindo, enquanto outros, como os botecos do Beco do Fuxico, em Itabuna, a exemplo do ABC da Noite, Whiskitório, e o Ithyel (hoje, o Artigos para Beber, de Eduardo), vão ficando como os últimos bastiões da democracia.
Democracia, sim, porque não há outro local onde o contraditório, a discordância de idéias sejam tão respeitados como numa mesa de bar. E vai além, nesses locais, o debate vai muito além das quatro cadeiras (de uma mesa) e chega até às mesas vizinhas sem a menor cerimônia. Esporte, vida alheia e política são as mais preferidas, esta última capaz de exaltar os ânimos dos mais comedidos (a depender de quantas doses já tenham tomado), e tudo fica esclarecido.
Que maior exemplo de democracia poderia ser apresentado ao leitor do que a mesa de bar, onde os pares se reúnem sem pauta prévia nem obrigação de presença e dentro dos mais altos padrões de civilidade? No caso do bar, ainda levam muita vantagem em relação a muitas câmaras municipais, já que não complicam a vida dos munícipes nem gastam o dinheiro do contribuinte. Sem contar que debatem assuntos da comunidade.
Com isso não quero aqui execrar o trabalho dos ilustres edis, cada vez mais repudiados pelos nossos eleitores, principalmente por não costumar honrar, durante o mandato, os compromissos assumidos na campanha. Os altos subsídios (salários) percebidos para fazer pouco (ou, em alguns casos, nada) também são motivos de baixa reputação dos nossos eleitos junto à plebe ignara.
Nada mais nos resta do que, com todo o respeito, reivindicar junto aos nossos deputados federais, senadores e ao presidente da República, a convocação de uma Constituinte, para que possamos modificar o papel dos parlamentares municipais. Ao invés de eleições caríssimas, poderíamos eleger alguns bares da cidade e, através do debate democrático exercido pelos frequentadores, apreciar (democraticamente) e aprovar as questões mais prementes da sociedade.
Uma ideia de vanguarda como essa poderia fazer com que os políticos passassem a agir de acordo com a vontade das bases, atuando em sistema de rodízio, de acordo com a proximidade da questão. Assim, o povo do São Caetano não estaria interferindo nas questões da Califórnia e vice-versa. Porém, a maior contribuição seria a conscientização sobre a necessidade do exercício da democracia, sem pressões, como exercem hoje nossos prefeitos.
Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e editor do www.ciadanoticia.com.br.

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Allah Góes | allah.goes@gmail.com
 
 

Se Ubaldo pudesse ter tido mais uma oportunidade de governar
Itabuna, teríamos uma cidade mais humana e melhor planejada. Faltou-lhe habilidade política, pois administrativa tinha de sobra.

 
 
Uma das primeiras eleições em que tive uma participação mais ativa, e isso com 17 anos, foi a eleição municipal de 1992, uma das mais acirradas e surpreendentes disputas da história política de Itabuna. Muitos pensavam que seria o retorno triunfal do grande gestor Ubaldo Dantas ao cargo de prefeito, mas não foi bem isso que aconteceu. Faltou “combinar com o eleitor”.
Ubaldo Porto Dantas havia governado Itabuna de 1983 a 1988, eleito por uma das sub-legendas do PMDB. Além de ter feito uma gestão proba, reunindo um dos melhores “times” de Secretários Municipais que essa terra já viu, conseguiu mudar a cara da cidade, “abrindo ruas”, criando o Sítio do Menor Trabalhador. Enfim, fazendo gestão e planejando a cidade para ser, de fato, a Capital do Cacau.
Por causa daquilo que fez em seu governo, Ubaldo se apresentava em 1992 como “o candidato a ser batido”. O prefeito de Itabuna era o atual prefeito Fernando Gomes que, por não existir a possibilidade de reeleição, havia escolhido como o seu candidato à sucessão o também ex-prefeito José Oduque Teixeira, de quem havia sido secretário de Administração.
Todos pensavam que a disputa daquele ano se daria entre esses dois personagens. Ledo engano. Correndo por fora, com pouco tempo de televisão – que até hoje é fundamental para se vencer uma eleição, também disputava a peleja o jovem técnico agrícola da Ceplac e, naquela época deputado estadual, Geraldo Simões de Oliveira. Como todos sabem, acabou sendo eleito prefeito.
Ubaldo achava que o conjunto de suas ações, durante o período em que foi prefeito, aliado ao desgaste que naquele momento vivia o prefeito Fernando Gomes, lhe garantiria uma vitória fácil, tanto que impôs como seu vice naquela disputa o seu homem de confiança, Moacir Lima, que, politicamente, nada acrescentava à chapa. A escolha e o tom imperial da decisão levaram a diversas defecções em seu grupo político.
Lembro-me de uma reunião tensa, logo após a convenção, onde fui levado pelo jornalista José Adervan. E pude ver um Nérope Martinelli, que era uma das principais lideranças do grupou ubaldista, transtornado devido à infeliz decisão acerca da escolha do vice, anunciar que estaria “deixando o Grupo”.
Conheci Martinelli quando militávamos no movimento estudantil secundarista e, naquele momento, pude testemunhar a força que o mesmo tinha, não apenas junto ao empresariado local, mas também com os desportistas e estudantes, agregando muito mais que o vice imposto por Ubaldo.
Na época em que iniciamos a reorganização da UESI (União dos Estudantes Secundaristas de Itabuna), juntamente com Adilson José, Josivaldo Gonçalves, Fabio Lima e outros, Martinelli nos ajudou bastante, chegando a incentivar a pré-candidatura de Emanoel Coelho, presidente do Grêmio do CIOMF, a Vereador, candidatura essa que não vingou por conta de sua saída do grupo ubaldista.
E assim, Ubaldo Dantas, contando apenas com seu estafe mais próximo, iniciou a campanha daquele ano em que de inicio até chegou a polarizar com Oduque, dando a entender que seria eleito, mas, por causa do acirramento da campanha televisiva, em que se utilizou de ataques pessoais, de lado a lado, acabou fazendo com que seu eleitor fosse migrando para a candidatura da “zebra” Geraldo Simões, que ali já contava com o significativo apoio de João Xavier e de Martinelli.
O resto, tudo mundo já sabe: Ubaldo e Itabuna perderam. Nada contra Geraldo Simões, o vencedor daquela eleição, e que no final fez uma boa gestão. Mas acredito que, se Ubaldo pudesse ter tido mais uma oportunidade de governar
Itabuna, por conta daquilo que se viu em sua gestão, teríamos uma cidade mais humana e melhor planejada. Faltou-lhe habilidade política, pois administrativa tinha de sobra.
Allah Góes é advogado municipalista, consultor de prefeituras e câmaras de vereadores.

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Marco Wense
 

Bolsonaro não perdeu votos em quem já ia votar nele. Falou o que seu eleitorado queria ouvir. Mas, com certeza, não ganhou nada.

 
O presidenciável Jair Bolsonaro foi o entrevistado de ontem (30) no programa Roda Viva, da TV Cultura. Não acrescentou nenhuma novidade. Tudo dentro do esperado.
Procurou agradar os militares, dizendo que não houve golpe militar em 64, foi contra as cotas, chamou os integrantes do MST de terroristas, voltou a defender o voto impresso, enfim, passou o tempo todo preocupado em não decepcionar o seu eleitorado, que tem um perfil conservador e egocêntrico.
Para paparicar a chamada Bancada Ruralista no Congresso Nacional, Bolsonaro disse que o trabalhador rural tem que ter um tratamento diferenciado do que trabalha na área urbana: “Acho que no campo a CLT tinha que ser diferente. O homem do campo não pode parar no carnaval, sábado, domingo e feriado. A planta vai estragar, ele tem que colher. E fica oneroso demais o homem do campo observar essas folgas nessas datas como existe na área urbana”.
Bolsonaro, do PSL, se defendeu da acusação de ser machista, homofóbico e racista. Ao propor que todo brasileiro ande armado, foi lembrado que teve que entregar sua arma quando foi assaltado.
Mas, o mais hilariante da entrevista ficou por conta do “Posto Ipiranga”. Ao ser questionado sobre sua sinceridade de admitir que não sabe nada de economia, o presidenciável lembrou do Posto Ipiranga.
Bolsonaro não perdeu votos em quem já ia votar nele. Falou o que seu eleitorado queria ouvir. Mas, com certeza, não ganhou nada. Muito pelo contrário, quem pensava em votar nele, vai recuar.
Marco Wense é articulista e editor d´O Busílis.

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Marco Wense
 

O deputado federal Bebeto (PSB) já declarou que sua indicação para a suplência de Jaques Wagner, candidato a senador já considerado eleito, não apaga a ingratidão do PT com Lídice.

 
É grande a expectativa do PDT e do PT com a reunião da executiva nacional do PSB programada para amanhã, segunda-feira (30).
Os socialistas vão decidir qual a posição da legenda na sucessão presidencial, se formaliza uma aliança com o PDT, PT ou se toma o caminho da neutralidade, liberando os diretórios estaduais para decidirem de acordo com suas conveniências políticas locais.
O PSB do Rio de Janeiro saiu na frente. Por unanimidade, o voto é para uma aliança com o PDT, que tem Ciro Gomes como pré-candidato ao Palácio do Planalto.
Ainda sem tomar uma posição oficial, mas já tornada pública a preferência, temos o PSB de Brasília, com o PDT, e o de Pernambuco, com o PT.
O apoio do PSB é importante, não só devido ao partido, suas lideranças e ao tempo no horário eleitoral. A decisão da legenda puxa o PCdoB, deixando o PT isolado com seu plano B, seja com Jaques Wagner ou Fernando Haddad.
E o PSB da Bahia? Essa é a pergunta que mais se ouve nos batidores, não só no staff petista como no socialista. O fato do PT ter deixado a senadora Lídice da Mata fora da chapa encabeçada pelo governador Rui Costa (reeleição) vai influenciar na decisão do partido?
É bom lembrar que Lídice é a presidente estadual do PSB e, salvo engano, vice-presidente nacional. A parlamentar foi defenestrada sem dó e piedade.
O deputado federal Bebeto (PSB) já declarou que sua indicação para a suplência de Jaques Wagner, candidato a senador já considerado eleito, não apaga a ingratidão do PT com Lídice. Como o segundo mandato de Rui é dado como favas contadas, Wagner assumiria uma secretaria e Bebeto o seu lugar no Senado da República.
Com efeito, fizeram a mesma coisa com o também deputado Davidson Magalhães, dirigente-mor do PCdoB da Bahia. O comunista é suplente de Ângelo Coronel (PSD), cujo partido apoia o presidenciável tucano Geraldo Alckmin.
Lídice não demonstra sua decepção de público, mas desabafou seus sentimentos com Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, cuja inclinação por Ciro Gomes é notória.
Segunda é o dia, se a decisão não for transferida para 5 de agosto, prazo limite para decidir o rumo dos partidos na eleição que vai indicar o substituto do presidente mais impopular da história da República: o emedebista Michel Temer.
Marco Wense é articulista político.

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Eric Junior
 
 

O mutirão, que nasceu da necessidade de aproximar a instituição da população, além de atuar de forma preventiva na saúde, segue mantendo a sua proposta inicial, colaborativa e integradora.

 
Reeleito Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, maior instituição do interior do Norte e Nordeste do país, posso escrever, hoje, que exerço a minha função não somente por amor à medicina, mas por uma saúde melhor para a minha cidade. Para isto, claro, os desafios foram e são muitos, mas menores que a minha vontade e a vontade de quem está fazendo tudo acontecer junto comigo, principalmente no projeto Santa Casa Nos Bairros, um mutirão de saúde, mensal, realizado em comunidades carentes do nosso município.
Médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, fisioterapeutas, assistentes sociais e profissionais dos mais diversos setores administrativos doam seu tempo e a sua dedicação, todos os meses, em uma manhã de sábado. Todos voluntários, vale lembrar. Chegamos ao volume de mais de 400 atendimentos médicos (com especialidades como cardiologia, pediatria, ginecologia, geriatria etc) por mutirão, e mais de mil pessoas, aproximadamente, circulando na Feira de Saúde e tendo acesso a testes de glicemia, aferição de pressão e orientações das mais diversas especialidades.
São números expressivos que fazem a diferença e modificam o dia a dia na saúde da população carente de Itabuna, e modificando o dia a dia de todos os envolvidos, nos tornando mais próximos e engajados na certeza de estarmos fazendo a nossa parte por um mundo melhor.
O mutirão, que nasceu da necessidade de aproximar a instituição da população, além de atuar de forma preventiva na saúde, segue mantendo a sua proposta inicial, colaborativa e integradora. Aproveito o aniversário de Itabuna para agradecer a todos que embarcaram neste desafio junto comigo, e desejar à nossa cidade mais saúde. A Santa Casa é nossa, e o projeto Santa Casa nos Bairros é de vocês!
Eric Junior é médico e provedor da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna.

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William Forlan
 
Parabéns Itabuna
Mas não tão una
Há quem faça caretas
Por sofrer, com a tal da marreta
Parabéns
São 108 anos
Mas enquanto comemoramos
jovens morrem por engano
Parabéns Itabuna
Parece até loucura
mas é triste ao ser dito
abandonaram o centro de cultura
Parabéns
Por onde andas o esporte?
Será que é a falta de verbas?
Ou será que não estamos com a sorte?
Parabéns Itabuna
Mas continua o lema
Não temos nada de lazer
muito menos um cinema
Parabéns
atrações por aqui não há
e o que resta para os jovens?
a mesa de um bar
Shopping popular desabando
carro caindo em buraco
dinheiro no bolso entrando
E quem sofre é o pobre coitado
É triste andar inseguro
com medo de ser refém
dos marginais e do governo
que roubam os nossos bens
Parabéns Itabuna
clamem pela paz
Não se cale
Juntos, somos capazes
William Forlan é comediante.

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José Januário Neto (Cabo Neto)netto_felix74@hotmail.com
 

A nossa evolução cultural e musical era reconhecida em todo Brasil: bandas James, Phase, Lordão, Vera Cruz… Atores como Ramon Vane e Jackson Costa.

 
 
Nas décadas de 70 e 80, possuíamos um dos maiores índices de crescimento do interior do país, tudo isso tendo como referência o cacau.
O comércio era forte, não dependia indiretamente do investimento quase exclusivo em um só segmento. Todos ganhavam. A saúde era também referência, do atendimento a bons profissionais, havia a certeza de que aqui no município o paciente teria o atendimento adequado, esperado.
O esporte obtinha grande frutos com as seleções amadoras de futebol, vôlei (masculino e feminino), os grandes eventos do Estado, como Jogos Abertos do Interior, enchiam a Vila Olímpica de Itabuna. Tínhamos lazer.
Grandes jogos com os campeonatos de futsal com excelentes equipes: Nestlé, Grapiúna, AABB e CISO. Jogos da Primavera, Jogos do Ciso, Jogos Estudantis e Jogos do Trabalhador.
A nossa evolução cultural e musical era reconhecida em todo Brasil: bandas James, Phase, Lordão, Vera Cruz… Atores como Ramon Vane e Jackson Costa.
Na política, você sabia e percebia quem eram os adversários e grupos políticos. Hoje vive-se a conveniência partidária e pessoal para se chegar ao Poder.
O Carnaval Antecipado virou ponto de partida para as festas no interior da Bahia, com grandes atrações, cobertura para todo país. Os Blocos Culturais, Escolas de Samba.
Tudo isso deixava a nossa cidade efervescente!
Triste ITABUNA!
COMEMORAR O QUÊ?
Cabo Neto é bacharel em Direito e cabo da PM.

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Walmir Rosário
 

Das sandálias da humildade à Hilux, mas isso não é nada em que o Bispo Diocesano não possa dar um jeito!

Assim como em boa parte do Brasil, Canavieiras passa por seus percalços na vida econômica, com reflexos diretos aos cidadãos que por aqui trabalham, habitam, ou seja, tenham vida econômica ativa. O município, há muito não recebe investimentos públicos e privados substanciais, isto é fato reconhecido por todos, ou melhor dizendo, por quase todos, e nesta exceção está a Igreja Católica, quem sabe, só o seu pároco.

Recém-nomeado vigário e pastor das não tão muitas almas fiéis ao catolicismo que devota São Boaventura como Santo Protetor, nosso padre, representante de Deus nessas terras, já iniciou uma série de exigências para cumprir sua sagrada missão, entre elas, uma Hilux novinha em folha. É certo que a área ocupada pelo município de Canavieiras é conhecida pela extensão de muitas léguas de terra, dois distritos, vários povoados, muitas capelas.

Como dizem que Deus ajuda a quem madruga, o novo vigário escolheu um veículo de preço alto, cerca de R$ 150 mil, sem os descontos de praxe, que oferece todas as comodidades e luxo de fazer inveja à plebe ignara.

Naturalmente que custeada pelos fiéis, que bancarão talões de uma rifa de uma motocicleta, vendam ou não todos os bilhetes. E, para que fique sacramentado, do alto do púlpito, incita-os a agilizar as vendas.

Também nenhum cristão há de desconhecer que as estradas não são aquelas que nossos governantes prometeram, mas não cumpriram Deus sabe lá por que motivo, mas nem de perto chegam a ser intrafegáveis nos períodos chuvosos. Bastava uma simples visita à unidade da Ceplac, para saber como nossos valentes extensionistas driblam os buracos e atoleiros para chegarem às fazendas.

Em se tratando de igreja eu até diria que é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa, logo ali na praça São Pedro no Vaticano. Um erro imperdoável de comunicação, justamente por quem vive e depende dela (além da filosofia, teologia, sociologia, antropologia, etc., etc.,) para pastorar os fiéis desgarrados do rebanho, sejam lá que motivos forem.

Mas, sem qualquer pretensão professoral, fica a dica (não sei se tão valiosa). Eu mesmo, de motu proprio, andei fazendo minhas pesquisas a respeito da realidade de nossas estradas e como fazem os moradores para se deslocarem. Na própria Ceplac, encontrei um velho colega, que me deu todas as explicações e como se deslocar por esse mundão de meu Deus que é Canavieiras: “Basta ser bom de volante e ter um Fiat Uno. Não precisa de mais nada, a não ser a proteção divina”, assegurou-me.

E acredito piamente no colega acima, que me lembrou ser o veículo utilizado pelo Padre Euvaldo Santana, um missionário, na essência da palavra, um Volkswagem Gol, que nunca lhe deixou na mão. Com o singelo carro, os católicos do interior nunca deixaram de receber os santíssimos sacramentos, do batismo à extrema unção, passando pelas missas, novenas e romarias. Nenhuma lama ou buraco atrapalhou seu mister.

Na minha pobre visão, o grande problema que hoje aflige a igreja católica é a formação dos padres, em sua maioria secular, ao contrário de antes, quando os regulares primavam no comando das igrejas. De forma rasteira, a diferença entre secular e regular está nos votos de pobreza, castidade e obediência, feitos pelos últimos, enquanto os primeiros se comprometem apenas em não contrair o matrimônio e manter o estado de solteiro.

Enquanto o regular está subordinado a uma congregação, um instituto, que administra, inclusive as finanças das paróquias, marcada pela convivência religiosa e social coletiva e obediência a um superior. Já os seculares, como disse, estão incardinados em igrejas particulares, reunidas em torno de uma diocese, arquidiocese, prelazia particular ou pessoal, com a possibilidade de fazerem fortunas, em detrimento das ações sociais.

As ações sociais são conhecidas da população pelos atos das congregações religiosas, que se preocupam, além de ministrar a palavra de Deus, o alívio da alma, também os ensinamentos para a vida, geralmente através da educação e da assistência social. As congregações religiosas mantêm colégios para todos, e seminários para a formação de novos sacerdotes. Entretanto, muitos deles após ordenados com os recursos da ordem, fazem a opção por serem seculares, com o objetivo de dirigir sua própria vida profissional.

Eu, sinceramente, não acreditava no final do mundo creditado à Bíblia Sagrada, mas, aos poucos, estamos sendo obrigados a nos conscientizar sobre as mudanças dos tempos. Parece até que voltamos aos tempos do absolutismo, em que os reis construíam palácios e exigiam dos súditos pesados impostos para mantê-los cada vez mais belos e dispendiosos, enquanto o povão de meu Deus passava fome em suas choupanas.

Das sandálias da humildade à Hilux, mas isso não é nada em que o Bispo Diocesano não possa dar um jeito!

Walmir Rosário é advogado, radialista e jornalista, além de editar o Cia da Notícia.

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Antonio Zugaib || ac.zugaib@uol.com.br
 

A regulamentação de uso da indicação geográfica, obtida pela Associação Cacau Sul Bahia, é um instrumento valioso para se conseguir uniformidade na qualidade, necessária para uma boa comercialização do produto, principalmente no mercado externo.

 
A cacauicultura do sul da Bahia já passou por diversas ondas de desenvolvimento. Primeiro foi a onda de desenvolvimento agrícola, quando os produtores de cacau – baianos, árabes e sergipanos – substituíram as plantações de cana-de-açúcar, com seus diversos engenhos, espalhadas neste rica Capitania de São Jorge dos Ilhéus, por plantações de cacau. Com suor e luta, os produtores de cacau implantaram nesta região um sistema denominado Cabruca, sistema este admirado no mundo inteiro, pois consegue extrair da terra seu valor econômico, conservando e preservando a mata atlântica.
Neste sistema de produção de cacau existente há cerca de 250 anos, a cacauicultura do sul da Bahia despertou o mundo produzindo uma quantidade significativa de cacau estimulando o interesse de exportadores e processadores a se localizarem na região, dando início a segunda onda de desenvolvimento, que chamamos de industrialização. Vieram os Kaufmann, implantando inicialmente o Chocolate Vitória, os Wildberger trazendo as empresas exportadoras e, posteriormente, as indústrias Barreto de Araújo, a Berkau, a Cargil, a Chadler, a ADM Cocoa, a Nestlé, assim como, através da organização dos produtores locais, a Itaísa. Neste ciclo de desenvolvimento produzimos líquor, torta, manteiga e pó de cacau. Iríamos chegar a cobertura do chocolate quando uma série de fatores conjunturais e estruturais desagregaram a economia cacaueira, culminando com a chegada da vassoura-de-bruxa, provocando um retrocesso sem precedentes dessa economia, com fechamento de fábricas e descapitalização dos produtores.
Atualmente, estamos voltando a um estágio de desenvolvimento muito mais forte, porque não estamos com a visão só na matéria-prima, nem tampouco em um chocolate de cobertura ou chocolate de massa. Estamos entrando em uma terceira onda de desenvolvimento que estou chamando de “Customização”. Customização é um substantivo feminino que remete para o ato de customizar e significa personalização ou adaptação.  
A customização consiste em uma modificação ou criação de alguma coisa de acordo com preferências ou especificações pessoais. Assim, customizar é alterar alguma coisa segundo o seu gosto pessoal. É isto que está acontecendo na cacauicultura do sul da Bahia. Os consumidores estão experimentando o chocolate segundo seu gosto pessoal. E a maioria dos consumidores deste produto que é preferência nacional já decidiu saborear um chocolate com alto teor de cacau.
Experimentos são realizados por meio de novas variedades desenvolvidos pela Ceplac e parceiros, onde é feita uma análise sensorial do chocolate sobre variáveis importantes, como aroma, sabor, derretimento, dureza, amargor e acidez, sem deixar de lado a localização, o porte, o tamanho dos frutos, o peso total das sementes secas por fruto, nem tampouco a produtividade do cacaueiro.
O chocolate é visto como um produto especializado que precisa de profissionalismo para ter sucesso no empreendimento. Para isso, a regulamentação de uso da indicação geográfica, obtida pela Associação Cacau Sul Bahia, é um instrumento valioso para se conseguir uniformidade na qualidade, necessária para uma boa comercialização do produto, principalmente no mercado externo. Porém, obtido esse profissionalismo estaremos no topo do mercado, obtendo um preço mais compensador, pois estaremos agregando valor ao nosso produto. Com uma boa política de crédito rural, os produtores poderão transferir toda a tecnologia gerada pela Ceplac, através de clones de alta produtividade e poderão reviver momentos felizes novamente.
Antonio Zugaib é engenheiro agrônomo, mestre em Economia Rural, técnico em Planejamento da Ceplac e professor da Uesc.

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Alex Portela | alexportela.adv@hotmail.com
 

Apesar de ser comprovada a necessidade de modernização da lei de licitações, por uma questão meramente política, o Projeto de alteração completa da Lei 8.666/93, está travado na fila de pauta de votações do Congresso Nacional.

 
Em recente Decreto nº 9.412/2018, em vigor desde 19 de julho 2018, o Governo Federal alterou os valores das modalidades de licitações vigentes na Lei nº 8.666/93. Segundo informações do Planalto, o objetivo do referido Decreto, além de corrigir a defasagem dos valores decorrentes da inflação, busca, ao mesmo tempo, implementar uma maior eficiência nas compras efetivadas pelos órgãos da administração pública.
Antes de tudo, é necessário esclarecer que, por se tratar de uma Lei de 1993, é notório que o “Estatuto das Licitações” encontra-se defasado, não acompanhando as novas dinâmicas administrativas implantadas na área da gestão pública ao longo dos anos.
Para fins de elucidação, é necessário informar que existe um projeto para modificação da Lei Nº 8.666/93, que propõe mudanças objetivando a modernização dos procedimentos para efetivação das modalidades de licitações tratadas na citada lei.
Dessa forma, destaca-se como propostas de mudanças significativas algumas ferramentas e procedimentos que podem gerar processos de licitações que atendam de forma mais ampla aos princípios da transparência, economicidade, competitividade e celeridade nas contratações necessitadas pela Administração Pública.
As modificações perseguidas pelo Projeto de Lei que tramita no Congresso Nacional buscam a utilização das novas ferramentas de tecnologia, a exemplo da internet, trazendo para o bojo da Lei Nº 8.666/93 a possibilidade de que a administração possa efetivar procedimentos semelhantes ao que já acontece com a modalidade de licitação denominada de pregão.
A modalidade de licitação denominada de pregão, que pode ser realizada na forma presencial ou eletrônica, vem trazendo para os procedimentos licitatórios uma economia e maior celeridade processual na efetivação das contratações.
Entretanto, as modificações buscadas não se encerram por aí. Passam também pela forma de publicidade dos avisos de licitação, que utilizariam os meios eletrônicos oficiais, reduzindo drasticamente os custos que a Administração é obrigada a arcar para atender aos requisitos de publicação exigidos atualmente pela Lei Nº 8.666/93.
O projeto de lei, dentro dessa perspectiva de atualização e modernização dos procedimentos ligados às licitações, possibilitará a criação do Cadastro Nacional de Registros de Preços com o acesso compartilhado ao Sistema de Cadastramento Unificando de Fornecedores – SICAF, aumentando ainda mais o acesso a informação e a interligação de dados tendo a internet como ferramenta provedora de agilidade para efetivação das contratações.
Por fim, vale ressaltar que o projeto de lei em tela, defende a ideia da inversão nas fases da licitação, a exemplo do que já ocorre na modalidade de pregão e na própria Lei de Licitações do Estado da Bahia, onde primeiro se busca a empresa que apresente o menor preço ou proposta mais vantajosa para a administração. A análise de documentos de habilitação passa a ser efetivada em momento posterior à declaração da empresa que apresentou a menor proposta comercial.
Esse procedimento traz uma celeridade imensamente maior ao procedimento efetivado hoje conforme Lei Nº 8.666/93, em que primeiro são analisados os documentos das empresas e somente quando sanada essa fase é que se conhecem as propostas comerciais dos licitantes.
Dessa forma, diante da proposta de tais modificações, o Projeto de Lei é defendido por uma gama de estudiosos e doutrinadores no sentido de que se implantadas tais modificações. Trará ao bojo da Lei Nº 8.666/93, uma nova roupagem, mais adequada ao atual momento em que se encontra a gestão da coisa pública seja na esfera Federal, Estadual e Municipal.
Como se verifica, apesar de ser comprovada a necessidade de modernização da lei de licitações, por uma questão meramente política, o Projeto de alteração completa da Lei 8.666/93, está travado na fila de pauta de votações do Congresso Nacional.
Assim, numa tentativa paliativa, ao nosso simplório entendimento positiva, o Decreto nº 9.412/2018, que entrou em vigor em 19/07/2018 e altera/atualiza os valores das licitações se apresenta como uma forma de amenizar a defasagem da Lei 8.666/93, que sem dúvida alguma, se transformou numa ferramenta de entraves à execução dos procedimentos licitatórios.
Para fins de esclarecimentos com o reajuste introduzido pelo Decreto nº 9.412/2018, os novos valores que prevalecem nas licitações são os seguintes: Para obras e serviços de engenharia: Dispensa de licitação: até o limite de R$ 33 mil; na modalidade convite: até R$ 330 mil; na modalidade tomada de preços: até R$ 3,3 milhões; e na modalidade concorrência: acima de R$ 3,3 milhões. Para compras e serviços que não sejam de obras ou de engenharia: Dispensa de licitação: até o limite de R$ 17,6 mil; na modalidade convite: até R$ 176 mil; na modalidade tomada de preços: até R$ 1,4 milhão; e na modalidade concorrência: acima de R$ 1,4 milhão.
Por fim, apesar de ser comprovada e necessária uma modificação e atualização completa na Lei 8.666/93 que rege as regras gerais para licitações e compras governamentais em nosso pais a modificação dos valores implantadas a partir de 19/07/2018 já traz um grande impacto no andamento das ações administrativas, principalmente dos municípios de pequeno porte.
Alex Portela é procurador jurídico do Município de Barra do Rocha e atua no Direito Administrativo e Direito Público.

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Marco Wense
 
 

A estrondosa rejeição de Temer, detectada nas pesquisas como a maior da história da República, vai contaminar a campanha do tucano. Se a verdade pegar, que o candidato de Temer é Alckmin, o tucano vai ter muitas dificuldades para passar de dois dígitos nas pesquisas de intenção de votos.

 
Um final de novela previsível: o centrão, formado pelo DEM, PR, PP, SD e o PRB, vai apoiar   o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), que passa agora a ser o candidato de Michel Temer e do seu governo.
É esse ponto que deve ser explorado pelos adversários do continuísmo. Aliás, a torcida no “blocão” é pela manutenção da candidatura de Henrique Meirelles pelo MDB, o que serviria para disfarçar o apoio do presidente Temer e da sua turma ao ex-governador de São Paulo.
A notícia de que o centrão (ou blocão) vai ficar com Alckmin foi efusivamente comemorada no Palácio do Planalto. Aos partidos de esquerda e centro esquerda, cabe a responsabilidade de uma urgente reflexão para se chegar a um consenso em torno da imprescindível união, sob pena de um segundo turno sendo disputado entre dois nomes que representam o campo ideológico inverso.
PT, PDT, PSB e o PCdoB precisam sentar na mesma mesa e buscar um consenso em torno do melhor caminho que devem percorrer. Se Ciro Gomes errou em procurar o centrão (ou blocão), o PT, PSB e o PCdoB também cometeram seus erros, principalmente o PT quando fez de tudo para isolar Ciro na corrida presidencial. Resta agora  a busca urgente por um diálogo. O que passou, passou.
Problema maior é o que já começa a atormentar Alckmin: o tucano é o candidato do presidente Michel Temer e do MDB de Eduardo Cunha, Cabral, Geddel, Moreira Franco, Romero Jucá, Eliseu Padilha e companhia Ltda.
A estrondosa rejeição de Temer, detectada nas pesquisas como a maior da história da República, vai contaminar a campanha do tucano. Se a verdade pegar, que o candidato de Temer é Alckmin, o tucano vai ter muitas dificuldades para passar de dois dígitos nas pesquisas de intenção de votos.
Finalizo dizendo que é bom que as coisas comecem a ficar transparentes, com a definição de quem é quem, o que querem e de que lado estão.
Marco Wense é articulista político.

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Lula em artigo à Folha de São Paulo, edição de hoje || Foto Agência Brasil

Luiz Inácio Lula da Silva
 

Querem me derrotar? Façam isso de forma limpa, nas urnas. Discutam propostas para o país e tenham responsabilidade, ainda mais neste momento em que as elites brasileiras namoram propostas autoritárias de gente que defende a céu aberto assassinato de seres humanos.

 
Estou preso há mais de cem dias. Lá fora o desemprego aumenta, mais pais e mães não têm como sustentar suas famílias, e uma política absurda de preço dos combustíveis causou uma greve de caminhoneiros que desabasteceu as cidades brasileiras. Aumenta o número de pessoas queimadas ao cozinhar com álcool devido ao preço alto do gás de cozinha para as famílias pobres. A pobreza cresce, e as perspectivas econômicas do país pioram a cada dia.
Crianças brasileiras são presas separadas de suas famílias nos EUA, enquanto nosso governo se humilha para o vice-presidente americano. A Embraer, empresa de alta tecnologia construída ao longo de décadas, é vendida por um valor tão baixo que espanta até o mercado.
Um governo ilegítimo corre nos seus últimos meses para liquidar o máximo possível do patrimônio e soberania nacional que conseguir —reservas do pré-sal, gasodutos, distribuidoras de energia, petroquímica—, além de abrir a Amazônia para tropas estrangeiras. Enquanto a fome volta, a vacinação de crianças cai, parte do Judiciário luta para manter seu auxílio-moradia e, quem sabe, ganhar um aumento salarial.
Semana passada, a juíza Carolina Lebbos decidiu que não posso dar entrevistas ou gravar vídeos como pré-candidato do Partido dos Trabalhadores, o maior deste país, que me indicou para ser seu candidato à Presidência. Parece que não bastou me prender. Querem me calar.
Aqueles que não querem que eu fale, o que vocês temem que eu diga? O que está acontecendo hoje com o povo? Não querem que eu discuta soluções para este país? Depois de anos me caluniando, não querem que eu tenha o direito de falar em minha defesa?
É para isso que vocês, os poderosos sem votos e sem ideias, derrubaram uma presidente eleita, humilharam o país internacionalmente e me prenderam com uma condenação sem provas, em uma sentença que me envia para a prisão por “atos indeterminados”, após quatro anos de investigação contra mim e minha família? Fizeram tudo isso porque têm medo de eu dar entrevistas?
Lembro-me da presidente do Supremo Tribunal Federal que dizia “cala boca já morreu”. Lembro-me do Grupo Globo, que não está preocupado com esse impedimento à liberdade de imprensa —ao contrário, o comemora.
Juristas, ex-chefes de Estado de vários países do mundo e até adversários políticos reconhecem o absurdo do processo que me condenou. Eu posso estar fisicamente em uma cela, mas são os que me condenaram que estão presos à mentira que armaram. Interesses poderosos querem transformar essa situação absurda em um fato político consumado, me impedindo de disputar as eleições, contra a recomendação do Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Eu já perdi três disputas presidenciais —em 1989, 1994 e 1998— e sempre respeitei os resultados, me preparando para a próxima eleição.
Eu sou candidato porque não cometi nenhum crime. Desafio os que me acusam a mostrar provas do que foi que eu fiz para estar nesta cela. Por que falam em “atos de ofício indeterminados” no lugar de apontar o que eu fiz de errado? Por que falam em apartamento “atribuído” em vez de apresentar provas de propriedade do apartamento de Guarujá, que era de uma empresa, dado como garantia bancária? Vão impedir o curso da democracia no Brasil com absurdos como esse?Leia Mais

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Gaudêncio Torquato
 

A campanha mais curta – de 45 dias nas ruas e de 35 dias na mídia eleitoral – beneficiará os mais conhecidos e aqueles de maiores recursos financeiros.

 
As projeções apontam para a elevação do índice do NV (Não Voto – abstenções, votos nulos e brancos), na eleição de 7 de outubro, a um patamar acima de 40%. Recorde-se que o 2º turno da eleição para governo de Tocantins, em junho passado, registrou 51,83% de eleitores votando em branco, anulando ou deixando de comparecer às urnas.
Trata-se, como se deduz de pesquisas, da indignação do eleitor em relação às coisas da política – atores, métodos e processos. O eleitor protesta contra o lamaçal que envolve a esfera política, que parece indiferente a um clamor social exigindo mudanças de comportamentos e atitudes. A principal arma que dispõe o eleitor para mudar a política é o voto. Ora, se o cidadão se recusa a usar esse direito está, de certa forma, contribuindo para a manutenção do status quo, perpetuando mazelas que infestam o cotidiano da vida política.
Estamos, portanto, diante de um dilema: caso o NV assuma proporções grandiosas no pleito deste ano, a hipótese de mudança na fisionomia política cai por terra, arrastada por ondas da mesmice, onde se enxergam as abomináveis práticas do fisiologismo (“é dando que se recebe”), o coronelismo (os currais eleitorais, a política de cabresto), o nepotismo (as engordas grupais), a estadania (o incremento da dependência social do Estado), o neo-sindicalismo peleguista (teias sindicais agarradas às mamas do Estado), a miríade de partidos e seus escopos pasteurizados etc.
A renovação política, bandeira erguida pela sociedade organizada, corre o risco de fracassar, caso o eleitorado se distancie do processo eleitoral ou, mesmo comparecendo às urnas, anule o sufrágio ou vote em branco. É oportuno lembrar que o eleitor é peça fundamental no jogo de xadrez da política. Se não tentar dar um xeque no protagonista que busca se eleger, este acabará sendo empurrado para o altar da representação política por exércitos treinados nas trincheiras dos velhos costumes. Assim, a renovação nas molduras governativa e parlamentar não ocorrerá.
Aliás, calcula-se que a renovação da representação no Parlamento seja de apenas 40% este ano, menor do que em pleitos do passado. A campanha mais curta – de 45 dias nas ruas e de 35 dias na mídia eleitoral – beneficiará os mais conhecidos e aqueles de maiores recursos financeiros. (No pleito anterior, a campanha tinha 90 dias de rua e 45 dias de programa eleitoral no rádio e TV).
O fato é que não se pode contar com mudança política por unilateral vontade do corpo parlamentar. Deputado ou senador, se não recebem pressão da base eleitoral, resistem a qualquer ideia de avançar, alterar, mudar regras que, hoje, os beneficiam. Ou, para usar a expressão mais popular, não darão um tiro no pé. Por conseguinte, a reformulação da política carece de participação ativa do eleitor, razão pela qual este deve cobrar de seus candidatos compromissos com avanços com o fito de eliminar os cancros que corroem o corpo político.
Em suma, a política não se renova porque não há, por parte dos representantes, desejo de mudá-la. E não há desejo porque o eleitor ainda não jogou seu representante no carrossel das transformações. O pleito de outubro deste ano tende a encerrar a era do grande compadrio na política. O que não quer necessariamente dizer que isso ocorrerá. Por isso mesmo, urge despertar a consciência cívica do cidadão. Motivá-lo a colocar sobre os trilhos o trem das mudanças. Toda a atenção deve se dar à bomba que ameaça explodir a locomotiva: o Não Voto. Abstenções, votos nulos e brancos, em demasia, são os ingredientes que podem implodir nosso ainda incipiente sistema democrático.
Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político e de comunicação.