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GLOBO MUDA NOME DA “BÍBLIA” MUÇULMANA
Em matéria sobre o dia do Ramadã, o repórter da Globo menciona duas vezes algo que pensei nunca mais ouvir: o Corão, referindo-se ao livro sagrado dos muçulmanos. A forma correta é o Alcorão – e o emprego de o Corão não é preferência, mas ignorância. Há quem queira justificar a heresia argumentando que o al árabe é o nosso artigo o – daí dizer o Alcorão seria uma espécie de pleonasmo (haveria desnecessária repetição do artigo o). O professor Mansour Challita, conhecedor das duas línguas, explica que as palavras árabes começadas com al tiveram esta parte incorporada ao português. Até eu sei de uma legião de exemplos.
EM CAMÕES, UM ABONO LUXUOSO E INSUSPEITO
A LÍNGUA E O CHORO NO “EXÍLIO AMARGO”
DITADURA E DESORGANIZAÇÃO DA LINGUAGEM
ONDE PASSA UM BOI, PASSA TODA A BOIADA
OS CARTÓRIOS E O MODISMO VERDE-OLIVA
NEM TERESA LISIEUX, SANTA, FOI POUPADA
POR QUE OS ESCRITORES ESCREVEM?
REMÉDIO CONTRA O VAZIO EXISTENCIAL
João Cabral de Melo Neto (1920-1999): “Sou como aquele sujeito que não tem perna e usa uma perna de pau, uma muleta. Escrever é uma maneira de me completar. A poesia preenche um vazio existencial”; William Faulkner (1897-1962), direto ao ponto: “Para ganhar a vida”; Millôr Fernandes (1924) deu resposta parecida: ”Sempre escrevi por necessidade, minha vida inteira”. Autran Dourado (1926): “Porque se não escrevesse já teria me matado”; Gabriel Garcia Márquez (1928) é o lírico que se esperava: “Para que meus amigos me amem mais”; Ignácio de Loyola Brandão (1936): “Para me divertir e divertir os outros”; Umberto Eco (1932), pra variar, complicou: “Eu escrevi porque meus filhos cresceram e eu não sabia mais para quem contar histórias”.
A ESCRITA COMO MEIO DE SOBREVIVER
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5 respostas
Nasci em 1950. Não fui, portanto, vítima dessas “heresias”, digamos, gramaticais.
Contudo, há algo estranho na grafia do meu nome: JOSÉ ANTÔNIO DE SOUZA NÉTO.
Fico intrigado. Por que NÉTO com acento agudo?
Quando assino, não faço uso do circunflexo de ANTÔNIO nem do agudo de NÉTO.
E o SOUZA? Em toda a família é grafado com “Z”. Qual a diferença entre SOUZA e SOUSA?
Grafias incorretas ou famílias de origens diferentes?
Apenas pra recorrer a um trocadilho infame, a subserviência de jornais e jornalistas Médice pelas faltas de compromissos com a verdade factual e obediência irrestrita aos poderosos.
Caro Souza Neto:
Nascido em 1950, seu nome teria de ser grafado pela regra vigente, o Formulário Ortográfico de 1943: “José Antônio de Sousa Neto”. O Formulário inclui os nomes próprios, é óbvio, pois eles não formam um grupo estranho à língua, com regras especiais de grafia. Portanto, seu nome é mais uma das decisões arbitrárias do escrivão que fez o assento. Mas pelo menos você não foi submetido a nenhuma fórmula ridícula. Está no folclore um cara registrado como José Casamentício das Dores Conjugais. É mole? E há o caso famoso de um gênio brasileiro que era para se chamar Milton e virou, por artes do cartório, Millôr (Fernandes). Escrivães desse nível deveriam ser algemados.
Ouço dizer que formas como Souza, Manoel e Luiz não são aceitas nos cartórios de Portugal, pois os oficiais são alfabetizados, concursados etc. – e seguem a norma, mesmo que os pais tenham preferência por estranhas grafias. Mas não estou “a reclamar” dos portadores dessas formas, e sim da mídia que as reproduz, com excessivo respeito aos cartórios. É direito do “dono” assinar o nome como está no registro. Inaceitável é que a imprensa consagre o erro. Veja que mesmo você se recusa a escrever Néto, o que é compreensível e louvável (ainda que seus pais houvessem sugerido tal grafia, caberia ao cartório fazer cumprir a regra da língua).
Peço-lhe que me desculpe o tom doutoral, que foi sem intenção.
Quanto a Ricardo Seixas, gostei do trocadilho. Se o velho arrancador de unhas fosse vivo lhe retribuiria a gracinha com um cálice! De sangue e veneno…
Obrigado aos dois.
“Afasta de mim esse cálice…”
Obrigada O. C. pela matéria bela e útil; e pelos esclarecimentos que servem a todos.
Os cartórios tem cometido muitas injustiças e até mesmo gravidades…