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A situação mais preocupante para o município de Ilhéus é o fato de que, se for repetido o índice aplicado na estimativa do ano de 2022, o número de habitantes ficará abaixo de 156.216, o que levará à mudança de faixa na Tabela do FPM, de 4.0 para 3.9, e que representa um considerável valor em recursos.

José Nazal Pacheco Soub || nazalsoub@gmail.com

Sempre me interessei por conhecer os dados demográficos de Ilhéus, acompanhando e analisando os resultados dos Censos, tendo participado das antigas Comissões de Acompanhamento desde 2010, confiando e acreditando no trabalho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, posição que ainda mantenho.

Corria o ano de 1999 quando participei de um grupo de trabalho que visava criar uma lei dos bairros ajustada à base censitária do IBGE, para que a divulgação do resultado do Censo de 2000 pudesse contemplar a zona urbana da mesma forma que ocorria com os distritos, que tinham lei com delimitações definidas e seguindo a base. Não houve tempo hábil para atender os prazos.

Em 2009, já pensando no Censo do ano seguinte, juntamente com a então servidora Marilene Lapa, com orientação dos técnicos no IBGE, o resultado foi a Lei 3476, de 30 de dezembro de 2009. A divulgação dos bairros não foi realizada por parte do IBGE em razão de uma inconstitucionalidade, pois parte do bairro Nossa Senhora da Vitória estava no distrito de Coutos e, legalmente, os bairros obrigatoriamente devem estar no distrito sede.

Durante o Censo de 2010, recebi a incumbência do prefeito Newton Lima para coordenar por parte do município o apoio e acompanhamento do processo censitário e, já chegando ao final da coleta de dados, recebi a visita do coordenador do Censo, trazendo a informação de que a previsão estimada da contagem projetava uma população em torno de 185 mil habitantes. Um susto!

Os dados dos últimos censos demográficos confirmam um crescimento populacional acima da média entre as décadas de 70 e 90 e um crescimento negativo acentuado entre 2000 e 2010, fato que oportunizou um estudo dos dados por setor censitário, das três últimas coletas, considerando a situação do setor conforme critério do próprio Instituto, disponibilizado no sítio oficial.

Na sequência, solicitamos uma auditoria e cruzamos os dados da projeção com os mapas dos agentes de endemias, ficando constatado que estava correto. O erro não ocorreu em 2010. Recordo que recebi de um auditor um questionamento sobre a sede do distrito de Rio do Braço, que tinha apenas 24 habitantes, e que na vila quase deserta não existia oferta de serviços públicos regulares além das exigências necessárias para ser sede de um distrito.

Em 1991, a malha censitária de Ilhéus era formada por 196 setores; em 2000, por 237 setores; e em 2010, por 287 setores. Esse crescimento é justificado pela redivisão dos setores, especialmente considerando o crescimento do número de domicílios. Os setores são definidos por situação, conforme regra do IBGE.

Conferindo os dados dos setores de cada Censo, foram encontradas distorções que justificam essa diferença brusca entre os Censos de 2000 e 2010. Na verdade, Ilhéus nunca teve a população anotada em 1991 e 2000. Houve erro na contagem, que pode ser verificado e constatado em três exemplos aqui expostos, e repetido em vários setores. Nos anos onde se registraram os erros, não existia um controle completo das informações colhidas, sendo a coleta anotada nos questionários, além do fato de que a remuneração dos recenseadores ser por produção.

Levei esses casos à direção estadual do IBGE em 2018, sem buscar culpados, entendendo que o fato estava prescrito, além do fato de que teríamos um novo censo em 2020, postergado pela pandemia e depois suspenso pelo governo federal. Clique em “Leia Mais”, abaixo, para ler a íntegra do artigo

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