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marco wense1Marco Wense
 

Como a eleição para o Parlamento é tida como favas contadas, o Partido Comunista do Brasil não é a legenda mais apropriada para Serpa. O PCdoB tem um compromisso com a reeleição do prefeito Vane.

 
O leitor, seja ele um Helenilson Chaves ou um morador da Bananeira, tem todo o direito de fazer a seguinte observação: já vem Marco Wense com a sucessão de 2016. Tenha santa paciência!!!
O vai-e-vem dos políticos, as declarações, a conversa nos bastidores, os encontros e as especulações inerentes ao processo político terminam avalizando e justificando o “intempestivo” comentário.
Em entrevista ao jornalista Paulo Lima, na Rádio Nacional, o agora tenente-coronel Serpa deixou entrelinhado que, se for eleito deputado estadual, é candidato a prefeito de Itabuna na eleição de 2016.
E mais, palavras dele: “já fui convidado para ser candidato em Itapetinga e Jequié.” Não citou Itabuna, mas ficou implícito que o desejo-mor é o comando do Centro Administrativo Firmino Alves.
Como a eleição para o Parlamento é tida como favas contadas, o Partido Comunista do Brasil não é a legenda mais apropriada para Serpa. O PCdoB tem um compromisso com a reeleição do prefeito Vane.
Outro detalhe é que o militar não quer disputar espaço político dentro do PCdoB, já que Aldenes Meira, presidente da Câmara de Vereadores, é também pré-candidato a deputado estadual.
Portanto, as condições de Serpa para uma dobradinha com Davidson Magalhães, candidatável a deputado federal, são duas: 1) só ele como o candidato do PCdoB no sul da Bahia. 2) sua candidatura a prefeito de Itabuna.
Serpa deve se filiar a um partido que integra a base aliada do governo Wagner. Descartando o PCdoB, tem o PSB e o PDT, já que o PMDB de Renato Costa e o PSDB de Adervan são legendas de oposição.
Como existe a possibilidade da senadora Lídice da Mata sair candidata ao governo do Estado pelo PSB, dando palanque ao presidenciável Eduardo Campos, fica o PDT da professora Acácia Pinho.
Se o bom Serpa me pedisse um modesto conselho, diria que o PDT do saudoso e inesquecível Leonel Brizola é a melhor opção, não só para o legislativo estadual como para o executivo municipal.
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eduardo thadeuEduardo Thadeu | ethadeu@gmail.com

Após significativos avanços obtidos pela Ceplac/BA, em parceria com a sociedade civil organizada, pesquisadores, academia e produtores, deparamo-nos com um impasse institucional que tem atrasado as iniciativas.

“Uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz suas necessidades sem diminuir as perspectivas futuras”. É assim que o ambientalista Lester Brown define o conceito de sustentabilidade, tão mal utilizado nos últimos tempos.
O Brasil não apenas está preso à ilusão do crescimento econômico, como vem optando por um crescimento predatório, que comprometerá a vida das gerações futuras. A ganância, a cobiça e a avidez dos interesses econômicos estão comprometendo aquilo que é o nosso diferencial para a qualidade da vida planetária: a biodiversidade.
O Brasil vem sistematicamente arrasando os seus biomas – amazônia, cerrado, caatinga, pantanal, mata atlântica, pampa – em nome do crescimento econômico. O país está perdendo o bonde da história e não percebe, ou não quer perceber, que é um dos poucos países que poderia oferecer uma alternativa à crise civilizacional, estabelecida sobretudo na crise climática.
Após significativos avanços obtidos pela Ceplac/BA, em parceria com a sociedade civil organizada, pesquisadores, academia e produtores, deparamo-nos com um impasse institucional que tem atrasado as iniciativas que apontam para alternativas à crise econômica que assola a Região há mais de um quarto de século.
Já nos ensinava o poeta espanhol Antonio Machado que: “o caminho se faz caminhando”. O que temos percebido é que, desde meados do ano passado, nosso caminho rumo ao desenvolvimento sustentável da tradicional região produtora de cacau da Bahia não tem recebido passos em seu leito.
Em que pese a forte presença da Região na Conferência Rio+20, no Salon du Chocolat, e a consequente reverberação na mídia nacional, propostas que visam efetiva e eficazmente transformar a região, oferecerem um norte para seu desenvolvimento, tem sido postergadas desde então.
A falta de alinhamento das políticas públicas, quer sejam federais ou estaduais, somada ao distanciamento da burocracia federal da realidade e demandas dos cacauicultores, vem fazendo com que também o Sul da Bahia comece a se distanciar do bonde da história.
Eduardo Thadeu é economista, mestre em planejamento e desenvolvimento regional, especialista em planejamento ambiental e conselheiro fundador do Conama.

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walmirWalmir Rosário | wallaw1111@gmail.com

Como representante da alegria, sem vínculos e compromissos com situação política dominante, quem, se não os foliões do Casados I…Responsáveis para mostrar a Itabuna que a alegria não acabou, que a vida continua  e que deve ser vivida com intensidade?

A notícia de que o bloco Casados I…Responsáveis não participará da tradicional Lavagem do Beco do Fuxico, por certo não agradaria ao folião e um dos fundadores do irreverente bloco, Eduardo Anunciação. Que homenagem mais relevante poderia ser prestada a Gaguinho do que levar a alegria ao povo, justamente numa das festas que sabidamente ele mais gostava?
Acredito que, lá do andar de cima, Eduardo está reprovando a infeliz ideia de calar os foliões “do Casados”, ainda mais quando Itabuna é privada do Carnaval (aqui não cabe a avaliação dos motivos, que devem ser justos). E esse fato, por si só, seria uma garantia da presença do bloco num evento que representa a alegria dos frequentadores do Beco do Fuxico.
Último reduto da boemia encastelada na travessa mais conhecida de Itabuna, o Beco do Fuxico é visto e descrito como o local mais democrático, os apreciadores das iguarias etílicas disputam o mesmo ambiente, sem distinção de cor, raça, credo ou preferência várias, inclusive as sexuais. No Beco, desde cedo a cidadania é ensinada no ABC da Noite, com as aulas ministradas pelo Caboclo Alencar.
A importância do Beco do Fuxico ultrapassa gerações, que convivem pacificamente à beira de um copo, de uma garrafa, embaladas pela simplicidade de “jogar conversa fora”. Para quem não sabe, é lá no Beco do Fuxico o local por demais apropriado para se discutir ciência, debatendo-se desde parto de pulga à mecânica de avião, a jato, para ficar mais esclarecido e que não paire dúvidas sobre o conhecimento.
Prova inequívoca de que o Casados I…Responsáveis agradaria mais ao velho Gaguinho desfilando na Lavagem do Beco do Fuxico foi sua aparição no “recinto” um pouco antes de se despedir das coisas terrenas. Como não poderia deixar de ser, Gaguinho não se fez de rogado e foi prestar suas homenagens ao aniversariante Caboclo Alencar, ao completar seus 82 aninhos.
Como representante da alegria, sem vínculos e compromissos com situação política dominante, quem, se não os foliões do Casados I…Responsáveis para mostrar a Itabuna que a alegria não acabou, que a vida continua  e que deve ser vivida com intensidade? Só o bloco mais irreverente que nunca se conformou com a decretação do fim da folia, desfilando com irreverência pelas ruas da cidade, sozinhos e sem mendigar os recursos públicos, levando a alegria como forma de combate à tristeza: o Casados I…Responsáveis.
A forma mais eficaz de acabar com a tristeza é a alegria. Disso ainda não conheço, mas respaldado pelas leituras da cultura de alguns povos que habitam em planeta terra, aos que se foram são prestadas as homenagens em forma de alegria. E aqui não deverá ser diferente, até mesmo sob o pretexto de prestar uma sincera e por demais merecida homenagem a um dos seus membros, que soube viver sua vida com intensidade: Eduardo Anunciação.
Os boêmios (como Gaguinho) do Baixo ao Alto Beco agradecem. Ou não se fazem mais foliões como antigamente!
Walmir Rosário é jornalista, advogado, boêmio e editor do Cia da Notícia (www.ciadanoticia.com.br).

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Jabes Ribeiro
 

Pessoalmente, como prefeito de uma cidade da importância cultural, histórica e econômica como é Ilhéus, tenho sentido na pele, mais do que nunca, a dificuldade de administrar um município que depende quase que inteiramente dos recursos repassados pelas instâncias estaduais e federais.

 
Frustração. Este foi o sentimento que uniu o pensamento da maioria dos prefeitos, após três dias de seminários, palestras e reuniões que compuseram a pauta do Encontro Nacional de Novos Prefeitos e Prefeitas, realizado em Brasília, entre os dias 28 e 30 de janeiro. Evidente que não dá para dizer que o evento não foi importante, especialmente pelo contato que permitiu entre os novos gestores e integrantes da administração federal, do conhecimento que tomamos de programas e projetos que podem ajudar os municípios brasileiros.
Mas o sentimento de frustração se explica pelo que não aconteceu no encontro: uma discussão aprofundada e produtiva a respeito da necessidade de se implantar no Brasil um novo pacto federativo, capaz de reduzir a dependência dos municípios da boa ou má vontade de Brasília. Pessoalmente, como prefeito de uma cidade da importância cultural, histórica e econômica como é Ilhéus, tenho sentido na pele, mais do que nunca, a dificuldade de administrar um município que depende quase que inteiramente dos recursos repassados pelas instâncias estaduais e federais.
No nosso caso, a situação fica mais grave devido ao estado de extrema penúria deixado pela gestão anterior, com todas as contas bloqueadas, os serviços públicos sucateados, as receitas municipais e as cotas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) sequestradas para o pagamento de débitos, além de folhas salariais e de 13º atrasadas. Mas, mesmo que não tivéssemos, em Ilhéus, todo esse caos a enfrentar, ainda assim teríamos muitas dificuldades, por conta da desigual distribuição dos recursos entre os entes federativos, numa injustiça gritante com a célula mater da Federação, o Município, onde, ao fim e ao cabo, residimos e vivemos cada um de nós, desde o habitante mais humilde às mais altas autoridades do País.
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Pedro Bernardo
Não se muda uma cidade de fora pra dentro ou da boca pra fora. Uma cidade se muda a partir da mudança das pessoas, dos sentimentos, das aspirações. É preciso corrigir ambições, suprimir individualismos, elevar a valoração do coletivo e do bem comum.
O que complica a mudança é exatamente a necessidade de reprogramar o “software” interno de cada um, governante e governado; mexer nas relações pessoais com a cidade, reposicionar prioridades. Somente depois disso é possível desenvolver ações concretas e efetivas que alterem a realidade de modo efetivo.
Mudar da guerra urbana para a paz, do caos social para a harmonia, da irresponsabilidade ambiental para a utilização racional dos recursos naturais… São necessidades urgentes, mas nada disso se tornará realidade sem um plano que entre no coração dos cidadãos e cidadãs.
Enquanto cada um pensar apenas no seu próprio quintal, nada muda. Se a política continuar a servir à mera disputa pelas fatias do poder e os governos gastarem quase todo seu tempo e energia fazendo equações relacionadas à ocupação/loteamento de cargos, fica tudo na mesma… Aliás, piora.
A mudança depende muito de educação, mas não somente a que prepara o indivíduo para se dar bem na vida. É fundamental aquela que o capacite a ser verdadeiramente um cidadão útil à coletividade, sem importar a função que exerça. Alguém que entenda o fato inquestionável de que o sucesso individual, desatrelado do bem-estar da comunidade, não faz o menor sentido.

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walmirWalmir Rosário | wallaw1111@gmail.com

Trabalhamos juntos em algumas oportunidades, inclusive na Divisão de Comunicação da Ceplac (Dicom), onde exerceu a chefia num dos períodos mais conturbados da política brasileira: a volta do país à democracia. Com sua experiência, sabia desarmar os espíritos, conquistar novos amigos.

Do alto de sua sabedoria, o jornalista e escritor Antônio Lopes costuma nos ensinar que começamos a desconfiar que estamos ficando mais velhos quando os nossos amigos vão nos deixando. E nos deixando de vez, partindo desta para a melhor, como costumam dizer as pessoas chegadas aos elogios fáceis e gratuitos para consolar as famílias e os amigos do de cujus.
E essa constatação vai ficando mais presente nas pessoas de minha geração. Desaparecem os amigos de infância e os que conseguimos fazer durante os anos, seja m na escola, no trabalho, nas atividades de lazer, nas mesas de botecos. Não importa, chegada a hora, vencida a obrigação, o sujeito tem de adimplir o contrato firmado com o Pai Eterno. Podemos, até, resmungar que não seria chegada a hora, mas não importa, a morte é implacável.
Nesta sexta-feira (15) chegou o dia aprazado de Eduardo Anunciação. E ele teimou em não cumprir o aprazado, relutando em fazer a última viagem, ficando mais um tempo por aqui. Teimoso como ele só, buscou a ajuda médica, passou por cirurgia, relutou ao ócio durante o restabelecimento, continuou a trabalhar até não mais aguentar.
Essa atitude é própria da natureza do jornalista que preza sua profissão, na maioria das vezes remando na contracorrente, por se colocar – de forma intransigente – contra a intolerância, se indignando contra as desigualdades. Como dizia Voltaire, “Eu posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o direito de dizê-la”.
E assim Eduardo Anunciação viveu seus 67 anos na plenitude dos seus direitos. Agitador, sim, esse seria o melhor adjetivo para qualificá-lo. Sim, pois antes do jornalismo foi líder estudantil, vereador, agitador cultural, jornalista. Essa foi a sua trajetória, que está gravada na mente de seus contemporâneos e registrada nos veículos de comunicação.

Eduardo Anunciação.
Eduardo Anunciação.

Como vereador, inovou ao se eleger com apenas 18 anos por um partido de direita, a Arena, embora tenha dedicado seu mandato às causas de Itabuna, principalmente à cultura. Junto com figuras de sua idade – ou poucos mais velhos – promoveram, nos fins dos anos 1960 e início de 70 a maior revolução cultural de Itabuna.
No mesmo grupo, Eduardo Anunciação, Jorge Araujo, Roberto Junquilho, Chiquinho Briglia, Maria Antonieta, dentre outros promoveram, cada um na sua especialidade, ações culturais nas mais diversas expressões artísticas, colocando Itabuna no circuito cultural brasileiro. Nessa época, contávamos com o Teatro Estudantil Itabunense (TEI), o Teatrinho ABC, exposições de arte plásticas, eventos literários e o jornalismo em plena ebulição.
Em todas essas manifestações lá estava Eduardo Anunciação, o Gaguinho, com sua voz rouca, porém ouvida. Aqui, era amigo de toda a turma da cultura, desde os iniciantes no teatro, na música, na literatura, como aos já consolidados, a exemplo do nosso poeta maior: Firmino Rocha, autor de O Canto do Dia Novo, Momentos e o mais conhecido de todos Deram um Fuzil ao Menino, que se encontra gravado numa placa de bronze na sede da Organização das Nações Unidas (ONU).
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WENCESLAU1Wenceslau Júnior | wenceslauvereador@gmail.com

A Comissão está trabalhando incessantemente para encontrar a solução mais adequada para garantir a imediata instalação da universidade na cidade.

Na condição de membro da Comissão criada pelo prefeito para acompanhar o processo de implantação da Universidade Federal do Sul da Bahia (Ufsba), vale a pena esclarecer:
A) Que o município não dispõe de área própria que atenda às exigências elencadas pela Comissão de Implantação;
B) Que a área oferecida pela gestão anterior é particular, não existindo qualquer contrato que assegure ao município alguma garantia;
C) Que em conjunto com a comissão de implantação da UFSBA, estamos avaliando tecnicamente a melhor opção de área para em seguida efetuarmos a compra ou desapropriação;
D) essas medidas estão sendo mantidas em sigilo para evitar especulação imobiliária no entorno da área escolhida.
Na verdade, o que mais tem nos angustiado é a definição de um espaço adequado para abrigar imediatamente o funcionamento do Colégio Universitário de Itabuna e a Instalação do Instituto e da sede da Reitoria, pois esses espaços é que são fundamentais, juntamente com a celeridade na aprovação do Projeto de Lei que Cria a UFSBA assegurando o seu pleno funcionamento já em 2014.
Quanto às decisões de prédios para instalação do Colégio Universitário, do Instituto e da Sede da Reitoria, bem como em relação à definição da área para construção do Campus, a comissão de implantação, juntamente com o prefeito da nossa cidade, definiram o mês de março como prazo razoável para tal definição.
A Comissão está trabalhando incessantemente para encontrar a solução mais adequada para garantir a imediata instalação da universidade na cidade. Não poderia ser diferente tal empenho, até porque, eu e o prefeito Vane, na condição de vereadores, juntamente com nossos pares e outros atores, participamos intensamente da luta em defesa da Universidade Federal do Sul da Bahia.
Entendo que a decisão de instalar a Universidade aqui é a maior conquista do centenário de Itabuna, pois esse equipamento, juntamente com a Uesc, Ifba, Ceplac e outros órgãos aqui instalados, possibilitará a formação da massa crítica necessária para formular políticas de desenvolvimento econômico com inclusão social, respeito ao meio ambiente, focado no desenvolvimento tecnológico e na inovação necessários à consolidação de uma mudança de paradigma que supere de uma vez o modelo econômico de exportação de commodities, aproveitando a instalação dos equipamentos de infraestrutura e logística em curso na região dando um salto na diversificação econômica com foco em tecnologia.
Daí a determinação do prefeito Vane para que a equipe não poupe esforços e no prazo combinado com a comissão, nosso município possa cumprir com a parte que lhe cabe.
Wenceslau Júnior é vice-prefeito de Itabuna, advogado e professor da Uesb.

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Manu BerbertManuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br
 

Observador, escritor, se tivesse vivido no Rio de Janeiro na época da Bossa Nova, teria sido amigo de Tom e de Vinícius. Teria cantado todas as mulheres famosas, tomado inúmeras cervejas nos calçadões da Cidade Maravilhosa e deixado seu nome na história nacional.

 
Eduardo Anunciação, soldado raso do jornalismo, mestre das artes da política regional, respeitado nesta cidade-cacau, era minha primeira leitura do dia, com muito respeito e admiração. Nos próximos parágrafos, com binóculos, sem binóculos, com óculos, sem óculos, com o coração apertado, o meu adeus.
Eduardo Anunciação foi, com toda a certeza, a coluna diária mais lida do sul da Bahia, representante inigualável da real figura do profissional de jornalismo do seu tempo e dos meus sonhos. Deixou um legado de uma rotina de estudos invejada, biblioteca invejável, diários interessantíssimos, livros, revistas e periódicos de todos os tempos, relíquias. Amigo, amável, pai dedicado, apaixonado. O meu primeiro ídolo e a minha primeira decepção na área. A saber.
Eduardo Anunciação traçava no Jornal Diário Bahia, diariamente, o perfil pessoal e profissional de personalidades regionais, políticos, poderosos. Escreveu a biografia de gente que faz a história daqui, opinou com certezas e achismos, relatou fatos, citou meu nome e estampou minha foto num jornal pela primeira vez. Acompanhava e colecionava suas anunciações, mas não concordava sempre. Ele sabia disso.
Eduardo Anunciação, em julho de 2009, escreveu que Nero foi um jovem imperador que tocou fogo em Roma, que Fernando Collor de Mello, Fernando José (Salvador), Celso Pita (São Paulo) e Valderico Reis (Ilhéus) haviam se elegido com o discurso da renovação e se transformado, em pouco tempo, em arrependimento da população. Desfez do jovem, esquecendo que na década de 60 havia sido o vereador mais novo da história do Brasil. Questionei e ele me ligou: “Escreva sua opinião mesmo, tio! A maioria não tem essa coragem!”
Eduardo Anunciação, pai da minha amiga Eduarda, apaixonado por Tia Selma e encantado por fêmeas, sabia escrever com maestria, citar com conhecimento, impressionar com as palavras. Observador, escritor, se tivesse vivido no Rio de Janeiro na época da Bossa Nova, teria sido amigo de Tom e de Vinícius. Teria cantado todas as mulheres famosas, tomado inúmeras cervejas nos calçadões da Cidade Maravilhosa e deixado seu nome na história nacional. Embora fosse apaixonado por política, repetia uma das frases mais verdadeiras e poéticas que já escutei, mas que não tenho certeza se era de sua autoria: “um homem apaixonado é um homem doente!”.
Eduardo Anunciação, estudioso, habitué de máquinas Olivetti, lembrai-vos. Quando o tambor do Bloco Casados I…Responsáveis ecoou o último adeus no Cemitério Campo Santo, abafou a poesia, articulação e escrita de um jornalista que deixa uma lacuna irreparável e insubstituível para todos nós. Porque é final de semana, classificado por ele como dias de cervejinha gelada, amor e saudades.
Manuela Berbert é jornalista e colunista do Diário Bahia.

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marco wense1Marco Wense
Quem mais ajudou Aldenes Meira na eleição para a presidência da Câmara de Vereadores de Itabuna foi o próprio Aldenes Meira.
O candidato do vice-prefeito Wenceslau Júnior era Jairo Araújo, do Sindicato dos Comerciários. Vale a lembrança que Jairo teve mais votos do que Meira.
Aldenes tem pretensões políticas. Sonha alto. Quer ser deputado estadual, federal e, quem sabe, prefeito de Itabuna. A vontade política de Aldenes preocupa Wenceslau e Davidson Magalhães.
A eleição para o Parlamento estadual fica na dependência de um bom trabalho no Legislativo municipal.  Do contrário, nem a reeleição.
BARÃO DE ITARARÉ
Nome de batismo: Fernando Apparício Torelly. Pseudônimo: Barão de Itararé. Criticava os políticos, na época do Estado Novo, com um gênio cômico sem comparação.
Segue algumas tiradas do Barão de Itararé: 1) “O voto é rigorosamente secreto. Só assim o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato”. 2) “Os vivos são cada vez mais governados pelos mais vivos”. 3) “O político brasileiro é um sujeito que vive às claras, aproveitando as gemas e sem desprezar as cascas”. 4) “O homem que se vende sempre recebe mais do que vale”.
Itabuna não tem um Barão de Itararé. Se tivesse, faria o maior sucesso. O saudoso Hélio Pitanga seria um autêntico Barão de Itararé.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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aldineto mirandaAldineto Miranda | erosaldi@hotmail.com

Fiquei olhando para a minha querida aluna, parecia dormindo num sono profundo e mais do que nunca pensei no sentido da vida, na brevidade da existência, e em tudo que não tem valor e que damos tanto crédito.

A morte andou me mostrando suas faces esta semana, e de alguma forma rondando próximo à minha vida. Uma vizinha da minha noiva, muito querida por todos, gente boníssima, faleceu. Era uma senhora distinta que vendia salgados deliciosos, lembrei-me da palavra saber, do latim sapere, que significa sabor. O sabor delicioso dos salgados de D. Dora não estava simplesmente no gosto dos alimentos, mas no amor, dedicação que empreendia na confecção destes e na generosidade e felicidade com que trabalhava com ardor e delicadeza. Ela sabia que esses eram ingredientes fundamentais, daí ela imprimia o saber/sabor na feitura dos deliciosos alimentos. Deixará saudade. Quando estava indo para o enterro da querida D. Dora, eis que encontro alguns ex alunos da Uesc, do programa PARFOR, me gritam, ao me ver passando, estavam numa lanchonete próxima ao cemitério, e me informam, desconsolados, que sua colega tinha falecido, uma ex-aluna, que tinha em torno de trinta e seis, trinta e sete anos. Um colega no enterro comentou comigo: “como diria Renato Russo, os bons morrem jovens.”
Fui ao velório e fiquei realmente triste e pensativo, lembrei-me de todas as teorias sobre a morte que a filosofia me concedeu, e cheguei à conclusão de que teorizar é diferente de vivenciar a morte. O corpo antes animado, sedento de saber, de repente imóvel, inerte. Fiquei olhando para a minha querida aluna, parecia dormindo num sono profundo e mais do que nunca pensei no sentido da vida, na brevidade da existência, e em tudo que não tem valor e que damos tanto crédito. Pensei nas pessoas que na vida querem ou quiseram me prejudicar e tive pena delas, pensei em mim e em meus problemas, e percebi que são tão minúsculos… Vi a dor nos olhos dos familiares e me senti solidarizado, e indignado, no momento, com as tramas do destino. Mas, parando pra pensar, compreendi um pouco mais as palavras de Heidegger, filósofo alemão, ao afirmar que o ser humano é “um ser para a morte” e viver autenticamente é não fugir dessa condição.
Lutamos, casamos, construímos coisas, por vezes não perdoamos os erros, somos duros conosco e com os outros, egoístas, mesquinhos, e para que? Carpe diem! Aproveite o dia! Essa é uma sábia frase, pois o dia é só o que temos. Sejamos melhores e intensos em cada dia, pois só temos este momento agora! Sejamos bons agora, amáveis hoje. Não inconsequentes,pois a inconseqüência machuca os outros. E a morte nos joga na cara nossa condição, não temos o direito de nos achar diferentes do outro. Temos um destino comum! Pensei nisso tudo, e no meio do pensamento veio a tristeza, uma tristeza que não posso exprimir porque palavras e teorias não explicam os sentimentos mais recônditos do ser humano.
Mas, no sábado fui a um aniversário em Ilhéus, crianças pulando, a vida transbordando no sorriso de cada menino e menina, esqueci por momentos dos fatos funestos ocorridos na semana, voltando de carro com minha família, a estrada, em um determinado trajeto, estava com os veículos parados, sinalizando um acidente ocorrido. Pergunto o que ocorreu a um homem, ele diz: “acidente entre um carro e uma moto, o casal que estava na moto faleceu”.
Passou a cena na minha cabeça, imaginei todo o ocorrido. Pensei na fragilidade humana, e qual significado daquilo tudo ter ocorrido numa só semana. Talvez não haja significado, seja puramente o absurdo da existência. Talvez, como salienta Albert Camus, sejamos como no mito de Sísifo, homens condenados a levar uma pedra acima da uma montanha, e quando lá chegarmos com ela, fatalmente ela rolará pra baixo de novo, e mais uma vez levaremos a pedra incessantemente, sem refletir sobre a inutilidade e o absurdo de tanta correria para colocarmos a pedra lá em cima. Estamos agindo, e nem sempre refletindo. Viemos a ser um dia, mas um dia também deixaremos de ser. Já pensaram sobre o que vale ou não a pena na vida? Acredito que valeu para D. Dora, e valeu para minha querida aluna. Foram pessoas que viveram com saber/sabor, e dedico este despretensioso texto a elas.
O homem vale por suas ações nessa existência. Tudo o mais, como afirma o belo texto de Eclesiastes, parece-me que é “fugaz e correr atrás do vento (…)”. Carpe Diem! Vivamos com mais saber/sabor.
Aldineto Miranda é graduado e especialista em Filosofia, mestrando em Linguagens e Representações e professor do Instituto Federal da Bahia (Ifba).

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marco wense1Marco Wense

Sobre o imbróglio das nomeações de azevistas e fernandistas, é preciso que as lideranças do PRB, PPS, PSC, PV e PP se juntem no esclarecimento de que tais indicações não partiram exclusivamente de seus partidos.

O óbvio ululante é afirmar que o PCdoB é a mais forte legenda do governo Vane. Como é inquestionável que Davidson Magalhães, diretor-presidente da Bahiagás, é o “cara” do comunismo grapiúna.
Essa influência do PCdoB já era esperada. Sem os comunistas, a campanha do então candidato Vane ficaria no meio do caminho. O apoio político foi importante. O financeiro imprescindível.
Todo esse toma-lá-dá-cá é inerente ao processo político. Não é coisa específica do PCdoB. Todas as agremiações partidárias agem do mesmo modo. É regra.
PRB, PPS, PSC, PV e o PP deram suas contribuições, cada um dentro de seus limites e condições. Não são coadjuvantes, como andam dizendo alguns membros do PCdoB. São também protagonistas.
Sobre o imbróglio das nomeações de azevistas e fernandistas, é preciso que as lideranças do PRB, PPS, PSC, PV e PP se juntem no esclarecimento de que tais indicações não partiram exclusivamente de seus partidos.
Querem empurrar o ônus das esquisitas nomeações para os partidos “coadjuvantes”, deixando o PCdoB de fora e, por tabela, o camarada Davidson Magalhães, pré-candidato a deputado federal.
O RETORNO DE FG
O slogan da campanha já está pronto: “O povão de Deus com Fernando”.  É Fernando Gomes em plena campanha para a prefeitura de Itabuna na sucessão de Claudevane Leite.
Os fernandistas estão eufóricos. Acreditam em um cenário favorável na eleição de 2016, com duas candidaturas se bicando: Vane (reeleição) e Geraldo Simões atrás do terceiro mandato.
Maria Alice e Raimundo Vieira são os mais entusiasmados com o retorno do “grande chefe”. Alice comanda o diretório municipal do DEM.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Juvenal Maynart sugere a estação Joaquim Bahiana para o campus da Ufesba
Juvenal Maynart Cunha
 

O modelo cabruca, o modo tradicional baiano de cultivo do cacau, foi a única forma de produção citada como uma das 10 premissas para a garantia da sustentabilidade na produção de alimentos.

 
Há mais de 250 anos, desde quando foi introduzido na Bahia, o cacau é responsável pela conservação de recursos naturais em sua área de influência. Os primeiros produtores acreditavam que a sombra da cobertura das árvores era necessária para o aumento da produção. Assim, da mata nativa, apenas foi retirada a parte necessária ao plantio da cultura, ou seja, o sub-bosque.
Ao contrário do que diz a pesquisa da CNN citada na nota do Bahia Notícias, a cultura do cacau, no recorte Bahia, é que garantiu a conservação de grande parte do que resta da Mata Atlântica em nosso estado. Tanto é que, ao sobrevoar a região, o turista desavisado pensa estar planando sobre uma mata nativa. Bem, embora em muitas áreas esta já não seja mais intocada, é, sim, um exemplo de convivência entre a produção em larga escala e o meio ambiente. Embaixo da mata há uma cultura intensa, embora de baixo ou baixíssimo impacto ambiental.
Basta imaginarmos que no sul da Bahia, em apenas um hectare com plantação de cacau, no sistema Cabruca, podem ser (já foram) identificadas mais de 270 espécies de mamíferos (90 endêmicas); 372 de anfíbios (260 endêmicas); 197 de répteis (60 endêmicas); 849 de aves (188 endêmicas); 2.120 de borboletas (948 endêmicas). Foram encontradas, ainda, 458 espécies lenhosas, um recorde mundial.
O sistema cabruca é tão expressivo que a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e abastecimento (MAPA), o adotou como modelo de produção, sistematizado no Projeto Barro Preto de Conservação Produtiva. O modelo Conservação Produtiva é o resultado de um conjunto de ações de baixo impacto ambiental, que prevê, inclusive, o georreferenciamento de todas as espécies arbóreas que compõem a plantação, além de ações que garantam os três aspectos basilares da sustentabilidade no meio rural: o ambiental, o social e o econômico.
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josias gomesJosias Gomes | dep.josiasgomes@camara.gov.br
 

A unidade que se pretende vai permitir a aprovação de projetos que visam aprofundar o processo de desenvolvimento brasileiro e as principais conquistas sociais do nosso povo.

 
O Congresso Nacional dá início a mais um ano legislativo neste 4 de fevereiro de 2013. Este é um ano de importantes desafios para o PT e para a base aliada do governo Dilma Rousseff. Primeiro, o de que a base se mantenha unida em torno dos mais importantes projetos nas áreas sociais e econômicas do governo federal. Ao mesmo tempo, esta união se torna fundamental na implantação de duas reformas urgentes para o Brasil: a política e a do pacto federativo. Enfim, o desafio de fortalecer esta unidade de tal forma que seja possível, em 2014, alcançar nova vitória, mantendo no poder uma aliança que, desde 2003, vem mudando para muito melhor a economia do país e a vida do seu povo.
Convém salientar que a manutenção da unidade da base aliada tem sido obtida apesar de incansáveis ataques que partem de segmentos conservadores dos mais diversos matizes. Estes segmentos têm se aproveitado de momentos os mais infelizes da Justiça, da grande mídia e do Ministério Público. Felizmente, todo esse esforço não tem alcançado seus objetivos, no que diz respeito à quebra da unidade dos aliados e do prestígio da presidenta Dilma Rousseff. E isto somente vem sendo possível em virtude da atitude cada vez mais independente e vigilante do povo brasileiro, um povo consciente de tudo o que vem sendo feito, de forma positiva, em favor da Nação, e do presente e do futuro do Brasil.
A unidade que se pretende vai permitir a aprovação de projetos que visam aprofundar o processo de desenvolvimento brasileiro e as principais conquistas sociais do nosso povo. Ela tem início com a eleição, nesta segunda-feira, do aliado peemedebista Henrique Eduardo Alves, deputado federal nordestino do Rio Grande do Norte, para a Presidência da Câmara dos Deputados. Esta eleição complementa outra realizada na última sexta-feira, 1º, no Senado Federal, quando foi reconduzido à Presidência da Casa o senador Renan Calheiros, do mesmo PMDB de Henrique Eduardo. Em ambos os casos, estão unidos, em torno da composição das Mesas de cada uma das Casas, os principais partidos que constituem a aliança política que haverá de reconduzir Dilma à Presidência da República no próximo ano.
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Cláudio Rodrigues | aclaudiors@gmail.com
 

Se os colaboradores de Azevedo, que hoje fazem parte da equipe de Vane e Wenceslau, fossem bons técnicos e profissionais competentes, Itabuna não estaria nessa triste situação em que se encontra e Azevedo certamente não teria perdido a eleição.

 
Estou entre os 45.623 eleitores que, nas eleições de 2012, depositaram na dupla Vane/Wenceslau a esperança de mudança na condução dos destinos de nossa cidade. Durante o processo eleitoral, a equipe de comunicação da campanha de Vane e Wenceslau explorou a palavra mudança com muita competência.
A chapa encabeçada por Vane passou a ser sinônimo de esperança, ética, moralidade administrativa, política de segurança, planejamento, fim do nepotismo e, acima de tudo, de mudança. Até porque as últimas gestões foram caracterizadas por desmandos e incompetência administrativa, comprovadas pelas obras inacabadas e de péssima qualidade, falta de políticas sociais e denúncias de corrupção.
Após 30 dias à frente da administração municipal, Vane e Wenceslau conseguiram transformar a palavra mudança, que foi a marca da campanha, em dúvida, muita dúvida. Compor a equipe com pessoas da administração anterior, pessoas essas responsáveis direta ou indiretamente pelo completo estado de abandono em que a cidade se encontra, fica difícil de entender.
A justificativa do vice-prefeito de que as nomeações atendem a critérios políticos dos partidos aliados, mostra que o “toma lá, dá cá”, uma das piores práticas da política brasileira será uma das marcas desse governo. As nomeações de quadros da gestão do ex-prefeito Nilton Azevedo, como o ex-secretário de Desenvolvimento Urbano, José Alencar, responsável direto pelas obras de péssima qualidade e muitas inacabadas, que passa a ser o braço direito da secretaria comandada pelo vice-prefeito Wenceslau, é dose para leão. O que era ruim ontem, hoje é tudo de bom.
Outro nome que causa espanto é o de Alfredo Melo, que presidiu a Emasa nos dois primeiros anos de Azevedo e teve as duas prestações de contas rejeitadas pelo TCM. Agora, Melo dirige a pasta de projetos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Isto sem falar em outras nomeações, de pessoas que no governo passado tiveram seus nomes envolvidos em práticas no mínimo suspeitas. Nada de pessoal contra os ex-colaboradores de Azevedo, até porque não os conheço, apenas sei que, como profissionais, suas qualidades deixam muito a desejar.
As escolhas do prefeito e do vice-prefeito, dos quadros de Azevedo para auxiliar a conduzir os destinos de Itabuna pelos próximos quatro anos, são fonte de questionamentos. Se a proposta era a da mudança, por que manter pessoas que não apresentaram resultados satisfatórios na gestão anterior?
Se os colaboradores de Azevedo, que hoje fazem parte da equipe de Vane e Wenceslau, fossem bons técnicos e profissionais competentes, Itabuna não estaria nessa triste situação em que se encontra e Azevedo certamente não teria perdido a eleição.
Cláudio Rodrigues é empresário.

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Felipe de PaulaFelipe de Paula | felipedepaula81@gmail.com

De fato Serres tinha razão. A cada dia podemos notar o quanto a necessidade de formação – em seus mais diversos níveis – passa a ser uma demanda cada vez mais urgente.

O filósofo francês Michel Serres foi entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, em 1999. Naquela ocasião, enquanto discutia encaminhamentos para o desenvolvimento contemporâneo, ele foi questionado a respeito da educação e seus processos de formação. Serres afirmou o seguinte:
“Acho que, quando digo que o próximo século será o século da formação, não o digo como uma ideia filosófica ou uma utopia. (…) Baseado em experiências, digo que, amanhã, a demanda por formação será cada vez maior. Porém, nossas técnicas de formação e ensino são limitadas por questões de orçamento, de finanças, etc. Estamos, portanto, num momento muito preciso. (…) Esse ponto sem volta é chamado de crise. Portanto estamos aqui numa encruzilhada. Ou mudamos a maneira de educar ou será uma catástrofe. É isso. E acontece que justamente as novas tecnologias oferecem uma maneira de educação diferente, portanto existe a crise e existe a solução para o problema da crise.”
Essa nova maneira de educar, convocada pelo filósofo, passa objetivamente por duas questões fundamentais: a interdisciplinaridade e as novas tecnologias. A primeira delas nada mais é do que o diálogo formativo. Não se pode admitir um profissional contemporâneo que seja altamente especializado em sua área e alheio a temas de áreas adjacentes.
O profissional moderno deve ampliar sua visão de mundo a fim de encontrar uma formação mais completa. É recorrente a queixa a respeito da existência de profissionais que, embora donos de conhecimentos avançados em sua área de atuação, não sabem trabalhar em equipe, não têm trato adequado com clientes ou não sabem o que se passa pelo mundo. A formação interdisciplinar age na minimização dessas deficiências formativas.
As novas tecnologias, por sua vez, abrem um horizonte promissor para a formação. Bibliotecas de todo o planeta disponíveis com facilidade, acesso a informação de modo instantâneo, possibilidade de diálogo com pesquisadores de centros avançados. Poderíamos listar aqui uma infinidade de caminhos a serem experimentados e seguidos.
De fato Serres tinha razão. A cada dia podemos notar o quanto a necessidade de formação – em seus mais diversos níveis – passa a ser uma demanda cada vez mais urgente. Amplie-se ainda mais tal característica em uma região como a sul-baiana, prestes a receber uma série de empreendimentos, como o Complexo Intermodal.
Em breve, o sul da Bahia abrigará a UFSBA, Universidade que está sendo gerada com uma concepção mais ampla. Jovens de toda a região poderão iniciar seus cursos superiores nas suas próprias cidades, fazendo uso das novas tecnologias, ampliando dessa forma o acesso a formação.
Além disso, os jovens graduandos não farão seleção para cursos desenhados nos moldes tradicionais. Serão quatro Bacharelados Interdisciplinares (BIs) em cada Campi da UFSBA: Artes, Humanidades, Ciência e Tecnologia e Saúde.
Após uma formação de base completamente interdisciplinar, dialógica, em consonância com o que há de mais moderno na educação superior mundial, o aluno sai graduado com um diploma de nível superior em uma dessas quatro áreas. Daí por diante, caso deseje, pode seguir seus estudos por mais um, dois ou três anos e obter sua formação nas áreas específicas tal como na universidade tradicional.
É um novo meio de pensar, de formar. É uma nova educação para uma nova universidade. E que irá colaborar com a formação de um novo Sul da Bahia e um novo Brasil.