– PROFISSIONAIS TIRAM DO PRÓPRIO
BOLSO PARA COMPRAR FARDAMENTO
– CUSTO CHEGA A QUASE R$ 500,00
Funcionários do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) em Itabuna estão trabalhando há dois anos e meio sem que o município forneça equipamentos de proteção e fardamento, segundo o médico Cristiano Conrado.
O profissional denunciou o caso ao Ministério Público do Trabalho e Ministério Público Estadual (MP-BA) e entregou ofício às coordenações médica e administrativa do Samu em Itabuna. No ofício ao qual o PIMENTA teve acesso, Conrado informa que não fará mais atendimento externo enquanto não forem adquiridos equipamentos de proteção individual (EPIs) e farda.
Conrado salienta que os equipamentos de proteção não são “peças decorativas”. O fardamento possui sinalização reflexiva – evitando acidentes – e facilita a localização dos profissionais em áreas de difícil acesso.
Os equipamentos de proteção, observa Conrado, evitam que os socorristas tenham “contato com sangue e outras secreções durante o socorro a pacientes gravemente feridos, além de “lesões e cortes por espinhos, galhos, lâminas de ferragens e outros perigos durante o atendimento”. A falta de EPIs também dificulta o trabalho do socorrista em área de acesso ruim.
SECRETÁRIOS NÃO ATENDEM PEDIDOS
O médico disse que não se furtou a prestar atendimento de urgência neste período, mas não pode ser mais forçado a pôr a própria vida e saúde em risco “devido à incompetência, descaso e amadorismo de dirigentes políticos”. Para ele, os secretários se fazem “de surdos e não proporcionam o mínimo para a segurança do funcionário”.
Segundo ele, várias solicitações foram feitas aos secretários de Saúde nestes dois anos e meio, dentre eles o atual, Plínio Adry. Porém, nenhuma solicitação foi atendida, levando os socorristas a atenderem pacientes, por diversas vezes, com calças jeans.
SUSPENSÃO DE ATENDIMENTO
O profissional decidiu suspender atendimento até que a secretaria atenda ao pedido. O médico disse que tanto os coordenadores médicos, de enfermagem e administrativo fizeram solicitações à secretaria para licitar fardamento e equipamentos de proteção, mas também não foram atendidos.
Somente o fardamento custa em torno de R$ 470,00. “Muitos colegas são contratados e não podem protestar. Alguns não têm condições e mesmo assim comprar o fardamento para poder trabalhar”, disse ao PIMENTA.