Tempo de leitura: 3 minutos
Bicalho discursa durante entrega de "QG" contra o Aedes (Foto Pimenta).
Bicalho discursa durante entrega de “QG” contra o Aedes (Foto Pimenta).

O secretário de Saúde de Itabuna, Paulo Bicalho, disse hoje (16) que o município já montou uma estratégia de guerra ao Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. O número de agentes de combate a endemias subiu de 100 para mais de 180 e os agentes comunitários de saúde também irão auxiliar as ações de controle. Até a próxima quinta, três carros fumacê estarão em Itabuna. Faxinaços nos bairros também estão sendo agendados.

O secretário revelou o plano em entrevista ao Pimenta, pouco antes de entregar uma central de atendimento especializado a vítimas do Aedes aegypti. Ele participou do ato junto com o prefeito Claudevane Leite e o superintendente de Gestão e Regulação da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), José Saturnino Rodrigues.

Segundo o secretário, a central, chamada de QG de Combate ao Aedes aegypti, funcionará não só como pronto-atendimento, mas observatório, pois ajudará a identificar com maior precisão onde estão os casos de dengue, chikungunya e zika “bairro a bairro, rua a rua”. E completou: “é uma estratégia de guerra”.

Questionado sobre quais motivos teriam feito eclodir os casos de viroses do mosquito, Bicalho disse que o primeiro fator é o endêmico. “O mosquito hoje é endêmico e, em segundo lugar, tivemos uma estiagem prolongada. Os mosquitos foram colocando seus ovos e as pessoas ficam com água estocada por 10, 15 dias, por causa da seca. Aí, tivemos um primeiro pico em novembro”, disse ele.

Ainda de acordo com o secretário, já em dezembro, o número de notificações de vítimas do mosquito cresceu três vezes mais em relação a igual período do ano passado. E chegou a ser oito vezes maior em janeiro. “Temos (este cenário) associado à infestação predial alta”, completou Bicalho.

"QG" funcionará como ambulatório e observatório no combate ao Aedes aegypti (Foto Pimenta).
“QG” funcionará como ambulatório e observatório no combate ao Aedes aegypti (Foto Pimenta).

MAIS DE 4 MIL VÍTIMAS

O município registrou 2.806 casos de dengue até o final de janeiro, segundo a Secretaria de Saúde local. Já os casos de zika, chegaram a 1.345, além de 4 notificações de chikungunya. De acordo com o secretário, a tendência é de que o número de notificações de zika supere o de dengue no município. E que metade da população tenha uma das três viroses.

Durante a entrega da central especializada, que funcionará a partir das 7h desta quarta (17), o prefeito Claudevane Leite disse que a sociedade deve colaborar no combate ao mosquito. “Quase 90% dos focos de Aedes aegypti estão dentro das casas”, afirmou. O prefeito também destacou o esforço dos profissionais em saúde e os investimentos feitos pelo município.

APOIO DO ESTADO

O superintendente de Gestão e Regulação da Sesab, José Saturnino Rodrigues, disse ao Pimenta que o estado poderá até mesmo contratar leitos em clínicas e hospitais privados para vítimas das arboviroses (dengue, zika e chikungunya), caso necessário.

Antes da entrega do QG, José Rodrigues se reuniu com o secretário Bicalho e com o prefeito de Itabuna. Bicalho conversou com o secretário estadual da Saúde, Fábio Vilas Boas, quando delineou o quadro no município e as necessidades para o combate ao mosquito e a assistência às vítimas. Além do envio de fumacês, o estado poderá enviar medicamentos e, se necessário, profissionais de saúde.

Tempo de leitura: < 1 minuto
Veículo do fumacê precisa rodar a 10 km/h para ter eficácia (Foto Vinícius Borges/ARQUIVO).
Veículo do fumacê precisa rodar a 10 km/h para ter eficácia (Foto Vinícius Borges/ARQUIVO).

Ou Itabuna revê suas técnicas de controle da dengue ou o fumacê que está sendo aplicado nos bairros nos últimos dias terá pouco ou efeito algum. Este blog acompanhou a aplicação do inseticida na região central da cidade, ontem à noite, e ficou assustado com a rapidez do veículo – em torno de 30 a 40 km/h.

As técnicas ensinam que esta velocidade média deve ser em torno de 10 km/h, permitindo maior eficácia no combate ao mosquito Aedes aegypti. Com a velocidade empregada pelo veículo – por volta das 19h, no Alto Mirante, dificilmente se alcança o bloqueio esperado da dengue.

Este blog consultou dois especialistas em controle da dengue. “Se a velocidade do veículo estiver acima de 10 km/h, o trabalho fica comprometido, pois há um menor número de partículas, menor quantidade do produto no espaço, é ineficaz”.

Tempo de leitura: 2 minutos
Fumacê será aplicado em 24 bairros de Itabuna a partir de hoje (Foto Vinícius Borges/Arquivo).
Fumacê será aplicado em Itabuna a partir de hoje (Foto Vinícius Borges/Arquivo).

Itabuna superou a triste marca de 3 mil casos de dengue neste ano. É o maior número de notificações para o período desde a epidemia de 2009, quando ocorreram mais de 15 mil casos e 14 pessoas morreram.

Até o início da tarde de ontem, a Vigilância Epidemiológica havia notificado 2.996 casos. O município terá de adotar o fumacê para combater o mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti.

A aplicação será restrita a 24 bairros, pelo menos, neste primeiro momento, e começa nesta terça (7). A orientação aos moradores das regiões a serem atendidas, dentre elas São Caetano, Santa Inês, Califórnia e Santo Antônio é para que, no momento da passagem do fumacê, os imóveis estejam abertos para permitir a circulação do inseticida.

UPA DA DENGUE

A Unidade de Pronto-Atendimento no antigo Sesp (Unidade de Saúde José Maria de Magalhães Neto), no centro, teve que aumentar o número de fichas diárias para atendimento a pacientes com dengue e chicungunha, de 60 para 100. O horário de atendimento também foi ampliado, sendo agora das 7h às 19h, todos os dias, inclusive domingos e feriados, segundo a gerente da UPA da Dengue, Tatiana Silva.

A estratégia de guerra contra o mosquito que transmite a doença depende muito da população. Ela deve estar atenta a qualquer objeto ou reservatório que tenha água parada e esteja descoberto. A água parada é o local onde o mosquito se reproduz. A limpeza de quintais e de áreas descobertas dos imóveis é fundamental. Até mesmo em poças d´água o mosquito deposita as larvas. De acordo com análise, 80% dos criadouros de dengue estão presentes nas áreas internas dos imóveis.

Tempo de leitura: 2 minutos

Itabuna sofreu epidemia da doença em 2009

A prefeitura de Itabuna cochilou no combate à dengue e o mosquito voltou com força. A última parcial aponta 17% de infestação do mosquito transmissor da doença no município. Equivale a dizer que a cada grupo de 100 casas, 17 delas têm foco do Aedes aegypti.
O percentual está acima do registrado ao final do segundo ciclo de visitação (16,32%), mas o índice de vetor, que mede a densidade de larvas, deu 25,43%. Preocupante, segundo definem especialistas ouvidos pelo Pimenta.
Ontem, o coordenador municipal de combate à dengue, Sandovaldo Menezes, solicitou à Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) a pulverização de “fumacê” em toda a cidade. A solicitação foi verbal e durante encontro na manhã de segunda-feira.
Especialista no combate à dengue alerta que a aplicação de fumacê só é recomendada quando há índice alto ou médio de infestação de dengue e de pessoas com dengue. “O fumacê combate apenas o mosquito na fase adulta. Seria inócuo em um momento em que a prefeitura diz que a doença está sob controle”.
Alguém estaria escondendo os dados reais? “De fato é estranho. Mais estranho ainda será se o estado não solicitar os dados reais de pessoas atingidas pela doença no município”.
Os relatórios mostram que alguns bairros de Itabuna apresentam índice real de infestação superior a 80%, como é o caso do Novo Horizonte. “Se eclodir o que me parece que estão escondendo, não é descartada um surto epidêmico de dengue”, diz o especialista.
Itabuna sofreu uma epidemia da doença no ano passado, quando se registrou 9 óbitos e mais de 15 mil casos de dengue. O caos se instalou na rede pública de saúde, despreparada para o atendimento à época.
“Muitos pensavam que o novo larvicida contra a dengue seria a solução de todos os problemas”. Sem trabalho, completa a fonte, não há como vencer a doença.