AGORA, É GREVE

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Greve paralisa maior hospital público da região.

O Sindicato dos Funcionários e Servidores Municipais de Itabuna (Sindserv) informa que foi deflagrada, a partir das 6h de  hoje, greve por tempo indeterminado no Hospital de Base Luís Eduardo Magalhães (Hblem).

Cerca de 600 funcionários do hospital cruzam os braços contra os constantes atrasos de pagamento e não-fornecimento de vales-transporte. A categoria exige o imediato pagamento do salário de janeiro.

A greve acontece em meio a um tiroteio da prefeitura e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab). O secretário de Administração de Itabuna, Gilson Nascimento, culpou a Sesab pela situação do Hblem.

A Secretaria Estadual de Saúde emitiu nota informando que, embora o Hblem tenha contrato de R$ 1 milhão com o SUS, os repasses mensais são da ordem de R$ 1,5 milhão para fazer frente à crise na unidade de saúde.

Os prepostos estaduais cobraram da prefeitura que faça também a sua parte, investindo no hospital. Ou, caso queira, repasse a gestão da unidade para o Estado. A prefeitura firmou convênio que resultaria em complementação de R$ 300 mil para o Hblem. O depósito não havia sido feito até a semana passada.

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Armando Nuvem

2 PRA LÁ 2 PRA CÁ

Dois times ruins, dois técnicos demitidos e quase duas lanternas no eixo Ilhéus – Itabuna. É muita decepção em dose dupla para as torcidas do Tigre banguela e do Dragão, que nesse campeonato faz papel de cavalo paraguaio. Começou derrotando Vitória e Atlético de Alagoinhas e depois perdeu todo o gás.

Ah, neste domingo (21), as duas equipes foram derrotadas. Cada uma levou… Dois gols.

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BAIXO NÍVEL

Costumo ouvir os jogos do “Baianinho” pelo rádio, mas fui a uma partida. Entre Itabuna e Vitória da Conquista, dia 18, no Luiz Viana. Um baba da pior qualidade, com um gol solitário e dois pênaltis perdidos, um de cada lado.

Estpetáculo tão ordinário só afasta  torcedor do estádio.

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BANQUETE DE ITABUNENSE

Uma foto publicada na edição deste domingo do jornal A Tarde pode ter desestabilizado a equipe do Itabuna. Foi na matéria sobre a desorganização da Feira de São Joaquim. Despretensiosamente, o diário soteropolitano tascou lá a foto de uma montanha de jacas.

O time azulino não pensou mais em outra coisa.

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A ESCULHAMBAÇÃO É GERAL

Uma das coisas interessantes na internet é poder “sintonizar”  rádios de diversos estados e países.

Outro dia, acessei uma emissora chamada Indentidad FM, de Las Varillas,  cidade da província de Córdoba, Argentina. Em uma vinheta, a rádio diz ter programação de alto nível cultural, mas a fraude logo aparece,  na forma de uma tradução estúpida de música idem. Se ligue no trecho e tente se lembrar:

“Beso en la boca es cosa del pasado. Ahora la moda é namorar pelado”.

Diante do show de cultura, desliguei o computador e fui exercitar a pregação da música. Mas sem dispensar o beijo na boca, que não sou mané!

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GUGA LISBOA É O NOME DA FERA (ANOTE!)

Uma amiga nossa diz ter visto o professor Gustavo Lisboa destruindo as ondas em uma praia de Salvador, se não me engando era Stela Maris. Em cima da prancha, o quase ex-secretário da Educação de Itabuna era só rasgada, aéreo e “cut back”, num show de manobras para Jojó de Olivença nenhum botar defeito.

A mesma amiga-olheira afirma: “eu seria capaz de jurar que se alguém, naquele momento sublime, mencionasse a hipóteste do professor voltar aos pepinos de sua velha Secretaria, ele daria com o bico da prancha na cabeça do indigitado”.

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FIM DE MUNDO

O reino animal está em polvorosa, nenhum bicho se sente mais seguro após a revelação da “patofilia” do tucano Mário Alexandre. Com sua plumagem exuberante e bico longo, o gorduchinho pegou o pobre do pato e créu…

Manifestação do sapo: “companheiro, nunca antes na história desse país, nós vimos um tucano fazer tamanha safadeza com um pato”.

Valha-nos Deus!

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RECOMENDAÇÕES

Ao novo assessor de imprensa da Prefeitura de Ilhéus, Maurício Maron, este colunista dá alguns conselhos:

1. Se ainda der tempo, passe 15 dias em um spa antes de enfrentar o abacaxi (depois não diga que não avisei).

2. Promova um culto ecumênico nas dependências da Ascom (a deputada Ângela pode arranjar o pastor).

3. Convença o prefeito Newton Lima a mudar o visual descabelado (o Biboca dá desconto às quartas-feiras).

4. Procure saber se Newton tomou o cuidado de desinfetar a cadeira de Valderico, antes de sentar na mesma (se não o fez, precisa urgentemente desinfectar-se a si próprio).

5. Por medida de precaução, mantenha um frasco de soro antiofídico guardado em local estratégico, que só você e mais alguém de sua estrita confiança saibam (fique alerta para as jararacas, sejam elas ensaboadas ou não).

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Enquanto a Prefeitura de Itabuna e a Secretaria do Estado batem boca em torno do Hospital Luís Eduardo Magalhães, esta unidade vai ficando cada vez mais sucateada e sob permanente ameaça de paralisação dos serviços.

Na sexta-feira (19), o secretário da Administração de Itabuna, Gilson Nascimento, fez cobrança à Sesab, que teria se comprometido a adiantar os repasses financeiros para o Hblem. A Secretaria paga R$ 1 milhão em serviços prestados pelo hospital ao SUS e ainda fornece mais R$ 500 mil além da produtividade apresentada, a título de ajuda.

Segundo o titular da Sesab, Jorge Solla, todos os repasses de 2009 foram efetuados e, em 2010, houve a transferência do primeiro, enquanto o segundo estaria para chegar. Mesmo assim, o fato é que os funcionários da instituição continuam a receber os salários com atraso, o que não aceitam, por se sentirem discriminados.

Agora, a Prefeitura cobra uma responsabildiade que a Sesab diz não ter e esta, por sua vez, manda que o município assuma a responsabilidade que tem na manutenção do Hospital de Base. Ou o entregue para que o Estado tome conta.

É uma discussão bizantina, enrolada, interminável, além de irresponsável e homicida. Somente uma cidade de cordeirinhos mansos e passivos aceita uma patacoada dessa com assunto tão sério.

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foto josé nazal
Técnico Ferreira, minutos antes de pedir a demissão (Foto José Nazal)

Ferreira não é mais técnico do Colo Colo. O treinador pediu demissão do clube após a derrota, em casa, para o Camaçari, por 1×2, hoje. A diretoria aceitou o pedido.

Sob o comando de Ferreira, o time acumulou quatro derrotas e apenas uma vitória.

O Tigre ilheense vive a sua pior crise desde que ascendeu à primeira divisão do futebol baiano, no início dos anos 2000.

Ferreira teve passagem vitoriosa pelo Colo Colo em 2006, quando a equipe sagrou-se campeã do Estadual.

Durante todo o jogo de hoje, o técnico mostrou-se tenso e preocupado com o péssimo futebol do Tigre, como demonstra a foto ao lado. O flagrante foi captado pelas lentes de José Nazal.

Clodoaldo Nascimento, treinador do time júnior, será efetivado no comando do Tigre. No próximo domingo, 28, Colo Colo e Itabuna fazem o clássico dos desesperados, no estádio Luiz Viana Filho (Itabunão), às 16h.

Campanha do Tigre com Ferreira

– Colo Colo 0x2 Camaçari
– Colo Colo 2×0 Feirense
– Fluminense 2×1 Colo Colo
– Colo Colo 2×5 Fluminense
– Feirense 4×0 Colo Colo

Atualizado às 20h

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O Botafogo, depois de despachar o Flamengo na quarta-feira de cinzas, acaba de levar o título da Taça Guanabara 2010. O time enfiou 2×0 no Vasco da Gama (ou seria Vice da Gama?). Fábio Ferreira e El Loco Abreu marcaram para o Fogão, no Maracanã. Pra conferir os gols do título, aperte no play.

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Nada mais lógico para os times sul-baianos a cada rodada do Estadual 2010. Em Feira de Santana, o Itabuna conheceu a sexta derrota no campeonato. O Bahia de Feira enfiou 2×0 no Azulino. O Tigre Ilheense perdeu em casa para o Camaçari, por 1×2, no estádio Mário Pessoa, em Ilhéus, e continua na lanterna do grupo 1 do Baianão. O Itabuna permanece em 4º no grupo 2.

Os resultados obtidos pelos dois times só fazem perder o interesse pelo Clássico do Cacau, no próximo domingo, 28, no estádio Luiz Viana Filho. Os gols do Bahia de Feira foram marcados por João Neto, aos 12 minutos do primeiro tempo e aos 32 da etapa final, no Jóia da Princesa.

O Colo Colo esperava pegar no tranco, após a vitória da última quinta-feira. Pura ilusão. O início do jogo enganou. Emílio colocou o Tigre na frente, aos 4 minutos. Murilo, do Camaçari, empatou aos 32min da primeira etapa. Sylvestre deixou o dele aos 28 do segundo tempo, decretando a vitória do time do Polo Petroquímico, que já é o segundo do grupo 1.

Atualizado às 19h50min

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Diante das denúncias de pedofilia por parte de um funcionário do Flamengo, a diretoria do clube emitiu nota oficial comunicando o afastamento do empregado e ressaltando que, se de fato houve o ato, não aconteceu nas dependências rubro-negras.

No dia 8 de fevereiro, uma associada do clube denunciou ter visto um funcionário rubro-negro “acariciando ostensivamente o órgão sexual” de um menino de cerca de 10 anos nas imediações da sede da Gávea. O caso está sendo investigado pela polícia.

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Nova crise no PPS. O partido entregará, ainda nesta segunda, 22, os cargos ocupados por dirigentes da legenda nos gabinetes dos vereadores itabunenses Clóvis Loiola e Raimundo Pólvora, num total de sete ‘boquinhas’.

A decisão é uma ‘reprimenda’ pelo fato dos vereadores terem exonerado três dos sete assessores indicados pelo partido. Os edis defendem-se alegando queda do repasse do duodécimo a partir de março. Os dirigentes não engoliram.

O partido estaria preparando terreno para um pedido de expulsão dos dois vereadores, segundo comenta-se nos bastidores. A manobra é arriscadíssima.

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O Bahia de Feira não venceu em casa neste Estadual. Hoje, a equipe enfrenta o Itabuna no estádio Jóia da Princesa, às 16h. Azarado como nunca se viu, será que o Dragão do Sul vai deixar o time de Feira de Santana mudar a escrita?

O Itabuna teve uma semana conturbada. Passadas as cinzas da folia momesca, levou 0x1 do Vitória da Conquista em pleno estádio Luiz Viana Filho, na quinta, 18.

No dia seguinte, mandou o técnico Hugo Aparecido pra bem longe e encontrou solução caseira ao efetivar Gelson Fogazzi no comando do time (você, torcedor itabunense, lembra dele?).

Se perder, o Azulino pode figurar na lanterna do Grupo 2.

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De acordo com a titular da Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio (DCCP), Andréia Oliveira, o esquema de falsificação de históricos escolares por estudantes é muito maior do que se imaginava inicialmente e ultrapassa a fronteira da Bahia. O esquema beneficiou até alunos de faculdades em São Paulo e Minas Gerais.

Pelo menos dois estudantes de faculdades mineiras e um aluno que está cursando o ensino superior em São Paulo estão entre os suspeitos de envolvimento com o esquema, que no sul da Bahia era comandado por uma ex-servidora do Colégio Estadual de Ilhéus.

A polícia já solicitou informações sobre os graduandos. O contato também foi feito com faculdades no eixo Itabuna / Ilhéus pedindo o endereço de nove alunos para enviar notificação para a tomada de depoimentos. Uma etapa das investigações avançou na quinta-feira, 18, com o depoimento da estudante Alana Brandão, que cursa Direito na Faculdade de Ilhéus.

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Da Folha Online:

Cassado, o prefeito Kassab (DEM) promete recorrer da sentença

A Justiça Eleitoral condenou o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), à perda do mandato pelo suposto recebimento de doações ilegais na campanha de 2008.

A decisão deve ser publicada no “Diário Oficial” na próxima terça-feira, é o que informa a reportagem de Flávio Ferreira e Fernando Barros de Mello, publicada na edição deste domingo da Folha de S.Paulo, que já está nas bancas.

Em nota, a defesa do prefeito diz que as contas “foram analisadas e aprovadas sem ressalvas pela Justiça Eleitoral” e que a tese da sentença já foi vencida no TSE. Os advogados vão recorrer.

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Marco Wense

O movimento em defesa do voto regional, tendo como alvo principal o eleitorado do sul da Bahia, especificamente de Itabuna e Ilhéus, é coisa do passado.

Com o intuito de fortalecer a representatividade política da região cacaueira, elegendo deputados federais e estaduais comprometidos com a terra, o movimento foi logo denominado de “Bancada do Cacau”.

O receio de magoar o forte carlismo, nitidamente contrário ao voto regional, fez com que as entidades, clubes de serviços, OAB, CDL, ACI e muitos outros órgãos começassem um processo de boicote contra a “Bancada do Cacau”.

Como não bastasse o então Partido da Frente Liberal (PFL), as agremiações partidárias de esquerda, com destaque para o PCB e PC do B, eram contra o movimento, já que dependiam dos votos de Itabuna e Ilhéus para eleger seus deputados.

O carlismo e os comunistas, com uma parcela significativa de petistas, se uniram para derrubar o voto regional. Os jornais da época até que ensaiaram uma defesa do movimento, mas logo desistiram.

A “Bancada do Cacau” foi marcada por muito cinismo. Lideranças políticas e empresariais davam declarações públicas de apoio. Mas, nos bastidores, na calada da noite, tramavam contra a iniciativa do voto regional.

Hoje, a “Bancada do Cacau” é apenas uma lembrança de um tempo de muito romantismo político, quando se tinha uma verdadeira preocupação com a próxima geração. Tudo desprovido de demagogia e hipocrisia.

Por culpa dos “nossos” parlamentares, que preferem direcionar os recursos provenientes das suas emendas para outras bandas da Bahia, o voto regional sucumbiu para sempre.

ESQUECERAM DE TUDO!

Os tucanos, obviamente do PSDB, cometeram uma injustiça com Paulo Souto, então candidato (reeleição) ao governo da Bahia na eleição de 2006, quando foi derrotado por Jaques Wagner logo no primeiro turno.

O tucanato dizia que Souto e o soutismo eram sinônimos de atraso. Pregava por todos os cantos que a Bahia precisava de uma urgentíssima mudança. Essa mudança era Jaques Wagner (PT).

O ex-prefeito de Salvador e presidente estadual da legenda, Antonio Imbassahy, diz agora que “a Bahia precisa avançar”. De repente, o petista Wagner é o atraso e o democrata Paulo Souto a solução de todos os problemas.

Como a falta de memória é ingrediente inerente ao eleitor brasileiro, os políticos deitam e rolam.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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O Partido dos Trabalhadores referendou o nome de Dilma Rousseff como sua candidata à Presidência da República. Foi neste sábado, durante o IV Congresso do PT, realizado em Brasília.

Antes da votação, o presidente Lula discursou dizendo que Dilma não será uma presidenta-tampão, visando a sua volta ao poder, em 2014. “Dilma não candidata dela. É candidata de uma grande coalizão. Não é a candidata do Lula”.

Leia aqui a cobertura da BBC Brasil e do Estadão.

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SE A POLÊMICA BATE, EU ABRO A PORTA

Ousarme Citoaian

Inocente comentário postado aqui há dias (sobre frequência de lugares públicos por indivíduos sem camisa) gerou reações, algumas indignadas. Com os leitores queremos diálogo, não polêmica. Mas se ela nos bater à porta será recebida com especial carinho. A mídia, sem ser serviço público, é serviço ao público. Logo, pugnar pela educação das pessoas é, sim, obrigação nossa (ainda que sujeitos a erros semelhantes àqueles que combatemos). Este é o nosso ponto de vista: homens semi-vestidos, em lugares fechados e públicos denunciam sua péssima extração social. E também a de quem os governa. Não precisávamos dizer que as cabanas de praia (foto) estão fora da lista.

VAMOS BOTAR A MÃE NO MEIO

Houve quem tentasse reviver a estúpida atitude xenófobo-chauvinista entre Itabuna e Ilhéus – aquela asneira baseada em jacas e caranguejos. Bobagens, miudezas, bugigangas, brogúncias. Não patrocinamos patacoadas antigas ou recém-criadas. E esta, por sinal, já foi enviada, ao menos pelas gentes sensatas, à lata de lixo da história regional. Somos duas comunidades carentes de serviços públicos básicas (incluindo a mencionada educação), e não vejo em que uma delas deva se vangloriar. Também acusaram esta coluna de exalar aromas de elitismo, sofisticação e riqueza. Nonada. A educação de berço não é apanágio dos financeiramente ricos, pois não custa dinheiro. No geral, quem tem (ou teve) boa mãe tem bons modos.

OPÇÃO ENTRE BICHOS E CIDADÃOS

Falamos do comportamento deplorável, comum nas duas cidades, de indivíduos que (além do abuso da semi-nudez), buzinam para tirar as pessoas da rua, “se aliviam” no poste ou no pé do muro, avançam o sinal e só não atropelam velhinhas na faixa de pedestres porque elas, as velhinhas, cada dia ficam mais espertas, lépidas, serelepes e de juntas azeitadas. Tais indivíduos não honram nem respeitam a população das duas cidades, e melhor estariam entre animais de estrebaria e pasto. Mas se alguém aprova esse proceder, impróprio para sociedades que se dizem civilizadas, sirva-se: estamos em democracia, a liberdade de opinião é assegurada e a decisão é fácil: é escolher entre ser cidadãos ou ser bichos.

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HERANÇA DA TORRE DE BABEL

Dad Squarisi, consultora desta coluna (embora disso não saiba), conta uma historinha sobre a Torre de Babel (na imagem), aqui adaptada: os homens construíram uma torre que os ligasse diretamente, sem lobistas, ao céu. Por ser tão descabida, a pretensão arrancou de Deus apenas um riso complacente. Pois sim! A obra prosseguiu e quando Ele se lembrou de dar uma espiadinha o espigão já quase tocava os divinos aposentos. Deus resolveu castigar os pedreiros de Babel: criou umas três mil línguas, de forma que eles não mais se entendessem, deixando a obra tão parada quanto o PAC do Cacau. Feito isso, o divino Mestre avaliou Seu trabalho e o considerou incompleto. Era preciso juntar às línguas dificuldades extras, para ter certeza de que os homens não voltariam jamais a se entender e “aprontar”.

O HÍFEN É O CASTIGO DO PORTUGUÊS

O alemão Deus presenteou com aquelas palavrasemendadasumasnasoutras, compridas feito a cobra que tentou Eva no Paraíso (na gravura); o francês recebeu a praga dos acentos (tem até acento circunflexo no i); o chinês Ele encheu de ideogramas impenetráveis; o inglês ficou para ser escrito de uma forma e pronunciado de outra… E para o português, nada? Para o português Deus guardou “o Seu melhor”: pegou um montão de tracinhos na mão direita, outro montão de palavras na esquerda, jogou tudo pra cima e, com insuspeitada maldade, disse aos lusógrafos: “Virem-se!”. Estava criado o hífen. Mais do que simples sinal, o hífen é produto de um instante de divino mau humor. Saber empregá-lo com segurança, só Deus. E olhe lá…

A VIZINHA E AS LETRAS DOBRADAS

Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça é ela, minha vizinha do 6º andar, que passa de minissaia… “O certo é minissaia ou mini-saia?”, me pergunta, insensível, o porteiro do edifício, sem perceber que estou interessado em ler o conteúdo, não o continente. Até dias recentes, havia controvérsia. O mais popular dicionário brasileiro, o Aurélio, grafava minissaia (foto) e minissérie; outros (Houaiss e Saconi, por exemplo) preferiam mini-saia. Agora, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) pôs fim à discussão, ao fixar que, nestes casos, o procedimento correto é dobrar a consoante: minissaia, minissérie. O hífen desapareceu e deu lugar a uma nova letra. Mistérios.

ESTRANGEIROS EM PORTUGUÊS

Do jeito que as coisas andam, de acordo em acordo, terminaremos estrangeiros em nosso próprio idioma. Mais do que nunca eu poderia dizer, como o escritor Gilson Amado: “Não escrevo sem dicionário”. É necessário fazer consultas, para evitar ser surpreendido por esse hífen que mais parece uma casca de banana: pisou em falso, é certa a queda. Assim, fui ao Volp (foto) e anotei, para dirimir dúvidas futuras, a grafia “moderna” de algumas palavras velhas: minibiblioteca, minijardim minirreator e também maxissaia e midissaia. Enquanto eu me ocupava dessas filigranas, a vizinha desapareceu no horizonte. Ainda cometo um maxicrime contra esse porteiro!…

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VAGNER LOVE ATRAVESSA NA AVENIDA

“Procuro fazer o meu melhor dentro de campo” (O. C. grifou), diz o semi-xodó da torcida do Flamengo, Vagner Love (foto), na segunda-feira de Carnaval, na Globo. Meu melhor? Estranha língua, que a gente entende, mas que não chega a ser, rigorosamente, a portuguesa. Essa bobagem ganha espaço na linguagem, com o deletério apoio da mídia. Diz-se que a coisa vem do inglês To make my best, por tradução preguiçosa e burra.  Por certo, o sergipano-itajuipense-carioca Marcos Santarrita, que já traduziu até os palavrões de Miles Davis, verteria a expressão como “fazer o melhor que posso”, ou equivalente.

EXECUTIVOS “CONTAMINADOS”

O itabunense Hélio Pólvora, tradutor de Faulkner (foto), tem chamado a atenção sobre os erros, às vezes grosseiros, que ocorrem em tradução de textos literários. O professor Cipro Neto debita à tradução de má qualidade o “gerundismo” que assola o Brasil, principalmente no mundo do telemarketing.  A moça gentil que nos atende (depois de ficarmos muitos minutos ao telefone) informa, se estamos com sorte, que “estaremos abrindo um processo e o senhor estará sendo informado desse procedimento dentro de doze dias. Úteis”. Conheço executivos que, talvez por contaminação do telemarketing, abusam desse modismo horroroso.

O BOTAFOGO FEZ “O SEU MELHOR”

Na semana passada, após tantas vãs tentativas com a vizinha do 6º andar, imaginei ter conseguido  “o meu melhor”: percebi que a danadinha, cansada de sucessivas negaças às minhas canhestras propostas de encontro, estava propensa a dizer “vou”. Não disse. Disse “estarei indo”. Diante de tamanha demanda reprimida, agora na iminência do  atendimento com juros e correção, esqueci os ditames da língua portuguesa e apenas comemorei. Em vão, pois ela não foi. Mas se pensa que vai estar se livrando de mim de maneira tão fácil, estará se enganando… Quanto a Vagner Love, foi mal: o Botafogo fez “o seu melhor” e deu um virote no Flamengo.

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O DIVINO MILES DAVIS

Deveria interessar [sua vida] também à sociologia, à psicologia e até à farmacologia – para alguns, é um milagre que tenha chegado aos 65 anos, depois das toneladas de drogas que absorveu”. Isto é Ruy Castro falando de Miles Davis, o divino, no livro Tempestade de ritmos (Companhia das Letras/2007). Davis é um dos maiores trompetistas de jazz de todos os tempos,  reinventor do gênero, pousando na história ao lado de Armstrong, Lester Young, Charlie Parker, Billie Holiday, John Coltrane e outros poucos. No final de um livro autobiográfico, ele dá um exemplo de sua comentada arrogância: “Eu mudei a música cinco ou seis vezes. E você, o que fez?”, provoca.

ÍCONE DO JAZZ NO SÉCULO XX

“Não ligo para o que os críticos falam de mim, seja bem ou mal. Eu sou o meu crítico mais exigente. Sou vaidoso demais para tocar qualquer coisa que não considere boa”, disse Miles Davis em 1962. A declaração está em 1.001 discos para ouvir antes de morrer (GMT Editores Ltda./2007), uma seleção feita por 90 críticos renomados. O livro relaciona nada menos do que quatro discos de Davis: Birth of the cool, Beatches brew, In a silent way e Kind of blue. Eu tenho o último e gosto, particularmente, de So what!, com seus quase dez minutos, uma prova de fôlego para o trompetista. Sobre Kind of blue derrama-se o crítico Seth Jacobson, no citado 1.001 discos: “Trata-se de um momento que definiu um gênero musical do século XX”. O resto é silêncio.

DESTRUÍDO PELAS DROGAS

“O ego de Miles Davis não cabia num álbum triplo”, diz Ruy Castro. Insensível, virou as costas a Charlie Parker, quando o saxofonista, devido às drogas, ficou de convivência difícil – mas se sentiu injuriado ao sofrer o mesmo – e pela mesma razão. Teceu críticas ácidas a Wynton Marsalis, por tocar música clássica, além de condenar Armstrong, de bancar o clown para os brancos (mais tarde os críticos o acusariam de fazer a mesma coisa em seus shows). Ao morrer, Miles Davis era novamente um homem rico (tivera altos e baixos nesse quesito), mas com a saúde destruída pela longa dependência química. A última droga de sua lista foi cocaína. No vídeo, Miles Davis e seu quinteto, com o clássico Round midnight.

Aperte o play.

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(O.C.)