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Bianca diz ter sido espancada por policiais militares
Bianca diz ter sido espancada por policiais militares

Bianca Meira Santos, estudante do Curso de Língua Estrangeira Aplicada às Negociações Internacionais (LEA) da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), denunciou policiais militares nas redes sociais, após, segundo ela, ter sido espancada e tirada da casa quando ainda saía do banheiro, de toalha.

De acordo com Bianca, um dos policiais é genro da dona da casa que ela pagava aluguel para morar e a espancou, informa o Ilhéus em Resumo.  O policial também é marido de sua colega de Curso. Abaixo, o relato postado por ela nas redes sociais. Clique no “leia mais”. 

QUEM ME CONHECE SABE QUE EU NUNCA FAÇO TEXTÃO, MAAAAAAAAS, esse daqui foi muito necessário e eu peço a paciência de todos para lerem até o final!

Ilhéus, BA, 10/09/2017.
No dia 08/08/2017 eu, Bianca Meira Santos, Estudante do curso de LEA-NI da UESC, vim de mudança da cidade de Itabuna para Ilhéus, para dividir o aluguel de uma casa com uma mulher chamada Tássita Cyriaco Bittencourt, estudante da Faculdade de Ilhéus. O valor do aluguel da casa era R$400,00 (conforme estava no anúncio que ela pusera na internet) caso eu alugasse sozinha a casa que tem dois quartos, e era a minha intenção porém a Tássita me propôs ao invés de alugar a casa sozinha, que eu dividisse com ela a casa (que pertence a mãe dela) porque ela havia acabado de começar o curso de odontologia na faculdade de ilhéus e precisaria também morar em ilhéus agora, então eu concordei, paguei 200,00 reais à mãe dela referente minha parte do aluguel e vim de mudança pra cá com todos os meus móveis, eletrodomésticos, animais de estimação (tenho dois gatos) e objetos pessoais. No dia 28/08/2017 Tássita me chamou para conversar e disse que a mãe dela, Silvia Cyriaco Bittencourt, que é a proprietária da casa em que estávamos morando, e até então morava na cidade de Itamaraju, havia recebido uma proposta de trabalho aqui em Ilhéus e que por isso estava vindo embora pra cá e que precisaria do quarto que eu estava ocupando para a mesma. A minha resposta a ela foi de que eu havia acabado de me mudar pra Ilhéus, que tinha tido muitos gastos com a mudança e que por isso não teria condições de simplesmente me mudar novamente assim sem mais nem menos. Não havia nem completado um mês que eu estava morando na casa quando ela veio me dizer isso. Ela não gostou da minha recusa em sair imediatamente da casa e começou a dizer que eu teria que ir embora porque eu ficava recebendo homens estranhos (3 colegas da faculdade que passaram por lá) na casa e fazendo festas (eu não fiz nenhuma festa se quer naquela casa) e que ela estava se sentindo ameaçada dentro de casa. Mais uma vez eu recusei-me a sair porque disse a ela que isso era contra a lei e que eu tinha direitos, e que as pessoas que iam na minha casa eram colegas da faculdade e que ninguém nunca tinha nem falado nada com ela pra ela agir daquela forma, e que eu nunca tinha feito nenhuma festa dentro de casa e que eu não ficaria mais ouvindo aqueles absurdo e fui pro meu quarto. Minha primeira atitude foi entrar em contato com meu advogado João Lins e pedir orientação sobre como eu deveria me portar na situação e quais eram meus direitos, já que ela estava ameaçando me colocar pra fora porque nosso acordo não tinha sido físico e sim verbal e que por isso eu não teria direito a nada porque não tinha como provar que aluguei. Logo após isso entrei no facebook e mandei mensagens pra o perfil da mãe dela contando sobre a discussão e dizendo as coisas que João havia me instruído sobre meus direitos na situação e pedindo que ela intercedesse junto a filha dela por minha causa, porém eu nunca fui respondida (tenho todos os prints dessa conversa arquivados para servir de prova). No dia 2/09/2017 eu viajei com o ônibus da faculdade (sou estudante da UESC) e mais 20 colegas para João Pessoa na Paraíba para um congresso de estudantes e só retornei no dia 08/09/2017 no final da tarde. Ainda lá na paraíba tentei contato com Tássita pra saber o que ela e a mãe dela tinham decidido a respeito da minha situação. Se elas preferiam me pagar a multa pela quebra do contrato ou se elas me dariam os 30 dias de aviso prévio pra eu me preparar pra mudança e mais uma vez fui totalmente ignorada. Ao retornar mandei mensagem pra ela novamente dizendo que havia chegado em ilhéus e que precisava entrar em casa e eu tinha sido informada por um colega (que eu tinha deixado na incumbência de alimentar meus gatos enquanto eu estivesse fora) que elas haviam trocado o cadeado da casa e que por isso eu não poderia entrar sem elas em casa. Quando finalmente consegui chegar em casa eu estava acompanhado de um colega da faculdade (que não vou citar o nome pois ele não precisa ser exposto), que mora em Itabuna e que havia me pedido abrigo em Ilhéus naquele dia pois ficara tarde pra ele voltar pra Itabuna e eu disse que tudo bem. Cheguei em casa por volta das 22 horas e ao chegar fui recebida pela Tássita, pela mãe dela, Silvia e por uma vizinha que eu não sei o nome pois não a conhecia direito, juntas na sala esperando pra me confrontar. Pedi ao meu colega que fosse pro meu quarto e fui pra sala conversar com elas. A conversa foi de mal a pior, a dona Silvia me disse que eu teria até segunda pra sair da casa dela, eu disse que já tinha sido informada dos meus direitos e que só sairiam quando elas decidissem me pagar ou me dar os 30 dias de aviso prévio e caso contrário eu não sairia porque nesse país existem leis. Ela começou a gritar comigo e disse que elas não se importavam se eu tinha advogado porque elas também tinham quem as defendesse e que se eu não saísse por bem sairia por mal. Aí eu disse que elas estavam tentando me dar um golpe mas que eu não era fácil de ser enrolada assim não, saí da sala e fui pro meu quarto tranquei a porta e fui tomar banho. Antes que eu pudesse terminar o banho ouvi um estrondo enorme na porta do meu quarto e meu colega foi abrir a porta pra ver do que se tratava pois ele pensou que fosse novamente a dona Silvia querendo falar comigo, porém quando ele abriu tinha 5 policiais fortemente armados na porta do meu quarto. Daí pra frente foi uma sucessão de agressões e abusos por parte da polícia. Quando eles entraram no meu quarto eu ainda estava no banheiro do quarto, completamente nua. Meu colega calmamente pediu que os policiais saíssem do quarto para que eu pudesse me vestir com o mínimo de dignidade, porém ele foi arrancado do quarto debaixo de porrada. Eu me enrolei numa toalha e fui perguntar o que estava acontecendo ao sub tenente Agnaldo Nascimento dos Santos, que era quem estava comandando a operação porém ao invés de me responder ele me agarrou pelo pescoço e me deu tapas muito pesados no rosto, me chamou de vagabunda entre outras ofensas. Eu pedi que se retirassem do meu quarto para que eu pudesse ao menos estar vestida antes de apanhar mais, e ele disse que eu teria um minuto pra me vestir e começou a gritar perguntando onde eu escondia minhas drogas. Respondi que eu não tinha droga nenhuma, e que eles poderiam revistar meu quarto procurando que não achariam nada. E de fato eles não encontraram nada de drogas no meu quarto nem nas minhas coisas. Encontraram uma pequena quantidade de maconha na mochila do meu colega porém ele assumiu a droga ser dele e que eu não tinha nada a ver com aquilo. Depois de conseguir me vestir eles me algemaram, mesmo eu não tendo resistido em momento algum, e me jogaram no camburão do carro da PM após mais algumas agressões. Voltaram para dentro da casa, vasculharam todas as minhas coisas tentando procurar drogas, e como não encontraram nada eles mandaram a Tássita e a Silvia pegarem todas as minhas coisas e colocarem na garagem dizendo que eu já ia sair dali de mudança naquele mesmo dia. Depois disso o policiais saíram dizendo para os vizinhos que começavam a se aglomerar nas portas de suas casas, que eu era uma bandidinha traficante da UESC que eu estava fazendo festas regadas a sexo e drogas dentro da casa e que estava tentando colocar a dona da casa pra fora da própria casa. Eu ouvi tudo isso enquanto estava algemada e presa dentro do camburão. Depois disso eles algemaram também o meu colega, o puseram também no camburão e nos levaram para a delegacia. Antes de sairmos de lá eu vi Wilza, que é uma colega do mesmo curso que eu na UESC, parada na porta da casa assistindo a tudo. Achei que ela estava lá porque ela é irmã da Tássita e que tinha ido porque ela tinha chamado, porém depois eu descobri que além de ser irmã da menina, o marido de Wilza é policial militar eu só não sabia se era algum dos policiais envolvidos naquilo tudo pois eu não sabia o nome do marido dela. Chegando na porta da delegacia eles nos obrigaram a ficar parados no fundo do carro da PM e posar pra fotos nos celulares deles e disseram que no dia seguinte já estaria em todos os blogs da região, além de que eles iam mandar pra todos os amigos policiais deles pra a gente nunca mais ter paz na cidade. Me recusei a olhar pra câmera e mais uma vez fui hostilizada pelos policiais, e após eles conseguirem a foto eles nos levaram pra dentro da delegacia. Meia hora depois Tássita, Silvia, Wilza, e a vizinha da qual eu não me recordo o nome, chegaram na delegacia e começaram a inventar várias histórias a meu respeito. Disseram que tinham me abrigado na casa delas porque eu estava precisando e um lugar para morar e que eu agora estava tentando colocar a dona pra fora de casa. Disseram que os 200 reais que paguei a mãe dela eram referentes as contas de luz e gás, o que era mais uma mentira porque foi na verdade o valor da minha parte do aluguel. Depois que elas foram ouvidas elas foram embora e eu fiquei esperando até as 2 horas da manhã pra ser ouvida pelo delegado antes de ser liberada. Fiquei proibida de voltar à casa, a não ser pra buscar os meus móveis e meus gatos. O delegado me garantiu que instruiria elas a não mexerem nas minhas coisas até eu poder ir buscar e a cuidar dos meus gatinhos para que não morressem de fome até eu poder busca-los. Saímos da delegacia já eram quase 3 da manhã, e fui pedir abrigo na casa de um amigo.

Eu consegui o nome completo de três dos cinco policiais envolvidos na situação e por isso eu descobri que o policial que mais me agrediu e me humilhou é o Sub. Tenente Agnaldo Nascimento dos Santos que é justamente O MARIDO DE WILZA, QUE É IRMÃ DE TÁSSITA. E que um dos outros oficiais estuda na mesma faculdade que Tássita também, o que me explicou como tudo pode ter acontecido tão rápido, porque ficou claro que eles já estavam de sobreaviso esperando apenas o chamado delas pra irem me agredir. Os outros dois nomes que consegui foram o do Sgt. Antonio Humberto Pires e o do SD.PM Leonardo Antonio Raposo Ramos. Dos outros dois policiais não consegui gravar os nomes e eles estavam sem identificação, porém sei que eles são da viatura 68, e que essa viatura não é a viatura que faz a ronda daquela parte da cidade (Rua F, loteamento tropical nº 46 Ilhéus II) e isso foi o próprio delegado quem falou. O sub tenente Agnaldo já na delegacia continuou a me ameaçar dizendo QUE PODERIA FACILMENTE PLANTAR DROGAS NAS MINHAS COISAS, mas que dessa vez ele não ia fazer isso mas que eu ficasse esperta porque ele ia me dar uma cadeia de qualquer jeito. Respondi que não tinha medo dele e ele disse que eu deveria ter, ou se não levaria mais porrada na cara, e que ele me conhecia da uesc e que era pra eu ter cuidado por onde eu ia andar dali pra frente. Como isso aconteceu durante o fim de semana eu não pude tomar providências imediatas pois os órgãos públicos só funcionam durante os dias uteis e dessa forma esperei até, segunda-feira 11/09/2017, para começar os processos pertinentes parar reparação de todos esses absurdos que aconteceram comigo. Nunca fui tão humilhada em toda a minha vida. Fui pega totalmente vulnerável dentro do meu quarto, completamente despida e apanhei muito sem nem ter oferecido nenhum tipo de reação contra os policiais. Não havia nenhuma policial feminina na operação o que só me deixou ainda mais humilhada pois tinham 5 homens armados me espancando dentro da casa a qual eu havia pagado pra estar e eu tinha acabado de chegar de uma viagem de 8 dias fora. Agora estou sem ter onde morar, passando uns dias de favor na casa de uma tia e estou machucada e com dores no pescoço e rosto, mas a pior das dores é a emocional. Uma sensação de impotência total e uma revolta tão absurda quem nem tenho como descrever. Cada vez que eu tiver que passar por WILZA nos corredores do LEA da uesc me sentirei ainda mais agredida, porque olhar pra ela me faz lembrar do marido dela me espancando a troco de nada. Estou tomando todas as providências legais contra os envolvidos nesse abuso, mas ainda assim nada vai apagar o horror que foi aquela situação pra mim. Depois de muito relutar resolvi vir a público com essa história porque por mais constrangedor que tenha sido pra mim eu acredito que outras pessoas precisam ser alertadas quanto a mais esse abuso descarado de poder envolvendo policiais militares e porque preciso muito do apoio de todos para ter forçar pra lutar contra esse tipo de atrocidade pra que sirva de exemplo e evite que outras pessoas passem pelo mesmo horror que eu.

10 respostas

  1. No meio de 1O(dez) policias,você tira um exímio policial,os demais são umas porcarias,é o mesmo de 1O% de todos os policias da Bahia e talvez extensão Brasil.

    Se queres exímio policias,exija ótimas preparações,o que custa caro,forma policias de meia pataca,é isso que ocorre é o efeito colateral Bahia e no Brasil.

  2. O ex-governado Otávio Mangabeira tinha a seguinte frase: “Pense em um absurdo. Na Bahia há precedentes”.

    Isso tem que ser levado ao secretário de Segurança Pública, ao MPE e a Corregedoria da Polícia Militar. Essa não será a primeira e nem a última vez que policiais agem de forma violenta com os cidadão desse Estado.
    Polícia para quem precisa de polícia. E pelo que tudo indica esse não foi o caso.

    Acredito que o governador Rui Costa não comunga com esse tipo de atitude, os tempos do prendo e arrebento, acabaram desde a eleição de jaques Wagner. Esse subtenete tem que responder pelos seus atos e de seus comandados.

  3. Qual foi a atitude do delegado? Deixou a vítima se comunicar com um advogado ou algum familiar? Ela foi conduzida a fazer exame de corpo de delito
    Qual o procedimento do superior desses militares ao tomar conhecimento?
    E a Delegacia da Mulher foi comunicada? E o que fez?
    A vítima dos policiais requereu medida protetiva? Ela foi agredida moral e fisicamente. Os nomes de alguns dos agressores foram divulgados.

  4. Bom Dia,

    Após essa leitura do ocorrido com essa estudante venho a pensar o quanto o policial desrespeitou o juramento que ele um dia fez e nem se quer imaginou o sofrimento a dor que ele poderia e causou a uma pessoa.
    Imagino se um dia ele vai se lembrar das coisas boas que ele fez e se tem como contar para os netos esse fato tão lamentavél só para poder agradar a familia…….

    Grato.

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