Tempo de leitura: 2minutosJames Correia: discussão do ICMS paralisa projetos (Foto Aristeu Chagas).
As negociações para a instalação da fábrica da Del Valle em Itabuna foram “travadas” com a reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), afirmou ao PIMENTA o secretário estadual de Indústria, Comércio e Mineração, James Correia. “A Coca-Cola [Company, dona da marca] só admite reiniciar as negociações depois que a reforma do ICMS for votada”, assegurou. O projeto prevê R$ 500 milhões em investimentos e geração de até 5 mil empregos.
Segundo James, outros projetos de grande porte também estão paralisados no estado por causa desta discussão. A discussão ocorre no Senado Federal. Em junho, caiu a Medida Provisória que criaria fundo de compensação aos estados e o Senado não votou o Projeto de Resolução que define as alíquotas por regiões ou a unificação , o que pode ocorrer no segundo semestre.
O senador Walter Pinheiro (PT-BA) é o relator da medida provisória 599/2012. No cenário mais otimista, a reforma do ICMS pode ocorrer ainda no segundo semestre, mas o próprio James Correia lembra das novas pautas do Congresso Nacional após o movimento das ruas. No entanto, ele enfatiza que Itabuna terá investimento de, aproximadamente, R$ 360 milhões envolvendo Bahiagás, Petrobras e empresas privadas, na área que será transformada em Distrito Industrial, às margens da BR-415, na região limite com Itapé.
BLOG PIMENTA – Como estão as negociações para a instalação da Del Valle em Itabuna?
JAMES CORREIA – Estão paradas, totalmente paradas. A Coca-Cola [Company] só admite reiniciar as negociações depois que a reforma do Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) for votada, pois a empresa pode ser atingida. Esta é a situação real. Este não é o primeiro caso, na Bahia, depois que começou a [discussão de] reforma do ICMS. Outras empresas também adiaram projetos na Bahia.
PIMENTA – Por causa da reforma?
JAMES – Sim. A Reforma Fiscal atrapalha quando não existe e atrapalha quando está sendo discutida.
PIMENTA – Mas existe perspectiva de votação desta reforma neste ano?
JAMES – Agora não dá para prever mais nada no Congresso com estas demandas [dos movimentos]sociais. Reforma política, movimento contra impunidade e as pautas estão travadas. Mas existem perspectivas para Itabuna, por exemplo, com o projeto de gás, de R$ 360 milhões, numa parceria com a Petrobras e empresas privadas.
PIMENTA – Esse complexo de gás será instalado onde?
JAMES – O terreno da Coca-Cola está lá, reservado, e o projeto do gás será instalado numa área contígua a essa, criando ali uma estrutura industrial para Itabuna.
A proposta de conservação produtiva nas fazendas de cacau sul-baianas é uma das bandeiras da gestão do superintendente da Ceplac na Bahia, Juvenal Maynart. Na última quarta (3), o dirigente comemorou os avanços na Bahia com a decisão do governador Jaques Wagner de assinar decreto que valida o projeto da Ceplac.
“A proposta é retomar o crescimento da produção e, ao mesmo tempo, incentivar a conservação ambiental”, diz. O dirigente explica como funcionaria a proposta. A defesa de Wagner da conservação produtiva nas áreas de mata atlântica e do manejo se deu na abertura do V Festival Internacional do Chocolate e Cacau, no Centro de Convenções de Ilhéus.
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BLOG PIMENTA – Como o senhor recebeu a notícia, do próprio governador, de que o decreto, finalmente, sai em agosto?
JUVENAL MAYNART – A sinalização do governador Jaques Wagner valida, na prática, o projeto Conservação Produtiva, proposto pela Ceplac e já em teste em cinco propriedades em Barro Preto. A proposta é retomar o crescimento da produção e, ao mesmo tempo, incentivar a conservação ambiental.
PIMENTA – De forma prática, como funcionaria esta proposta?
JUVENAL – A cada árvore exótica retirada, três a cinco espécies nativas da mata atlântica devem ser plantadas, com preferência para as que estejam em risco de extinção, como pau-brasil, jequitibá. O governador também prometeu um estudo para o manejo de árvores nativas, trabalhando controle rigoroso dessas espécies nas fazendas. Apenas em último caso uma árvore nativa poderá ser suprimida.
PIMENTA – O fator ambiental é preponderante, claro, mas como o produtor pode ser compensado?
JUVENAL – O projeto Conservação Produtiva prevê um valor agregado para quem conservar essas espécies. Além disso, o projeto reza que, no futuro, o conjunto florestal de sua propriedade sirva de garantia para operações de créditos – embora dela ninguém poderá dispor, uma vez que é patrimônio da humanidade. A propriedade será valorada pelo que conserva de fauna, flora e recursos hídricos, que entrarão nessa conta como ativos ambientais.
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SUSTENTABILIDADE – A região pode vir a ter um ganho incalculável em árvores nativas a partir das compensações e na valorização das propriedades, que passam agora a não serem tratadas apenas como fazendas, mas como ambientes produtivos sustentáveis.
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PIMENTA – Este seria o atrativo para o produtor?
JUVENAL – Na prática, o produtor será um fiel depositário das espécies nativas e mesmo das exóticas ao mesmo tempo que essa conservação também vai lhe garantir dinheiro extra, por meio do pagamento dos chamados serviços ambientais, aí incluídos preservação de nascentes e outros serviços, crédito de carbono etc.
PIMENTA – Quais as garantias de que toda essa proposta funcionará seguindo o conceito de conservação produtiva pregado pela Ceplac?
JUVENAL – O projeto define que o controle das árvores que compõem a cabruca deva ser feito por meio do monitoramento dos órgãos ambientais, estaduais e federais, por meio do sistema de rastreamento global (GPS), o georreferenciamento. Esse controle permite acompanhamento, árvore por árvore, em tempo real. Todos esses aspectos estão em teste nas fazendas que fazem parte do projeto.
PIMENTA- Propõe-se aí uma mudança de mentalidade, cultura, o que, à primeira vista, não parece fácil. Como “tocar” o produtor de que esta é uma iniciativa interessante – e viável – do posto de vista financeiro e ambiental?
JUVENAL – Os resultados dependem da adequação das propriedades rurais a partir do manejo para aumentar a produção do cacau. Com o rastreamento das localidades, as punições para eventuais descumprimentos da lei serão imediatas. A região pode vir a ter um ganho incalculável em árvores nativas a partir das compensações e na valorização das propriedades, que passam agora a não serem tratadas apenas como fazendas, mas como ambientes produtivos sustentáveis.
Tempo de leitura: 3minutosWagner fala de popularidade e intenções de voto em Dilma (Foto Pimenta).
A onda de protestos que tomou conta do país e atingiu a popularidade da presidente Dilma Rousseff deve ser encarada com cautela, no entendimento do governador Jaques Wagner em entrevista ao PIMENTA.
A queda também afetou, segundo pesquisa Datafolha, as intenções de voto na presidente. Wagner, porém, tem outra leitura. “Está todo mundo tirando conclusões precipitadas. Eu não acho que ela esteja em desvantagem, até porque não vi ninguém ultrapassá-la”.
Wagner admitiu ter havido uma aproximação dos índices de Dilma e da pré-candidata Marina Silva (Rede). Dilma apresenta 30% ante 23% de Marina. Antes o quadro era 51% a 16%. “É, mas eu ainda não vi um quadro de ameaça [à liderança da presidente]”, considerou.
O governador baiano descartou um “Plano B” do PT para a disputa presidencial, embora os números tenham mostrado que o ex-presidente Lula foi quem mais preservou o capital de votos e seria até eleito em primeiro turno.
Em favor de sua tese, lembra o mesmo período do primeiro mandato de Lula, em 2005, quando surgiu o Caso do Mensalão e o ex-presidente atingiu nível mais baixo de popularidade, recuperando-a entre outubro, novembro e sendo reeleito em 2006.
Confira os principais trechos da entrevista concedida pouco antes da abertura do Festival do Chocolate e Cacau, em Ilhéus, nesta noite de quarta (3). Antes, na coletiva, Wagner falou de cacau, chocolate e conflitos agrários no sul da Bahia, o que será conferido em matéria nesta manhã.
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BLOG PIMENTA – A queda de popularidade da presidente Dilma, segundo pesquisa, força o PT a trabalhar com um Plano B?
JAQUES WAGNER – Olha, eu acho que está todo mundo tirando conclusões precipitadas. É óbvio que toda queda de popularidade preocupada todo político. Como a queda de popularidade atingiu a todos os governantes, eu não acho que ela esteja em desvantagem, até porque não vi ninguém ultrapassá-la [nas intenções de voto].
PIMENTA – Mas se aproxima [Marina Silva].
WAGNER – É, mas eu ainda não vi um quadro de ameaça. Evidente que a equipe dela está se debruçando sobre o tema, é claro que o ex-presidente Lula, pela pesquisa do jornal de São Paulo, foi quem mais preservou a sua posição em relação à população. Quanto aos outros, quase todos eles tiveram impacto negativo [com queda nas intenções de voto]. Então, estou mais cauteloso.
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A presidente Dilma vai, seguramente, recuperar [a popularidade], pois não há uma erosão da imagem dela.
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PIMENTA – E como o senhor analisa esses dados?
WAGNER – Gosto de repetir o que digo sempre: pesquisa é fotografia de um momento. Ela não é uma premonição e estamos cheios de exemplos assim… O próprio presidente Lula, em 2005, nessa época do ano, talvez tenha chegado aos mais baixos índices [de aprovação e intenções de voto], no chamado Caso Mensalão. E em outubro, novembro, virou o jogo. Ganhou a reeleição em 2006. Então é evidente que preocupa. A gente quer estudar, responder. A presidente Dilma vai, seguramente, se recuperar, pois não há uma erosão da imagem dela.
Marcelo Nilo é presidente da Assembleia Legislativa pela quarta vez consecutiva e está no sexto mandato como deputado estadual. Após a experiência de mais de 20 anos de legislativo, Nilo agora sonha com o Executivo e iniciou andanças pela Bahia e tenta se cacifar para disputar a sucessão do governador Jaques Wagner.
Nilo concedeu entrevista exclusiva e falou desse sonho, do perfil governista da Assembleia Legislativa (“deputado não tem interesse de votar projetos de deputado”) e de temas como a maioridade penal. Nilo defende a redução.
A entrevista foi concedida ao jornalista Marival Guedes que, a partir de hoje, fará a cobertura da política, cultura e negócios em Salvador para o PIMENTA. – BLOG PIMENTA – Vamos começar pelos projetos aprovados pela Assembleia. Quais os mais importantes aprovados nos últimos meses? MARCELO NILO – Os mais importantes são o aumento de salário do servidor público, a modernização do meio ambiente, o empréstimo de R$ 1 bilhão que o Executivo tomou, ampliação das penitenciárias, ampliação da Agerba. Enfim, alguns projetos dessa magnitude. Vamos votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) agora, no final do mês. BP – Quase todos os projetos foram enviados pelo Poder Executivo. Isto pode caracterizar o Legislativo baiano como um poder governista? A partir de agora, vai ter mais projetos da própria Casa? MN – Olhe, os deputados, uma grande parte, não tem interesse de votar projetos de deputado. Eu nomeio comissão, eu peço, eu apelo, mas grande parte não tem interesse em votar nos próprios projetos. E aqui só se passa projeto de interesse de deputado através de acordo. Mas eles, infelizmente, apesar da nossa pressão, não gostam de votar nos próprios projetos. Eles preferem votar os projetos do Executivo. ______________
ASSEMBLEIA GOVERNISTA – Como você não pode fazer projeto de impacto, os parlamentares não querem fazer projetos menores, que não têm impacto perante à sociedade.
______________ BP – Por causa da competição… MN – Na realidade a Constituição Federal tirou a prerrogativa dos parlamentares. Você não pode fazer projeto que gere despesa. E o próprio papel já é uma despesa. Então, como você não pode fazer projeto de impacto, os parlamentares não querem fazer projetos menores, que não têm impacto perante à sociedade. É uma tradição dos parlamentos estaduais do Brasil, porque não pode votar projeto que aumente o orçamento do Estado. Consequentemente, perde-se a força, a vontade, o estímulo de você ter mais criatividade nos respectivos projetos. BP – Qual a avaliação que o senhor faz do governo Dilma Roussef?
MN – O governo Dilma manteve as reformas sociais iniciadas no governo Fernando Henrique com a redução drástica da inflação e manteve as reformas sociais do governo Lula. E agora está tentando implantar sua marca, que é melhorar a infraestrutura do país, com modernização dos portos, que infelizmente estão defasados, recuperar as estradas, fazendo o papel de permitir o escoamento agrícola com mais facilidade, iniciando ferrovias. BP – E o governo Jaques Wagner? MN – É um governo que fez muitas obras: um milhão de pessoas alfabetizadas pelo Topa, recuperou mais de oitenta por cento das estradas da Bahia, tendo em vista que ele as recebeu intransitáveis, fez quatro mil poços artesianos, diversas adutoras no interior do estado, a nova Fonte Nova e entregou cento e vinte mil casas populares. Mas a marca principal do governador Jaques Wagner é uma obra que não custa um centavo sequer: é fazer um governo democrático e republicano sem perseguir ninguém. Essa pra mim é a grande marca, é a grande força do governador. BP – E o prefeito ACM Neto, como o senhor avalia estes cinco meses?
MN – Eu diria que tá muito cedo para emitir uma opinião, porque com cinco meses, até agora, não deu pra ver uma marca do ACM Neto, não deu pra ver que Salvador tá diferente. Mas é lógico que você tem um prefeito que tá fazendo parceria com o governo do estado, o que é bom para o estado e é bom para o município. Mas não dá, ainda, pra ter uma marca porque o tempo tá muito curto, cinco meses não dá pra a gente ter a noção exata sobre qual será o planejamento estratégico do seu governo. ______________
MAIORIDADE PENAL – O jovem de 16 anos pensa completamente diferente do jovem de 1940. Eu defendo o plebiscito e nele votarei favorável que a maioridade pena seja a partir dos 16 anos.
______________ BP – Uma questão polêmica: qual a opinião do senhor sobre a redução da maioridade penal? MN – Sou favorável que se reduza pra 16 anos. Somente no Brasil, Peru, Colômbia e uma parte dos Estados Unidos a maioridade penal é 18 anos. Agora recentemente, um jovem de 16 anos matou uma dentista queimada só porque ela tinha R$ 30,00 na conta. O crime abalou a sociedade brasileira. O Código Penal brasileiro foi elaborado em 1940, portanto, tem 73 anos. Ou seja,o jovem de 16 anos pensa completamente diferente do jovem de 1940. Então o jovem de 16/17 anos tem discernimento do que é bom e o que é ruim. Eu defendo o plebiscito e, nesse plebiscito, votarei favorável que a maioridade pena seja a partir dos 16 anos. BP – Mas muda alguma coisa sem mudar a infraestrutura do país, a educação, a saúde? MN – Se ficarmos preocupados com educação, saúde, segurança pública, tudo isso, nós nunca vamos reduzir. Se você reduz de 18 para 16 anos, claro, você dificulta a criminalidade. Claro que se tivéssemos uma boa educação, saúde, empregos suficientes é obvio que a criminalidade reduziria. Mas como você não tem educação, saúde e geração de empregos cem por cento perfeitas, acho que a melhor coisa é reduzir a maioridade penal. Você não tem a ala masculina e feminina? Vamos criar a ala de 16 e 18 anos. Agora, o que não dá é um jovem cometer cinco, seis crimes e quando chega aos 18 anos aquilo é zerado porque ele não pode ser penalizado nem processado com menos de 18 anos. BP – No próximo ano vai ter eleições. O senhor será candidato? MN – Olha, eu sou um deputado de seis mandatos, quatro vezes presidente da Assembleia, fui o deputado estadual mais bem votado em 2010, com 140 mil votos, governador interino por cinco vezes (é óbvio que a caneta não tinha muita tinta porque o cargo não é meu, é de Jaques Wagner)… Fui escolhido pela mídia, pela oitava vez consecutiva, como o melhor deputado da casa, e agora quero ser governador.
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ELEIÇÕES 2014 – Eu quero um governador que tenha raiz interiorana, que conheça os 417 municípios da Bahia, saiba seus problemas, angústias e tenha soluções.
______________ BP – E por que o desejo de ser governador? MN – Tem 51 anos que saiu um governador do interior do estado. Eu quero um governador que tenha raiz interiorana, que conheça os 417 municípios da Bahia, saiba seus problemas, angústias e tenha suas soluções. Quero fazer um planejamento estratégico de desenvolvimento regional. O problema de Itabuna é diferente do problema de Barreiras, o de Barreiras é diferente de Porto Seguro. Nós temos que fazer um governo com planejamento e desenvolvimento regional. Itabuna, nós homens públicos, devemos muito à região de Itabuna. [O ex-governador] Lomanto Júnior me dizia,quando era governador, que ficava esperando a saca do cacau pra poder pagar o servidor público, esperando o ICMS do cacau pra pagar o servidor público.Portanto, nós devemos retribuir isso a lavoura cacaueira, que passa por dificuldade. Devemos aplicar os recursos pra cada área específica: terreno fértil, agricultura, área turística, turismo. Por que Porto Seguro cresceu? Porque foi feito um aeroporto internacional. Por que a Chapada Diamantina não cresceu? Porque, infelizmente, demoraram muito para construir o aeroporto, consequentemente os turistas não foram. Agora com o aeroporto está começando a se iniciar o potencial turístico da Chapada. O que nós devemos é investir em cada área específica num planejamento estratégico regional. BP – Vai tentar ser candidato do governador ou vai sair pela oposição? MN – Eu quero ser candidato a governador nem de esquerda nem de direita. Espero ter o apoio do governador Jaques Wagner.
A greve dos professores da rede municipal de Itabuna completou duas semanas sem que governo e categoria cheguem a acordo pelo fim da paralisação. O governo oferece 7,97%, em duas vezes, mas a categoria reivindica 15%, parcelado em três vezes.
A presidente do Sindicato Municipal dos Professores Públicos de Itabuna (Simpi), Normagnolândia Guimarães, disse que os educadores foram surpreendidos com uma ação do governo, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), pedindo a ilegalidade da greve.
O TRT não acatou o pedido do governo e marcou audiência de conciliação para as 14h da próxima quarta-feira (12), na capital baiana. A dirigente sindical conversou com o PIMENTA nesta tarde. BLOG PIMENTA – A greve completa duas semanas. O governo já chamou para novas negociações? Normagnolândia Guimarães – Bate na mesma tecla dos 7,97%. Ainda não sentaram para negociar. Na quarta, fizemos assembleia. A secretária [Dinalva Melo] enviou ofício sinalizando que o aumento era aquele [de 7,97%] e que estavam certas novas rodadas, mas não para tratar de reajuste. BP – Qual a posição do sindicato? NG – Hoje nós fomos à Câmara de Vereadores para pedir mais uma intermediação [do legislativo]. Lá estava o senhor Guilherme, que é assessor da Secretaria da Educação, e pontuamos tudo que está acontecendo desde o dia 27 de março, quando começaram as negociações. Então, ficou firmado lá que iríamos fazer uma reunião para que o governo apresente os números dele e nós, os nossos, para chegarmos a um entendimento. Quando a gente ia saindo, um oficial de justiça me interpelou para entregar ação judicial. Vane entrou com ação contra a greve dos professores. Só que a Justiça não deu e solicitou que fizesse audiência de conciliação. BP – No fórum trabalhista daqui de Itabuna? NG – Não, eles já foram direto para Salvador. Essa ação é mais uma de Vane. Enquanto chamava para negociar, entrava com ação contra a gente, nos fazendo de bobos. Eles estão colocando nos meios de comunicação que a greve acabou e que a justiça deu ganho de causa [ao governo].
Eles estão usando a mídia, têm a máquina na mão, dizem que a greve acabou, que é ilegal, mas não é.
BP – Qual é o cenário da greve hoje? NG – Continua, continua. Só que eles estão usando a mídia, têm a máquina na mão, dizem que a greve acabou, que é ilegal, mas não é. BP – Qual tem sido o tratamento do governo nessa greve? NG – É desrespeitoso com a classe desde quando a classe deu total apoio, porque queria mudança. E mudança a gente não consegue retirando direitos.
Gabrielli em Itabuna (Foto Marcos Souza/Pimenta).
O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli disse que os ataques da oposição ao período em que ele comandou a estatal do petróleo têm como foco não a disputa estadual de 2014, da qual se revela pretendente a sucessor do também petista Jaques Wagner. O alvo, para ele, é a gestão da presidente Dilma Rousseff.
– Essa é uma questão nacional que nada tem a ver com a disputa local. É nacional, em relação à Petrobras. O PSDB e a oposição ao Governo Dilma estão querendo bombardear a Petrobras, e não a minha gestão. O foco não sou eu – disse em entrevista ao PIMENTA.
Gabrieli diz que a empresa saiu de um lucro médio de R$ 1,1 bilhão com os tucanos, em 2002, para R$ 25 bilhões sob o período Lula-Dilma Rousseff. E aproveita para se capitalizar. “Os cinco maiores lucros obtidos pela Petrobras foram sob a minha direção”. Para ele, os tucanos “estão falseando a realidade” financeira da Petrobras.
O secretário é um dos nomes petistas na disputa à sucessão do governador Jaques Wagner. Gabrielli é apontado como o queridinho de Lula ante nomes como os de Walter Pinheiro e Rui Costa, este último com o apoio de Wagner.
Também de olho em 2014, o homem do Planejamento iniciou périplo pelo estado há dez dias. O pretexto é discutir problemas e soluções nos quase 30 territórios de identidade da Bahia. De quebra, aproveita para vitaminar o próprio nome, colocando-se em contato com líderes políticos e comunitários, a exemplo do que ocorreu em Itabuna, no projeto “Diálogos Territoriais”, com a companhia dos deputados Geraldo Simões e Rosemberg Pinto, que defendem o nome de Gabrielli na sucessão estadual.
Confira a entrevista. Blog Pimenta – Como esta série de diálogos pode ser útil à sociedade e ao governo? José Sérgio Gabrielli – Esse Diálogo permite troca de opiniões sobre o que foi feito e qual é a visão que o seu território tem dos seus principais problemas. Isso vai fazer com que nós processemos essas informações e reorientemos as ações de governo, além de observar no que essa reorientação pode implicar nas ações da gestão. BP – O que foi identificado de deficiências na atuação do Estado no Território Litoral Sul? JSG – Senti muito uma visão de que o governo está fazendo as obras estruturantes, que as grandes questões estão sendo tratadas pelo governo, mas há uma diferença entre os pequenos e os grandes municípios da região. O governo está precisando dar um pouco mais de atenção a essas questões internas do Litoral Sul, especialmente aos municípios menores.
PORTO SUL – Esse processo não está parado, está em andamento. Está mais lento que nós gostaríamos, mas não está parado. [A lentidão] É resultado da legislação brasileira e da ação do Ministério Público Federal.
BP – A lentidão no andamento do projeto Porto Sul tem sido ponte de fortes críticas ao governo. A Bamin reivindica a cessão da área do terminal privativo. Por que essa cessão não ocorreu até agora? JSG – Olha, existe um processo de licenciamento ambiental que está sendo contestado pelo Ministério Público Federal e pelos órgãos ambientais. Pontos foram defendidos, foram feitas várias audiências. A licença-prévia saiu e temos que atender uma série de condicionantes. Esse processo não está parado, está em andamento. Está mais lento que nós gostaríamos, mas não está parado. [A lentidão] É resultado da legislação brasileira e da ação do Ministério Público Federal. BP – A cessão não pode ocorrer enquanto não sair o licenciamento? JSG – Na licença-prévia, você tem uma série de condicionantes, que estão sendo encaminhadas. Eu não concordo com a ideia de que estamos parados. Gostaríamos de maior rapidez, mas temos limitações que fogem ao nosso controle. BP – Agora, falando de processo eleitoral: o PT fez reunião para discutir 2014 e o nome do senhor está incluído. JSG – Mais importante que os nomes, o PT reafirmou a legitimidade de ter um candidato a governador. Essa é a questão central. Vamos maturar os nomes e o processo de definição. Acho que está muito cedo para definir quem é o nome, mas o partido reafirmou, corretamente, que tem condições políticas para dar continuidade ao governo Wagner, que é do PT, e vem conduzindo de forma magnânima a ampla a base de sustentação.
Elegemos 92 prefeitos na Bahia, temos as maiores bancadas de deputados. Por isso, [o PT] tem toda a legitimidade e vários nomes a ofertar para ser o sucessor de Wagner.
BP – E a viabilidade? JSG – O PT tem viabilidade eleitoral porque teve um milhão de votos a mais que o segundo partido mais votado na disputa a prefeito [em 2012] no Brasil, elegemos 92 prefeitos na Bahia, temos as maiores bancadas de deputados estaduais e federais. Por isso, [o PT] tem toda a legitimidade e tem vários nomes a ofertar para ser o sucessor de Wagner. BP – Falando do senhor, o bombardeio contra os resultados da sua gestão na Petrobras não seriam um complicador na pretensão de ser o nome do PT? JSG – Olha, essa é uma questão nacional que nada tem a ver com a disputa local. É nacional, em relação à Petrobras. Acho que o PSDB e a oposição ao Governo Dilma estão querendo bombardear a Petrobras, e não a minha gestão. O foco não sou eu.
A Petrobras não está em crise. Uma empresa que teve R$ 21 bilhões de lucro em 2012, [projeta] 236 bilhões de dólares de investimentos para os próximos anos e está produzindo 300 mil barris/dia no pré-sal não pode ser caracterizada como empresa em crise.
BP – Mas não refletiria no nome do senhor e nas suas pretensões? JSG – Eu venho afirmando claramente que a Petrobras não está em crise, não está com problemas. Uma empresa que teve R$ 21 bilhões de lucro em 2012, [projeta] 236 bilhões de dólares de investimentos para os próximos anos, que está fortemente caminhando para crescer na produção e já está produzindo 300 mil barris por dia no pré-sal não pode ser caracterizada como uma empresa em crise. Essa é a questão central. Estão falseando a realidade [da Petrobras]. BP – Como se explica o fato de a empresa deixar de ser a de maior valor do Brasil? JSG – Mas ela foi a de maior valor comigo. Os cinco maiores lucros obtidos pela Petrobras foram sob a minha direção. Eles estão comparando com 2008, quando eu era presidente. Por que não comparam com 2002, quando eles mandavam na Petrobras e o lucro era de R$ 1,1 bilhão e, agora, o lucro médio dos últimos anos é de R$ 25 bilhões? BP – Retornando à disputa de 2014, o senhor acha que o nome a ser escolhido na base terá como vencer diante das insatisfações regionais com o governo estadual? JSG – Olha, as eleições de prefeito demonstraram que o PT teve um milhão e 100 mil votos na Bahia. O PMDB elegeu pouco mais de 40 prefeitos, o PSDB elegeu 9. A base do governo elegeu 340 prefeitos. Então, não vejo como o eleitor está demonstrando que é contra o governo.
(Fotos Gabriel Oliveira)
O prefeito Claudevane Leite (Vane do Renascer) disse que estão adiantadas as negociações do governo estadual para que a fábrica de sucos Del Valle, da Coca-Cola Company, seja instalada em Itabuna. A unidade deverá se instalar no Distrito Industrial, às margens da BR-415. Uma área de 72 hectares foi desapropriada pelo governador Jaques Wagner para criar o distrito e abrigar indústrias como a Del Valle.
Durante entrevista exclusiva ao PIMENTA, o prefeito itabunense também revelou a criação do que considera o maior programa social da história do município. A iniciativa envolverá 10 mil crianças e adolescentes em atividades de inclusão por meio do esporte e deverá começar “nos próximos meses”. É uma das cartadas para tentar diminuir os índices de violência no município e integra as ações do programa Cidade de Paz, prometido em campanha.
Vane também comentou sobre a força do PCdoB no governo e negou que os comunistas tenham sido desleais. “Eu desafio aqui os meios de comunicação ou qualquer pessoa a dizer onde foi que o PCdoB avançou sinal”.
A entrevista também aborda duas questões caras nesse início de governo: a nomeação – e exoneração – de azevedistas e as dívidas deixadas pelo ex-prefeito Capitão Azevedo (DEM). Apenas com a Marquise, cita, foram R$ 12 milhões não pagos, além de R$ 1 milhão com a Oi, o que deixou prefeitura e redes de educação e saúde sem telefone e internet, afetando, por exemplo, a marcação de exames e consultas. Confira principais trechos da entrevista. BLOG PIMENTA – A mudança foi o lema da sua campanha, mas a sua gestão manteve quadros e situações do governo passado. Com isso, não há uma quebra de expectativa? O senhor não acha que faltaram ações de impacto que marcassem a diferença de um momento para o outro? CLAUDEVANE LEITE – Eu acredito que houve choque de gestão com a revisão, agora, de todos os contratos feitos de 2009 para cá. Conseguimos reduzir o valor da maioria dos contratos. Dos cargos comissionados, nós preenchemos apenas 40%, o que é muito difícil um prefeito fazer. Quanto aos comissionados do governo anterior, foram 9, 10 pessoas, não era uma multidão e, até onde eu sei, não eram pessoas envolvidas com nada de errado. Nós terminamos por exonerá-las, exatamente porque a opinião pública não aceitava. [A nomeação] talvez tenha sido um equívoco. Os que ficaram são efetivos e quem errou vai responder. Vamos enviar [as provas] para o Ministério Público estadual. BP – Numa entrevista, o senhor disse que nomeou algumas das pessoas do governo passado,apresentadas pelos seus secretários, sem mesmo conhecê-las. Essa surpresa se deu também com o ex-secretário José Alencar? CL – Não. José Alencar é um bom técnico, tem trânsito muito bom no governo federal e tinha uma boa equipe de planejamento, de projetos. No primeiro momento, a gente precisou ficar com algumas pessoas aqui para passar informações de projetos. Chegamos e não tínhamos conhecimento de como estavam os projetos. Uma dessas pessoas foi José Alencar, que ficou e nos ajudou muito. BP – Essa necessidade seria um indicativo de que não houve transição efetivamente? CL – Houve transição, trabalhamos, mas, efetivamente, o governo anterior não encaminhou todas as informações. Até agora, eles não passaram as informações contábeis. Marcam a data e não cumprem. Estamos em nossa auditoria interna e vamos contratar empresa. BP – Fará auditoria externa? CL – Exatamente. Estamos conversando com várias empresas. Vamos fechar essa auditoria externa até a próxima semana. ______________
NOMEAÇÃO DE AZEVEDISTAS: Foram 9, 10 pessoas, não era uma multidão. Nós terminamos por exonerá-las, exatamente porque a opinião pública não aceitava.
BP – Nos levantamentos internos, o que já foi detectado? CL – O comprometimento das finanças, as dívidas deixadas, sem dúvida, são os maiores problemas. Itabuna está no Cadin [Cadastro de Inadimplentes] e, por isso, não pode pleitear muitos dos convênios federais por causa da inadimplência. Só de INSS, são R$ 250 milhões em dívidas. Isso é histórico, vem de muito tempo. Temos dívida de R$ 19 milhões com empresas de lixo. São R$ 12 milhões com a Marquise e R$ 7 milhões da Torre. BP – Como será solucionado este impasse com a Marquise, que tem contrato até setembro? CL – A Marquise está trazendo muita dificuldade para gente. Aqui em Itabuna, já encontramos empresas que podem fazer o serviço pela metade do preço da Marquise, mas com qualidade. Óbvio que iremos ver isso por meio de licitação. Ainda falando dos problemas encontrados, o ex-prefeito também não pagou os servidores, que precisam receber, mas como é que você paga R$ 11 milhões nessa dificuldade? Outro problema muito grave é com a telefônica Oi. Deixaram R$ 1 milhão de débito. A gente não tem como quitar R$ 1 milhão de um dia para o outro. Em janeiro, tivemos um mês infeliz. Nossa arrecadação caiu de R$ 23 milhões, em janeiro de 2012, para R$ 18 milhões em 2013. 70% da nossa frota estava praticamente sem funcionar, inclusive a patrulha mecânica, equipamento novo. Temos também o alto percentual gasto com a folha de pagamento. Apenas a folha dos efetivos já é muito alta e isso é extremamente preocupante. BP – Muitos municípios têm sofrido com esse aumento do percentual de gasto com a folha não pelo empreguismo, mas por causa da queda de arrecadação. Qual a saída para aumentar receita? CL – Nós temos que trabalhar com austeridade e buscar aumentar a receita própria, mas sem aumento ou criação de impostos, e vamos fazer isso. Volto a dizer que cortamos as funções gratificadas e deixamos de preencher 60% dos cargos comissionados como medidas de economia. Mas vamos ter que contratar para a saúde, educação, assistência social. Precisamos estruturar a saúde para que todos os postos estejam funcionando em março. A saúde está sendo preparada para receber a Plena.
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DÍVIDAS E GESTÃO: Nossa perspectiva é de um cenário melhor a partir de abril, mas já estamos fazendo muito dentro do possível. Nós pegamos uma prefeitura com débito e sem dinheiro em caixa.
BP – O retorno do Comando Único estaria condicionado, ainda, ao pagamento de dívidas deixadas em 2008, quando o município perdeu a gestão plena? CL – Este não é um complicador para que o comando único retorne. O mais importante é melhorar a atenção básica. Nós estamos acelerando para que isso aconteça. BP – O senhor traz um retrato de “terra arrasada”. Há perspectiva de quando o governo começa a trabalhar dentro de um cenário mais otimista? CL – Tivemos uma melhora em fevereiro, mas nossa perspectiva é de um cenário melhor a partir de abril, mas já estamos fazendo muito dentro do possível. Nós pegamos uma prefeitura com débito e sem dinheiro em caixa. Estamos regularizando a dívida com o servidor, contratamos 150 pessoas para varrição de ruas, poda, jardinagem e estamos com operação tapa-buracos e iluminando as vias. A cidade não está melhor, mais limpa, por causa desse problema com a Marquise, que faz a coleta de resíduos sólidos. O Hospital de Base já deu uma melhorada, mesmo com toda a dificuldade. As consultas médicas estão sendo marcadas. Gente que estava há oito meses sem marcar exame já está conseguindo. BP – Mas quem procurou marcar consulta no início de fevereiro enfrentou dificuldades. CL – Com certeza, mas isso foi por causa do sistema que é ligado à Oi, a quem a prefeitura deve R$ 1 milhão. Esse foi um problema operacional, que já estamos regularizando. A gente começou a limpar a cidade, tapar os buracos e limpar canais. O canal do São Caetano há seis anos que não passava por limpeza e nós começamos a limpar. E o da Califórnia, também. Então, a gente acredita que de abril em diante a gente comece a avançar muito mais. BP – As feiras livres de Itabuna sempre foram sujas, mas hoje estão ainda mais. O centro comercial está muito sujo. O que fazer? CL – O centro comercial é um condomínio e precisa dar uma resposta. Diante da dificuldade toda que temos, estamos fazendo grande esforço. Queria antecipar que, na conversa com o governador Wagner, nós tratamos da revitalização das feiras livres. Outro assunto foi a volta do Comando Único do SUS. A gente não quer apenas melhoramento, mas fazer revitalização total das feiras. As feiras são questão de saúde pública e um pedido de Itabuna. As feiras do São Caetano e Califórnia têm canais sujos, com ratos, urubus… Nós solicitamos ao governador, e ele pediu para encaminhar projeto. Pensamos em feira com estacionamento, pavimentos e que as pessoas que trabalham lá possam aumentar sua renda.
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FEIRAS LIVRES: As feiras são questão de saúde pública. A gente não quer apenas melhoramento, mas fazer revitalização total das feiras.
BP – Esses projetos das feiras livres implicam em mudança de local? CL – Não temos intenção de mudança de local. Pedimos mais algumas coisas ao governador, a exemplo dos canais e apoio para a pavimentação dos bairros. BP – Na última entrevista ao blog, ainda na condição de prefeito eleito, o senhor falou que um dos assuntos da audiência seria a geração de empregos, atração de indústrias. Isso foi tratado? CL – Sim, o governo já desapropriou área de 72 hectares para a Sudic. Virá uma empresa para cá. Estou muito preocupado porque 90% das pessoas que vêm à Prefeitura estão em busca de emprego. Nesses 50 dias de governo, já me reuni com mais de 20 empresários. Todas essas 20 virão para Itabuna? Não, mas tentaremos trazê-las. Nós fomos o primeiro prefeito da Bahia que criou a Sala do Empreendedor, com o Sebrae, para que o pequeno empreendedor saia de lá com tudo prontinho, tenha também acesso a crédito, junto com a Caixa [Econômica Federal]. Essa semana, também, já tivemos com o Banco do Povo, para que a prefeitura possa dar suporte financeiro para que possamos expandir o microcrédito. A visão nossa é ampla, estamos preocupados com a questão da saúde, da educação, do emprego, da violência. BP – Qual a empresa que ocupará essa área do distrito industrial? CL – É a indústria de sucos Del Valle (da Coca-Cola) e já é uma negociação que está bem adiantada. Mas temos também aquela área onde funcionou a Kildare, que eu penso em utilizar para instalar uma incubadora de pequenas e médias empresas. Hoje nós temos diversas empresas interessadas naquele espaço e nós estamos avançando nisso, embora ainda haja uma questão judicial a ser resolvida. Mas estamos muito preocupados com a questão do emprego e renda em Itabuna. BP – Existe possibilidade de negociação amigável com os Kaufmann, que reivindicam os galpões? CL – Na verdade, hoje a Prefeitura tem o domínio da área, mas ainda há questões a serem vencidas. ______________
VIOLÊNCIA E CIDADE DE PAZ: A cada ano a violência aumenta e isso é uma coisa que nos deixa extremamente preocupados. O ano de 2013, particularmente, começou dando sinais de que será pior nesse aspecto.
BP – Como o governo está se mobilizando para transformar em realidade o projeto Cidade de Paz, que foi um de seus compromissos de campanha? CL – Na última década, os índices mostram que a cada ano a violência aumenta e isso é uma coisa que nos deixa extremamente preocupados. O ano de 2013, particularmente, começou dando sinais de que será pior nesse aspecto. Nós vamos procurar resolver isso, fazendo políticas públicas. Temos feito diversas reuniões com nossos secretários e todas as ações, principalmente na cultura, na Fundação Marimbeta, Secretaria de Esportes, de Educação, é visando promover programas e projetos voltados à inclusão social. O que precisamos fazer é trabalhar a criança e o adolescente para reduzir sua vulnerabilidade. Estamos articulando junto ao Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego] a atração de diversos cursos profissionalizantes. Além da ampliação da renda, queremos oferecer esse treinamento e mais opções no que se refere ao esporte e à cultura. BP – Já existe algum projeto pelo menos em vias de ser concretizado? CL – Nós ainda não estamos divulgando na imprensa, mas nos próximos meses vamos lançar um programa que vai atender 10 mil crianças e adolescentes. Será o maior programa social da história de Itabuna. Somente na Vila Olímpica, sede da Usemi (União dos Servidores Municipais de Itabuna) e no Itabunão (Estádio Luiz Viana Filho), teremos vaga para 3 mil crianças praticarem esportes. Outras 2 mil serão acolhidas na Fundação Marimbeta e mais 5 mil pela Ficc [Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania]. Será o primeiro grande passo que daremos em relação às políticas públicas de inclusão, mas também de prevenção. Itabuna terá uma programação cultural e esportiva que jamais teve. Queremos fazer grandes festivais culturais e muitas competições esportivas para que, nos próximos anos, em vez de ver a violência aumentar, possamos vê-la diminuir.
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A Buriti investirá, aproximadamente, R$ 2 milhões em um lojão que está sendo construído no Malhado, em Ilhéus. Gerente comercial e de marketing da Buriti, Mauro Ribeiro diz que o novo empreendimento ocupará área de mais de 3 mil metros quadrados, incluindo show room, estacionamento, escritório e depósito.
Somente com a abertura desta loja nova em Ilhéus, o grupo praticamente dobrará o número de empregados no município, saltando de 38 para, aproximadamente, 75 contratados.
Com os investimentos feitos, a empresa busca manter o padrão de qualidade que a tornou referência no setor em Itabuna como Ilhéus e ampliar participação no mercado de acabamento na área da construção. Há quatro edições, a Buriti é a vencedora no segmento material de construção do prêmio Primeiras & Melhores, da respeitada Sócio-Estatística, em Itabuna.
Mauro concedeu entrevista ao PIMENTA e falou de perspectivas de mercado, concorrência e dos planos da Buriti.Ele também enfatiza que a empresa tem perfil familiar, mas seus administradores têm formação superior e MBA em finanças e administração, o que explica, em parte, o sucesso da Buriti. BLOG PIMENTA – Quanto o grupo está investindo na abertura da loja em Ilhéus? MAURO RIBEIRO – A perspectiva é de investimento em torno de R$ 2 milhões, incluindo a aquisição de terreno e a construção desta loja. Serão 1,2 mil metros quadrados de área de show-room e total de 3 mil metros quadrados de área, envolvendo estacionamento, depósito, escritório e loja. BP – Quais as perspectivas da empresa com este investimento? MR – A loja atual [em Ilhéus] é pequena e não há como expor todos os nossos produtos. Com os investimentos, teremos um mix variado na área de acabamento, incluindo desde porcelanato a louças, pisos, metais e tintas.
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Acreditamos no potencial de Ilhéus com todos os investimentos que estão vindo e no crescimento do mercado.
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BP – Quantos novos empregos a Buriti espera gerar? MR – Temos hoje, em Ilhéus, 38 funcionários. A expectativa é de que passemos a 75 funcionários, pois vamos mais que dobrar a área de loja. Já começamos, inclusive, a contratar. Por meio do site da empresa, recebemos média de 15 a 20 currículos por dia. A parte do RH iniciou as contratações para entrar na fase de treinamento [de pessoal]. BP – A decisão de investir em Ilhéus ocorre devido a oportunidades ou ao acirramento da concorrência? MR – Estávamos há dois anos buscando uma área para expandir a loja de Ilhéus, deixando-a no padrão da que temos em Itabuna. Segundo, acreditamos no potencial de Ilhéus com todos os investimentos que estão vindo e no crescimento do mercado. Foram dois anos de procura e em ilhéus há essa dificuldade [de espaços comerciais]. Só de negociação, foi quase um ano para a aquisição do terreno. BP – Quando a nova loja será inaugurada? MR – A previsão com a qual trabalhamos é inaugurá-la entre final de abril, início de maio.
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Temos rotas diárias de entrega para toda a região. Contamos com uma frota própria de oito caminhões em Itabuna e Ilhéus.
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BP – Como anda o mercado regional da construção civil, principalmente neste nicho, o do acabamento? MR – Nós atendemos muito a região e com essa nova loja a expectativa é expandir [as vendas] em Itacaré, Maraú, Una… Em Itabuna, grande parte do volume de vendas é para fora: Camacan, Itajuípe, por exemplo. Hoje o mercado externo compra mais do que o de Itabuna. Temos rotas diárias de entrega para toda a região. Contamos com uma frota própria de oito caminhões em Itabuna e Ilhéus. A logística da entrega grátis sempre esteve com a Buriti. BP – Dá para fazer boa combinação preço-entrega, sem taxa? MR – Nós temos frota própria e a gente acaba conseguindo ter preço competitivo, justo e atrair clientes na região, além de trabalho de divulgação. A entrega gratuita ajuda muito nas vendas, pois o consumidor de fora sabe que não pagará a mais.
Maior rede varejista do Espírito Santos, o grupo capixaba Dadalto investirá R$ 6 milhões na abertura de duas lojas de material de construção em Itabuna e Ilhéus, a D&D Home Center, e R$ 1 milhão na central de distribuição em Itabuna. As lojas serão inauguradas no próximo dia 18.
O sul da Bahia será a porta de entrada do grupo na área de construção civil na região Nordeste. Ainda em 2013, o grupo vai abrir lojas em Teixeira de Freitas, Eunápolis e Porto Seguro.
A expansão também contempla a região sudoeste baiana, com abertura de unidade em Vitória da Conquista, segundo o diretor comercial de varejo do grupo, Milton Amorim. Ele antecipa que a rede planeja abrir lojas do segmento magazine na região já em 2014.
Confira trechos da entrevista exclusiva. BLOG PIMENTA – Qual o volume de investimento do grupo nas duas lojas no sul da Bahia? MILTON AMORIM – Investimento de R$ 6 milhões nas 2 lojas do sul da Bahia. Também há o investimento de R$ 1 milhão no Centro de Distribuição. BP – O centro de distribuição será em Itabuna. Dentro da política de expansão do grupo, quais serão os próximos focos do Grupo Dadalto no sul da Bahia e no estado? MA – Este centro de distribuição em Itabuna servirá como um “pulmão” para armazenagem e distribuição de mercadorias. Nossa estratégia é consolidar o D&D com a presença nas maiores cidades do sul da Bahia no ano de 2013 (Ilhéus, Itabuna, Teixeira de Freitas, Eunápolis e Porto Seguro) e Vitoria de Conquista, no sudoeste. BP – O sul da Bahia terá filial do magazine Dadalto ou o grupo se concentrará em mix relacionado à construção? MA – A estratégia inicial é chegar com o material de construção do D&D. Precisamos conhecer esse mercado e analisar seu comportamento. BP – Há previsão de abertura de loja Dadalto Magazine na região?
MA – Sim. Nossa estratégia, após consolidação do D&D na região, é trazer para a Bahia as lojas da Dadalto. A previsão é para 2014. BP – A escolha da região sul, especificamente os municípios de Itabuna e Ilhéus, para entrar na Bahia em outro segmento que não o financeiro ocorre por estratégia da empresa ou é reflexo do mercado em crescimento? MA – Nossa estratégia é dominar nas regiões que já atuamos: Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia. O varejo ainda não estava presente na Bahia, mas nossa financeira (DaCasa) já atua na região há 8 anos. Os negócios do varejo e financeira, apesar de serem independentes, possuem uma relação muito forte. Cerca de 40% da venda do varejo (Dadalto e D&D) são feitas através do cartão próprio (bandeira Dacasa) e CDC via Dacasa.
A voz pausada e o perfil conciliador do prefeito de Ibicaraí, Lenildo Santana (PT), levaram à construção de candidatura única à presidência da Associação dos Municípios do Sul, Extremo-Sul e Sudoeste da Bahia (Amurc). Mas foi a proposta de uma entidade “sem partidarização e personalismo” que fortaleceu a candidatura do petista. A postura equilibrada e de consenso do prefeito é elogiada pelo governador Jaques Wagner. “Lenildo se revelou grande prefeito e a sua reeleição demonstra isso”, disse o governador, que escolheu Ibicaraí como primeiro município do sul da Bahia a ser visitado em 2013, quando entregou as obras de reforma da BR-415. Lenildo assume mais um desafio. É o candidato de consenso à presidência da Amurc. O pleito ocorrerá no dia 31. Atualmente, o prefeito de Ibicaraí é tesoureiro da entidade. O candidato à presidência da Amurc conversou com o PIMENTA na redação do blog e falou de projetos e como os municípios podem se beneficiar dos projetos estruturantes e da chegada da Universidade Federal do Sul da Bahia.
BLOG PIMENTA – Quais são os projetos e metas mais importantes da sua campanha? Lenildo Santana – Temos que incorporar, de forma muito clara e segura, os projetos macros mais importantes para a nossa região: o Complexo Intermodal Porto Sul e a Universidade Federal do Sul da Bahia (Ufsba). Eles estão na linha de frente do debate. BP – E nas questões “macro”, que dizem respeito à situação dos municípios? LS – Temos que batalhar pela melhoria das receitas dos municípios. E aí a gente tem algo importante que é a redistribuição dos royalties, além da reposição do IPI [Imposto sobre Produto Industrializado] e das perdas do FPM [Fundo de Participação dos Municípios]. Outro ponto importante é a capacitação dos servidores e gestores municipais. BP – Qual dimensão dessas perdas com redução de IPI e queda do FPM? LS – A Amurc participou do debate na CNM [Confederação Nacional dos Municípios], em Brasília, em quatro encontros, e tratou destes assuntos e o consequente encaminhamento deles. As perdas com redução de IPI e queda do FPM em Itabuna, Ilhéus e região ultrapassam R$ 10 milhões. BP – Como interferir para que os municípios tenham gestões com melhor qualidade? LS – A qualificação dos servidores dos municípios associados está entre as nossas metas. Há um outro fator interessante que é o trabalho articulado de comunicação, divulgando as ações positivas dos municípios. Existe hoje uma marginalização do gestor. Virou prefeito, já é ladrão. Nem todo mundo possui esse perfil. E isso [a estigmatização] é ruim por que pode desestimular quem entra na política buscando fazer o correto.
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Nossa ideia é desenvolver diagnósticos, identificar as necessidades de cada município e montar os projetos.
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BP – Como a Amurc pode fazer o papel de articulação com os municípios? LS – Nossa ideia é desenvolver diagnósticos, identificar as necessidades de cada município e montar projetos. O gestor fará o acompanhamento na Amurc. Vamos trabalhar para garantir captação de projetos de R$ 300 mil a R$ 500 mil, como exemplo, permitindo soluções para cada município. Não são 20, 30 projetos para cada cidade. Por isso, define-se as prioridades. Algumas cidades não puderam ter acesso a dinheiro dos governos federal e estadual nem puderam apresentar projetos. A ideia é trabalhar com projetos para atender a quem também está, por questões judiciais, de certidões, excluído deste momento. Para quê isso? Os prefeitos estão distantes da entidade por que eles param para pensar e questionam: o que é que eu ganho com a Amurc? Hoje a gente já tem uma realidade muito melhor. As reuniões acontecem. Prefeito vai lá. A gente trabalha, auxilia. A gente mostra que a entidade pode, tem potencial para auxiliar, intervir. BP – O senhor pertence a uma corrente política. Como conciliar interesses numa entidade suprapartidária? LS – Localmente, temos o exemplo de Floresta Azul. A prefeita Sandra Cardoso é do DEM e possuímos ótimo relacionamento Floresta Azul-Ibicaraí. Fazemos cooperação em saúde, infraestrutura, assistência social. Quando a demanda ocorre e a solução pode ser feita, de forma legal, pelo município vizinho, é feita. Isso independe da bandeira partidária. Eu tenho isso com Jackson [Bonfim], que é do PP. Nós queremos fortalecer esse trabalho articulado, levar essa proposta para a Amurc. Ou seja, queremos administrar a Amurc sem partidarizá-la e sem personalismo. Isso fortalecerá a entidade.
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E A Ufsba vai proporcionar qualificação diferenciada que vai acabar alterando os ambientes onde esses alunos estão inseridos.
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BP – Como os pequenos municípios poderão se beneficiar do Complexo Intermodal e da Ufsba? LS – No caso da Ufsba, tenho o exemplo de Santa Cruz da Vitória. Talvez não chegue a dez o número de pessoas do município formadas em uma universidade federal. Agora, isso muda com a seleção de estudantes por meio dos colégios universitários da Ufsba. É um modelo altamente inclusivo. E A Ufsba vai proporcionar qualificação diferenciada que vai acabar alterando os ambientes onde esses alunos estão inseridos. Leia Mais
O deputado federal Valmir Assunção (PT) construiu sua trajetória política no seio do Movimento dos Sem-Terra e, como não poderia deixar de ser, faz uma defesa ferrenha das ocupações de áreas improdutivas, destinando-as aos assentamentos de reforma agrária. Para Assunção, embora tenha diminuído o apoio da sociedade ao MST, é necessário manter e intensificar as ações do movimento, para “mostrar à sociedade que a reforma agrária é viável”. O PIMENTA conversou brevemente com o deputado sobre a agenda do MST em 2013 e a respeito da ofensiva da direita ao Partido dos Trabalhadores, que chegou a dez anos no comando do País.
PIMENTA – Qual é a agenda do MST para 2013? Valmir Assunção – Nós estamos trabalhando para que em 2013 o MST possa se voltar internamente para a organização dos assentamentos e acampamentos, das atividades de produção, formação, por meio da realização de cursos, sem abrir mão da natureza e a razão da existência do movimento, que é a ocupação de terras. PIMENTA – Haverá mais ocupações este ano? VA – O Movimento dos Sem-Terra em 2013 tem que apertar o passo, do ponto de vista de ocupar terra, pois é isso que faz com que o movimento cumpra sua função, que é democratizar o acesso à terra. Só tem reforma agrária no Brasil porque o MST tem essa disposição e essa coragem de ocupar, resistir produzir e combater. PIMENTA – Como a sociedade vê hoje o MST? VA – O Movimento dos Sem-Terra já teve mais apoio da sociedade do que hoje, sem dúvida alguma. Nós já tivemos períodos na história do movimento em que havia até 80% de aceitação da sociedade. Hoje nós temos um pouco menos, mas não é porque diminuiu o apoio da sociedade à luta pela reforma agrária que nós deixamos de lutar por ela. PIMENTA – Qual o caminho para recuperar o apoio da sociedade? VA – A nossa luta é justamente para poder mostrar para a sociedade que a reforma agrária é viável. Até porque 80% do alimento que chega na casa de qualquer pessoa vem da agricultura familiar e de assentamentos de reforma agrária. O agronegócio e as grandes empresas produzem simplesmente monocultura, enquanto o arroz, o feijão, a farinha, ou seja, o produto para consumo da população brasileira vem da agricultura familiar, daí a necessidade de democratizar o acesso à terra. Todas as terras improdutivas, que não cumpram sua função social, devem ser destinadas à reforma agrária. O Movimento dos Sem-Terra tem que enfrentar esse debate, fazer esse debate na sociedade e, ao mesmo tempo, promover as ocupações. PIMENTA – Setores do PT apontam uma reação conservadora ao partido, manifestada por exemplo no julgamento do “mensalão”. VA – É lógico que existe uma ofensiva por parte de segmentos da direita, que não engolem e não aceitam dez anos do governo do PT, mas a sociedade brasileira, por meio das pesquisas, está dizendo que o PT faz uma boa gestão. Eu tenho certeza que, em virtude dessa avaliação positiva, nós iremos governar por muitos e muitos anos. O segredo do governo está justamente nas políticas sociais. Quando o (ex) presidente Lula e a presidenta Dilma fazem Luz Para Todos , Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família, trabalham o Brasil Sem Miséria, quando há uma crise internacional e ainda assim, aqui no Brasil, preserva-se o emprego, o salário e a condição de vida das pessoas, lógico que a população reconhece isso.
O paulista Helinton Rocha substituiu na semana passada o paraense Jay Wallace Mota no cargo de diretor geral da Ceplac. Quem saiu era criticado por privilegiar as atividades do órgão no Pará e o sucessor chega com a missão de preparar a Ceplac para um novo momento, no qual a questão ambiental se tornou prevalente e o diálogo com a sociedade absolutamente necessário para romper uma estrutura encastelada.
Engenheiro agrônomo, com duas pós-graduações (uma delas em Tecnologia de Sementes pela Universidade de Pelotas), Rocha está no Ministério da Agricultura há quase 30 anos.
Abaixo, os principais trechos da entrevista concedida ao PIMENTA, na qual o novo diretor mostrou irritação quando ouviu que sua nomeação seria para um período não muito longo:
PIMENTA – O senhor foi escolhido como um nome de transição pelo Ministério da Agricultura para dirigir a Ceplac. Qual é a sua missão?
HELINTON ROCHA – Transição em que sentido você fala?
PIMENTA – É que há a expectativa de que essa gestão seja por um período transitório.
HELINTON ROCHA – Tudo é transitório. Minha nomeação é até que o ministro queira. Eu tenho 30 anos de Ministério e nunca assumi um cargo vitalício ou hereditário.
PIMENTA – Mas foi noticiado que sua nomeação será para uma temporada breve…
HELINTON ROCHA – Isso é boato, até agora eu não sei. Toda missão tem um fim. Eu por exemplo estou há sete anos ocupando diretorias dentro da Secretaria do Desenvolvimento Agropecuário. Depende sempre da conveniência da administração e da confiança do ministro, e acho que é natural. O Jay (Wallace) fez um brilhante trabalho e estava com interesses pessoais, de voltar ao Pará, e acredito que isso motivou essa transferência, mas isso é natural. Cada administrador busca perfis diferentes para diferentes missões. A gente tem que estar preparado para isso, formando lideranças e buscando as parcerias necessárias para tocar o que faz.
PIMENTA – Qual é sua prioridade na gestão da Ceplac?
HELINTON ROCHA – A Ceplac tem um planejamento estratégico e não é um fim em si mesmo. Ela é um instrumento de desenvolvimento das culturas – da cacauicultura, do dendê, da borracha, da agrofloresta – e que são importantes. Há soluções que já estão encontradas há bastante tempo, então a missão da Ceplac tem acompanhado a questão do desenvolvimento sustentável. Acredito que o período que estamos vivendo, pós-Rio + 20, define papéis novos para as instituições. Acontece que a Ceplac já tem um rumo muito bem definido e acredito que nós vamos ter oportunidade de fazer o amadurecimento, a institucionalização e outros processos. A Ceplac é um órgão federal e há necessidade sempre de harmonizar essas políticas com as políticas regionais. A regionalização é uma bandeira do ministro Mendes (Ribeiro), e a Ceplac tem soluções regionais para problemas regionais no que diz respeito à questão do desenvolvimento sustentável.
O Jay (Wallace) fez um brilhante trabalho e estava com interesses pessoais, de voltar ao Pará.
PIMENTA – A produção de cacau tem crescido, mas ainda é necessário aumentar a produtividade por hectare. Como a Ceplac pode ajudar o produtor a enfrentar esse desafio?
HELINTON ROCHA – Esse é um desafio que faz parte da história da Ceplac, que nunca descuidou da questão da produtividade, da eficiência e estabilidade do sistema de produção, da melhoria da renda e portanto da distribuição do benefício gerado pela cadeia do cacau. Já existe uma estrutura definida e o que a gente pode eventualmente contribuir é fazendo com que ela seja uma instituição que se articule ainda mais com as forças e possibilidades. A gente vê muitas possibilidades para a cultura do cacau.
PIMENTA – A cabruca oferece um ganho ambiental importante, com a preservação da Mata Atlântica, mas hoje existe uma proposta de se investir na cacauicultura em outras regiões, inclusive com o cacau irrigado no semiárido, que oferece maior produtividade. Como o senhor vê essa tendência?
HELINTON ROCHA – É um caminho natural. A cacauicultura baiana tem suas peculiaridades e as potencialidades disso vão ocorrer fundamentalmente com o apoio da cacauicultura baiana, porque aqui você tem as melhores referências científicas, técnicas, conceituais e que são capazes de instrumentalizar essa nova experiência. Não podemos imaginar que as coisas vão nascer da estaca zero com todo esse capital humano que nós temos dentro da Ceplac.
Vane do Renascer deixou o PT em 2011 para concorrer à prefeitura de Itabuna. Filiou-se ao PRB e derrotou não apenas a escolhida pelo antigo partido, Juçara Feitosa, como o prefeito Capitão Azevedo (DEM). A peleja não foi fácil. “Eleitoralmente, nós vencemos uma guerra”.
Agora, Vane trabalha em outra missão: compor a equipe de governo. Ele espera definir o secretariado até o dia 15 deste mês. Pelas informações colhidas, uma das áreas mais urgentes é a da Saúde. E o prefeito eleito promete trabalhar para que o município tenha o retorno da Gestão Plena logo no início do governo, em janeiro. Para isso, vai a Salvador nesta semana.
O futuro prefeito de Itabuna concedeu entrevista exclusiva ao PIMENTA na qual fala de temas espinhosos, anuncia trabalho conjunto com o prefeito eleito de Ilhéus, Jabes Ribeiro (PP), e avalia que o PT itabunense precisa “se reestruturar, se abrir”. Vane já fala em ter petistas no seu governo, mas exclui da lista a ala geraldista do antigo partido.
Confira a entrevista.
PIMENTA – O senhor já provou ser bom de urna, vencendo as três eleições que disputou, mas agora o desafio é outro. Como tem se preparado para administrar Itabuna?
VANE DO RENASCER – Eleitoralmente, nós vencemos uma guerra. Teremos governo sério, de austeridade, de redução de custos e de enxugamento da máquina para que possamos fazer os investimentos necessários. A preocupação é fazer governo com secretariado técnico, com planejamento, e atender com eficiência as necessidades da comunidade.
O sr. esperava embate eleitoral na intensidade como ocorreu?
Confesso que não esperava, pelo menos, da forma acentuada como foi. Em alguns momentos, pessoas perderam o equilíbrio, foram para a baixaria. Mostramos a verdade, aquilo que sentimos, e ganhamos a eleição de uma maneira muito ética e extremamente democrática.
O novo governo foi o primeiro no sul da Bahia a montar a sua equipe de transição. Com base nesses contatos e com as informações que o senhor já dispõe, como encontrará a máquina municipal?
A gente sabe e a comunidade percebe que Itabuna vive um momento difícil na administração pública. Nossa cidade tem uma infraestrutura que está abandonada, a saúde piora cada vez mais, o índice de violência cresce, Itabuna permanece suja, mal iluminada.
Como foram os primeiros contatos da equipe de transição com o governo?
A equipe foi bem recebida no primeiro contato. Eles não colocaram obstáculo algum. Não acredito que iremos ter dificuldades e entendemos que o prefeito José Nilton Azevedo é uma pessoa acessível. A partir desses contatos e das informações, chegaremos a um diagnóstico exato dos problemas, das dificuldades de Itabuna.
Dá para definir quais as prioridades dos 100 primeiros dias de governo?
Já fizemos contatos com a Caixa Econômica e alguns programas do governo federal precisam ser renovados, de obras federais que estão sendo feitas na cidade. Pela Caixa, temos 22 convênios e alguns se encerram agora. São 22 obras de saneamento, quadra de esportes, infraestrutura nos bairros. Então, já estamos vendo essa questão com a Caixa e entendemos que a questão inicial será mesmo na área da saúde.
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Queremos definir logo o secretário de Saúde, mas dentro de uma realidade. Não podemos atropelar esse processo.
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Quando será anunciado o secretário da Pasta?
Queremos definir logo, mas dentro de uma realidade. Não podemos atropelar esse processo.
O ex-secretário de Saúde Edson Dantas disse ao Diário Bahia que ele é nome provável para a pasta e que o senhor diretamente ventilou essa possibilidade. Ele seria o escolhido para a Saúde?
Hoje, temos o prefeito eleito e o vice eleito [Wenceslau Júnior]. Só! Não temos mais nada definido. Estamos começando a conversar sobre isso com os partidos.
Uma das questões comentadas agora é a coleta de lixo. O município vai criar cooperativa ou esse serviço continuará sendo executado por empresas?
Durante a campanha, falamos que teríamos empresa para fazer a coleta e também que criaríamos uma cooperativa para colocar essa mão de obra a serviço da limpeza pública e nós vamos realizar isso sim. Vamos criar essa cooperativa para que as pessoas, em maior número, possam estar contribuindo com a limpeza pública e que tenham retorno financeiro.
Outro detalhe, ainda na questão do lixo, é que a empresa já teria sido definida. O que há de verdade?
Não, não.
Fala-se, por exemplo, que a escolhida seria a Eco Limp, de Itabuna.
Pode ser, mas não temos nada definido. Isso será definido em janeiro.
Itabuna enfrenta problemas na destinação do lixo. A cidade até parou a coleta devido à falta de manejo no lixão [na semana passada]. O senhor tem alguma proposta para construção de aterro sanitário?
Itabuna e Ilhéus vivem momento muito bom. Nós apoiamos Jabes [Ribeiro] em Ilhéus, como ele nos apoiou aqui. Então, muitas ações serão conjuntas, inclusive o aterro sanitário. A legislação prevê que todos os municípios tenham aterro. Vamos tentar construir isso com Ilhéus e com outras cidades.
Ilhéus possui o aterro de Itariri, que enfrenta problemas. A proposta seria a construção de um novo aterro?
Sim, outro aterro. Claro que a gente vai tentar fazer isso, estreitando essa relação com Jabes [Ilhéus]. A gente já sinalizou que algumas coisas vão ser discutidas [conjuntamente]. Se for possível, faremos em conjunto. Do contrário, faremos sozinhos.
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O Complexo Intermodal, por ser obra grande e ter a questão ambiental, está lento, mas é uma conquista da região e temos certeza que o processo vai acelerar agora.
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Quais outros projetos, propostas que o sr. já pensa em construir de forma consorciada, conjunta com Ilhéus?
A própria duplicação da Ilhéus-Itabuna, o próprio Complexo Intermodal Porto Sul, que será em Ilhéus e nós precisamos discutir como melhor aproveitar essa oportunidade.
Existem críticas quanto à lentidão da implantação do projeto do Complexo Intermodal. O sr. compartilha dessa opinião?
O complexo, por ser obra grande e ter a questão ambiental, está lento, mas é uma realidade, uma conquista da região e temos certeza que o processo vai acelerar agora.
O senhor venceu o pleito a prefeito e logo foi afastado do mandato de vereador. Ainda há questionamento se o senhor assumirá ou não o mandato de prefeito. Há esse risco, o senhor assume no dia 1º de janeiro?
Não há essa possibilidade de não assumirmos o mandato. O que houve foi um afastamento liminar (preventivo) numa ação penal. O prazo para defesa nem foi aberto ainda. O que há é muita especulação. A parte jurídica está cuidando disso.
Muito se comenta da força do PCdoB na campanha do senhor e no governo eleito. Há até quem veja no conjunto comunista a personificação da “Joelma” de Vane. Qual será o estilo de governar do senhor?
O prefeito eleito é Vane. O PCdoB tem a sua parcela e os demais partidos, também. Todo mundo vai ter a sua oportunidade, terá vez no governo. Nós, democraticamente, vamos dar espaço aos partidos, que vão contribuir, colaborar com a administração.
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O secretariado vai ser uma indicação política, mas o perfil do escolhido vai ser técnico.
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Qual vai ser o critério para montar o governo?
Não vamos abrir mão do secretariado ser de pessoas das áreas para as quais foram escolhidas. O secretariado vai ser uma indicação política, mas o perfil do escolhido vai ser técnico.
—– Clique no link e confira respostas de Vane sobre choque de gestão, influência da Igreja Universal em seu governo, relação com os governos estadual e federal e participação do PT itabunense na gestão municipal Leia Mais
Prefeito eleito de Ilhéus, Jabes Ribeiro (PP) fará a partir de 1º de janeiro de 2013 seu quarto mandato à frente do município. Ele venceu as últimas eleições a bordo de uma aliança formada por 16 partidos, e talvez uma de suas tarefas mais complicadas será compor os diferentes interesses de um grupo heterogêneo. Nesta entrevista concedida ao PIMENTA, Jabes assegura que em seu governo não haverá loteamento de cargos e a ocupação das funções levará em conta, além da indicação política, o perfil do indicado. O futuro gestor fala ainda, entre outros assuntos, sobre a questão dos precatórios, que trava o governo ilheense, e as perspectivas do município com a implantação do Porto Sul. Jabes diz defender o desenvolvimento sustentável e salienta: “não sou ecochato nem irresponsável”.
A entrevista com Jabes Ribeiro abre a série que o PIMENTA fará com prefeitos eleitos no Sul da Bahia. Confira abaixo os principais trechos:
PIMENTA – Esta última eleição em Ilhéus mostrou uma população dividida e aparentemente desestimulada com a política. Mais de 33 mil ilheenses deixaram de votar e houve ainda 3.115 votos brancos e 6.105 nulos. O senhor acha que esses números refletem a descrença do eleitorado?
Jabes Ribeiro – De forma alguma. Ilhéus tradicionalmente tem um alto índice de abstenção, primeiro em função da área rural, que é muito grande, e muitos eleitores moram em fazendas. Antigamente, havia o hábito de se fazer o transporte dessas pessoas, mas isso não é mais possível em função da legislação e a justiça eleitoral não toma as providências para viabilizar o deslocamento dos eleitores. Por outro lado, no dia anterior à eleição o tempo não estava bom. Na véspera choveu muito e eu acho que isso foi um fator decisivo para essa abstenção.
PIMENTA – O município enfrenta precariedade em diversos setores, inclusive nos mais essenciais, que são saúde e educação. O senhor já definiu uma estratégia para superar as dificuldades e fazer com que a população possa ter um serviço público mais qualificado?
JR – Ilhéus vive uma situação extremamente grave em todos os setores. Eu fiz uma visita ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e, conversando com alguns técnicos, pessoas que conhecem a realidade de Ilhéus, a constatação é de que o quadro é assustador. O município tem as suas contas rejeitadas desde de 2006. Isso significa que, sucessivamente, O tribunal tem dado parecer contrário, basicamente em função, entre outros, de três itens: problemas na saúde, educação e na área de pessoal. São questões graves. Por outro lado, você tem uma desorganização financeira tal que acaba prejudicando os serviços essenciais. Não funcionam limpeza urbana, iluminação pública, saúde, educação, as estradas rurais se encontram em péssimo estado. Não é uma situação simples, nós já tínhamos essas informações e ninguém está se surpreendendo com nada, mas a cada dia está sendo constatado o fato de que efetivamente o município está na UTI. PIMENTA – Esse cenário exige a definição de prioridades. O que já se vislumbrou nesse sentido?
JR – Aproveitando até declarações do prefeito, quando estive com ele, de que tem interesse em contribuir com a transição, nós esperamos que na prática isso aconteça. Nesta segunda-feira (29), nós estaremos entregando ao prefeito um ofício, no qual fazemos algumas solicitações. Entre elas, apresentamos o grupo que vai colher os dados dentro da comissão de transição, de acordo com Resolução do TCM. Essa coleta de dados será muito importante para fazermos um diagnóstico. Com ele é que nós teremos condições de tomar as medidas necessárias, primeiro no sentido de saber qual a estrutura administrativa possível, dentro da realidade do município, e a partir daí definir a equipe de governo para que possamos adotar as providências já no início da administração, procurando arrumar a cidade, organizar as finanças e, efetivamente, trabalhar para melhorar os serviços essenciais.
Ninguém está se surpreendendo com nada, mas a cada dia está sendo constatado o fato de que efetivamente o município está na UTI.
Campeã das urnas para a Câmara de Vereadores de Itabuna nas últimas eleições, tendo conquistado 2.054 votos, a Soldada PM Valéria Morais não se intimida quando lhe cobram experiência. A falta deste quesito é colocada como barreira para ela pleitear a presidência do legislativo, mas Valéria rebate a crítica, sustentando que é capaz de aprender e pretende atuar em harmonia com os colegas da Câmara.
Nesta entrevista ao PIMENTA, a vereadora eleita optou por não criticar a atual legislatura e afirmou que pretende pautar seu mandato em valores como fidelidade, respeito e compromisso. Valéria não descarta a possibilidade de vir a se candidatar para a Assembleia Legislativa em 2014.
Confira os principais trechos:
PIMENTA – Quem é a Soldada Valéria Morais? Valéria Morais – Sou mineira de Nanuque e vim para Itabuna aos seis anos de idade. Meu pai era motorista da Águia Branca e foi transferido para cá. Nós residimos ali na Vila das Dores, onde eu cresci. Fui feirante, já administrei loja, trabalhei no setor de topografia da Águia Branca. Aos 19 anos, ingressei nos quadros da Polícia Militar, onde estou há 15 anos. Tenho um casal de filhos.
PIMENTA – Como surgiu a decisão de entrar na política? Valéria Morais – A partir daquele movimento, tivemos consciência de que era necessário ter presença nas Câmaras de Vereadores, assim como na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Nós somos politicamente fortes. Quem levantou o nosso nome foi a própria categoria, por acreditar em nossa capacidade de trabalhar pela comunidade.
PIMENTA – Qual o seu sentimento depois de ter sido a candidata mais votada para a Câmara de Vereadores?
Valéria Morais – Eu me sinto com mais responsabilidade, inclusive porque foi confiada a vários homens a missão de levantar essa candidatura e a escolhida é uma mulher. O que esse resultado me transmite é necessidade de atuar com firmeza nas atitudes e a manter meu compromisso de respeito ao povo de Itabuna. Tive 2.054 votos e não foi fácil. A categoria levantou meu nome e as pessoas acreditaram. Eu sempre falava que nossos votos estavam dentro de nossas próprias casas. Foram muitas igrejas que oraram pela nossa campanha e eu confirmei que nosso Deus não dá nada pela metade a ninguém. Quando Ele dá, é o primeiro lugar.