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Laura Pujol, cônsul-geral cubana na Bahia.
Laura Pujol, cônsul-geral cubana na Bahia.

A cônsul-geral de Cuba na Bahia, Laura Pujol, afirma que o mais importante nestas negociações com os Estados Unidos é o fim do bloqueio econômico, financeiro e comercial.

Laura entende que o processo não será rápido, mas cada passo será aproveitado salvaguardando as conquistas do sistema social, socialista.

Na entrevista concedida ao jornalista Marival Guedes, do PIMENTA, a cônsul fala também sobre soberania, direitos humanos, migração, meio- ambiente e turismo. Confira

PIMENTA – Cônsul, agora que foram dados os primeiros passos para o reatamento das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, quais as perspectivas com relação ao fim do embargo americano?

LAURA PUJOL – Já houve três rodadas de negociações onde foi discutida a reabertura das embaixadas. Mas o reatamento das relações diplomáticas já foi anunciado pelos dois presidentes. Portanto, não temos dúvida de que vai acontecer num curto período, resultado dos diálogos que estão acontecendo entre os dois governos.

PIMENTA – E as outras relações entre os dois países, quais as perspectivas?

LAURA – Neste aspecto não podemos criar falsas expectativas com relação ao tempo. É preciso que se leve em consideração que Cuba e Estados Unidos nunca conversaram como países soberanos. E são dois países diferentes. Mas o mais importante tem que ser ressaltado: este diálogo vai acontecer. Somos países vizinhos que precisamos ter relações mesmo com sistemas políticos opostos, divergentes.

PIMENTA – Outro passo já foi dado, a eliminação de Cuba da lista dos países que patrocinam o terrorismo…

LAURA – Era uma lista onde Cuba nunca deveria ter sido incluída, que não reflete a realidade. Ao contrário, nosso país tem sido vítima do terrorismo durante mais de 50 anos, com inúmeros mortos e feridos, com ações terroristas organizadas dentro dos Estados Unidos. Esta eliminação é um progresso para as relações entre os dois países.

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O mais importante é o fim do bloqueio econômico, financeiro e comercial.

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PIMENTA – Quais os fatores mais importantes na normalização?

LAURA – O mais importante é o fim do bloqueio econômico, financeiro e comercial, ação que tem prejudicado a vida do povo cubano. Quem nasceu em 1984, não conhece outra coisa que não seja um país bloqueado. E 70% do povo cubano que vive hoje nasceu debaixo desta injusta situação que não afeta somente a economia, as transações comerciais. Provocou também, nos últimos anos, um especial recrudescimento nas questões financeiras que atrapalham o desenvolvimento do nosso país. É uma ação que prejudica a vida do povo cubano. Há outra questão histórica que é a base de Guantánamo, instalada em Cuba pelos Estados Unidos. Isto também tem que ser discutido.

PIMENTA – Será um processo de médio ou longo prazo?

LAURA – Não será feito rapidamente, mas cada passo será aproveitado pelo povo cubano para o desenvolvimento do nosso país, salvaguardando as conquistas do nosso sistema social, socialista, o sistema que escolhemos pra viver que é o socialismo cubano.

PIMENTA – Este início de diálogo com os Estados Unidos poderá provocar alguma alteração nas relações de Cuba com outros países parceiros, a exemplo de Brasil, Venezuela, Equador, Bolívia…?

LAURA – Penso que não tem a ver uma coisa com outra. A nossa relação sempre tem sido pelo multilateralismo. Queremos muitos parceiros e combatemos, por princípio, qualquer relação assimétrica. O posicionamento de Cuba na agenda internacional não tem porque mudar, porque estamos falando com os Estados Unidos. Temos relacionamentos com países emergentes importantes como é o caso do Brasil, Rússia, China. E é o caso também da relação que estamos aprofundando e melhorando com a União Europeia. Isto nos deixa ainda melhor para o processo de normalização com os Estados Unidos. Considero isto importante também para a mudança de           posicionamento dos Estados Unidos. É importante também deixar claro que nós oferecemos o diálogo desde o primeiro dia que triunfou a revolução. É verdade que tivemos momentos de confrontos políticos muito fortes, mas a escolha do rompimento das relações nunca foi de Cuba.

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Não faremos nenhum tipo de concessão de princípios para agradar.

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Confira a íntegra da entrevista clicando em Leia Mais

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Vane em audiência no TRT (Foto Alessandra Lori).
Vane em audiência no TRT (Foto Alessandra Lori).

Os professores da rede municipal em Itabuna estão em greve há 19 dias. A categoria cobra reajuste de 13,01% para os níveis II e III, mesmo percentual assegurado aos profissionais que recebem o piso nacional. O governo oferece 8% e cita risco de comprometer pagamento em dia dos salários, se conceder reajuste maior.

Ontem, não houve avanço nas negociações entre governo e professores, desta vez em audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Salvador. O avanço foi a antecipação dos 3% da segunda parcela, de novembro para setembro.

O esforço pode ter sido em vão. A diretoria do sindicato dos professores municipais, o Simpi, antecipou-se à assembleia da categoria, marcada para amanhã, e disse que a greve continuará, pelo menos, até dia 29 de junho, quando ocorrerá nova audiência no TRT. Conversamos com o prefeito Claudevane Leite (Vane do Renascer), por telefone. Confira trechos:

BLOG PIMENTA – O senhor diria que houve avanço na audiência com os professores no TRT?

VANE DO RENASCER – Nós estamos dando o máximo possível de reajuste, com 5% retroativo a abril, e antecipamos para setembro os 3% da segunda parcela, que seriam pagos em novembro. Chegamos aos 8%, que é nosso limite máximo. O sindicato ficou de analisar em assembleia [na quarta]. Nenhuma prefeitura do porte de Itabuna está dando 8% de reajuste. A gente está vendo estados ricos, como Rio Grande do Sul, dando só 3%. Nem a Bahia deu 8%.

PIMENTA – Não há como conceder maior reajuste, 8% é o teto?

VANE – Nós pegamos a prefeitura com 83% da arrecadação comprometida com a folha, baixamos para 63%, mas estamos ainda acima do limite da Lei [de Responsabilidade Fiscal], 54%. A folha diminuiu em 20% sem o governo demitir. Reduzi meu salário, salário de secretários e não houve reajuste de comissionados, cortamos o número de cargos comissionados. Agora, saímos de 0% para 6,41% de reajuste, depois 7% e chegamos a nosso limite máximo, que é 8%, para os professores.

PIMENTA – A arrecadação não aumentou?

VANE – Reduzimos o peso da folha, mas nossa arrecadação não aumentou nem diminui. As despesas, o custeio aumentaram. A arrecadação não acompanhou essa demanda.

PIMENTA – O senhor acredita em fim da greve com essa antecipação da segunda parcela?

VANE – Cheguei ao nosso limite com os 8% e a antecipação da segunda parcela de reajuste. Esperamos que os professores retornem. Do contrário, a decisão será com o Tribunal Regional do Trabalho, no dia 29 de junho. A gente espera que os professores se sensibilizem. Nós temos uma crise instalada no país. Basta lembrar como pegamos a prefeitura e ainda tem essa crise nacional. A previsão é de queda na arrecadação em junho, o que dificulta ainda mais um reajuste maior. Apelamos aos professores para que vejam nosso esforço e o prejuízo social que são esses mais de 20 mil alunos sem aula.

PIMENTA – A ocupação de gabinete e fechamento da prefeitura dificultaram as negociações?

VANE – Olhe, nós ficamos preocupados e tristes. Tínhamos escolas funcionando, não aderindo à greve. O sindicato foi para cima e fechou, mas o cúmulo foi o fechamento do centro administrativo. Não prejudicaram só o governo, prejudicaram a sociedade. A prefeitura deixou de arrecadar, de atender, de fazer licitação. Foi um ato inconsequente. Estamos preocupados com o prejuízo social e estamos abertos ao diálogo.

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Geraldo Simões 3Geraldo Simões, ex-deputado federal e ex-prefeito de Itabuna, concedeu sua primeira entrevista, após mais de dois meses de reflexões. O petista deixou o parlamento federal em janeiro e, hoje, começa a trabalhar a pré-candidatura a prefeito de Itabuna. Por ela, disse, pode até sair do PT, mas afirmou estar tranquilo. A tranquilidade talvez tenha vindo depois de longa conversa com o ministro da Defesa, o ex-governador Jaques Wagner.

Se vai sair do PT, é algo que será definido até o outubro. É o prazo máximo. Pode ir para o PMDB ou PSB. Nesta entrevista ao PIMENTA, Geraldo fala de alianças para 2016 (disse que irá além do centro), dos próprios erros que resultaram em não reeleição, futuro de Itabuna e diálogo com o PT e partidos. Também aborda acenos de alianças com partidos como Pros, Solidariedade e PTB. Revelou que pode até conversar com Fernando Gomes e Azevedo por 2016, “pensando em Itabuna”.

Confira.

BLOG PIMENTA – O senhor não conseguiu ser reeleito para deputado federal em 2014 e de lá para cá disse que entraria em um momento de reflexão. Fez essa reflexão?

GERALDO SIMÕES – Tenho refletido muito. Primeiro, pela situação da cidade, a situação da região. O que foi feito no mandato, o que poderia ter sido feito e que não foi, o que podemos fazer daqui pra frente e onde eu cometi erros que não me ajudaram na reeleição.

E dessa reflexão, a que conclusão o senhor chegou?

Foi uma eleição difícil, em que as realizações, os feitos de um parlamentar tiveram um peso pequeno. O peso maior foi o dos recursos volumosos nas campanhas. E eu nunca tive relação com pessoas que financiam campanhas. As minhas sempre foram modestas. Eu sempre me elegi deputado federal com R$ 300 mil, que é um valor de eleição de vereador. Esse é um erro que eu acho que vou continuar com ele, não ter relações com grandes financiadores de campanha. Acho que poderia ter mais aliados e também poderia, antes da campanha, ter trabalhado mais em Itabuna.

O senhor falou em ter mais aliados. O que faltou? Foi um erro seu, de movimentação do próprio mandato?

Eu perdi aliados exatamente porque a concorrência ganhou de mim na ajuda financeira. Foi uma eleição difícil, do ponto de vista de financiamento

Então, hoje, o senhor diria que para se eleger é dinheiro?

Espero que Brasília mude. O PT tomou uma decisão de não receber dinheiro de empresas. O PT. Os candidatos ainda podem receber dinheiro de empresas, e isso vai ser decidido no congresso do partido. Mas o PT decidir sozinho não é bom, porque fica uma luta desigual. Como é que o PT não vai receber dinheiro de empresários e outros partidos vão receber? Tinha que ter uma mudança na legislação eleitoral que se proíba financiamento de empresas nas campanhas. Poderia até pessoa física, mas pessoa jurídica jamais.

O senhor vê saída para o PT?

Vejo, sim. Nós já passamos por dificuldades – claro que nenhuma com essa dimensão. É a gente corrigir os erros, mudar comportamentos e práticas, principalmente nessa relação com os empresários, e colocar o país para gerar empregos e melhorar a vida das população.

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É o pior momento da história do PT e muito desgaste de nosso partido. E com muita dificuldade de governar da presidenta Dilma, por conta do aumento da inflação, do desemprego, de promessas de campanha que ela ainda não teve condições de cumprir.

 

Como o senhor está enxergando os governos de Rui e de Dilma?

Nós estamos passando pelo pior momento do Partido dos trabalhadores em toda sua existência, muito desgaste de nosso partido. E com muita dificuldade de governar da presidenta Dilma, por conta do aumento da inflação, do desemprego, de promessas de campanha que ela ainda não teve condições de cumprir, enfim, um momento difícil do governo. Aí, junta a crise do PT com o momento difícil do governo e dá uma situação ruim. E na Bahia, o que tenho notícias, é que Rui, em reuniões que realiza, diz que não tem dinheiro para investir esse ano. Para se ter ideia, o reajuste do funcionalismo, que seria a correção da inflação, está sendo dividido em duas parcelas. Isso é uma situação concreta da situação financeira do estado e do país. Então, tudo isso atrapalha o PT.

O senhor fez uma reflexão de resultado eleitoral. Mas, em relação aos seus mandatos, no que eles ajudaram mudar a vida da cidade e da região?

Em Brasília, eu votava nos grandes temas. Mas eu apenas votava. Os temas regionais eu tomava a frente, encampava, propunha. Hoje, vejo colegas meus querendo ir em frente da Petrobras, frente do Banco do Brasil, disso, daquilo. Não vejo ninguém falando em frente do cacau, da Ceplac, a frente para o terreno da Universidade Federal do Sul da Bahia. [O último].

Mas como avalia a sua atuação parlamentar?

Foi meu melhor mandato. Começo pela Universidade Federal do Sul da Bahia, que não vinha para Itabuna. Dilma, Haddad, Mercadante, queriam em Porto Seguro. Ela dormiu em Porto Seguro e amanheceu em Itabuna. Veja o Preço mínimo do cacau. A política de preço mínimo existe desde 1940 no Brasil, e o cacau nunca havia sido incluído, por que Brasília pensava que cacau era produto de gente rica. Eu convenci a presidenta Dilma a incluir o cacau e nunca mais teremos a arroba de cacau sendo vendida a R$ 50,00, como foi há oito anos. Veja a proposta de demarcação de terras indígenas ali em Ilhéus, Buerarema, Una. É uma barbaridade. São 47 mil hectares, demarcar significa expulsar 20 mil agricultores e trabalhadores rurais. A demarcação está prontinha lá em Brasília. Não saiu, pode ter certeza, pelo meu trabalho. E espero que não saia, porque seria uma demarcação injusta. Emendas de bancadas para a rodovia Ilhéus/Itabuna, para a barragem do rio Colônia e recursos, como ninguém nunca botou, para cidades da região. Nunca vi outros deputados, nesses últimos 50 anos, fazer tanto quanto eu fiz nesse último mandato. Mas é o que eu disse: os feitos nessa eleição pesaram menos que os financiamentos de campanha.

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Eu pretendo ser candidato a prefeito nas eleições de 2016 em Itabuna. Vou manter a minha candidatura

No cenário mais próximo, o senhor é pré-candidato a prefeito?

Eu pretendo, com um conjunto de amigos meus e em torno de 70% do Diretório do Partido dos Trabalhadores, ser candidato a prefeito nas eleições de 2016 em Itabuna.

O PT, pelo menos parte dele, não apoia o governo municipal, que é da base do governo estadual e também do federal. O senhor iria para o enfrentamento para garantir…

Vou manter a minha candidatura.

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Berzoini, à esquerda, visitou Itabuna para inaugurar sistema de fibras óticas (Foto Gabriel Oliveira).
Berzoini, à esquerda, visitou Itabuna para inaugurar sistema de fibras óticas (Foto Gabriel Oliveira).

O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, esteve em Itabuna ontem (27), quando entregou ao município o sistema de fibra ótica do programa Cidades Digitais, do governo federal. O sistema permitirá a conexão de órgãos públicos e oferecerá pontos de acesso em banda larga para a população. O ministro visitou alguns órgãos e equipamentos municipais, como o Samu e a Ficc, onde foi recepcionado pelo prefeito Claudevane Leite e concedeu a seguinte entrevista ao PIMENTA.

BLOG PIMENTA – Ministro, como fica a situação do tesoureiro do PT, João Vacari, nesse contexto da Operação Lava Jato?

RICARDO BERZOINI – Esse é um assunto do partido. Eu, como ministro, tenho que tratar dos assuntos do ministério. Evidentemente, o partido tem um presidente muito atento à conjuntura nacional, que vai tomar a decisão que achar melhor para o PT.

PIMENTA – Em relação à democratização da mídia, uma luta de blogs e pequenos veículos de todo o país, como o senhor, como ministro, está tratando?

BERZOINI – Estamos tratando na forma de abertura de um grande debate. Estive ontem (quinta-feira, 26) na Câmara dos Deputados, discutindo o assunto com dezenas de deputados, quero discutir com a sociedade, com os blogueiros, com as rádios e TV comunitárias e educativas, assim como com os grandes grupos comerciais, que geram muitos empregos. Vamos discutir para saber que tipo de legislação atende ao povo brasileiro, porque isso é que é fundamental para as comunicações no Brasil. A Constituição tem artigos muito bem escritos, que na minha opinião não merecem nenhum reparo, nenhum tipo de emenda constitucional, que definem bem o papel da comunicação social e os direitos constitucionais do povo. O que é fundamental é verificar se as leis que estão abaixo da Constituição ajudam ou atrapalham o seu cumprimento.

PIMENTA – Qual é a posição do senhor em relação à regulamentação da mídia?

BERZOINI – Como é um tema muito polêmico, com muitas posições diferenciadas, precisamos abrir esse debate. O governo entra como fomentador, porque é um debate que já ocorre na sociedade. Temos o Fórum Nacional da Democratização das Comunicações, temos discussões em sindicatos, associações, entidades nacionais que fazem a discussão de qual seria a comunicação social ideal para o Brasil. Como ministro, quero, nesse momento, abrir mão de opiniões pessoais, para promover e coordenar esse debate para, de maneira democrática e transparente, sem atropelar o direito de ninguém, preservar o direito constitucional do povo brasileiro.

PIMENTA – Além de ministro, o senhor é um petista histórico. Como analisa o tratamento dado pela mídia ao PT e ao PSDB?

BERZOINI – Minhas opiniões, declaradas por décadas, mostram que defendo uma necessária isenção dos meios de comunicação, obviamente preservado o direito à opinião. Ou seja, opinião, qualquer que seja, é democrática, mas tem que haver um equilíbrio. Mas isso é um debate que tem que ser feito a partir de um marco regulatório. Não podemos expressar apenas opiniões pessoais e não levar em conta que para qualquer alteração temos que acumular alianças políticas na sociedade para construir um caminho que assegure a função social dos meios de comunicação. Eu tenho tranquilidade para dizer isso porque minhas opiniões são públicas, mas como ministro eu quero ser um agente de promoção do debate democrático.

PIMENTA – De que forma esse programa que o senhor inaugura aqui hoje ajuda na democratização da comunicação?

BERZOINI – A internet é uma das novidades dos últimos 25 anos em termos de democratização da capacidade de interligar as pessoas, de maneira totalmente nova, porque é pulverizada, interativa e principalmente porque, com um pequeno investimento individual, você tem acesso à rede. Agora, para que as pessoas possam usar a rede, o poder público precisa fomentar a expansão da infraestrutura. O programa Cidades Digitais, como o Programa Nacional de Banda Larga, como os investimentos que o governo fez na Telebrás, em fibra ótica em todo o país, assim como a nossa indução para que o setor privado invista, estão na direção de permitir que as pessoas se comuniquem. Ou seja, que haja, além de serviços públicos melhores, que além de melhor acesso a serviços privados, que as pessoas possam compartilhar suas opiniões como hoje fazem, através de redes sociais, através da interação direta, além da promoção de novos tipos de mídia. Os blogs são grandes novidades, as redes sociais também, e nós precisamos fomentar isso através da infraestrutura, para garantir que todo brasileiro tenha acesso ao sinal de internet com qualidade decente e preço razoável.

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Souza Neto é o novo chefe da corregedoria da PM.
Nomeado para o cargo no último sábado (28), o novo corregedor-chefe da Polícia Millitar, coronel Souza Neto, diz não levar em consideração pressões nas apurações feitas pelo órgão da PM. Assegura que a instituição age dentro da lei.

Souza Neto se considera um legalista e assim está sendo conduzido o inquérito do Confronto no Cabula, quando 12 suspeitos de assalto a banco morreram em confronto com policiais da Rondesp em Salvador.

O coronel e novo corregedor-chefe da PM concedeu entrevista ao jornalista Marival Guedes. Souza Neto, que já comandou a Guarda Municipal de Itabuna, fala também sobre o funcionamento da Corregedoria, desmilitarização e o que fazer para reduzir a criminalidade.

O novo corregedor-chefe diz ter certeza que contará com os apoios do comandante-geral e do governador Rui Costa. Ele também pretende aproximar a Corregedoria do cidadão. Confira a entrevista.

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BLOG PIMENTA – Como funciona a Corregedoria?

SOUZA NETO – A Corregedoria é o pilar da disciplina da PM. Tem por competência instaurar todos os procedimentos investigatórios, desde a apuração sumária, sindicância, os inquéritos policia militares, processo disciplinar e o processo administrativo militar, que é o mais formal dos nossos procedimentos.

PIMENTA – A corregedoria toma decisões ou encaminha os relatórios?

SOUZA NETO – Ela tem competência para conhecer, processar e punir todos os policiais que servem na própria Corregedoria, mas os demais feitos investigatórios, principalmente os mais importantes, são encaminhados para o comandante-geral. Todo o preparo é feito pela corregedoria, desde a instauração até a minuta de solução que é levada à apreciação do comandante geral.

PIMENTA – O senhor assume num momento de muita polêmica: as mortes no Cabula. Como está sendo conduzido este processo?

SOUZA NETO – Apesar de uma situação inusitada em razão do número de resistentes que tombaram no confronto com a PM, este assunto é corriqueiro aqui na PM, infelizmente na nossa sociedade. Nós temos aqui o Núcleo de Polícia Judiciária Militar que cuida só deste tipo de ocorrência. Quando há confronto, quando há resistência às ordens legais do servidor público policial militar no exercício da sua profissão e daí decorre qualquer situação de letalidade ou não, depois do auto de resistência que deve ser formalizado pelo policial resistido, comandante da guarnição elabora um documento e nós instauramos o Inquérito Policial Militar (IPM) baseado neste documento. E ainda vamos buscar se houve legalidade e legitimidade na ação policial.

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CONFRONTO NO CABULA

Na dúvida, apura-se, porque a sociedade precisa saber da verdade. E, pra nós da PM, só interessa a verdade.

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PIMENTA – Até agora, qual a avaliação do senhor ?

SOUZA NETO – Supõe-se que o policial militar agiu em nome da lei, buscando a satisfação do interesse público que é a paz social, a ordem. Quando não se configura, o policial está sujeito a ser responsabilizado por crime de homicídio, cuja competência, de acordo a Lei 92/99 de 19996, a Lei Hélio Bicudo, passou-se a ser atribuição da Justiça Comum, através dos Tribunais do Júri. Nosso papel é investigar e submeter à apreciação do Ministério Público Militar (MPM), que pode tanto acompanhar o inquérito durante a instrução como ao final, é o seu destinatário legal. Então, este inquérito ao final não morre nas prateleiras dos nossos arquivos da Corregedoria. O IPM, uma vez instaurado, tem que chegar às mãos do MPM e, por sua vez, às mãos da Auditoria Militar, um juiz auditor da Vara da Justiça Militar Estadual. O juiz entendendo que houve homicídio, ele delega da sua competência e remete para o juiz da justiça comum do Tribunal do Júri.

PIMENTA – Nestes casos podem ocorrer pressões da população, de políticos e da PM. Há uma tendência de a Corregedoria atender os colegas por ser uma categoria corporativista?

SOUZA NETO – Veja bem, a Corregedoria age dentro dos mandamentos da lei. Temos um Código de Processo Penal Militar que rege todo este ordenamento da competência da Corregedoria. Nós instauramos o IPM e a nós só interessa a verdade. Quando a gente instaura inquérito que é dever de ofício nosso, nós estamos dizendo à sociedade, lembrando aquele brocardo latino, In dubio pro societate. Na dúvida apura-se, porque a sociedade precisa saber da verdade. E, pra nós da PM, só interessa a verdade. Não comungamos com conduta díspares da nossa realidade. Não estamos sujeitos a pressão alguma, até porque temos um Código Penal para seguir. Então, fique tranquila a sociedade, que esta é a postura da Corregedoria.

PIMENTA – O senhor é linha dura?

SOUZA NETO –  De maneira nenhuma. Somos gestores, trabalhamos com recursos humanos e buscamos o aprimoramento. Mas, na condição de corregedor, perfil que sempre me identificaram, procuro ser legalista. Em minha opinião, a atividade policial militar é a formalidade legal e o interesse público que tem sempre que prevalecer.

Clique no “leia mais”, abaixo, e confira opinião do corregedor sobre desmilitarização da PM e prioridades para o órgão.

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Maurício Bacelar foto divulgaçãoMaurício Bacelar assumiu o comando do Detran baiano na semana passada, após o PTN deixar a base do prefeito ACM Neto, de Salvador, e firmar aliança com o governo petista de Rui Costa. Numa entrevista ao PIMENTA, Bacelar justificou a saída do grupo carlista como reação às traições, em sequência, do prefeito soteropolitano.

Sinais de que a aliança com Neto não caminhava bem foram emitidos, segundo Bacelar, pelo próprio prefeito em 2014, quando o DEM lançou candidaturas em Itabuna e Camaçari, minando o PTN.  A estratégia, diz, acabou por tirar o mandato de Coronel Santana, que tentava a reeleição. Maurício, também conhecido como Maurício de Tude, disputava vaga na Assembleia Legislativa e se sentiu prejudicado pelo próprio grupo.

Na entrevista a seguir, Bacelar também fala dos desafios à frente do Detran e como se sente em um governo petista, após 17 anos de carlismo. Confira abaixo.

BLOG PIMENTA – O que levou o PTN a dar essa guinada, deixando a base carlista?

MAURÍCIO BACELAR – Por 17 anos, fomos aliados do PFL e do DEM. De uns tempos para cá, após em 2012 [ACM] Neto dizer, publicamente, que devia a eleição ao PTN, houve uma mudança, parece ter esquecido tudo isso em 2014.

PIMENTA – Como assim?

BACELAR – A gota d´água foi a eleição da Câmara de Vereadores em Salvador. Mas, primeiro, o DEM lançou candidatura na base do Coronel Santana, em Itabuna, com o nome de Capitão Azevedo, mesmo sabendo que o registro de candidatura do ex-prefeito seria negado pela justiça. Perdeu Itabuna, perdeu o sul da Bahia, que enfrenta uma crise há quase três décadas. Neto fez o mesmo em Camaçari, onde o PTN também tinha candidato. Essas coisas foram se juntando. Já em 2013, deveríamos ter a presidência da Câmara de Salvador, mas Neto pediu que abríssemos mão. Abrimos, e em 2015 ele nos traiu.

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[ACM Neto] nos traiu. Não poderíamos ficar em um grupo de um homem sem palavra.

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PIMENTA – Isso levou ao rompimento?

BACELAR – Não poderíamos ficar em um grupo de um homem sem palavra. Já em 2 de janeiro, informamos que não dava mais [para ficar na base do prefeito]. Após isso, Rui Costa nos convidou para o governo do Estado e nos sentimos estimulados a participar.

PIMENTA – Carlista histórico, o senhor se sente à vontade no cargo em um governo do PT, o PTN está à vontade na nova casa?

BACELAR – Estou muito estimulado pela forma como fui recebido e estou sendo tratado pelos secretários e pelo governador Rui Costa. O ambiente é muito bom.

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Correia era o nosso candidato [à presidência da Câmara] e foi traído por ACM Neto, mas respeitamos seu momento de reflexão.

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PIMENTA – O partido enfrenta resistências internas à essa nova orientação política, principalmente em Salvador, com o Tiago Correa, e em Feira de Santana, com o deputado Carlos Geilson. Há como contorná-las?

BACELAR – Recorreremos à arte da política, que é a conversa. [Carlos] Geilson é uma questão localizada. Ele tem como adversário o também deputado Zé Neto. Ele foi comunicado de todos os passos [do partido]. Tiago Correia é uma questão especial, mas ele votou a favor da aproximação [com o governo do estado]. A situação dele é especial, pois é contraparente de Neto. Correia era o nosso candidato [à presidência da Câmara] e foi traído por ACM Neto, mas respeitamos seu momento de reflexão.

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A situação de Neto não é essa “coca-cola toda”. Paulo Souto teve o apoio dele e foi derrotado em Salvador. Aécio Neves também foi apoiado por Neto e perdeu na capital.

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PIMENTA – Como o senhor avalia o cenário em Salvador em 2016? ACM Neto é bem avaliado. Seria imbatível?

BACELAR – Considero que há uma margem pequena. Ele aparece em primeiro lugar entre os prefeitos do país, com 68% de aprovação, mas Imbassahy tinha 92% [quando saiu da prefeitura, em 2004] e, mesmo assim, perdeu a eleição para João Henrique [em 2008]. As eleições passadas mostraram que a situação de Neto não é essa “coca-cola toda”. Paulo Souto teve o apoio de Neto e foi derrotado em Salvador. Aécio Neves também foi apoiado por Neto e perdeu. Há ainda outra situação. O PTN teve 170 mil votos nominais para vereador em 2012. Em 2014, João Bacelar foi o 4º mais votado para deputado federal em Salvador, com mais de 40 mil votos. Ainda tivemos as excelentes votações de Alan Castro e Anderson Muniz na capital. Isso mostra a força do PTN. O prefeito também enfrentará situação de desequilíbrio na Câmara, com quatro vereadores a menos. Então, Neto é o favorito hoje, mas a eleição é daqui a dois anos.

PIMENTA – A sua gestão no Detran baiano será de continuidade ou haverá mudanças?

BACELAR – Vamos desenvolver ação educativa no trânsito. Os estudos mostram que, de cada família brasileira, uma será vítima de acidente de trânsito. Orientado pelo governador, fazendo ações educativas, queremos reverter isso, ver se podemos conseguir. Esse é o novo desafio.

PIMENTA – A equipe já está montada?

BACELAR – Nós conseguimos com o secretário da Fazenda, Manoel Vitorino, a liberação de Joaquim Bahia, que já está atuando conosco antes mesmo de ser nomeado. Queremos aumentar as receitas sem onerar o cidadão. Como é um órgão que desenvolve ações policiais, de segurança no trânsito e fiscalização, teremos também conosco o ex-comandante-geral da PM, Alfredo Castro. Vamos ter aqui, também, nossos jovens técnicos para, juntos, desenvolvermos políticas públicas de segurança no trânsito. Eu estou me afastando da presidência do PTN para desenvolver nosso trabalho no Detran.

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Não seria de bom tom fazer mudanças de forma apressada. Se for o caso, trocaremos peças ou iremos prestigiá-las [mantendo-as em seus cargos].

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PIMENTA – Haverá mudanças nos comandos das Ciretrans?

BACELAR – Tenho três dias à frente do Detran. Ainda estou fazendo levantamento. Não seria de bom tom fazer mudanças de forma apressada. Se for o caso, trocaremos peças ou iremos prestigiá-las [mantendo-as em seus cargos].

PIMENTA – O nome do ex-deputado Coronel Santana foi rejeitado em sua equipe?

BACELAR – Bom, em primeiro lugar, Rui [Costa] não veta pessoas. O Coronel Santana nos honra e teve mandato brilhante. Ele foi convidado para a equipe, mas disse que gostaria de alguns dias para avaliar se entraria na administração ou trabalhará em ações políticas em Itabuna. Ele é um policial correto e saiu da corporação no auge da carreira.

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Aldenes meira reeleito 2O presidente reeleito da Câmara Municipal de Itabuna, Aldenes Meira (PCdoB), avaliou que a sua vitória ontem (30) não representou derrota para o prefeito Claudevane Leite. “Sou da base aliada”, observa.
Apesar de afirmar que nem o prefeito nem o governo perderam, o vereador citou o controlador do município, Oton Matos, o secretário da Fazenda, Marcos Cerqueira, e o chefe de gabinete do prefeito, Silas Alves, como derrotados.
O trio, apoiado por José Trindade, secretário da Assistência Social, trabalhou para o adversário de Aldenes na disputa, Ruy Machado (PTB).
O vereador também disse o que foi importante para reverter o resultado ontem e citou prioridades para o novo mandato. Confira entrevista ao PIMENTA, ontem.
Confira
BLOG PIMENTA – A outra chapa expôs apoios e revelava ter 12 dos 21 votos. O que foi decisivo para que você revertesse o quadro e ganhasse a eleição?
ALDENES MEIRA – A chapa encabeçada por Ruy Machado bradava a todo tempo que tinha o apoio do prefeito Vane. Isso pressionava alguns vereadores. Porém, o prefeito ficou isento no processo. Tivemos conversas com Vane e em nenhum momento ele declarou apoio a nenhum dos candidatos. Ele sempre achou e em suas falas sempre diz que o legislativo deve ser independente.
PIMENTA – Mas, na prática, foi desta forma?
ALDENES – Claro que setores do governo apoiaram a minha chapa e outros apoiaram a chapa de Ruy. Foi até bom para o governo por ter gente nos dois lados.
PIMENTA – Como foi essa “divisão” de apoios?
ALDENES – Claramente, víamos que o controlador Oton Matos, o secretário Marquinhos [Marcos Cerqueira, da Fazenda], o chefe de Gabinete, Silas Alves, e o [secretário de Assistência Social, José] Trindade, tendiam para a chapa de Ruy. Mas, em contrapartida, Giorlando Lima e Wenceslau Júnior me apoiaram e Mariana Alcântara, em que pese o PPS estar na outra chapa, me ajudou, era simpática à nossa candidatura. Então, dentro do Executivo, houve isso. A nossa vitória é o que o legislativo quis, preferiu o nome da gente.
PIMENTA – O resultado foi visto como derrota do prefeito, porque a articulação do governo puxou votos para Ruy Machado. O senhor também entende assim?
ALDENES – Não. Se eu sou da base aliada, como é que foi uma derrota para o governo?
PIMENTA – Mas o núcleo político não trabalhou pelo seu nome.
ALDENES – É, mas houve articulação por mim. Tanto é que nós ganhamos. O meu partido também trabalhou para que ganhássemos, o meu partido é do governo. Então, não encaro como derrota do prefeito Vane nem do governo. Agora, sim, é uma derrota de setores do governo que trabalharam contra.

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Oton botou o bedelho dele, tirou vereadores do meu grupo para o outro, prometendo coisas. Acho que ele é o derrotado.

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PIMENTA – Quais setores?
ALDENES – Oton foi derrotado nesse processo, botou o bedelho dele, tirou vereadores do meu grupo para o outro, prometendo coisas. Acho que ele é o derrotado.
PIMENTA – E quanto ao PCdoB?
ALDENES – Discutimos qual o melhor caminho e, quando definimos que era o meu nome, o partido me deu apoio o tempo todo. O vereador Jairo [Araújo], que é presidente do meu partido, articulou para obtermos essa vitória.
PIMENTA – Quais as prioridades para o novo mandato?
ALDENES – Primeiramente, dar continuidade ao trabalho de transparência e isonomia e tratar o legislativo dentro do espírito republicano. No dia 9, abriremos envelopes com as propostas das empresas para realizar o concurso público. Outra prioridade é a construção da sede própria da Câmara. Vamos ao BNDES em busca de recursos para esta obra, já que o volume de repasse do duodécimo não comporta essa demanda. No mais, vamos continuar tocando o legislativo com independência e democracia.
PIMENTA – O prédio será construído mesmo na Princesa Isabel?
ALDENES – A gente terá que fazer estudo de local, mas, provavelmente, será o mesmo. A Secretaria de Meio Ambiente queria uma permuta de espaço para anexar ali a um suposto parque municipal. Estamos discutindo, mas, a priori, o espaço será aquele. Aí é conseguir o recursos para financiar a obra.

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Geraldo Simões 3Geraldo Simões já foi prefeito de Itabuna por duas vezes, deputado estadual na década de 90 e três vezes eleito deputado federal. Neste ano, o parlamentar obteve 55.636 votos na disputa à reeleição.
A derrota eleitoral o leva à reflexão, algo que fará, de forma mais aprofundada, segundo o próprio, a partir de fevereiro, já fora do parlamento federal.
Geraldo concedeu uma rápida entrevista ao PIMENTA. O petista defende financiamento público de campanha e o voto distrital misto.
Ainda na entrevista, o petista também aborda a necessidade da reeleição de Dilma Rousseff, retorno de Claudevane Leite ao PT e se o seu filho atrapalhou os seus planos eleitorais.
Confira.
BLOG PIMENTA – O partido abriu as portas para o retorno de Vane, mas se fala em objeções no grupo geraldista. Há resistências de sua parte a esse possível retorno do prefeito?
GERALDO SIMÕES – As portas do PT estão abertas a todas as pessoas de bem de Itabuna. Essa é uma coisa. Qualquer pessoa que tenha comportamento ético, bom vizinho, pense a política da gente, é um filiado em potencial do PT.
PIMENTA – É o caso de Vane?
GERALDO – É, ele pensa coletivo.
PIMENTA – Falando em eleição, o seu resultado não te surpreendeu?
GERALDO – Eu esperava uma votação maior, mas compreendo, porque eu fiz campanha muito nos segmentos mais pobres da cidade. Eu fiz 40 visitas em bairros, de casa em casa, e a abstenção aqui passou de 23%. Abstenção mais voto branco e nulo superaram 37% [para deputado]. Compreendo e agradeço.
PIMENTA – E agora?
GERALDO – Já fui eleito seis vezes, já fui prefeito de Itabuna. É tocar a vida pra frente. Me preocupa a eleição de Dilma. A reeleição de Dilma é garantia de que essas obras importantes – e são muitas – serão concluídas. Vamos continuar trabalhando com ideias, projetos para a nossa região e para que novas obras saiam.
PIMENTA – A candidatura do seu filho, Thiago Simões, não atrapalhou seus planos políticos?
GERALDO – Não, não. A minha dobradinha com Thiago foi em Itabuna, pois Jota Carlos, que transfere voto para o federal, fez uma outra opção em Salvador, apoiando Benito Gama (PTB). Então, aqui em Itabuna, não tinha compromisso com ninguém. Não ficaria bem pra mim, na cidade onde meu filho tem domicílio eleitoral, não apoiá-lo. Se for para dar uma analisada, eu continuo defendendo que se tenha voto distrital, pois eu só faço campanha aqui no sul da Bahia, e que tenha financiamento público de campanha. É difícil concorrer em campanha.
PIMENTA – Por que?
GERALDO – Está ficando cada vez mais caro. Estou analisando e propondo que é bom mudar o marco da política no Brasil com o voto distrital. É desvantagem para o deputado uma campanha em toda a Bahia. Sou um homem sem posses. Gasta-se R$ 10 milhões, R$ 12 milhões em uma campanha em toda a Bahia para ter 100 mil votos.
PIMENTA – O senhor fala que não é um homem de posses, mas não é isso que está nas ruas…
GERALDO – Aí é só olhar Imposto de Renda, olhar essas coisas todas. Olhe minha campanha. Os gastos, acho, não vão passar de R$ 100 mil reais. Minha campanha teve gasto similar à de vereador em Itabuna.
PIMENTA – A dificuldade do sr. em obter recursos para esta campanha se deve a quê?
GERALDO – Decorre da opção que faço, das minhas bandeiras. Olhe minhas opções: eu ajudo o funcionalismo da Ceplac, que não pode financiar campanha, eu ajudo os agricultores familiares, ajudo os produtores contra a demarcação de terras, pois acho injusta, ajudo profissionais papiloscopistas. Então, este é o meu perfil de candidato. As minhas relações são exatamente com grupos que não têm poder econômico consolidado. Aqui em Itabuna, eu não recebi uma contribuição de campanha. Não estou me queixando, apenas dizendo que não mudo meu estilo. Devemos mudar a legislação, com fundo público de campanha, fim das coligações proporcionais e o voto distrital misto.
PIMENTA – Quais são os planos, após o término do mandato em 30 de janeiro?
GERALDO – Vou trabalhar bem até janeiro e dar uma descansada, fazer uma reflexão, eu, Juçara, meus filhos, meu grupo.
PIMENTA – Analisando este mandato, o que ocorreu, especificamente, que afetou seus planos eleitorais?
GERALDO – Tivemos seis mandatos. Quer que eu lhe fale, sem arrogância? Analise os mandatos que existiram em Itabuna de 1950 até hoje. Veja se houve deputado para produzir tanto como eu. Universidade Federal [do Sul da Bahia], todos sabem que tem a minha digital por meio da minha amizade com o presidente Lula… Tem o preço mínimo do cacau. A política do preço mínimo existe desde 1940 e o cacau nunca fez parte disso. Agora faz parte. Some a melhoria da Ceplac, a duplicação da rodovia, a obra da barragem, que está parada, mas vai ser retomada. E ainda temos a defesa contra a demarcação das terras tupinambás.
PIMENTA – Os produtores reclamam de lentidão.
GERALDO – Nosso mandato se posicionou junto à presidenta Dilma e aos ministros da Casa Civil e da Justiça contra um processo de demarcação injusto, a ponto de o próprio governo estar mudando. Agora não é só da Funai o ato exclusivo. Ouve-se a Funai, mas também o Ministério da Agricultura, a Embrapa e Ministério das Cidades para se tomar uma decisão. Trabalhei muito. Saio desse mandato com a consciência do dever cumprido para com a nossa cidade, Itabuna, e a nossa região.

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davidson - pimentaO comunista Davidson Magalhães não conseguiu se eleger deputado federal, mas avalia que os mais de 65 mil votos obtidos no dia 5 de outubro o credenciam a atuar como liderança no campo da esquerda no Sul da Bahia.
Nesta entrevista concedida ao PIMENTA, o ex-presidente da Bahiagás demonstra otimismo com a possibilidade de assumir uma cadeira na Câmara Federal, após a composição do governo Rui. Por enquanto, afirma que a prioridade é eleger Dilma Rousseff no segundo turno.
Sobre as sinalizações das urnas para Itabuna, onde Rui Costa perdeu, Davidson defende a reorganização das forças de esquerda em nome do “projeto maior”. Numa referência ao deputado federal petista Geraldo Simões, que não se reelegeu, o comunista diz que alguns líderes regionais precisam “calçar as sandálias da humildade”.
Leia abaixo os principais trechos:
PIMENTA – Como você analisa seu desempenho nas eleições?
Davidson Magalhães – Eu considero uma vitória, principalmente no contexto em que ocorreu esse processo eleitoral. Foi uma eleição bastante disputada, na qual houve uma queda de votos muito grande, e mais uma vez a região confirmou uma característica de pulverização de votos. Nós tivemos aqui muitos candidatos de fora sendo votados e isso reduziu muito a possibilidade de uma eleição concentrada. Terminou saindo do sul da Bahia, de novo, um único deputado federal eleito, o que é mais um prejuízo político para a região. Foi reduzido o número de deputados estaduais e não se ampliou o número de federais.
PIMENTA – Chegou-se a se ensaiar na cidade um movimento em defesa do voto regional…
DM – É um prejuízo porque ficam vários segmentos aqui fazendo o discurso do voto para fortalecer a região e na “hora H” esses mesmos segmentos, por interesses menos nobres, terminam contribuindo com a pulverização dos votos. Seguimos como uma região que tem uma pulverização de votos muito acentuada, o que termina por debilitar nossa representatividade política.
PIMENTA – Essa debilidade pode chegar ao ponto de comprometer projetos estruturantes sinalizados para o Sul da Bahia?
DM – Nossas duas principais cidades (Ilhéus e Itabuna) poderiam ter contribuído mais para o fortalecimento desse projeto regional, mas acabaram ficando extremamente prejudicadas. Nós poderíamos ter um desempenho melhor, o que teria como resultante uma maior consistência política, mas isso é algo que precisará ser superado. Como ganhamos o Governo do Estado, ele, que é o responsável por esses grandes investimentos, juntamente com o Governo Federal, deverá tratar desse problema. Inclusive, o sul da Bahia foi uma das regiões onde o governador eleito Rui Costa teve o menor desempenho, e isso exigirá uma atenção especial para permitir a retomada política da região.
PIMENTA – Como você vê essa vitória de Rui Costa no primeiro turno?
DM – Foi um demonstração definitiva do esgotamento do carlismo, que apostava suas penúltimas fichas no Paulo Souto e num desgaste do governo. Fizeram uma avaliação equivocada e mais uma vez perderam a eleição. Já são três eleições seguidas perdidas pelo carlismo e dessa vez o ACM Neto expôs sua condição de líder político e perdeu inclusive em Salvador. Ou seja, nós derrotamos a principal liderança da oposição e fizemos o senador, o que também demonstra um esgotamento do Geddel (Vieira Lima). A lição que nós tiramos é de que há uma avaliação positiva do governo Wagner e de um projeto em curso que está mudando a Bahia.
PIMENTA – Wagner sempre demonstrou acreditar na vitória de Rui…
DM – O governador sempre insistiu nisso nas reuniões com os partidos: vamos ganhar no primeiro turno. E a argumentação dele era muito sólida: “se comparar o que eles fizeram em 30 anos e o que fizemos em oito, nós damos um banho”. O povo soube ver e entender isso quando tivemos a oportunidade de expor os dados na campanha eleitoral. A diferença entre os dois governos de Paulo Souto e os dois de Wagner é abissal.
PIMENTA – Mas o Sul da Bahia e particularmente Itabuna indicaram não pensar da mesma forma.
DM – Em nossa região, é preciso “cair a ficha” para o que está acontecendo. Experimentaremos um desenvolvimento que tende a ser ampliado com a continuidade desse projeto político com Rui Costa. Isso vai permitir à região dar uma virada substancial a partir da implantação do Complexo Multimodal do Porto Sul.
PIMENTA – Já é possível apresentar um panorama de como ficará o tamanho das bases do governo e da oposição na Assembleia?
DM – As assembleias legislativas têm jogado um papel político muito pequeno na história brasileira, por isso eu acho que Rui não terá problema no relacionamento com o legislativo. Ficamos com a maioria da composição da Câmara Federal e acho que ganharemos a eleição presidencial, o que não põe em risco o projeto.
PIMENTA – Qual o tamanho do PCdoB após essas eleições?
DM – Nosso partido ampliou bastante o espaço político que ocupa na região. Em 2010, quando Wenceslau Júnior disputou o mandato de deputado estadual, teve 31.800 votos, e nós saímos agora com mais de 65 mil votos. É um saldo significativo, que indica uma acumulação de força política nesse período. A possibilidade inclusive de assumir o mandato é importante, já que essa lacuna que ficou na representação do sul Precisará ser preenchida. Nos governos estaduais, tradicionalmente, vários deputados são chamados para assumir cargos, tanto no governo federal quanto no estadual, e isso pode abrir um espaço de atuação política nossa na região.Leia Mais

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Laize Andrade nutricionista entrevista PIMENTAUma fanpage criada no Facebook por uma nutricionista itabunense está entre os fenômenos das redes sociais na Bahia. Nutrição com Amor surgiu como uma experiência para o próprio aprendizado da então estudante Laize Andrade.

O que era tido como “brincadeira” hoje reúne mais de 220 mil curtidores (seguidores), superando  páginas de grandes empresas de comunicação e entretenimento no estado. “Cheguei a esse número naturalmente”, diz, enfatizando que nunca fez anúncios pagos no Facebook.
Para Laize, o número de curtidas e as repercussões das postagens refletem a preocupação crescente do brasileiro pelos hábitos saudáveis. E revela: “O interesse maior dos seguidores  é por alimentos que podem ajudar no processo de emagrecimento e auxiliar no treino”.
A nutricionista itabunense conversou com o PIMENTA sobre o que fez de Nutrição com Amor um exemplo de sucesso nas redes sociais e revela seus planos e até a receita de sucesso da fanpage.
BLOG PIMENTA  – Como surgiu a ideia de lançar a fanpage?
LAIZE ANDRADE – Surgiu quando eu ainda estava fazendo o curso de graduação em nutrição. Inicialmente, a intenção das publicações era apenas para o meu próprio aprendizado, pois eu pesquisava assuntos da área dos quais achava interessante e, em seguida, publicava. Com o tempo, percebi que essas publicações não interessavam só a mim. Assim, pude ver que o número de compartilhamentos dos posts foram aumentando e, à medida que algo era publicado, crescia cada vez mais o número de seguidores (curtidores).
PIMENTA – A página reúne mais de 220 mil fãs. Como agregar tantos seguidores em tão pouco tempo?
LAIZE – A nutrição e a qualidade de vida caminham juntas. As pessoas estão cada vez mais preocupadas com a saúde, a alimentação e com a estética e isso é o reflexo de tantas pessoas seguirem a página.

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O humor também está presente nas publicações e envolve bastante os seguidores.

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PIMENTA – Quais os segredos do sucesso da página?
LAIZE – Dedicação, amor e interesse pela nutrição. Eu me vejo como seguidora. Então, procuro fazer publicações que me interessariam também. Procuro abordar diversos temas relacionados à alimentação e qualidade de vida, atender aos pedidos e responder as dúvidas do público. O humor também está presente nas publicações e envolve bastante os seguidores.
PIMENTA – A página tem várias atualizações diárias. Como faz para mantê-la e, ainda, interagir com quem curte a fanpage?
LAIZE – Adicionar publicações na página faz parte da minha rotina. Muitas são de minha autoria, outras são pesquisadas na internet. Procuro ser fiel aos meus seguidores tirando dúvidas, trocando experiências, atendendo aos pedidos e passando um pouco do meu conhecimento.
PIMENTA – Você diria que o brasileiro tem se preocupado mais com a qualidade do que come?
LAIZE – Sim. A busca pela qualidade de vida e bem-estar é uma preocupação cada vez maior. A alimentação correta, saudável, equilibrada e com suficiente aporte de calorias e nutrientes é essencial para o bem-estar e qualidade de vida.  Boa alimentação com hábitos saudáveis, como a prática de atividade física, são essenciais na promoção da saúde e prevenção de doenças.

Laize Andrade nutricionista entrevista PIMENTA3

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A reeducação alimentar é a receita para emagrecer com saúde, de forma mais saudável, na medida certa.

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PIMENTA – Suas postagens chegam a ter centenas de comentários e milhares de curtidas. Quais são as maiores dúvidas e que tipo de abordagem o seguidor mais gosta?
LAIZE – As dúvidas mais frequentes são a respeito do que se alimentar, se tal alimento faz mal ou bem para a saúde, se ajuda a emagrecer ou a engordar. Falar de alimentação é muito amplo, mas o interesse maior dos seguidores  é por alimentos que podem ajudar no processo de emagrecimento e auxiliar no treino.
PIMENTA – A ideia surgiu quando você ainda estudava Nutrição. Já está trabalhando na área?
LAIZE – Sim. Estou fazendo atendimento domiciliar e proferindo algumas palestras. Estou me atualizando a cada dia  e também estou aberta a descobrir novos horizontes.
PIMENTA – O que você sugere para quem tenta se reeducar em relação à alimentação?
LAIZE – Em primeiro lugar, procurar um profissional nutricionista. Ninguém melhor que ele para auxiliá-lo na alimentação correta. A reeducação alimentar é a receita para emagrecer com saúde e para sempre, e consiste em começar a alimentar-se de forma mais saudável, na medida certa. Se você quer mudanças duradouras, esteja preparado para se alimentar corretamente. Para adquirir práticas novas e saudáveis, é preciso que você se empenhe e participe dessa mudança.
PIMENTA – E de onde veio a motivação para fazer este curso? Quais seus projetos, agora que concluiu a graduação?
LAIZE – Eu sempre gostei de ter hábitos saudáveis, como fazer exercícios físicos, tentar estar sempre bem com o meu corpo. Foi aí que eu percebi que a alimentação era muito importante nesse processo. Eu amo a nutrição, me identifico bastante. Por isso escolhi esse curso. Penso em me atualizar mais, fazer mais cursos, participar de mais congressos na área, fazer outra pós ou mestrado e sempre poder estar contribuindo para a melhoria da saúde das pessoas.

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Mototaxistas são recebidos por Vane na guarita da prefeitura.
Mototaxistas são recebidos por Vane na guarita da prefeitura.

Mototaxistas e motofretistas fecharam a Avenida Princesa Isabel nesta tarde (9) para cobrar flexibilização dos prazos de regulamentação do serviço em Itabuna. O protesto acabou há pouco, após os manifestantes serem recebidos pelo prefeito Claudevane Leite (Vane do Renascer).
De acordo com o presidente da associação, Emerson Silva, o mototaxista terá de desembolsar até R$ 1,2 mil para cumprir as exigências do edital da Prefeitura de Itabuna. A associação cobra mais prazo, já que o cadastramento e vistoria começa dia 12 de maio. Confira a entrevista concedida pelo líder dos mototaxistas ao PIMENTA.
BLOG PIMENTA – O que ficou decidido no encontro com o prefeito há pouco?
EMERSON SILVA – Marcamos a reunião para a segunda-feira, às 10 horas, na Settran. Vamos aguardar para ver o que o prefeito decide. Se não tiver acordo, vamos fazer protestos diários até a data de cadastramento e vistoria.
PIMENTA – Quantos mototaxistas e motofretistas são cadastrados pela associação?
EMERSON – Pelo nosso levantamento, temos 1.700. A prefeitura cadastrou 700. Nós queremos que permaneçam os que já fazem parte da categoria, que são os 1.700.
PIMENTA – E quanto aos outros pontos do edital, quais as reivindicações de vocês?
EMERSON – Nós queremos mais prazo. A gente gastaria R$ 1 mil a R$ 1,2 mil para atender ao que pede [o edital]. É custos com curso, plano de saúde, higienização de capacete, custos com plotagem de moto na cor da bandeira do município…
PIMENTA – O cadastramento e vistoria começam quando?
EMERSON – O cadastramento começa no dia 12 de maio. Será por placa e vai até dia 23 de maio.

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Stédile5O líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, 60, esteve em Salvador no último final de semana, onde participou de uma plenária sobre o Plebiscito por uma Constituinte Exclusiva. Stédile é graduado em economia pela PUC do Rio Grande do Sul e pós-graduado pela Universidade Nacional Autônoma do México.

Nesta entrevista, ele fala também sobre a Reforma Agrária nos governos FHC, Lula e Dilma e diz que o agronegócio utiliza veneno que está o provocando câncer. Stédile também vê o Congresso Nacional dominado pelas bancadas ruralista e do empresariado e faz uma avaliação sobre as próximas eleições.  Confira a entrevista concedida a Marival Guedes, especialmente para o Pimenta.
BLOG PIMENTA – Vamos começar fazendo uma comparação entre os mandatos de Fernando Henrique, Lula e de Dilma sobre a Reforma Agrária.
JOÃO PEDRO STÉDILE – No Brasil, a rigor, nunca tivemos Reforma Agrária no que ela representa, que é um programa de governo que leve a democratização do acesso à terra a todos. FHC abriu as portas para as grandes empresas internacionais, mas teve um azar: o agronegócio, na sua ganância de tomar conta das terras, cometeu dois grandes massacres que deixaram a população indignada. Teve aquela nossa grande marcha à Brasília que fez com que FHC se obrigasse a um programa de assentamentos que foi até razoável, mas foi fruto dos massacres em Carajás e no Paraná.
PIMENTA – Com Lula, houve uma grande expectativa…
STÉDILE – Nós tínhamos esperança de que o governo Lula pudesse acelerar, mas, infelizmente, ele seguiu apenas a política de assentamentos. Então, onde havia pressão política, houve desapropriações. Nós mantivemos, digamos assim, o mesmo ritmo do governo FHC.

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A reforma agrária praticamente parada. E esta é a nossa bronca com relação ao Governo Dilma.

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PIMENTA – E estes três anos e três meses do governo Dilma?
STÉDILE – Agora, está praticamente parada. E esta é a nossa bronca com relação ao governo Dilma, porque não avançou na Reforma Agrária.
PIMENTA – Quais os motivos?
STÉDILE – A resposta simplista seria que falta vontade política do governo, mas não é bem assim. A nossa avaliação é de que a correlação de forças na luta de classe na agricultura piorou no governo Dilma. Piorou em função da crise do capitalismo internacional, houve uma avalanche de capital internacional que veio se proteger no Brasil. Investiram em usinas, hidrelétricas, praticamente desnacionalizaram todo o setor canavieiro e compraram muita terra. Isso representa a força do capital que chega lá no interior, compra terra, controla o comércio etc.

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O cacau tem o comércio cada vez mais concentrado nas mãos da Dreyfus, Nesttlé e da Cargil. Isso foi de pouco tempo pra cá.

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PIMENTA – Pode citar um exemplo?
STÉDILE – O cacau tem o comércio cada vez mais concentrado nas mãos da Dreyfus, Nesttlé e da Cargil. Isso foi de pouco tempo pra cá. A segunda explicação é que, dentro do governo Dilma, há uma presença maior do agronegócio.  Terceira mudança: o Congresso no governo Dilma é mais ruralista. Aquilo que no governo tava parado – e nos ajudava -, o agronegócio avançou pelo Congresso fazendo chantagem. Esta bancada fazia as mudanças, como foi o episódio do Código Florestal, e impunha ao governo como uma derrota. Estas três circunstâncias levaram o governo Dilma a recuar com relação à Reforma Agrária.
PIMENTA  – O que o MST reivindica a curto, médio e longo prazos?
STÉDILE – De curto prazo, a Carta e a pauta que entregamos na audiência durante nosso congresso, em 13 de fevereiro passado, quando sinalizamos para a presidenta: olha, nós entendemos a correlação de forças, que não depende de vontades pessoais. Mas, ao seu alcance, estão, imediatamente, antes de terminar o governo, algumas medidas concretas de emergência.

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Nós temos 100 mil famílias acampadas, inclusive algumas ao longo das rodovias em Itabuna, Ilhéus e outros municípios do sul da Bahia.

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PIMENTA – E quais seriam?
STÉDILE – Nós temos 100 mil famílias acampadas, inclusive algumas ao longo das rodovias em Itabuna, Ilhéus e outros municípios do sul da Bahia. É um absurdo que nós tenhamos acampamentos com oito anos, pessoas morando debaixo de lona preta. Segunda medida, aqui para Nordeste, nós descobrimos que dentro dos perímetros irrigados, já com tudo pronto, o governo botou água, gastou milhões de reais, existem 80 mil lotes vagos, porque, na política burra do Dnocs e da Codevasf, eles fazem primeiro o perímetro irrigado e depois fazem o edital de licitação em que só o pequeno empresário do sul vem aqui. No caso da Bahia, a região de Juazeiro. E, depois, abandonam.
PIMENTA – Quais as razões para esse abandono?
STÉDILE – Porque eles criam uma ilusão: “vou plantar manga, abacaxi e vou bamburrar de dinheiro.” O mercado mundial de frutas já tá tomado. Não é chegar assim: vou exportar manga pra Europa e vou ganhar dinheiro. Não há mais mercado pra fruta na Europa, nem sequer da uva. Ao contrário, toda a produção do perímetro irrigado no Nordeste, hoje vai para o mercado nacional, porque aumentou a renda do brasileiro. Então, é melhor vender no Brasil que no exterior.
PIMENTA – O que foi feito com estes lotes?

STÉDILE – Estão vagos. Tem 80 mil lotes vagos, tudo pronto com água passando. E nós falamos pra Dilma: pelo amor de Deus, bote sem-terra nestes lotes. Não precisa gastar nada, nem desapropriação, pra eles produzirem alimentos.

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A Polícia Federal, nos últimos 12 anos, identificou 566 fazendas onde havia trabalho escravo. Ora, a Constituição é clara: não cumpriu a função social, desapropria. É só ter coragem.

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PIMENTA – A questão do trabalho escravo também consta na carta. Qual a reivindicação?
STÉDILE – A Polícia Federal, nos últimos 12 anos, identificou 566 fazendas onde havia trabalho escravo. Ora, a Constituição é clara: não cumpriu a função social, desapropria. Não interessa se é produtiva ou improdutiva. É um crime hediondo, primeiro motivo absoluto, o cara que pratica trabalho escravo tem que ter [a área] desapropriada. Então, é só ter coragem e pegar os processos e somente aí já teríamos 566 fazendas.
PIMENTA – Quais as ações do MST a partir de agora?
STÉDILE – Nós temos três inimigos do pobre do campo: o primeiro é o latifúndio atrasado, que ainda é improdutivo ou que paga mal aos trabalhadores e que agride a natureza. O segundo é o agronegócio, que é moderno, mas não gera riqueza para o povo brasileiro. E o terceiro é este sistema geral, mundial, que transformou o Brasil numa economia de exportação de matéria-prima, apenas. E não fica nenhuma riqueza aqui.

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Cargil, Dreyfus e Nestlé controlam as exportações. Elas que ficam com o lucro da riqueza do cacau, não o produtor. Este fica com uma pequena margem.

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PIMENTA – Quem controla as exportações?

STÉDILE – O agronegócio aumenta cada vez mais as exportações, mas Cargil, Dreyfus e Nestlé controlam as exportações. Elas que ficam com o lucro da riqueza do cacau, não o produtor. Este fica com uma pequena margem. Então, se queremos que o cacau seja um produto orgânico para produzir chocolate para o povo brasileiro, temos que derrotar este sistema destas empresas transnacionais. São nossas inimigas.
Para ler a íntegra, clique no link a seguir:Leia Mais

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Azevedo cumprimenta mulher durante procissão de São José (Foto Gilvan Rodrigues Propaga).
Azevedo cumprimenta mulher durante procissão (Foto Gilvan Rodrigues Propaga).

O ex-prefeito Capitão Azevedo (DEM) saiu do período de reclusão. Hoje, estava na ala dos políticos que participaram da procissão de São José. Ele participou de todo o trajeto da procissão e assistiu à bênção ao Santíssimo Sacramento no largo da Catedral de São José, não subindo ao espaço reservado aos políticos.
Acompanhado por um assessor, o ex-prefeito deixou a catedral antes que o bispo Dom Ceslau Stanula e o monsenhor  Moisés Souza encerrassem a bênção. Na saída, Azevedo conversou rapidamente com a reportagem do PIMENTA.
BLOG PIMENTA – O senhor será candidato?
CAPITÃO AZEVEDO – Não sei ainda. Estou analisando cenários.
PIMENTA – Sairá candidato a deputado estadual ou federal?
AZEVEDO – Ainda estamos conversando, avaliando.
PIMENTA – O senhor depende exatamente de quê? É o aspecto legal, a rejeição das contas [de 2011]?
AZEVEDO – Não, não. Eu posso [disputar eleição].
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O ex-prefeito teve as suas contas de 2011 rejeitadas pela Câmara de Vereadores em dezembro passado (relembre aqui). Pela Lei Ficha Limpa, o democrata está proibido de concorrer às eleições por até oito anos. Azevedo recorrerá à justiça para tentar anular a decisão do legislativo.

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Amaurih Oliveira

O ator ilheense Amaurih Oliveira é um dos indicados ao Prêmio Braskem de Teatro 2014. Ele concorre com mais três atores e um diretor, na categoria Revelação, pelo seu desempenho no musical Éramos Gays. O resultado será divulgado no dia 23 de abril, durante cerimônia na sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador.

Ao longo de 10 anos de carreira, o artista já trabalhou no teatro, cinema, publicidade e televisão. Criado no bairro do Malhado, filho de um mecânico e uma dona de casa, Amaurih Oliveira estreou na peça Amigas de breves e longas datas, do dramaturgo Gildon Oliveira. Durante mais de três anos, integrou o elenco do Teatro Popular de Ilhéus e da Cia. Boi da Cara Preta, participando dos infantis Ita – um tupinambá em busca do manto sagrado e Auto do Boi da Cara Preta, além do épico Vida de Galileu.
Em 2010, Amaurih foi aprovado no curso de Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no qual se graduou no início deste ano. Após mudar para a capital baiana, trabalhou com o Bando de Teatro Olodum, em Cabaré da Rrrrraça, e participou de montagens didáticas dirigidas por grandes nomes do teatro, como Hebe Alves, Meran Vargens e Elaine Cardim.
No cinema, o ilheense fez participações em A Última Estação e A Coleção Invisível. Na televisão, o jovem participou das minisséries da Rede Globo Como Aproveitar o Fim do Mundo, contracenando com Danton Mello e Alinne Moraes, e Amores Roubados, na qual sua cena quente com Patrícia Pillar foi bastante comentada na blogosfera. Confira principais trechos da entrevista concedida por Amaurih à jornalista Karoline Vital, especialmente para o Pimenta.
BLOG PIMENTA – Como a indicação ao Braskem te impactou?
AMAURIH OLIVEIRA – Fiquei muito feliz com a indicação, ela veio no momento certo. Não esqueçamos que este é o ano da justiça. Os impactos são positivos, começam a notar ainda mais o seu trabalho. Ser reconhecido pelo seu empenho é muito bom!
PIMENTA – Ao longo dos seus 10 anos de carreira, quais os maiores desafios ao viver da arte?
AMAURIH – Todos nós sabemos que não é nada fácil administrar os altos e baixos da profissão. O que a gente tem que ter é coragem para arriscar e, de alguma forma, descobrir o caminho mais leve, mais tranquilo.

______________Amaurih Oliveira vivendo André no musical Éramos Gays -  foto Diney Araújo

A avaliação da arte é algo muito subjetivo. Às vezes, você se prepara bem para um teste, sabe que seu desempenho foi bom, mas o avaliador não simpatizou tanto com você

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PIMENTA – E o fator sorte existe para dar certo no meio artístico?
AMAURIH – Existe. A avaliação da arte é algo muito subjetivo. Às vezes, você se prepara bem para um teste, sabe que seu desempenho foi bom, mas o avaliador não simpatizou tanto com você.
PIMENTA – O que a mudança para Salvador acrescentou em sua vida?
AMAURIH – Minha vinda para Salvador me ajudou a enxergar a carreira de uma forma mais profissional, mais exigente. Não sou perfeccionista, mas  a gente tem que saber o que quer. Os desafios são muitos e eles sempre existirão.

______________Vida de Galileu do Teatro Popular de Ilhéus - foto Anabel Mascarenhas

Desde criança, com sete, oito anos de idade, eu sabia que queria ser ator. Inventava brincadeiras fantásticas, ora imitava um cantor de axé, uma loucura gostosa.

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PIMENTA – A formação acadêmica foi decisiva para sua carreira?
AMAURIH – Não precisa fazer faculdade de Teatro para ser ator. Eu escolhi fazer por uma questão de vivência prática. A universidade nos dá um suporte de aprendizado legal. Desde criança, com sete, oito anos de idade, eu sabia que queria ser ator. Inventava brincadeiras fantásticas, ora imitava um cantor de axé, uma loucura gostosa. Aos 15 anos, estreei na minha primeira peça. A graduação foi importante para eu ter contato com os mestres da UFBA, o que é necessário a partir do momento que você está aberto ao aprendizado.
PIMENTA – Qual trabalho julga o mais importante na sua carreira?
AMAURIH – Nós aprendemos com todos os trabalhos que fazemos. O artista se constrói com muito suor, é difícil escolher um. Ter produzido com o Teatro Popular de Ilhéus, com o Bando de Teatro Olodum, ter vivido três anos de prática contínua na universidade e de sobra vivenciar gostosas participações na TV, fazem de mim um homem grato. Julgo todas as experiências importantes.
PIMENTA – Como encara a repercussão da cena tórrida que fez com Patrícia Pillar, na minissérie Amores Roubados?
AMAURIH – Foi incrível. O mais interessante é perceber que nós, atores negros, podemos ser vistos na TV fazendo não só empregados domésticos, escravos ou ladrões. Eu tive a oportunidade de reencontrar a Patrícia Pillar logo depois que a cena foi ao ar.

______________Amaurih e P Pillar

Foi uma cena muito difícil para nós dois. Mas, graças ao desempenho de toda equipe, modéstia à parte, ficou bem feita.

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PIMENTA – E como foi esse reencontro?
AMAURIH – Ela ficou empolgadíssima com a repercussão. Foi uma cena muito difícil para nós dois. Mas, graças ao desempenho de toda equipe, modéstia à parte, ficou bem feita.
PIMENTA – Depois de ingressar nesse novo universo, como é a relação com Ilhéus e suas origens?
AMAURIH – Costumo dizer que Salvador me dá régua e compasso. Ilhéus é o meu ninho, sempre vou querer o melhor para nossa cidade, para minha família, meus amigos queridos e os colegas do Teatro Popular de Ilhéus.
PIMENTA – Como a vivência no Teatro Popular de Ilhéus te influenciou?
AMAURIH – Esse grupo é massa! Guardo boas lembranças dos tempos do espetáculo “Vida de Galileu”, do “Auto do Boi da Cara Preta”… Nossa, vivi tanta coisa boa com eles! Parafraseando Márcio Meirelles, diretor do Bando de Teatro Olodum, o TPI é um grupo que se faz necessário e essencial. Eu não sei o que seria da nossa região e da minha história sem eles. Quem ainda não viu o trabalho do grupo, tem a obrigação de conhecer. O que estão fazendo lá na Tenda é incrível!

Amaurih Oliveira no Auto do Boi da Cara Preta, da Cia. Boi da Cara Preta - foto Felipe de Paula______________

Precisamos que o poder público e toda a sociedade respeitem mais o trabalho dos nossos artistas e procurem investir com dignidade. Temos atores, cantores, bailarinos de qualidade.

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PIMENTA – O que falta em Ilhéus e na região para o fortalecimento das artes cênicas?
AMAURIH – Precisamos que o poder público e toda a sociedade respeitem mais o trabalho dos nossos artistas e procurem investir com dignidade. Temos atores, cantores, bailarinos de qualidade. Os profissionais querem muito produzir mas, de um modo geral, não se facilita nada. Não tem apoio, não tem investidores, é uma crise que vem desde antes da vassoura-de-bruxa. Espero que a mentalidade mude. Torço muito para que as coisas melhorem em nossa região.

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Ninão, ao centro, com Fernanda Silva e Walmir Assunção no Uruçuca Folia.
Ninão, ao centro, com Fernanda Silva e Walmir Assunção no Uruçuca Folia.

A figura de Eduardo Almeida “Ninão” sempre esteve ligada ao deputado federal Geraldo Simões. Os dois caminhavam juntos, politicamente, desde 1995. Hoje, a criatura rompeu politicamente com o criador.
Ninão decidiu apoiar o deputado federal Valmir Assunção, que tenta renovar o mandato em outubro. No plano estadual, ele apoiará o ex-presidente do PT baiano Jonas Paulo, que tentará vaga à Assembleia Legislativa. O apoio de Ninão a Valmir foi costurado pelo também petista Murilo Brito, esposo da prefeita Fernanda Silva, de Uruçuca.
Numa rápida entrevista ao PIMENTA, Ninão explica as razões para o rompimento anunciado desde o final do ano passado, quando ele não seguiu orientação de Geraldo e decidiu apoiar Everaldo Anunciação, de quem é amigo desde a década de 90, na disputa pela presidência estadual do PT. O candidato de Geraldo era o jornalista Ernesto Marques. Confira
PIMENTA – Você estava com Geraldo há quase vinte anos, por que decidiu apoiar Jonas Paulo para estadual e o deputado federal Valmir Assunção?
EDUARDO ALMEIDA (NINÃO) – A Bahia está em um novo momento. Jonas e Valmir têm muito a contribuir com o PT da baiano nessa nova caminhada.
PIMENTA – É um rompimento só no plano político?
NINÃO – Respeito e reconheço a liderança de Geraldo, mas não concordo com  maneira como o Geraldo vem se relacionando com os partidos aliados, principalmente em Itabuna. Precisamos ter uma relação mais aberta com os aliados nos planos federal e estadual. Hoje o PT de Itabuna enfrenta dificuldades com a política adotada nos últimos anos.
PIMENTA – Como fica o PT para 2016 em Itabuna?
NINÃO – Temos que pensar direito. Aqui em Itabuna, como disse, há dificuldade para se relacionar com os aliados no nível estadual. O PT terá que fazer um trabalho de reaproximação em nível municipal. Se quiser ganhar a prefeitura em 2016, tem que buscar nomes que sempre foram aliados nossos.