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O turismo em Itacaré tem se caracterizado por ser ecologicamente predatório, economicamente concentrador, socialmente iníquo e culturalmente alienante”.

 

Economista aponta danos causados pelo turismo sem planejamento em Itacaré (foto Pimenta)
Economista aponta danos causados pelo turismo sem planejamento em Itacaré (foto Pimenta)

O aumento do fluxo turístico ocorrido nos últimos anos em Itacaré, no litoral sul da Bahia, e a falta de planejamento da atividade turística, têm provocado um desenvolvimento “empobrecedor”, que ameaça o ciclo turístico na região. Esse é o diagnóstico do economista Elton Silva Oliveira, que é mestre em cultura e turismo, pesquisador independente e socioambientalista. A conclusão está em sua tese desenvolvida no Mestrado em Cultura e Turismo, do extinto programa da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) / Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Ex-integrante do Núcleo Temático de Turismo para o Desenvolvimento Regional da Uesc (NTT/UESC), o economista aponta os impactos socioambientais e econômicos do turismo em Itacaré e seus reflexos no desenvolvimento local. Para Oliveira, “o turismo em Itacaré tem se caracterizado por ser ecologicamente predatório, economicamente concentrador, socialmente iníquo e culturalmente alienante”.
O pesquisador observa que houve melhora sensível no IDH de Itacaré, mas, por outro lado, condena a forma como a atividade turística  se estabeleceu no município, gerando aumento do custo de vida, degradação ambiental, elevação dos índices de criminalidade, prostituição, tráfico de drogas, violência, especulação imobiliária, importação de mão-de-obra e ocupação urbana desordenada.

Livro de Elton Oliveira aborda o tema
Livro aborda os desafios para desenvolver o turismo sustentável na região

Recentemente, como co-autor do livro Turismo: desafios e especificações para um turismo sustentável (Editus/UESC), Oliveira publicou que “em relação à violência, à prostituição e ao tráfico de drogas em Itacaré, a maioria da população de Itacaré (70%) afirma que o turismo contribui para a elevação desses índices. Atualmente, o que tem inquietado a comunidade é o aumento da violência. O número de assaltos, furtos e homicídios vem crescendo significativamente no município.
“Antigamente, os turistas eram os alvos prediletos. Com a chegada do crack, muitos jovens têm se lançado ao mundo do crime para manter o vício”, salienta o economista. Segundo ele, o turismo de massa, sazonal, que canaliza um fluxo de visitantes seis vezes maior que a população local, é outro fator preocupante, pois gera grande impacto ambiental.
“Essa demanda, concentrada principalmente em janeiro, gera um grande impacto ambiental com efluentes lançados ao mar sem nenhum tratamento, contaminando praias, sobretudo as urbanas, e acúmulo de resíduos sólidos coletados e armazenados em locais inadequados que se transformam em lixões a céu aberto”, enfatiza o pesquisador.
A venda de propriedades pelos nativos, os postos de trabalho com baixa remuneração e o desgaste das manifestações culturais locais frente às festas do calendário turístico são outros aspectos negativos revelados pela pesquisa.  “Isso ocorre em função da ausência de leis e políticas públicas locais que garantam a preservação e a valorização do patrimônio artístico, cultural, histórico e natural da comunidade”, conclui Oliveira.

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