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1.400 ALEXANDRINOS PARA JORGE AMADO

Ousarme Citoaian | [email protected]

1Piligra

Em meio às muitas e justas comemorações do centenário de Jorge Amado uma obra de alto fôlego literário passou quase despercebida. Digo e provo que o itabunense  Piligra, poeta que joga no time principal, sem firulas, confetes ou lantejoulas, produziu, com o seu A odisseia de Jorge Amado (Editus/UESC), obra duradoura. O livro, com belas ilustrações de Jane Hilda Badaró e George Pellegrini, reúne 100 sonetos (1.400 versos alexandrinos!), com um saboroso gosto de poesia popular – aquela a que chamam literatura de cordel (algum dia, armado de mais paciência, explico por que não gosto da denominação “cordel”).  Piligra é do ramo: já sustentou uma curiosa “peleja virtual” com Gustavo Felicíssimo, publicada em livro.

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Herança de Castilho e Machado de Assis

Há mais de um tipo de alexandrino, verso muito trabalhoso e que teve entre seus cultores pioneiros Antônio Feliciano de Castilho (em Portugal) e Machado de Assis (no Brasil). Na escola, aprendemos que o nome “Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac” é um alexandrino “perfeito”, com acento na 4ª, 6ª e 12ª sílaba. Piligra, cujo nome (Lourival Pereira Júnior) forma uma redondilha maior, escolheu o modelo dito moderno de alexandrino (acento na 4ª, 8ª e 12ª sílaba poética), como neste feliz exemplo (soneto 57), narrando as andanças de Jorge Amado: “Paris tem cheiro de mulher bela e dengosa”, ou no fecho do soneto 83, sobre Teresa Batista: “Morre cansada a prostituta da beleza”.

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3BataclanNu, Tonico corre pelo sertão afora…

Ao acaso, escolhi num dos sonetos, para mostrar a quanto chega o estro do autor de A odisseia de Jorge Amado:

 

 “O coronel Ramiro Bastos não morreu,

É lenda viva na cabeça da Nação;

Malvina chora pelo amor que não foi seu,

Corre Tonico ainda nu pelo sertão…

 

Glória se entrega a Josué no seu colchão,

Rômulo foge como um louco fariseu,

Mundinho ganha o seu poder numa eleição,

Só Gabriela o seu Nacib não perdeu…

 

Ilhéus agora recupera o Bataclan,

As fantasias, seus alegres cabarés;

Ilhéus não sabe que a pobreza é uma vilã,

 

Mão que suspira ao receber falsos anéis…

Dona Maria Machadão, toda manhã,

Arruma a mesa para os novos coronéis!”

CONSIDEROU “ATO DE JUSTIÇA” O ANÚNCIO

Foi chamado pelo INSS a comprovar a existência, pois o governo, com frequência, é levado a pagar benefícios previdenciários a indivíduos mortos, ausentes, inexistentes ou desaparecidos. Achou muito oportuna a declaração de vida, não porque estivesse preocupado com o governo, mas porque se preocupava consigo. Totalmente incapaz de fazer marketing pessoal, tão em moda, viu nessa exigência uma oportunidade de promover-se, ao menos junto ao banco que lhe repassa os magérrimos proventos mensais de aposentado por tempo de serviço. “Eu estou aqui, ainda não morri, por incrível que pareça!” – imaginou-se a dizer, classificando o anúncio como ato de justiça.

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A propaganda ainda é a alma do negócio

Afinal, se as cervejas, os carros, os smartphones, os cartões de crédito, as novelas de tevê e os refrigerantes se anunciam – a rigor, são anunciados, mas o efeito é o mesmo – (“Estamos vivos e disponíveis!”, diriam, se tivessem o dom da fala), por que ele, após 35 longos anos como balconista de loja, não se anunciaria? Decidiu: não só atenderia a essa curiosidade do governo como iria, dali pra frente, fazendo disso hábito, anunciar-se o mais possível: perfil no Facebook, espalhar fotos, dar detalhes de sua vida. Por exemplo, ao espirrar, postar “Espirrei!”. Deu certo. Já foi até chamado para quebrar coisas no Black Bloc (BB), fora os convites impublicáveis. A propaganda ainda é do negócio a alma. No caso, do BB, a arma.

 

A CABEÇA DO “REI” SÓ DÓI QUANDO ELE PENSA

6Roberto CarlosRoberto Carlos, com seu risinho bobo, e Caetano Veloso, mui chegado aos holofotes, eu até compreendo. Mas Chico Buarque e Gilberto Gil embarcando na canoa furada da censura às biografias é de estarrecer. À parte a defesa, às vezes equivocada, da liberdade de expressão, figuras públicas não têm direito ao nível de “privacidade” reivindicado. Aliás, Roberto Carlos em detalhes, o livro cuja circulação foi proibida, é trabalho de fã, nada tem de ofensivo, muito pelo contrário. Sei disso porque me disseram (não li, pois tenho coisa melhor em que empregar meu tempo). Roberto Carlos guarda semelhança com Pelé (talvez não por acaso, também “Rei”): quando pensa, tem ataques de cefaleia e urticária.
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Briga de feira, foice e feras feridas

Aliás, esse movimento contra os biógrafos já não vale choro, vela ou o discurso de Roberto Carlos, de famosa alienação: tentou explicar o inexplicável, meteu seu advogado pelo meio, este brigou com Paula Lavigne, Caetano deu declarações contra Roberto, Roberto respondeu emburrado, afastando-se do embrulho, Paula calou-se, enfim, o grupo “Procure Saber” é agora um barraco, uma briga de feira e de feras feridas. Ou de foice. E, parece, foi-se (ai!) a amizade do baiano e do capixaba, de longos anos e muitas trocas de canções – mesmo com juras de amor eterno enquanto dure: “Continuarei amando quem fez Esse cara sou eu”, disse Caetano. Epitáfio bobo e de gosto  duvidoso.

CANTORA DEU VOZ, VEZ E FAMA AOS NOVOS

8Laila GarinNunca houve cantora tão corajosa quanto Elis Regina. Criou, inovou, não se cingiu aos temas consagrados, apostou em compositores sem nome na praça e deu-lhes fama. Sou levado a pensar que Gonzaguinha, Belchior, Milton Nascimento, João Bosco-Aldir Blanc e outros não teriam chegado aonde chegaram (o estrelato) se ela não lhes tivesse dado voz e vez. Elis morreu em 1982, lá se vão 31 anos, mas vive nas canções que imortalizou – e, recentemente, num musical dirigido por Denis Carvalho, interpretada pela atriz Laila Garin (foto). Aqui, ela canta um de seus “protegidos”, Belchior. E me permitam dizer que “na parede da memória esta é a lembrança que dói mais”.

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O DJ Jef Rodriguez passa dicas para aluno do projeto em apresentação em frente à Casa dos Artistas (Foto Karoline Vital).
Jef e aluno de discotecagem em apresentação na Casa dos Artistas (Foto Karoline Vital).

Daniela Galdino participa de encontro de escritores na CA.
Daniela Galdino participa de encontro de escritores na CA.

Quarta-feira de música e poesia no projeto Transeuntes, do Teatro Popular de Ilhéus (TPI). Hoje, 27, o DJ Jef Rodriguez  dá seu show particular com uma pick up montada em frente à Casa dos Artistas, na Jorge Amado, centro. Jef, que também é vocalista da banda OQuadro, vai tocar suas experiências musicais como DJ, a partir das 17h, e mostrar o que os alunos da Fundação Fé e Alegria aprenderam nas aulas de discotecagem.
Logo após, às 19h, os professores-escritores Daniela Galdino e Piligra participam do encontro de escritores na Casa dos Artistas, numa iniciativa da Mondrongo Livros, do TPI, com a mediação do escritor e poeta Gustavo Felicíssimo.
Daniela Galdino escreveu o poético Inúmera e Piligra lançou Fractais e de A odisseia de Jorge Amado. Na Casa dos Artistas, ambos vão falar do processo criativo e das influências em suas obras, interagindo com o público no espaço cultural.

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… E O POETA ITABUNENSE QUE VISITOU BILAC

O UNIVERSO PARALELO desta semana fala de Às margens do Sena, relato do  correspondente Reali Jr. que, dentre outras proezas, levou o então ministro Jarbas Passarinho a declarar que havia tortura de presos no Brasil. No vácuo desse assunto, a coluna lamenta que a região não se preocupe em registrar as fontes orais da nossa história, a exemplo da professora Zélia Lessa, que tem muito o que contar.

Ousarme Citoiaian, com olhos e ouvidos na política, anota que José Serra, ao solfejar uma canção de Dolores Duran, saiu-se tão mal quanto o senador Eduardo Suplicy cantando Blowin´ the wind, do lendário Bob Dylan. E um espaço (“pequeno, mas honesto”) destinado à poesia, foi inaugurado com um soneto de Piligra. “Inauguração comme il fault”, gaba-se o colunista.

Entre no UNIVERSO PARALELO e se delicie. É só clicar aqui!

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O MINISTRO QUE CONFESSOU A TORTURA

Ousarme Citoaian

Às margens do Sena (Ediouro), marca meio século de trabalho profissional do jornalista Reali Jr., sendo 35 anos como correspondente em Paris. Entrevistou quatro presidentes do Brasil (Jânio, Sarney, FHC e Lula) e três da França (Giscard d´Estaing, François Miterrand e Jacques Chirac), além de Chico Xavier, Mário Soares, Glauber Rocha e o coronel Jarbas Passarinho – quando levou o risonho ministro da ditadura a confessar que o Brasil torturava seus presos políticos. Cobriu também a Revolução dos Cravos, a morte do ditador Francisco Franco e a assinatura do acordo de paz no Vietnã (em Paris). Carreira nada monótona.

UM PAINEL DE ÉTICA, POLÍTICA E HISTÓRIA

Às margens do Sena (depoimento a Gianni Carta) trata de temas de permanente interesse, como ética, política e história. Homem de rádio, Reali Jr. (na foto, à direita de Luís Fernando Veríssimo) chega a Paris em 1972, contratado pela Jovem Pan/SP, dedicando-se, ao mesmo tempo, à mídia impressa. No prefácio, diz Mino Carta: “O rádio fez por merecer o papel que lhe coube, de unir um país de tamanho continental, porque arregimentou aqueles que sabiam usá-lo (…). E havia respeito pela língua, algo assim como fidelidade canina à gramática e à sintaxe, ao castiço sem pompa, mas elegante, incapaz por natureza de resvalar na vulgaridade”.

O COLOQUIAL POSTO FORA DO LUGAR

O livro é fundamental, mesmo que a transcrição da entrevista misture as linguagens oral e escrita. Permite-se, conforme vemos em jornais de nossa região, formas condenáveis como o entrevistado se expressou (embora defensáveis na fala). Em Às margens, os exemplos estão em todas as páginas. Abro na 34, ao acaso: “… para o pessoal do Adhemar, quem entrevistava o Jango era acusado, além de comuna e esquerdista, de janguista”; um pulo à página 164: “O Giles Lapouge teve uma meia dúzia de entrevistas com o Lévi-Straus (…). Para você ter uma idéia, o Lévi-Straus lê os livros do Lapouge”. É algo que incomoda.

TESTEMUNHOS QUE NÃO FORAM DADOS

A fórmula não nos é estranha. A Editus/Uesc lançou em 2001 a série Testemunhos para a história, inaugurada com um depoimento do memorialista ilheense Raymundo Sá Barreto, no estilo de Às margens do Sena: a fala do entrevistado foi passada do gravador para o papel, conservando-lhe até eventuais erros. Um parêntesis sobre Testemunhos: é de lamentar-se que o projeto tenha morrido ainda no berço, pois Lindaura Brandão, Zélia Lessa, Henrique Cardoso, Ritinha Fontes, João França Santana, Otoni Silva, Helena Borborema, Alberto Lessa e tantos outros teriam muito a dizer sobre a história regional.

TALENTO QUE APENAS APLAUDIMOS

Ainda sobre Às margens do Sena e Testemunhos para a história, adianto-me à chuva de pedras e esclareço que não pretendo (nem tenho qualificação para tanto) usar lápis vermelho nos textos referidos. Em ambos os casos, não se trata de incompetência, mas de escolha, só que essa escolha me molesta. Entendo que as línguas falada e escrita sejam diversas. Mas não desconheço a possibilidade, em situações específicas, de tirar bons efeitos literários ao “confundir” os dois formatos, como em Sargento Getúlio, (justamente) festejado livro de João Ubaldo Ribeiro. Talento não se discute, apenas se aplaude.

O OPERÁRIO FORMATANDO O DIVINO

eu já concebo o verso assim metrificado
como arquiteto que planeja um edifício
na exatidão do prumo reto e equilibrado
sem perguntar se isto é fácil ou é difícil…

eu já concebo a rima assim – intercalada,
numa urdidura trabalhosa e singular –
puxando o fio de cada sílaba marcada
pelo tecido de uma métrica sem “sem par”!
eu já concebo o meu soneto alexandrino
(como a matriz de uma equação vetorial)
fazendo cálculo semântico e verbal

com  meu compasso atrapalhado de menino!
eu já concebo o meu poema ornamental,
como operário que dá forma ao que é divino!

VISITA DO CONTEMPORÂNEO AO CLÁSSICO

O autor de “Concepção” , o soneto acima, é Lourival Piligra Júnior (foto), poeta itabunense nascido em 1965, com um livro publicado – Fractais – e participação em antologias. Neste soneto, ele nos dá a entender que atualiza o “Profissão de fé”, do parnasiano Olavo Bilac: enquanto para o carioca a estrofe precisa sair da oficina do ourives “cristalina, sem um defeito”, o itabunense concebe o verso rigorosamente metrificado, “na exatidão do prumo reto e equilibrado”, não importam as dificuldades. É o gênero renovado, com o contemporâneo visitando o clássico. “Concepção” foi retirado de Diálogos (Via Litterarum), organização de Gustavo Felicíssimo.

A ROMA, A INTER E A JUVENTUS

Da série “Nem tudo está perdido”: ouço, na Globo, referências ao futebol europeu,  particularmente quanto ao Internazionale (de  Milão), e, para minha surpresa, o narrador, famoso por meter os pés pelas mãos em termos de linguagem, trata o time italiano como o Inter. E isto é uma agradável novidade, pois ele e a imensa maioria dos seus colegas, incluindo Tostão, meu cronista esportivo preferido, falam do grande clube italiano como a Inter. O mesmo é observado em relação ao Roma (apelidado a Roma) e ao Juventus (dito a Juventus).  O motivo desse absurdo, só o saberia o Deus da gramática. Os mortais apenas especulam.

SOMENTE A IGNORÂNCIA JUSTIFICA

Houve quem dissesse que se trata de uma elipse (isto está em moda!), o que seria “justificável” apenas no caso do Roma: por chamar-se Associazione Sportiva Roma estaria implícito o gênero feminino (a Roma). Mas o argumento é fragilíssimo, pois a Sociedade Esportiva Palmeiras (antes, Sociedade Esportiva Palestra Itália) nunca levou ninguém a tratar o clube como a Palmeiras. E, pior, os outros dois não são associaziones: um se chama Football Clube Internazionale Milano e outro é Juventus Football Clube, nomes masculinos, com certeza – o que atesta que o motivo de serem chamados a Roma, a Inter e a Juventus é tão somente a ignorância de alguns comunicadores.

CUIDADO COM O COLORADO GAÚCHO

O processo dessa “evolução”, da preferência de certo grupo de linguistas, é simples: alguém diz “a Juventus”, sem motivo aparente, algum preguiçoso acha bonitinho e repete a excrescência no noticiário do jornal, rádio e tevê. Pela repetição, a besteira injustificável adquire status de “uso consagrado” e então ai de quem pretender retomar a forma anterior – será carimbado como “arcaico” e atirado às feras, não faltando quem lhe esfregue nas fuças o lugar-comum de que a língua é dinâmica, como se ele disso não soubesse. Fico pensando se alguém, nesse desvario linguístico em que vivemos, resolver chamado o Internacional de Porto Alegre de a Inter. Não ia combinar com a tradição dos colorados.

CANÇÃO PARA ENCERRAR CASO

Em seu périplo pelo Nordeste, José Serra acenou com a canonização de Irmã Dulce, visitou o memorial do Padre Cícero e, em Recife, solfejou uns versos de Fim de caso de Dolores Duran ((a foto é do disco Dolores Duran canta pra você dançar), para anunciar seu distanciamento do atual governo federal: “Eu desconfio/que nosso caso/está na hora de acabar/”. Que o candidato desista desse perigoso caminho de cantante desajeitado, para o bem dos nossos ouvidos, amém. Depois de aguentar Suplicy fazendo um Bob Dylan gaguejante (com Blowin´ the wind), minha tolerância a políticos desafinados já está esgotada.

BRASILEIRO: PROFISSÃO ESPERANÇA

Mais grave é que o jornalista Victor Hugo Soares, em artigo que circula pela internet, relacionou a autora com Antônio Maria, referindo-se ao Fim de caso (agredido por Serra) como “clássico da criativa e explosiva fase de rompimento de Dolores com o notável compositor e cronista pernambucano”. Não fosse o jornalista quem é (um dos mais respeitáveis profissionais da área), eu diria que ele se engana redondamente. A autora de A noite do meu bem foi grande amiga do autor de Ninguém me ama, gravou canções dele e foi o lado feminino do show Brasileiro: profissão esperança (com Clara Nunes e Paulo Gracindo/1974). Mas nunca tive notícia de “caso” entre os dois.
</span><strong><span style=”color: #ffffff;”> </span></strong></div> <h3 style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>E FRED JORGE CRIOU CELLY CAMPELLO!</span></h3> <div style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>No auge do sucesso, em 1965, a música teve uma versão no Brasil, gravada por Agnaldo Timóteo. Como costuma ocorrer com as

“QUERO A PRIMEIRA ESTRELA QUE VIER”

Dolores Duran, dona de uma veia romântica impressionante, não precisava de amores descarrilados para produzir seus versos. Era, nesse sentido, um Antônio Maria (foto) de saias (saia era uma estranha peça de roupa que as mulheres usavam antigamente). Aí estão, além do citado “Fim de caso”, “Por causa de você” (Ah, você está vendo só do jeito que eu fiquei e que tudo ficou), “A noite do meu bem” (Hoje eu quero a rosa mais linda que houver…/Para enfeitar a noite do meu bem), “Ternura antiga” (Ai, a rua escura, o vento frio/Esta saudade, este vazio…), “Solidão” (Ai, a solidão vai acabar comigo…) e outras. Ela e Antônio Maria eram rei e rainha de um gênero chamado fossa (e que atendia também pela alcunha de dor-de-cotovelo.

SUGESTÕES QUE O VENTO SOPRA

Bob Dylan completou em 24 de maio 69 anos (nasceu em 1941). Em março de 2008, num show em São Paulo, ele cantou Blowin´ the wind (a pedidos, também do “cover” Eduardo Suplicy). E canta outra vez aqui, como eco do seu aniversário e para relembrarmos aquela voz rascante de “caipira” (antes do rock ele teve uma fase country, todos sabem). Mais ainda porque se trata de uma canção política, de apelo atualíssimo, com o vento soprando sugestões aos candidatos. Dolores Duran (que se apresentou no Sul da Bahia nos anos cinqüenta, alguém se lembra?), fica para outra.


(O.C.)