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Jorge ressoava o amor ao sagrado ao som suave dos maracás, sentia através dos hinos o poder ilimitado de Deus e sorria feliz.

 

Juliana Soledade

Jorge Nobre de Carvalho seguiu entre Jagube, Rainha, Cacau e as Sete Estrelas no altar celestial, deixando um lastro extraordinário de amor, firmamento e disciplina. Levou o seu sobrenome como um dever a ser seguido em sua caminhada: carregado de Nobreza; fortalecido e gigante como um Carvalho.

Como advogado um colossal se formava diante do júri, mas em nenhum momento com fala, gestos ou ações prepotentes; ao avesso, um profissional gentil, certeiro e ético. Extremamente organizado, técnico e pontual.

Criou três filhos amorosos, zelosos e cheios de coragem – aqui deixo meu abraço apertado a Candinha e Moisés -, seis lindos netos que se orgulhava em apresentar; Nadir, seu grande encontro de amor nessa existência; e muitas centenas de amigos e admiradores.

Um mestre que nunca baixou a guarda. Nem nos momentos mais difíceis. Alegava que uma mente sã abrigava um corpo são, ainda que ele estivesse debilitado. Ensinou o poder da mente em não se permitir cair. Eu, pequena e frágil, nunca tive coragem de verbalizar a ele que estávamos travando batalhas semelhantes. E ainda assim, me fazia refletir sobre a vida para sair do centro e deixar a doença no lugar dela, nem maior nem menor, exatamente do tamanho que ela tem.

Jorge ressoava o amor ao sagrado ao som suave dos maracás, sentia através dos hinos o poder ilimitado de Deus e sorria feliz. Quem tinha olhos para ver, enxergava a sua luminosa áurea circundante pairando entre vozes que atingiam o reino astral.

Ouvi diversas vezes de sua voz incomparável: “Estimada e doce amiga, apesar da pouca idade, tem compreensão para entender o que vou dizer…”, e sempre estava a aprender, humildemente, sobre o amor divino, simplicidade e inquietações. Ouvi sobre Deus, sobre viagens astrais e do quanto era abençoado. Era um exímio leitor. Nunca deixou um único texto sem uma boa réplica rica em ensinamentos nas entrelinhas ou uma dica que me traria riqueza espiritual.

Fundador da Casa da Paz, um lugar de equilíbrio, sensatez e verdade. Ele conseguia ligar o céu e a terra na mais perfeita maestria. Percursor do Santo Daime no sul da Bahia, sempre diante boas condutas e honradez.

O comandante agora seguirá noutros planos espirituais, guiando uma nave repleta de luz, cristais e flores coloridas que plantou na floresta encantada. Vez e sempre a saudade vai inquietar. Vai incomodar, mas vou olhar para o céu e imaginar o lindo paraíso que me disse viveria.

“Um raio de luz, brilha e faz brilhar…!”.

Por aqui, a sua missão foi brilhantemente cumprida, Mestre. Sou feliz de ter coexistido no mesmo tempo e espaço que o seu. A luz é o teu caminho, padrinho. Segue nela!

Com carinho e respeito,

Juliana Soledade é escritora, advogada, empresária e teóloga.

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