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juvenal-maynart-ceplac-foto-aguido-ferreiraJuvenal Maynart | j.maynart@hotmail.com

 

A roça de cacau cederá lugar a um espaço produtivo. Com tecnologia e informação em tempo real, surgirá um novo produtor, consciente das potencialidades de seu espaço. Um produtor que perseguirá a sustentabilidade de seu negócio e terá na Ceplac o agente fomentador e o suporte tecnológico de que necessita para gerar riquezas.

 

Quando a Ceplac foi criada, a revolução verde se baseava em agrotóxicos, as bibliotecas usavam somente papel, a genômica ainda não existia, computadores só eram vistos no seriado O túnel do tempo, e as redes eram apenas instrumentos de pescadores ou de balanço para um bom descanso. A Bahia tinha uma única universidade e apenas dois doutores em ciências agrárias.

O mundo mudou; a Ceplac, idem. Se o mundo e a nossa instituição mudaram, o que estaria errado para que se justifique uma nova Ceplac? A resposta está no tempo do verbo. Sim, o mundo não mudou – o mundo muda a cada instante, todos os dias. A Ceplac, não. Ela mudou, mas parou de mudar. E isso é um atraso imensurável, na era da Tecnologia da Informação e Comunicação,  mesmo que a última mudança tenha ocorrido há dez dias ou há dez anos.

A Ceplac que estamos buscando, em parcerias com o mundo da ciência, inovações e academia hodiernas, terá na Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e na e-agricultura as ferramentas da instantaneidade. Estão aí a GigaSul e a Rede Nacional de Educação e Pesquisa – RNP, do MCTI, para proverem o fazer científico em altíssima velocidade.

Sim, queremos uma ciência viabilizada por meio de redes digitais, a transparência e soluções instantâneas dos editais pautando suas demandas, e extensão por aplicativos. Queremos respostas imediatas, visto que o produtor não tem porquê esperar uma visita “in loco”. O custo tempo nas presenças físicas serão exceções.

A Ceplac tem inserção produtiva nos dois principais biomas de mata e floresta do país – a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica. Tanto numa região como noutra, o espaço produtivo será o definidor das necessidades. A roça de cacau cederá lugar a um espaço produtivo, complexo, que tanto produzirá amêndoa quanto chocolate, madeira certificada em casos específicos, ou turismo rural. Com tecnologia e informação em tempo real, surgirá um novo produtor, consciente das potencialidades de seu espaço. Um produtor que perseguirá a sustentabilidade de seu negócio e terá na Ceplac o agente fomentador e o suporte tecnológico de que necessita para gerar riquezas.

O Brasil possui uma vasta legislação que busca zero trabalho escravo e uma legislação trabalhista (CLT) que garante ao trabalhador o respeito aos seus direitos. Tem uma indústria consolidada. Uma rede de educação ampliada e inclusiva – hoje, um índio concluindo o curso de Medicina não choca, estimula.

Não podemos pensar em criar e incentivar apenas produtores de commodity cacau. Podemos, devemos e seremos dominadores de toda cadeia produtiva. Em rede, com informação, inovação e tecnologia. Teremos chocolateiros e muito mais. O PCTSul (Parque Científico e Tecnológico do Sul-baiano) será estímulo ao empreendedorismo local. Afinal, segundo Schumpeter, “o capitalismo – para vingar – só precisa de crédito e empreendedorismo”.

Para encerrar, fragmento de Tabacaria, do mestre Fernando Pessoa:

Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.

Juvenal Maynart é diretor-geral da Ceplac.

0 resposta

  1. Tudo conversa mole…
    Nenhum Diretor Geral e ou Superintendente da Ceplac, pode mais dizer o que vai fazer ou deixar de fazer. Não há mais tempo, pois estes cargos são trocados a cada conchavos dos políticos. Trocam de dirigentes hoje, como se troca de camisa, nem bem sentou na cadeira, tem que sair pra dá lugar a outro, tudo é uma questão, de mudança politica dentro do Ministério da Agricultura, ou fora dele.

    A CEPLAC, se sustentou até quando um dirigente ficava pelo menos uns quatro anos, para cumprir suas ideias, hoje ninguém tem ideias milagrosas para três ou seis meses, ainda mais se tratando de uma CEPLAC, complexa em suas ações na Região do Cacau, e no passado pelo mundo. A minha CEPLAC, hoje é um palanque de falácias para estes dirigentes que entram e saem…saem e voltam, como é o caso agora…

    Lamentável, mais nada a dizer…

    Acabaram com a nossa CEPLAC

  2. O problema não se resolverá com o acesso e utilização dos sistemas de informação disponíveis e sim com a interpretação e utilização dessas informações, o que não ocorrerá em escala suficiente para alguma alteração estrutural relevante.

  3. Ao menos Juvenal tem uma visão positiva em relação ao agronegócio desta região. Espero que algumas dessas previsões virem realidade. Já há alguns cacauicultores produzindo chocolate, o que é animador.

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