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RUI COSTA acredita em aliança, mas critica publicidade dada à carta do PMDB (Foto:A T).
RUI COSTA acredita em aliança, mas critica carta do PMDB (Foto:A T).

Há quem aposte que o governo Wagner conseguirá reproduzir, em 2010, a união vitoriosa de 2006 com o PMDB. O secretário estadual de Relações Institucionais, Rui Costa, diz acreditar que essa relação não resultará em divórcio e trabalha pela manutenção da aliança eleitoral entre o atual governo e o partido do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima.

Apesar disso, faz críticas ao modo peemedebista de ser ao relembrar de um episódio recente, a publicidade dada à entrega, a Wagner, da carta em que o PMDB elenca os pontos considerados críticos do governo petista. “A gente não coloca alto-falante no meio da rua para criticar o nosso filho, o nosso pai, o nosso irmão. Primeiro, tem que corrigir dentro de casa”.

Abaixo, confira a entrevista concedida ao Pimenta na Muqueca, em que Rui Costa fala sobre acordos com o PSC e a retomada de conversações com o PDT, critica os carlistas e diz que o Porto Sul será um marco de desenvolvimento para o estado.

Ainda dá para manter entendimentos com o PMDB baiano, mesmo com a maioria peemedebista defendendo candidatura própria a governador?

Nesse momento, a mais de uma ano da eleição, os partidos estão se movimentando e buscando definir os seus espaços. Evidente que todo partido quer crescer no cenário político. O PMDB demonstra que está fazendo isso. Eu acredito que o PMDB manterá o compromisso com o presidente Lula no cenário nacional e manterá o compromisso na Bahia com o governador Jaques Wagner.

Apesar do posicionamento recente do partido?

Sou daqueles que apostam que, passado esse período de movimentação dos partidos, caminharemos para manter o projeto [de 2006]. O PMDB tem um ministro no governo do presidente Lula e duas secretarias importantes no governo do estado. Eu acho que caminharemos juntos nas eleições do ano que vem.

O governo conversa com alguns partidos. O PSC terá a secretaria de Ciência e Tecnologia?

Nós não discutimos secretaria com o PSC. Essa informação não é verdadeira e é bom que os blogs apurem para ter credibilidade. Nós nos reunimos com os presidentes nacional e estadual do PSC, há interesse nosso para que o PSC participe do governo, mas não discutimos de que forma.

“Nós não discutimos secretaria com o PSC”

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E como será definida a participação?

Eles devem reunir a bancada estadual e a Executiva para, depois disso, nós conversarmos. Eu fiquei de procurar, na segunda ou terça-feira, o presidente [estadual] Eliel Santana para concluirmos as negociações. Até aqui, não houve nenhuma conversa sobre secretaria nem qual secretaria.

O governo estadual fechará com o PSC mesmo se o partido continuar na gestão do prefeito João Henrique, pois chegou a ser ventilado que este seria um impeditivo?

Não fazemos nenhuma objeção. Estamos conversando também com o PDT, e essa secretaria pode sair para o PDT. Na próxima semana, estaremos com o presidente [nacional do PDT, Carlos] Luppi para fecharmos o apoio do partido ao governo Wagner. Nós não temos porque fazer restrição a partido porque faz parte da gestão de Salvador ou de qualquer outro município. Nós não trabalhamos com perseguição nem intimidação de partidos ou lideranças políticas. O próprio PMDB participa do governo federal, do estadual e de vários municípios do PT.

“A ideia é sair da reunião anunciando a

participação do PDT no Governo”

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As conversas com o PDT estão avançadas?

Nós estaremos nos próximos dias em reunião com o ministro Luppi e a nossa ideia é sair dessa reunião anunciando a participação do PDT no governo. A secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação já foi oferecida e estamos ultimando as conversas.

Ainda sobre o PMDB, o senhor teve acesso ao conteúdo da carta entregue pelo ministro Geddel Vieira Lima ao governador?

Não, não tive acesso.

O posicionamento do PMDB, hoje, é de lealdade ou estranheza?

Eu diria que, em alguns episódios, foi estranho. Essa da entrega do documento… O problema não é o documento. É natural que todo partido que integra um governo e que queira contribuir para que a gestão melhore as suas ações esteja constantemente avaliando e dando sugestões para corrigir rumos. É natural. Os partidos não podem pecar é por omissão.

“A gente não coloca alto-falante no meio da rua

para criticar nosso pai, nosso irmão”

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E, afinal, qual foi o erro do PMDB?

A gente não coloca alto-falante no meio da rua para criticar o nosso filho, o nosso pai, o nosso irmão. Primeiro, tem que corrigir dentro de casa. Se os atritos forem tão grandes, se a convivência for insuportável a ponto de não resolver dentro de casa, aí a gente sai, aluga um apartamento e vai morar fora. Sai de casa.

E a relação com o PMDB já chegou a esse ponto?

Não. Tanto é que eles ainda continuam no governo, tanto no governo Lula como no de Wagner. Então, se não chegou a esse ponto, o procedimento correto é fazer as avaliações e dar as sugestões internamente. Eu faço assim e a maioria das pessoas faz assim. Quando tem um problema, tenta resolvê-lo dentro de casa e não colocando alto-falante na rua, criticando seu pai, sua mãe, seu irmão, seu filho.

Há um prazo para o PMDB se resolver e definir como vai caminhar em relação ao governo?

Não há prazo. Você avalia diariamente, semanalmente, mensalmente, o comportamento. Se chegar um momento em que foram ultrapassados todos os limites, aí cada um vai ter que seguir o seu caminho. Enquanto isso, estamos trabalhando para restabelecer a relação e manter esse projeto nacional e estadual junto com o PMDB.

O que se percebe é que esse apoio a Wagner passa muito pelo plano nacional. E se o PMDB não fechar com Lula e Dilma, não sai a aliança aqui?

Eu diria que, nacionalmente, a conversa do PMDB com o presidente Lula está bem encaminhada, há forte participação no governo e acredito muito que o partido estará no projeto Dilma presidente. Mas as coisas não são obrigatórias, ter que estar aliado nacionalmente para se aliar no estado ou vice-versa. Agora, a eleição presidencial é o carro-chefe e a estadual fica muito polarizada em função da nacional. Nós trabalhamos com a perspectiva de dois palanques na Bahia.

Como?

Um é o do Serra. E o outro, da ministra Dilma, com todos os aliados do presidente Lula.

“Vamos mostrar números muito

superiores ao que eles fizeram”

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Com o cenário de hoje, o senhor aposta em reeleição?

Não tenho a menor dúvida. Quando chegar o período eleitoral, nós vamos fazer o comparativo do que eles [os carlistas] fizeram em 16 anos e o que nós fizemos em quatro. Vai ficar claro para a população. Nós vamos ter muito tempo de televisão para mostrar tudo e não tenho dúvida de que o povo vai se convencer do quanto que nós fizemos. Em dois anos e meio, nós reconstruímos 1.400 quilômetros de reconstrução de estradas. Eles, só 1.200 em quatro anos. Nós já perfuramos mais de mil poços artesianos. É mais do que eles perfuraram em quatro anos. Vamos mostrar números muito superiores ao que eles fizeram. Com base nessas informações, o povo fará o seu julgamento final.

As obras prometidas para o sul da Bahia, como a duplicação da Ilhéus-Itabuna e o Complexo Intermodal, saem ainda neste e no início do próximo ano?

As obras começam, mas não ficam concluídas até lá [eleições de 2010]. Às vezes, eu percebo um ou outro órgão de imprensa na região que ainda não se deu conta da importância desses investimentos. Eles serão um novo paradigma de desenvolvimento para o sul da Bahia, que até aqui tinha como alicerce o cacau. Você ter uma ferrovia, um aeroporto e um porto, para passageiros e exportação de produtos, vai dotar a região de um forte potencial para atrair indústrias. Nós já temos demandas para implantar ali usinas de geração de energia. A depender da localização, também usina siderúrgica.

Que tipo de energia?

Existem vários pedidos para a geração de energia elétrica, com várias matrizes, desde o gás ao carvão. Isso atrai empresas, gera desenvolvimento da região e do estado. O Complexo Intermodal é a obra mais importante dos últimos 50 anos da Bahia. Nós vamos integrar, economicamente, o sul e várias regiões da Bahia ao Oeste, aquele oeste que fazia campanha, recentemente, para ser um novo estado, dado a situação de abandono que eles sentiam. Para todas essas regiões, o complexo intermodal vai significar um novo marco de desenvolvimento.

“Não trabalhamos apenas com

o marco eleitoral”

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Mas estas são obras que exigem mais tempo para a sua conclusão.

Nós não trabalhamos apenas com esse marco eleitoral. Não podemos reproduzir a velha prática de fazer coisas pequenas, como o asfalto sonrisal, só para ter o voto do povo, imediatamente. Assim, a gente nunca desenvolve a Bahia. Precisamos desenvolver projetos estruturantes, que demoram mais para ficar prontos, mas que resolvem, definitivamente, as questões de emprego e renda da população.

No plano econômico-financeiro, o estado ainda vislumbra melhoria das suas finanças? Empresas se queixam de atrasos no pagamento, principalmente as do setor da construção civil…

Nós tivemos uma situação muito grave, de perdas de receitas da ordem de R$ 500 milhões neste ano, devido à crise econômica. Em maio e junho, houve uma recuperação, mas ainda abaixo do que prevíamos de receita. Pelo menos, estabilizamos a arrecadação, que parou de cair, e nós já recuperamos um pouco da receita em relação ao arrecadado no ano passado. O pior já passou. Em julho, com a entrada dos empréstimos que nós fizemos [BNDES e do BID], vamos quitar as dívidas e poder acelerar e retomar as obras que estão em marcha-lenta ou ficaram paralisadas nesse período.

“Temos uma nova relação

com o parlamento”

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Mudando para a sua Pasta, muitos ainda se queixam, principalmente os parlamentares, de que a secretaria de Relações Institucionais tem travado a aproximação ou audiências com o governador.

Eu diria que essa secretaria é extremamente difícil, mas a avaliação que fazemos é positiva. Nós nos elegemos com 23 deputados e 50 prefeitos. Eu posso afirmar hoje que nós temos um novo padrão de relação com o parlamento, com os municípios. Nós temos o cumprimento da maioria das emendas parlamentares, coisa que nunca existiu na Bahia. A minha secretaria é de dirimir conflitos políticos da base aliada. Então, ao atender um, estou deixando de atender outro porque, às vezes, a demanda é a mesma. Disputa um partido contra o outro, um deputado contra o outro. Ao fazer opção, o governo pode deixar um alegre e o outro, chateado. Isso é inerente à minha função e à minha secretaria. Não tem jeito.

Então, na sua opinião, esse relacionamento melhorou?

É completamente diferente, hoje, o padrão de relacionamento do governo com os deputados e os prefeitos. Reclamações sempre vão existir. Óbvio que o governador tem sempre uma agenda carregadíssima. Há sempre uma demanda de deputados e prefeitos que querem estar mais frequentemente com o governador. Nós temos um sistema eletrônico que hoje o prefeito ou deputado pode acompanhar na internet o andamento do pedido dele, mesmo assim querem estar com o governador. Então, quando demora, há reclamação e gera o ciúme, a disputa, que são naturais da política. Aproveitando o blog, é isso que dá pimenta na política, esse jogo de disputa de posições entre os parlamentares e partidos.

“Arthur Maia e Maria Luiza já se

declararam de oposição 

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O sr. acredita que a houve avanço na relação, até por conta do governo estar conseguindo dar resposta aos pedidos da base?

Isso pode ser medido pelo apoio que estamos tendo na Assembleia Legislativa, pelo amplo apoio dos prefeitos. Temos 46 deputados.

Incluindo o PMDB?

Incluo seis parlamentares. Excluo dois porque eles já declararam que não são da base: Arthur Maia e Maria Luiza Carneiro. A relação com estes dois está restrita ao diálogo civilizado, institucional, porque eles próprios afirmaram, sistematicamente, que não são mais da base do governo, são oposição.

0 resposta

  1. Olhem a ultima de Lula vai oferecer ao PMDB um lugar na coordenação politica da candidatura de Dilma a Presidencia,o nome que o presidente Lula tem preferencia é o do Ministro Gedel Vieira Lima . esta no correio Brasiliense de Hoje.

  2. por que dos atrazos de salarios dos servidores do estado como medicos funcionarios de colegios, hospitais ligados ao estado
    e os adiministradores alegao ser atrazo do governo do estado , qual a esplicaçao dos ptistas para isto?
    e olhe que sou ptista, nao voto na direita de geito algum, sou ante carlismo , artur virgiloio, alqueme, serrra deus que me livre.
    tambem tenho minhas descepçoes com alguns nomes da esquerda, o escandolo do senado tem nos amostrado que os politicos sao eternos aliados entre eles mesmos, por isso na epoca do grampao bahiano nao houve puniçao , se afastou e o ze povinho o devolveu e morreu com honrras de honestidade , politicos eles tem um acordo “NAO MEIXA COMIGO
    QUE EU NAO MEXO COM VOCE”
    e um eterno acordo
    e o povo fica dando uma olhadinha
    e o bbb dos politiquiros

  3. Desculpem, só faltou perguntar a rui Costa quem ofereceu a´Secretária que mais se destaca no governo Wagner.
    A mais atuante que é a SECTI, através do competente Ildes Ferreira. Que não tem apenas conversa, mas militancia junto aso mov. sociais. a prova disso é que a popularização da ciência chega aos quatro cantos da Bahia.
    Se sair da mão de Ildes ai é que o governo Wagner vai complicar.

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