Tempo de leitura: 2 minutos

Ronaldinho Gaúcho comandou o time e, como um mestre-sala,  riscou o gramado de poesia ao marcar um lindo gol de falta.

Luiz Tito | luizvitorianotito@gmail.com

Se na passagem bíblica, o pequeno Davi venceu o gigante Golias, no jogo de hoje, às vésperas do carnaval, na passarela do estádio Engenhão, com mais de 40 mil torcedores nas arquibancadas, prevaleceu a maior força. E o Flamengo, do  passsista Ronaldinho e demais membros da ala rubro-negra, venceu o “azarão” Boavista e sagrou-se campeão da Taça Guanabara.

Já em ritmo de festa momesca, o Flamengo colou seu bloco na avenida e massacrou o time de Saquarema. Ronaldinho Gaúcho comandou o time e, como um mestre-sala,  riscou o gramado de poesia ao marcar um lindíssimo gol de falta.

Nas arquibancadas, a fantasia que predominou foi o manto sagrado do Mengão. Bem que o Boavista tentou complicar a vida da equipe da  Gávea, porém, com a raça que lhes é peculiar, os comandados de Vanderlei Luxemburgo ditaram o ritmo do jogo.

O empate no primeiro tempo não traduziu o que foi a partida. O time da região dos Lagos montou uma retranca, não atacou e foi bombardeado nos 45 minutos iniciais.

No segundo tempo, o garoto Negueba, que em muito nos faz lembrar Adílio, devido à sua maestria no domínio da pelota e aos seus dribles atrevidos e ousados, deu mais velocidade à equipe, contribuindo assim para a merecida vitória do time mais querido do Brasil.

O que se viu no segundo tempo foi como um videoteipe do primeiro. O time de Saquarema com medo de sair para o jogo e o Flamengo buscando sempre o gol. A vitória saiu após uma belíssma cobrança de falta de Ronaldinho. O goleiro Tiago nem saiu na foto e , antes mesmo da bola ganhar a rede, R10 já corria para o abraço.  Com essa conquista de hoje, está decretada, oficialmente, a abertura do carnaval no Brasil.

Luiz Tito é flamenguista e repórter-fotográfico do jornal A Tarde .

Tempo de leitura: 2 minutos

Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br

 

Azevedo está literalmente entre a régua e o compasso. A régua que mede a estrada que tem pela frente e o compasso que diz a quantas anda sua média com o eleitor.

 

Faltando um ano e dez meses para o término de seu mandato, o prefeito de Itabuna põe em operação o que foi uma de suas promessas de campanha. Neste domingo (27), prefeito, secretários e ocupantes de cargos comissionados deslocaram-se para o bairro Lomanto Júnior, com o objetivo de atender a comunidade em diversas demandas. Nos próximos finais de semana, haverá mutirões semelhantes em outros bairros.

É a “Prefeitura Móvel” se materializando, coincidentemente dois dias após este blog divulgar pesquisa da Compasso Consultoria, que aponta um índice de rejeição de 76,7% para a gestão de Azevedo. A hora, pois, é de colocar o bloco na rua, e o prefeito o faz com o sentido da urgência, pois é seu desejo governar Itabuna por mais quatro anos. Falta combinar com o povo, mas quem vê as máquinas da Prefeitura nos bairros e o prefeito vistoriando até operação tapa-buracos já entendeu que o capitão acionou o projeto 2012.

O plano teve início com as mudanças no secretariado. Segundo as primeiras observações e avaliações, José Alencar (o novo titular da Secretaria do Desenvolvimento Urbano) deu mais agilidade ao setor e Geraldo Pedrassoli “destravou” a Secretaria da Fazenda. Fernando Vita ainda não disse a que veio na Secretaria do Planejamento e Geraldo Magela vende a expectativa do retorno da gestão plena da saúde a Itabuna. Enquanto isso, a pasta de Magela lidera como o setor mais reprovado pela população, com 82,3% de ruim e péssimo segundo a pesquisa da Compasso.

Fala-se que Azevedo ainda pensa em novas mudanças no governo, como em sua procuradoria-jurídica; no entanto o prefeito peca por tergiversar demais e ser lento para tomar decisões. Os nós de seu governo demoram a ser desatados e alguns só mudam de lugar. A impressão de que governa sem plena autonomia compromete a imagem do gestor.

O governo, no entanto, tem alguma dose de sorte. A expectativa com relação a obras como a da barragem do Rio Colônia e a duplicação do trecho da BR-415 entre os bairros de Nova Itabuna e Ferradas, além da revitalização da Avenida Amélia Amado, trará proveito eleitoral à atual gestão. Resta saber se tais projetos serão suficientes para que a população volte a ter confiança num prefeito que já demonstrou ter pouca aptidão para comandar e nenhuma sabedoria para escolher a quem ouvir.

Azevedo está literalmente entre a régua e o compasso. A régua que mede a estrada que tem pela frente e o compasso que diz a quantas anda sua média com o eleitor. Precisa ter a velocidade e a estratégia que não teve na primeira metade da gestão. Se permanecerá no poder, não se sabe. Mas se continuar, será mais por sorte que por competência.

Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros responsáveis pelo PIMENTA e também escreve no blog Política Etc.

Tempo de leitura: 2 minutos

Marco Wense

O “rebelde” Vane, se quiser realmente ser candidato a prefeito, tem que buscar abrigo em outra legenda, sob pena de ser triturado na convenção do PT.

O ex-prefeito Geraldo Simões, que já governou Itabuna por duas vezes, sabe que a próxima sucessão municipal é fundamental para sua sobrevivência política.

O “senhor de ferro” do PT de Itabuna não suportaria uma terceira derrota consecutiva. Um fracasso na eleição de 2012 pode significar o começo do fim da sua vida pública.

Sua re-reeleição para deputado federal, depois de perder duas eleições seguidas para a prefeitura de Itabuna – Fernando Gomes (2004) e Capitão Azevedo (2008) –, ficaria em situação de risco.

Como não bastasse essa assombração futurista, projetada para o ano eleitoral de 2012, Geraldo Simões tem pela frente a pré-candidatura do vereador petista Claudevane Leite – o Vane do Renascer.

É evidente que o “rebelde” Vane, se quiser realmente ser candidato a prefeito, tem que buscar abrigo em outra legenda, sob pena de ser triturado na convenção do PT.

A pretensão de Vane, buscando sua condição de prefeiturável, é legítima e democrática. O vereador, além de contar com a solidariedade do deputado Josias Gomes, tem o apoio de centenas de petistas.

Para os vanistas mais otimistas – alguns em intempestivo estado de euforia –, o crescimento da candidatura do vereador se deve ao trabalho realizado pelo MEAV (Movimento Evangélico de Apoio a Vane).

Além do lançamento de candidatura própria pelo PCdoB, se coligando com o PMDB, o PT de Geraldo Simões sabe que a falta de confiança dos partidos no ex-prefeito é mais um obstáculo para ser removido.

Geraldo Simões vai ter dificuldades com as legendas e suas respectivas lideranças, principalmente com os partidos que compõem a base aliada do governo Wagner.

Como não quer ser o candidato do PT na sucessão do demista Azevedo, Geraldo tem uma espinhosa missão: convencer o governador Wagner de que o nome de Juçara Feitosa é melhor do que o dele.

O chefe do Executivo estadual não esquece a esmagadora vitória do Capitão Azevedo – 12 mil votos de frente – sobre a petista Juçara Feitosa na sucessão de 2008.

Os meninos do Partido Comunista do Brasil não podem jogar fora a grande oportunidade de conquistar o cobiçado Centro Administrativo Firmino Alves.

A bola da vez é o PCdoB. Se a legenda não lançar candidatura própria, ficando novamente como apêndice do petismo e favas contadas de Geraldo Simões, vai ficar isolada na sucessão de 2016.

Para ganhar ou perder, o PCdoB deve marcar sua posição na competição eleitoral que se aproxima, seja com Davidson Magalhães, Luis Sena ou o vereador Wenceslau Júnior.

Uma chapa encabeçada por Davidson Magalhães, diretor-presidente da Bahiagás, tendo na vice Gustavo Lisboa, atual secretário municipal de Educação, vem sendo articulada nos bastidores.

É bom lembrar que Gustavo Lisboa, que faz um bom trabalho na educação, não é filiado a nenhum partido. Sua ida para o PMDB pode acontecer sem traumas.

Reafirmo que o insucesso do geraldismo no processo sucessório de 2012, com uma terceira derrota consecutiva, é o começo do fim da carreira política de Geraldo Simões.

Marco Wense é articulista da Contudo.

Tempo de leitura: 2 minutos

Charles Carmo | oreconcavo@gmail.com

No Jornal Nacional desta sexta-feira (26/02), William Bonner dá a notícia, como se esta fosse digna de nota: o deputado federal Tiririca ingressou na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados.

O texto, salpicado de sutileza, mal disfarça a indignação pelo fato.

Qual o motivo deste assunto ganhar a telinha global em horário nobre?

Respondo: preconceito e arrogância.

Na notícia está implícita a indignação da Globo pelo fato de uma pessoa com baixa escolaridade pertencer aos quadros da Comissão de Educação e Cultura.

O problema é que com mais de um milhão de votos, Tiririca não é mais deputado que ninguém. Entretanto, também não é menos parlamentar que nenhum de seus colegas.

O deputado Tiririca tem todo o direito de ingressar na Comissão que lhe aprouver, dentro das vagas disponíveis de seu partido.

A perseguição da imprensa ao deputado Tiririca passa de qualquer limite. Se quiser atuar em prol da cultura, em defesa dos circos, como prometeu após sua vitória, o deputado está no lugar certo.

A Globo pretende constranger a atuação de um deputado federal, eleito com mais de um milhão de votos. Novidade nenhuma para quem fez isto até com um Presidente da República.

Para o PIG, Tiririca não passa de um “mero analfabeto” que nunca será um “verdadeiro deputado”. Eles teimam em repetir: “analfabeto, analfabeto”.

Isto que a Globo e parte da imprensa está fazendo tem nome: “bullying” ou violência psicológica.

O caso é de desrespeito com a democracia, com o deputado Tiririca, os eleitores e ainda os verdadeiramente analfabetos, que são humilhados pela imprensa e tratados como se não tivessem saber algum.

A Globo, com toda a pose, nunca chegou sequer a entender as lições do mestre Paulo Freire. Por isso ela agride o deputado Tiririca.

Resta-nos então a pergunta: quem é o ignorante nesta história?

Do blog O Recôncavo

Tempo de leitura: 2 minutos

Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br

A maioria dos nomes que gravitam em torno da sucessão municipal itabunense é de políticos que se cacifaram pelo carisma ou pelo apadrinhamento. Enquadram-se em uma ou outra categoria os principais pré-candidatos, exceto o atual prefeito José Nilton Azevedo, que pode ser alocado em ambas. Tem carisma próprio, é verdade que um tanto desgastado, e é uma cria política do ex-prefeito Fernando Gomes.

O que falta, porém, são perfis de gestor público. Alguém que tenha se preparado, estudado e conheça bem as demandas e a estrutura da máquina, que saiba administrar na dificuldade e otimizar os recursos para que a coletividade tenha o maior benefício.

O voluntarismo, os tapinhas nas costas, as promessas desligadas de qualquer projeto bem construído não deveriam mais determinar a escolha dos governantes, embora seja isso que ocorra quase sempre. E não é por outra razão que o desencanto logo substitui a esperança do eleitor.

A um ano e oito meses das eleições de 2012, novos postulantes aparecem no cenário. O PT deverá vir com Juçara Feitosa ou Geraldo Simões, correndo por fora o vereador Claudevane Leite. O PCdoB tem três postulantes: Wenceslau Júnior, Luís Sena e Davidson Magalhães. O PP ensaia o empresário Roberto Barbosa, ainda sujeito a possíveis turbulências. Há também os deputados estaduais Augusto Castro (PSDB) e Coronel Santana (PTN), que irão esperar o desenho das nuvens.

Azevedo, naturalmente, é candidato à reeleição (pelo DEM ou outro partido ao qual venha a se filiar). E nessa lista não se deve esquecer o “highlander” Fernando Gomes (PMDB), que pensa em tentar o quinto mandato!

É altamente provável que o futuro governante itabunense seja pinçado dessa relação. Agora, se algum deles tem o devido preparo para administrar o município e solucionar suas carências históricas, é outra conversa. Uns já demonstraram sua inaptidão para a empreitada, ficando praticamente limitados a ações cosméticas e à administração da folha de pagamento e outras demandas relativas ao custeio da máquina.

Faltam ousadia, criatividade e espírito público, ao passo que sobra apego ao poder pelo poder em um sistema que usa o povo como massa de manobra e se alimenta de suas expectativas, mantendo-as insatisfeitas para usá-las novamente na próxima eleição. Como a memória das vítimas é curta, o ciclo sempre se repete. Lamentavelmente.

Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros responsáveis pelo PIMENTA e também escreve no blog Política Etc.

Tempo de leitura: 2 minutos

Manuela Berbert

Nunca imaginei ter um vizinho ladrão de jornal. Mas, pasmem, acontece nos melhores bairros.

Minha mãe descobriu os prazeres da internet. Passa horas navegando e lendo as notícias do mundo afora. E, claro, como em toda família em que existe jornalista, vem comentar comigo. Essa semana me contou de um caso interessante, que leu num site nacional: uma mulher foi encontrada morta, na Europa, dentro do seu próprio apartamento, quase nove anos depois. Sentiram falta dela, mas não fizeram muita coisa diante de tal desaparecimento.

Fiquei me perguntando: que família seria a dela, que vizinhos ela teria, que vida essa mulher levava. Procurei a matéria e, mesmo lendo a descrição dos mais próximos de que ela seria uma pessoa isolada, fechada, fiquei estarrecida com a situação. Que triste fim!

Lembrei do meu vizinho, um senhor inconveniente que, vez ou outra, bebe e faz gracinhas. Nada que venha a tirar o sono de todos, já que geralmente ele denigre a própria imagem, gritando, falando alto, discutindo com sua sombra. Sequer sei o seu nome, tamanha a minha aproximação com ele. Mas sentiria sua falta.

Dia desses, aconteceu um fato interessante: meu irmão, ao acordar muito cedo para ir trabalhar, o viu, com um cano de PVC nas mãos, furtando pela grade os nossos jornais, entregues ainda na madrugada. Entendeu porque, muitas vezes, sentia falta dos periódicos. Eu achava que Marcelo, por sair sempre cedo, levava as edições com ele. Ele achava que muitas vezes a entrega era tardia, e que eu lia e ‘dava fim’.

Nunca imaginei ter um vizinho ladrão de jornal. Mas, pasmem, acontece nos melhores bairros. Daria uma crônica interessante, se contada ao mestre Odilon Pinto, já que meu irmão se sentiu constrangido com o episódio e ficou quieto, com vergonha de ser flagrado. Acontece que, ao passar na porta da residência do ‘cabra’, o viu sentado, na companhia do vigia da rua, de jornal em punho, lendo. Parou o carro e disse: “quando terminar de ler, devolva!”

Manuela Berbert é jornalista, estudante de Direito e colunista da Contudo.

Tempo de leitura: 2 minutos

Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

O inusitado não para aí. Em sete de abril de 1968, Alcântara morreu, vítima de infarto. Naquele período não havia a figura do vice.

Em 1967 a Câmara de Itabuna era composta por 13 vereadores, 12 da Arena (Aliança Renovadora Nacional), atual DEM, e um do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), hoje PMDB. Mas havia uma divisão, Arena-1, liderada pelo prefeito populista José de Almeida Alcântara, empossado em janeiro daquele ano, e a Arena-2, comandada pelo integralista José Soares Pinheiro.

O famoso advogado Raimundo Lima (19/12/1908 – 20/11/1987), ex-militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro) era o representante do MDB. Portanto, na disputa pela presidência do legislativo, teoricamente, não teria chance de vitória.

Mas os dois grupos não chegaram a um consenso e a Arena-1 decidiu apoiar Raimundo Lima, que se elegeu com sete votos contra seis. O inusitado não para aí. Em sete de abril de 1968, Alcântara morreu, vítima de infarto. Naquele período não havia a figura do vice. A lei determinava que o substituto do prefeito fosse o presidente da Câmara e Raimundo Lima recebeu “de bandeja” a chefia do executivo itabunense.

Em setembro daquele mesmo ano foi realizada nova eleição. Raimundo Lima apoiou seu correligionário Gutemberg Amazonas, que perdeu para Fernando Cordier.

Outro detalhe com relação à Câmara: a revista O Cruzeiro, de circulação nacional, destacou que o vereador mais jovem do Brasil estava no legislativo itabunense. Era o jornalista integrante da Arena-1, Eduardo da Anunciação, eleito aos 21 anos de idade.

Marival Guedes é jornalista e escreve no PIMENTA às sextas.

Tempo de leitura: 3 minutos

Josias Gomes | josiasgomes@uol.com.br

A crise certamente trouxe lições. A região está hoje mais amadurecida, conhece a necessidade de diversificar sua base produtiva e de não se limitar ao setor primário.

Algo fantástico acontece quando se percebe que estamos vivendo um momento verdadeiramente histórico e importante. Para os brasileiros, a vitória de Lula, não somente eleitoral, mas como o maior presidente que o Brasil já teve, seguida da eleição da primeira mulher presidenta, significou uma ruptura com a velha ordem. Quem teve e tem a oportunidade de vivenciar toda a riqueza desse período pode se considerar um agraciado pela História, com “H” maiúsculo.

Tenho igual sentimento com a fase em que se encontra a rica e abençoada, embora sofrida, região cacaueira da Bahia. Após décadas de crise, a lavoura ressurge com toda força, embalada pelo PAC do Cacau, por um trabalho heroico e incansável da Ceplac  e pela elevação do preço da commodity.

As fazendas vêm elevando sua produção e centenas de produtores tiveram a oportunidade de renegociar suas dívidas com os bancos oficiais. O clima é de um otimismo que há muito tempo não se via na região, o que traz enorme alegria a este deputado que teve a chance e a honra de participar da primeira Câmara Setorial do Cacau.

A crise certamente trouxe lições, pois esse é um dos atributos das dificuldades: o de ensinar a trilhar novos caminhos e refazer estratégias. A região está hoje mais amadurecida, conhece a necessidade de diversificar sua base produtiva e de não se limitar ao setor primário. Hoje se tem a noção exata da importância de  não se limitar à produção do fruto para vendê-lo “ in natura”.  A industrialização chega ao sul da Bahia, trazendo consigo a expectativa de um desenvolvimento sólido e perene.

Em paralelo, a região debate cheia de expectativas a questão do Porto Sul, um investimento bilionário que também representa um marco. Pela primeira vez em décadas, o interior do Estado recebe um empreendimento de tal porte, que inclui uma ferrovia com 1.100 quilômetros somente no território baiano (de Barreiras a Ilhéus), um aeroporto internacional e um porto para navios de grande calado. Essa infraestrutura permitirá o escoamento de produtos como grãos, fertilizantes e minérios, beneficiando o estado com o aumento da arrecadação e a geração de novos empregos.

O Porto Sul traduz a opção do Governo da Bahia, com o apoio do Governo Federal, de interiorizar o desenvolvimento baiano, há décadas concentrado em Salvador e Região Metropolitana. É uma opção corajosa e coerente, que demonstra visão estratégica e compromisso com o crescimento de nosso Estado.

Não deve passar despercebido o alerta do governador Jaques Wagner, que, na abertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa, nesta terça-feira, 15 de fevereiro, chamou atenção para as movimentações de forças políticas de outros estados, interessadas em impedir que a Bahia dê esse salto para um novo ciclo de progresso.

O envolvimento das lideranças e a participação efetiva da sociedade baiana nesta questão é fundamental para que o Porto Sul não “morra na praia”. Viver esse momento histórico não é apenas um privilégio, pois implica em assumir desafios e não se deixar atropelar pelos fatos. Quem entende a demanda e assume essa postura tem uma oportunidade a mais: a de fazer história.

Outro ponto importante é que a defesa do Porto Sul não significa passar ao largo da questão ambiental e da responsabilidade com o desenvolvimento sustentável. O debate está aberto e deve ser travado de maneira democrática, com foco no interesse regional  e buscando caminhos para que o impacto no meio ambiente seja o menor possível. Frisamos ainda que não se deve colocar os defensores do projeto em área oposta aos que lutam pela preservação da natureza, pois isso empobrece a discussão. Todos devemos nos posicionar em defesa do meio ambiente, mas há muito tempo isso deixou de ser obstáculo ao crescimento.

Josias Gomes é deputado federal e ex-presidente do PT da Bahia.

Tempo de leitura: 5 minutos

O maior castigo para aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam.”

Osias Lopes

A frase acima, e que abre este opinativo, é atribuída a Arnold Toynbee, economista inglês que viveu apenas 31 anos (23/8/1852 a 9/3/1883), cujo trabalho envolvia história econômica, compromisso e desejo de melhoria nas condições das classes sociais. Pode parecer mais uma daquelas frases de efeito que nos acostumamos a ouvir em conferências rasas que compõem eventos de cientificidade não menor de profundidade, mas nos faz compreender muito rapidamente tratar-se de inhenhos os que desdenham da ingente importância da atividade política para a sociedade hodierna.

Ora, é na política (diga-se, no Congresso Nacional, em sua forma bicameral: Câmara dos Deputados e Senado Federal, nas Assembléias Legislativas Estaduais e nas Câmaras de Vereadores) que se define o valor do salário mínimo; as regras da nossa aposentadoria; o quanto deveremos pagar de imposto de renda a cada ano; o prazo de financiamento do automóvel que compramos; que impostos incidem nos alimentos; regras da saúde nas suas áreas pública e privada; sistema educacional; o imposto sobre a casa em que moramos, e por aí vai.

Pois é, no mundo hodierno (se não sempre o foi), é impossível viver sem dar atenção à política, sem se interessar pela política. O fato é que todos nós fazemos parte desse mundo político, nele influenciando fortemente, com ação ou omissão, sendo esta última notoriamente a mais covarde e mais prejudicial atitude.

A propósito do tema  –  política  -,  já falei aqui no Pimenta em comentário no mês de julho do ano passado sobre o péssimo sistema eleitoral brasileiro e os graves malefícios que ele traz à nação.

Rememorando alguns pontos daquele comentário de julho de 2010, apenas para justificar o presente artigo, disse, citando trechos de responsabilidade de Luís Roberto Barroso*, que o sistema eleitoral pátrio estimula anomalias como o “clientelismo (a negação da intermediação partidária), o patrimonialismo (o exercício do cargo público para fins privados, para realizar objetivos próprios), e a corrupção (que se alimenta e se robustece nesse mesmo ambiente de convívio inadequado entre o público e o privado)”. Relembro a todos que no mundo democrático apenas dois países o adotam: Brasil e Finlândia. Isto é pelo menos estranho, não?

UM AZAR QUE PERMANECE, ACOMPANHADO!

Reparem que, como diz a sabedoria popular, “o azar nunca anda sozinho” e “desgraça pouca é bobagem”. Na questão eleitoral brasileira estes adágios têm tido, infelizmente, um sentido real, eis que, a par do sistema eleitoral ruim, nos deparamos com o desastroso e extremamente danoso (à plena democracia e ao erário) financiamento privado de campanha.

PLANOS DE SAÚDE FINANCIANDO CAMPANHAS

Chamou-me a atenção, fazendo minha leitura diária do jornal “A Tarde” (domingo, dia 13/2/2011), a matéria intitulada “Planos de saúde financiaram 20 partidos”, contida no seu Caderno de Política, na página B3, não pelo ineditismo de sua natureza, uma vez que a Lei Eleitoral brasileira permite a doação de entidades privadas para campanha eleitoral de candidatos, mas a constatação de que os interesses privados estão expandindo o número de seus defensores no Congresso Nacional.

Do conteúdo da notícia dá para perceber que “não se interessar por política” pode “custar” (com trocadilho e tudo) até a saúde! A partir dela dá também para compreender porque são verdadeiramente inhenhos, tolos, os que insistem em não participar ativamente do processo político  –  votando ou sendo votado, com responsabilidade.

PARLAMENTO  – BICHO DE SETE CABEÇAS!

Dita matéria dá conta de que os Planos de Saúde, à força do dinheiro que “investem” em campanhas eleitorais, estão expandindo sua bancada no Congresso Nacional! Eram 28, agora são 38 deputados federais da “bancada” da saúde suplementar!

Observem que já existem: bancada dos ruralistas, bancada dos industriais, bancada dos lojistas, bancada dos evangélicos, bancada dos usineiros da cana de açúcar, bancada da bola (aqui me refiro do futebol!); bancada disso, bancada daquilo; etc., etc., etc..

Isto é demasiadamente preocupante, ruim e complicado para a sociedade! É “bancada” para todo e variado gosto. E a bancada do povo? Será que não há uma bancada da Nação brasileira, do povo?

Que bancada no Congresso, em contraposição às acima mencionadas “bancadas” (com trocadilho mesmo!), vai cuidar dos interesses de quem precisa do plano de saúde, de quem precisa da reforma agrária, de quem precisa de medidas de contenção de preços de produtos rurícolas, industriais, etc., etc., etc.? As coisas ainda estão muito complicadas para o povo, como estamos vendo todo dia noticiado através da mídia em geral. O que tem salvado são as iniciativas do Executivo Federal, porque o Congresso…

Nos parlamentos estaduais e municipais brasileiros o cenário não muda muito. É só aplicar a regra mutatis mutandi e pronto, um é espelho do outro!

Pois é… Não tenhamos dúvidas, esse “bicho de sete cabeças” é gerado pela atual legislação eleitoral, e pela forma de financiamento de campanha eleitoral.

A INGENTE NECESSIDADE DA REFORMA POLÍTICA

Registre-se aqui, firmemente, que não se tem dúvida de que existem abnegados políticos no Congresso Nacional vocacionados para a causa pública. Isto é inconteste. Conheço vários. E estes, seguramente, vão batalhar pelas reformas políticas que o país reclama.

Contudo, somente uma reforma política consistente e consequente, juntamente com o financiamento público de campanha, é a alternativa para que realmente venha a existir uma robusta bancada do povo, pelo povo, e para o povo, pois com ela se dará azo para que idealistas, intelectuais, estudantes, trabalhadores, lideranças populares, gente do povo enfim, possam se candidatar e disputar em igualdade de condições, ao menos financeiras, e assim protagonizar discussões salutares nos parlamentos brasileiros em detrimento das hoje existentes e deprimentes “bancadas” de apelidos.

É muito mais barato ao erário e à Nação o financiamento público de campanha, e com ele teremos um Legislativo com bancada “bancada” pelo povo. Simples!

PARA PENSAR E RESPONDER

SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE –  A tal “bancada” da “saúde suplementar” (leia-se Planos de Saúde Privados) vai cuidar intransigentemente da defesa dos interesses do Sistema Único de Saúde – SUS?

SISTEMA PÚBLICO EDUCACIONAL –  Tem um projeto de lei tramitando no Congresso Nacional que obriga a detentores de cargos públicos (senadores, deputados  –  federais e estaduais, vereadores e cargos do Executivo) a matricular seus filhos em escolas públicas, o que obviamente os forçará a dar atenção apropriada às questões educacionais.

Vindo a assim ser, a escola pública não voltará a ser eficiente?

É como se diz… perguntar não ofende!

* in “A Reforma Política: Uma Proposta de Sistema de Governo, Eleitoral e Partidário para o Brasil”, de autoria e de  responsabilidade de Luís Roberto Barroso  –  Instituto Idéias – Instituto de Direito do Estado e Ações Sociais (www.institutoideias.org.br).

Osias Lopes é advogado, ex-procurador dos municípios de Ilhéus e Itabuna e ex-secretário de Administração de Itabuna

Tempo de leitura: 3 minutos

Editorial do Jornal Bahia Online:

Fazemos jornalismo. Não pertencemos a nenhum grupo político nem estamos no bolso daqueles que esbravejam comprar qualquer coisa ou qualquer pessoa.

Vendemos espaços publicitários. Mas jamais negociaremos os nossos ideais.

Em nosso site valerá sempre a velha máxima “Pau que dá em Chico, dá em Francisco” por que este pensamento nos permite promover, todos os dias, o exercício democrático da informação. É claro, também, que não somos donos da verdade. E nem queremos ser. Mas o nosso compromisso tem sido – e continuará a ser – com os princípios básicos do jornalismo e com a visão focada no debate permanente por uma política transparente, ética e de respeito à sociedade.

Doa a quem doer.

Sofrerão críticas, aqueles que por certo, sob a ótica cidadã, as merecerem.

Serão elogiados também aqueles quando acertarem.

Não temos medo do que podemos enfrentar.

Está registrado aqui no site um editorial publicado no primeiro dia do mandato do presidente Edvaldo Nascimento (clique aqui e leia), uma defesa ao seu direito de ser comandante do Legislativo e passar a ser uma das influentes personalidades políticas de Ilhéus. Reagimos, àquela oportunidade, contra a opinião daqueles que achavam que, por ser um homem simples, de poucas letras, ele não pudesse ocupar o cargo em que hoje está.

Achar que não, é uma atitude preconceituosa, com a qual não coadunamos. Dinho Gás – como é popularmente conhecido – tem direito a ser presidente da Câmara pelo fato de que, para sê-lo, precisaria apenas ser vereador (e é) e ter os votos da maioria dos seus pares para se eleger (ele teve). Conseguiu os dois.

Por isso temos a convicção de que podemos fazer algumas cobranças que julgamos necessárias aqui mesmo neste espaço.

As denúncias contra possíveis vícios em licitações (leia mais clicando aqui) do Legislativo têm que ser apuradas. Não se espera outra coisa de um líder que, nos primeiros dias do seu mandato como presidente, ganhou espaço nos jornais por abrir mão de uma verba de representação e garantir que sua “principal meta” no exercício da presidência seria, ao final de dois anos, ter a aprovação das suas contas (leia aqui).

A questão é que enquanto jogava para a torcida, Edvaldo Nascimento fazia caminhar pelas salas da Câmara, uma série de licitações, uma delas para a reforma do Palácio Teodolino Ferreira.

Isso mesmo.

Reformar um prédio recentemente construído pelo seu antecessor e ainda em perfeitas condições de abrigar o Poder Legislativo Municipal.

Primeiro, em nossa modéstia opinião, ao agir assim, o presidente demonstra não ter foco nas prioridades que o Legislativo tanto precisa.

Segundo, é um acinte a uma cidade entregue às moscas onde nada funciona. A saúde pública está na UTI, a educação vivenciando um quadro negro, o funcionalismo entregue à própria sorte e secretários que antes de olhar para a cidade e a coletividade, olham para o espelho e gritam sem o mínimo de vergonha “Eu tenho a força, eu posso mais!”

Se o presidente da Câmara, Dinho Gás, não vê tanta coincidência que coloquem sob suspeição as licitações até agora feitas e o fato de ter como fornecedores, parcerias pra lá de conhecidas, que pelo menos tenha vergonha de anunciar uma reforma numa Câmara novinha em folha, enquanto postos de saúde estão em ruínas e estudantes estão sem salas de aula, sem telhado, sem teto e sem esperança.

Para concluir, pedimos que os nossos leitores façam uma análise crítica a respeito do tema.

Olhem bem para a foto ao lado, onde as primeiras pinceladas mostram que a pintura vermelha muito em breve será trocada pelo verde, operação que o cidadão mais crítico já está amarelo de saber porque tudo isso acontece.

A pergunta é: Esse prédio precisaria mesmo de uma reforma?

Apontem-me, pelo menos, uma sujeira que justifique isso.

Pelo menos uma sujeira visível aos olhos do povo.

Tempo de leitura: 2 minutos

Allah Góes | allah.goes@hotmail.com

A regulamentação do serviço, além de permitir que diversos pais de família saiam da ilegalidade, e não sejam mais vistos como “aviões do tráfico”, também possibilitará que a população seja atendida por pessoas capacitadas.

Agora que já se sabe quem de fato é o presidente do legislativo itabunense, vez que o vereador Ruy Machado venceu a guerra que travava com Roberto de Souza, pode muito bem a Câmara de Vereadores retornar ao seu principal papel, que é legislar.

O tempo que se perdeu para se saber quem de fato manda fez com que se deixasse de analisar e votar projetos com a devida atenção, razão pela qual se aprovou o novo Código Tributário da forma como ocorreu, com distorções que tornam a sua aplicação, além de inviável, danosa ao comercio local.

Assim como se deixou de analisar corretamente o Código Tributário, deixa-se, por exemplo, de se discutir a questão da regularização do serviço de moto-táxi. Um serviço que de fato existe, mas que ainda é por aqui uma atividade ilegal, coisa bem diferente do que acontece em cidades como Feira de Santana, Jequié e Santo Antônio de Jesus, que já regulamentaram a matéria.

O aprofundamento da discussão sobre a regulamentação é possível desde o dia 18 de junho de 2010, data em que foi publicada a Resolução 350 do CONTRAN, que regulamenta a Lei nº 12.009/09. Juntos, os dois dispositivos disciplinam o exercício das atividades dos profissionais em transporte de passageiros, “moto-taxista” e “motoboy”, além de dispor sobre as regras de segurança dos serviços de transporte em motocicletas e motonetas (moto-frete).

Desse modo, abriu-se a possibilidade de regulamentação da atividade profissional de transporte de passageiros, através de motos, o chamado “moto-taxi”, desde junho passado, oportunizando-se ao poder público municipal os meios necessários para fiscalizar e exigir que somente aqueles capacitados possam transportar passageiros.

Como se vê, a nossa Câmara já pode discutir a regulamentação de um serviço que hoje ocorre sem qualquer tipo de fiscalização ou segurança e, ao transportar milhares de itabunenses por dia, põe em risco a vida e a integridade física da população.

Vale lembrar que o motociclista, assim que houver a regulamentação da lei municipal, somente ficará habilitado para exercer as profissões de moto-boy, moto-taxista e moto-frete, depois de aprovado em curso feito pelo Detran, que será disponibilizado até o final do ano.

A regulamentação do serviço, além de permitir que diversos pais de família saiam da ilegalidade, e não sejam mais vistos como “aviões do tráfico”, também possibilitará que a população seja atendida por pessoas capacitadas e preparadas para o transporte, o que hoje não ocorre.

A discussão deve ser aberta também à participação dos taxisitas, oportunidade em que se poderá desmistificar a história de que “o moto-táxi acaba com o táxi, pois tira seus clientes”, mostrando-se que há mercado para todos, desde que haja regulamentação e controle.

Com a palavra a Câmara Municipal, que é o único órgão competente para a análise, discussão e regulamentação desta atividade no município, e que pode transformar o moto-táxi, que emprega muitos pais de família e é utilizado por uma grande parcela dos itabunenses, num serviço legal, que gere dividentos ao município e que não prejudique a comunidade.

Allah Góes é advogado municipalista.

Tempo de leitura: 2 minutos

Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br

Os mendigos já foram objetivos. Utilizavam a curta frase “uma esmola pelo amor de Deus” e, quando atendidos, agradeciam repassando o pagamento da conta: “Deus lhe pague”. Os mais estressados reagiam praguejando quando o benefício lhe era negado: “tomara que um dia você não tenha mesmo!”.

Atualmente, os discursos são longos, porém criativos. Nos ônibus, o pedido vem em forma de histórias comoventes. O adolescente Ricardo faz versos: “ não é mole não, dormir toda noite numa cama de papelão”. Encerra pedindo dez centavos ou até um centavinho.

Nos coletivos de Itabuna, uma senhora conta a sua tragédia familiar afirmando que a filha, uma criança, necessita de alimentação especial. Ela não tem marido e a mãe está acamada, vítima de derrame. Quando fala que às vezes é maltratada ao pedir, quase sempre lacrimeja.

Já um homem sai todos os dias exibindo uma sacola cheia de pães, dizendo que só falta o dinheiro do leite. Outro me aborda com uma receita médica e conta que a avó precisa do remédio naquele mesmo dia,com um detalhe: ela mora numa fazenda em outro município, portanto o dinheiro é para comprar o remédio e pagar a passagem. Um mês depois o reencontro com a receita suja e amassada, narrando a mesma história.

Tem ainda um que abre a camisa e mostra um pano branco atado à barriga. Ele diz que se submeteu a uma cirurgia e está impossibilitado de trabalhar. Já me contaram que embaixo do pano ele coloca fígado bovino. Isto eu não sei. Mas de uma coisa tenho certeza: este ferimento da pós-cirurgia não cicatriza há mais de três anos.

Você dá?
A maioria dos grupos de esquerda é contra a esmola. O argumento é que acomoda quem recebe, consequentemente atrapalha o processo revolucionário.Mas há quem veja na “ajudinha” apenas um ato de generosidade favorável a quem almeja um cantinho no céu. Há também os que gostam de demonstrar a bondade publicamente.
Luiz Gonzaga aborda o tema em “Vozes da Seca” composta no ano de 1953, em parceria com Zé Dantas: “ Seu doutô os nordestino têm muita gratidão/Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão/Mas doutô uma esmola a um homem qui é são/Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”.

Noutros versos eles reivindicam emprego, obras e alimentos a preços acessíveis:
“Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage/Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage/Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage/Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage”.

Já Chico Buarque segue outra linha na irônica Vai Trabalhar Vagabundo, composta para o filme brasileiro homônimo:
“Vai trabalhar, vagabundo/Vai trabalhar,criatura/Deus permite a todo mundo/Uma loucura”.

Marival Guedes é jornalista.

Tempo de leitura: 3 minutos

Antônio Nunes de Souza | ansouza_ba@hotmail.com

Meu amigo vai ter que apelar muito a Chico Xavier para analisar os salários psicografados.

Com mais um engodo e paliativo de disfarce, o prefeito Capitão Azevedo mudou o secretário da saúde e, imediatamente, o presidente do HBLEM – Hospital de Base, como se com essas atitudes fosse fazer o povo acreditar que agora as coisas vão funcionar a contento e teremos uma assistência médica digna na região.

Mas, felizmente, nesses dois anos de administração já temos uma convicção de que houve um grande erro do eleitorado em confiar num vice-prefeito que concordou e foi parceiro em uma das administrações mais terríveis que tivemos nos cem anos do município. E o interessante é que, vergonhosamente, ele, pela inoperância e desmandos, parece que almeja esse título de “o pior da história” para anexar ao seu currículo.

De forma alguma contestamos a capacidade de ambos os novos membros da saúde. Mas, ao mesmo tempo, temos que ficar desconfiados de que não teremos bons resultados, já que um vem de uma secretaria que o próprio prefeito declarou que ele deixou um buraco de mais de R$ 8 milhões e o outro tem compromissos com uma vertente nada confiável e, seguramente, não tem forças para fazer o que realmente precisa ser feito. Será um novo Costa que vai acatar tudo, tranquilamente, de frente!

O problema existente na saúde do município é de infecção generalizada de cargos de aspones, gepones, direpones, afilhados, parentes, amantes e aderentes, terceirizações descabidas, licitações aviltantes, superfaturamento nas compras e outros comportamentos nada elogiáveis, por incompetência ou maucaratismo. Não consigo entender a razão do Ministério Público não ter requerido uma auditoria severa para comprovar essas claras denúncias que a mídia, sindicatos, Conselho de Saúde, a sociedade etc., fazem cotidianamente. Basta se fazer uma visita ao Hblem para, sem nenhum trabalho, comprovar-se os fatos citados.

Quero esclarecer que essa minha repugnância não se trata de politicagem ou rancores de linhas partidárias. O que estou declarando é lastreado em conhecimento de causa e experiência vivida, já que fui diretor-presidente o Hblem na última gestão do prefeito Geraldo Simões e tive a satisfação de entregar o hospital em condições normais de funcionamento (óbvio que com deficiências em alguns setores), atendendo 1.200 pacientes/dia, 112 municípios, faturamento do SUS variável de R$ 720.000,00 a R$1.200.000,00, e pagávamos todas as nossas contas rigorosamente em dia. Deixamos apenas um débito flutuante de R$ 2 milhões (que é normal em qualquer instituição desse porte).

Com relação ao corpo funcional, todo esse atendimento era feito com 367 funcionários. E hoje, que nada funciona, o hospital conta com quase 600 funcionários (?). Certamente são os “fantasmas” que meu amigo Leopoldo, sem alternativa, espera cobrir com novos lençóis para que eles fiquem mais bonitos e felizes. Meu amigo vai ter que apelar muito a Chico Xavier para analisar os salários psicografados.
Um detalhe de grande importância: nunca recebi um único centavo do governo estadual e nem sequer um comprimido de Melhoral, devido à retaliação partidária. Portando, o caso não é de lençóis. O que acontece é que tem um grupo bem “enfronhado” faz questão de “acobertar” as barbaridades que estão fazendo com o dinheiro público debaixo dos “colchões”.

Em última instância, se você é daqueles que acreditam em Saci e Caipora, compre uns lençóis e mande de presente. Mas… têm que ser brancos!!!

Antônio Nunes de Souza é escritor, autor de “Vida Louca”.

Tempo de leitura: 2 minutos

Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com

Roger Sarmento, repórter/apresentador da TV Santa Cruz, é um ótimo profissional de televisão e um excelente caráter.

Pode-se dizer também que é um sujeito de sorte, muita sorte.

No final de semana, ele trafegava de motocicleta pela rodovia BR-101 quando, nas proximidades de Gandu, uma carreta tentou ultrapassar outra, num trecho de curva, com a agravante que chovia muito.

Roger Sarmento, que pilotava com toda a segurança necessária, de repente de viu imprensado entre dois monstrengos, que desafiando a lei da física tentavam ocupar o mesmo lugar no espaço.

A sorte, essa fortuna que às vezes costuma bafejar os mortais, aliada à perícia na condução da moto, impediu o choque frontal com uma das carretas. Roger Sarmento bateu apenas de raspão num dos veículos, foi jogado ao chão, teve a moto destruída, mas saiu no lucro: foram apenas sete pontos na mão direita, que não o impediram de seguir viagem. De ônibus, providencialmente.

Pode-se dizer que Roger desafiou a estatística, já que a chance de um motociclista se safar relativamente ileso é pequena, tamanha a desproporção entre a fragilidade da moto e a força da carreta.

O que não se pode deixar de dizer – e tanto se tem dito – é a tremenda irresponsabilidade com que motoristas de caminhão conduzem suas armas, perdão, seus veículos, ao longo da BR-101. Não são a maioria, é bem verdade, mas uma minoria que espalha o perigo em cada trecho da rodovia.

Premidos pela pressa de honrar entregas ou enfrentando longas jornadas com o uso de estimulantes (os famosos ´rebites´), esses motoristas se comportam como verdadeiras feras ao volante, abusando da velocidade, fazendo ultrapassagens em locais totalmente inadequados e praticamente jogando as carretas em cima dos carros menores, induzindo motoristas menos experientes a erros que podem ser fatais.

Diante da pressão, motoristas de carros menores são obrigados a se lançar ao acostamento, isso quando existe acostamento. Não há o menor respeito às leis do trânsito e, porque não dizer, de civilidade.

Contribui para essa “sanha mortífera” o fato de que são raros os postos de fiscalização na BR-101. Entre Itabuna e Santo Antônio de Jesus, por exemplo, são apenas dois postos da policia rodoviária e nenhuma viatura circulando para coibir abusos.

Enfim, nessa terra de ninguém em que alguns caminhoneiros se transformam em foras da lei, Roger Sarmento é um sobrevivente.

Pena que nem todos tenham a mesma sorte.

Daniel Thame é jornalista, blogueiro e autor de Vassoura.

Tempo de leitura: 2 minutos

Reinaldo Leão | reinalleao@gmail.com

Eles são endinheirados e têm mansões entre Serra Grande e Itacaré. Alguns têm projetos para grandes resorts e campos de golfe na APA da Lagoa Encantada. Não se interessam propriamente pela manutenção de espécies nativas da flora e da fauna deste bioma, mas exclusivamente com a fruição pedante da bela paisagem. De nariz empinado, como lhes apraz.

Os ricaços – o dono da empresa Natura, Guilherme Leal, e o presidente das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho, estão entre eles – moram na região Sudeste e têm o privilégio de possuir mansões no sul da Bahia, destinadas ao seu descanso e lazer. Frequentam a região em finais de semana, chegando em seus jatinhos particulares e saindo rapidamente do aeroporto de Ilhéus em carros de vidro fumê. Passam “voando” por Ilhéus, sem olhar nada em volta, pois a atenção quase sempre está focada em laptops.

O que esses privilegiados conhecem da região não ultrapassa os muros de suas mansões, mas eles estão dispostos a ditar os rumos do sul da Bahia. Para isso, contam com um grupo de pseudo-ambientalistas, linha de frente de um movimento que se dispõe a fulminar o projeto do Complexo Intermodal. Eles são ricos e estão convictos de que têm poder de fogo para a empreitada.

A estratégia do Complexo do Caviar contra o Complexo Intermodal foi traçada durante uma reunião ocorrida esta semana, naturalmente em São Paulo. Foi comandada pelo ex-secretário do Meio Ambiente… de São Paulo e tinha umas 50 pessoas: mais de 40 paulistas, é claro, e uma meia dúzia de baianos cooptados. Gente muito “bem-intencionada”.

Quem defende o Intermodal pode se preparar, porque vem chumbo grosso por aí. A ofensiva tem nome de novela (“Vale Tudo”), artimanhas de novela e até artistas de novela. Gente graduada na arte de fingir emoções e sentimentos alheios irá se mostrar indignada com o Intermodal. Desconhecem o projeto, seu verdadeiro impacto e a importância de que o desenvolvimento chegue ao interior da Bahia, mas irão decorar textos comoventes, com falsas premissas, mas com o forte apelo da preservação ambiental.

Não importa se quem vive na região apoia maciçamente o projeto. Não importa que o órgão responsável pelo licenciamento esteja atento às questões ambientais, tanto que solicitou novos estudos aos responsáveis pelo empreendimento. Não importa que o projeto inclua condicionantes capazes de garantir uma preservação que hoje efetivamente não existe. Nada importa, para quem pretende trabalhar com a mistificação, o preconceito e meias-verdades, transformando a vida real em enredo de ficção. Apostam num final feliz para eles, em suas mansões nababescas, desde que a pobreza continue como sempre esteve: do lado de fora do muro e com os papéis sempre secundários nessa novela.

Reinaldo Leão é engenheiro civil e ilheense radicado no Paraná.