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Café Pomar é dos mais tradicionais e antigos pontos do comércio central (Foto Pimenta/Arquivo).
Café Pomar é dos mais tradicionais e antigos pontos do comércio central (Foto Pimenta/Arquivo).

A violência teve como alvo, ontem, um dos estabelecimentos mais tradicionais do comércio de Itabuna. Ponto de encontro de profissionais liberais e de quem busca boa prosa, o setentão Café Pomar, na Avenida do Cinquentenário, sofreu tentativa de assalto.
Era por volta das 19h30min quando um homem armado anunciou o assalto. Um dos funcionários do café reagiu. O assaltante empurrou a vítima e deu um tiro. Para sorte do comerciário, o disparo atingiu, de raspão, a sua coxa esquerda. Após os primeiros socorros, mostrou as marcas, como quem comemora o renascer.
O tiro ocorreu, segundo testemunhas, quando o funcionário esboçou reação. A tática do bandido no assalto seguiu a de muitos outros. De capacete na cabeça e armado, o bandido “se apresentou”.
Dona do empreendimento, Dalva Dantas disse ao PIMENTA que o bandido atirou quando viu que não obteria sucesso na empreitada.  “Ele empurrou [o funcionário] e atirou”, afirmou.
O Café Pomar fica bem na esquina do cruzamento entre a Rua Osvaldo Cruz e a Avenida do Cinquentenário. E a Osvaldo Cruz tem iluminação deficiente, praticamente uma rua às escuras – no que a bandidagem agradece.
Atualização às 11h – Conforme a Polícia Militar, o bandido ainda conseguiu levar R$ 50,00 do estabelecimento. O assaltante estava com um comparsa em uma moto Honda, vermelha, placa OKP 2175, roubada em 28 de dezembro passado.

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O Café Pomar reabre as portas nesta segunda-feira, 26, cedinho, cedinho. Há 67 anos, a casa do chá-mate, do Bombocado, do cafezinho faz parte da paisagem e da história de Itabuna. Os principais políticos e figuras da cidade passam ou passaram por lá.
Apesar de todo esse apelo histórico e de identidade grapiúna, a reabertura do café do Seu Mariano não consta da programação de aniversário de Itabuna.

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Coube a uma mineira de nascimento e baiana de coração resgatar um pedaço da história de Itabuna. A empresária Dalva Dantas conseguiu convencer a Família Mariano. Ela vai tocar o empreendimento que chegou aos 67 anos em 2010 e cerrou as portas no último dia 1º, o Café Pomar.

A notícia do fechamento no início do mês pegou Dalva de surpresa. E a comoveu. “O chá-mate, o bolinho de aipim, o bombocado, o cafezinho… Vamos manter essa tradição de mais de meio século”. Dalva diz que soube do fechamento do café ainda no dia 1º.
Estava ela no centro, em um supermercado, quando um amigo, “Seu Almir”, lamentava o fim do Café pelo qual passaram alguns dos principais nomes da cidade e do estado e sempre foi um lugar para manter a prosa em dia. “Seu Almir lamentava e dizia que, infelizmente, naquele dia havia bebido o último cafezinho no Pomar”.
Dalva conversou com a família Mariano e no dia 26 um dos pontos mais tradicionais do comércio central de Itabuna estará de volta. “O que vai mudar é o nosso toque feminino que chega”, diz, reforçando que o gostinho do bom café, do Bombocado e dos chás será o mesmo. Dona Vera, funcionária da casa, será convencida a lhe fazer companhia na empreitada. Acompanhe o papo-rápido com a mineirinha que se preocupa com a nossa história.
Negócio fechado?
Fechadíssimo. É oficial, agora.
O que muda no Café Pomar, “sob nova direção”?
Como mudar uma coisa que tinha um ser como Seu Mariano na direção? Temos que respeitar essa tradição, a história. A minha ideia é não modificar a estrutura do Café. Terá um toque feminino, com a característica de atendimento dele, do bom papo. Faremos uma reforminha para a abertura.
E as especialidades da casa?

O chá, o bolinho de aipim, o bombocado, tá tudo mantido. Vamos agregar também produtos da culinária mineira e portuguesa, além do delicioso pastel de Belém.
E Seu Mariano?
Ah, vai ser o nosso cliente especial.
O nome do negócio vai ser mantido?
Quer saber? Esse foi um presente de Seu Mariano pra gente. O Café Pomar continua. E os funcionários… Ainda não conversei com os funcionários. Tem Dona Vera, que está se aposentando. A prioridade é para elas.
O Café tem 67 anos de história. Foi essa tradição que a levou a assumir o negócio?

Olha, eu tenho o Café com Net, na Beira-Rio. Mas quanto ao Pomar, naquele dia (do fechamento), ouvi de Seu Almir, que tem um mercadinho aqui no centro: “Hoje eu tomei o último café na companhia de Seu Mariano”. Tava triste. Aí eu perguntei a ele se iam mesmo fechar o ponto. “Sim”, respondeu. Aquilo causou tristeza, sabe? Lá em Minas, na nossa família, há muito essa coisa de preservar a história. Isso vem de família, do meu pai. Vim, conversei… Minha alegria maior será levar essa tradição adiante.
E agora, quando é que sai aquele chá mate, geladinho?
Dia 26 de julho. Veja que maravilha: na semana de aniversário da cidade, história preservada, tradição mantida. Agora, deixa eu passar o telefone para o Sena, ele tá pedindo.
[O Sena citado por Dalva é o ex-vereador Luís Sena, que no dia 1º foi um dos últimos a sair do Café Pomar, lamentando o fechamento. Nesta segunda, o cururu estava numa alegria só. Alegria mais do que justificada: além da preocupação com a história, ele voltará a ter seu espaço para tomar o chá e até o cafezinho quando Sra. Sena estiver, digamos, indisposta para preparar a primeira refeição do dia…].

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Café passa por reforma e reabre dia 26 (Foto Pimenta).


O gostinho do bom café, do chá mate com limão geladinho e do bolinho Bombocado, e a boa prosa em Itabuna serão preservados.
A família Mariano aceitou a proposta da empresária Dalva Dantas e o Café Pomar será reaberto no próximo dia 26. O café é o mais antigo da cidade.
Ela confirmou há pouco a negociação, numa prova de que nem tudo em Itabuna está perdido. O Pimenta conversou com Dalva. Um papo rápido, que publicaremos ainda hoje.

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PORTAS CERRADAS: Café Pomar fecha às vésperas do centenário de Itabuna (Foto Pimenta).

Foram 67 anos de história. Passava um pouco das 18 horas desta terça-feira, dia 30 de junho de 2010, quando o Café Pomar, um dos estabelecimentos comerciais mais emblemáticos de Itabuna, fechou as portas. Pela última vez.

O café foi inaugurado em 1943, pelo comerciante Bartolomeu Mariano, e desde 1959 é administrado por Roberto Mariano, filho de “Bartô”, como o fundador era conhecido. Ao longo de quase sete décadas, o local se tornou ponto de encontro de figuras como o saudoso jornalista Ariston Caldas, o sindicalista e ex-vereador Luís Sena, o músico Davi da Silva e muitos outros.

Sena e Davi relembram histórias no Café Pomar (Foto Pimenta).

Frequentadores habituais compareceram hoje ao café, para se despedir. Seu Mariano não assistiu ao fechamento, preferiu ficar longe, em Salvador. Entre a freguesia, lembranças e uma certa tristeza, mas sem perder o humor.

O velho músico Davi lamentava perder não somente o café e o mate gelado com limão, mas também outras peculiaridades do lugar. “Amigo, aqui se contava cada mentira que você nem pode imaginar… Vou sentir falta”, suspirava. Sena, no mesmo espírito, manifestava preocupação com o café-da-manhã dos maridos em conflito doméstico. “Onde é que esse pessoal vai tomar café quando brigar com a patroa?”, indagava, emendando que em Itabuna existem outros cafés, mas nenhum com “a alma” do Pomar.

O café de Seu Mariano se identifica com boa parte da história de Itabuna, o que torna dolorosa essa perda, principalmente no momento em que a cidade está às vésperas do centenário. Com o fechamento do Pomar, a cidade morre um pouco, fica um sentimento de perda, ausência e saudade de um tempo que também vai morrendo.

Rosilene atende clientes na despedida do café do Seu Mariano.

Rosilene Ferreira  Mariano, a neta de “Seu Bartô”, foi quem dirigiu o último ato do Café Pomar. Ao Pimenta, ela explicou que o negócio já não era viável, as despesas estavam maiores que as receitas.

Alguns acham que a tradição era o charme do estabelecimento. Outros acreditam que a empresa ficou velha e muitos dos fregueses antigos se foram, sem que tenha ocorrido renovação da clientela.

A neta do patriarca não escondia o lamento, ao sepultar uma parte significativa da história grapiúna. Mas, encarando a realidade em toda a sua dureza, disse-nos: “infelizmente, tradição não paga as contas”. E Itabuna, quando quitará a enorme dívida que acumula com a sua memória? Talvez nunca…