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Jaciara Santos | jaciarasantoscoach@gmail.com
 
 

Mas nem sempre foi assim. Já sonhei em ter sobrenomes mais complexos e incomuns. Entretanto, hoje amo essa simplicidade. E você, como se sente em relação às suas origens?

 
Qual seu nome? Você gosta de seu nome? Como gosta de ser chamado? São sobre esses questionamentos que falaremos hoje. 
“Eu sei que há aspectos de quem eu sou que me confundem, e outros aspectos que eu nem conheço – mas na medida em que eu for amistoso e amoroso comigo mesmo, poderei, corajosa e esperançosamente, procurar soluções para as confusões e outras maneiras de me conhecer melhor. Assim, qualquer que seja a minha aparência ou jeito de falar, o que quer que eu diga ou faça e o que quer que eu pense ou sinta, em um dado momento no tempo, isto, autenticamente, SOU EU!Virginia Satir 
Na semana que passou, conheci uma pessoa por um apelido, mas instantaneamente perguntei o seu nome e ela, simplesmente, parou para refletir por alguns segundos. E só depois disso, lembrar-se, pois dizia não identificar-se pelo que estava escrito em seu registro. Por isso, por vezes, esquecia-se.  
Depois deste relato, comecei a refletir sobre o significado de nosso nome para nossas vidas. Normalmente, quando nossos pais recebem a notícia da nossa geração,  já ficam traçando hipóteses : -Como chamaremos o filho que está chegando? 
Nosso nome é carregado de histórias… 
Baseado nisso, fiz reflexões sobre o meu nome, por que sou Jaciara, qual a intenção de meus pais em me chamar assim?  E quando minha mãe conta-me tal fato, sinto um orgulho enorme de ser Jaciara. E meu sobrenome??? Ah, esse é o que me dá mais orgulho, pois traz a verdadeira história de minha família… Alves, Souza e Santos, sobrenomes simples, mas que contêm a história de pessoas que tenho e tive muito orgulho nesta vida. Mas nem sempre foi assim. Já sonhei em ter sobrenomes mais complexos e incomuns. Entretanto, hoje amo essa simplicidade. E você, como se sente em relação às suas origens?  
Em meio a enorme turbulência de pensamentos sobre o tema, tive uma linda surpresa, conheci outra Jaciara Santos. Isso me gerou uma enorme felicidade, pois me sinto honrada, em  ter uma pessoa tão bela de coração e alma, com o mesmo nome que o meu. 
Admito que fiquei por toda semana refletindo sobre o assunto, mas continuei meus dias de trabalho e atividades.   
No final desta semana, fui ao salão de beleza e ao chegar encontrei minha cabeleireira sempre com sorriso largo e um carisma estonteante – e já com tantas indagações em mente. Com muita curiosidade e ainda buscando alicerçar minha nova pesquisa, interpelei: – Keu, qual seu verdadeiro nome? Ela, por um momento, parou com um ar de surpresa pela indagação e logo depois respondeu: – Creuzenildes!  Reconheço  que não se trata de um nome comum, mas reflete a imagem de uma mulher guerreira e batalhadora que és. Eu a admiro, admiro sua força de vontade e vontade de vencer, e ainda honro e respeito a sua história. Depois de falarmos sobre o tema, logo lhe fiz um pedido: – Posso chamá-la assim? Um nome forte, como ela…   
Keu, Likuticho, Nino, San, Zó, Chuchu… apelidos que nos são dados ou impostos pela sociedade.  
Aprendamos a amar o nosso  nome, a nossa história, a história de nossa família.  
Você é hoje, tudo aquilo que já viveu, passou e superou. Veja-se como um vencedor. 
“Eu tenho as ferramentas para sobreviver, para estar perto dos outros, para ser produtivo e para entender e organizar o mundo das pessoas e coisas que estão fora de si. Eu me assumo e, portanto, eu posso me inventar e reinventar constantemente.” Virginia Satir 
Honre e respeite a sua história. Pense nisso!
Jaciara Santos é master coach e coordenadora de RH.

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Walmir Rosário
 

E o remédio tem de ser ministrado conforme a doença, para curar e não como paliativo. Não conheço a área de saúde, mas, pelo que me consta, um simples analgésico não combate um câncer em estado terminal. Pode, no máximo, abrandar a dor.

 
Que os cheiradores, maconheiros, fumantes de crack e outros viciados em drogas ilícitas me perdoem, mas são eles os grandes culpados pelo alto índice de violência que toma conta do Brasil, de norte ao sul. Nesta mesma conta, coloco também os políticos brasileiros responsáveis pela elaboração de leis estapafúrdias, que criminalizam os traficantes de drogas e livram a cara dos consumidores.
O tráfico de drogas é uma atividade ilícita. Claro que para o ato ser consumado necessita da participação de dois atores: o que vende e o que compra, embora nessa cadeia também seja criminalizado o que produz. Fere todos os princípios da lógica impor penalidades apenas para quem produz e vende, descriminalizando quem consume. Essa é mais uma das jabuticabas brasileiras.
É impossível existir o vendedor se, do outro lado, não tiver o comprador. Simples, qualquer tipo de atividade – lícitas ou ilícitas – não conseguirá sobreviver se não for completada com essa ligação. E esse elo foi desfeito pelos políticos apenas para essa legislação, com a simples finalidade de agradar uma grande parte de bandidos – com ficha nos órgãos policiais e judiciários, ou não – que se locupletam com o tráfico.
Chega a ser ridículo a chamada sociedade do asfalto reclamar segurança, quando é ela mesma – com as devidas exceções – quem financia a violência desenfreada, para usar a gíria do próprio Rio de Janeiro. As classes média e alta da chamada zona sul da cidade, hoje nem maravilhosa assim, se abastecem de drogas ilícitas vindas do alto dos morros, agora batizados de comunidade, pagando regiamente aos traficantes, promotores da violência.
O que causa revolta é que todo esse comércio ilegal funciona desde antes com a licença e complacência das nossas autoridades, que utilizam o tráfico de influência em troca de votos, como está largamente provado. E essa licenciosidade vem descendo em cadeia pelos diversos membros dos representantes do Estado, conforme as hierarquias, até chegar aos escalões mais chulos.
A permissividade de nossas autoridades criou um verdadeiro monstro, que deixou de atuar no alto dos morros e invadiu o asfalto – os bairros chiques da zona sul carioca e outras cidades do Grande Rio. E, em vez de papelotes de cocaína, trouxas de maconha e pedras de crack, também chegou espalhando o terror, com as gangues assaltando pessoas nas ruas, nos restaurantes e os conhecidos arrastões nas praias.
Hoje, essas quadrilhas criadas e incentivadas com o dinheiro da venda de drogas se impõem com o dinheiro produto da venda e passou a substituir o Estado no alto do morros, aliciando menores para o trabalho dos “aviões”, futuramente guindados aos cargos de bandidos das mais diversas especialidades. É bom que se diga, que esse volume enorme de dinheiro não paga imposto de renda, previdência nem outros tributos a nós destinados.
E a lei do morro – chamada teimosamente de comunidade – é terrível. Pior do que a Lei de Talião, de olho por olho, dente por dente, tem julgamentos sumários, sem direito a qualquer defesa, nem mesmo dos grupos de direitos humanos. Controlam todo o comércio, as idas e vinda dos moradores, a subida dos visitantes do asfalto em busca das drogas, as direções das obedientes associações de moradores, sob o jugo dos chefões do tráfico, com a leniência dos sucessivos governos.
O poder dos chefões das quadrilhas que comandam o tráfico é tão grande e organizado que, mesmo de dentro dos presídios de segurança máxima, comandam toda atuação como se fosse uma empresa exemplarmente bem administrada. Influenciam na política, nos órgãos do Estado e traçam estratégias logísticas de fazer inveja aos administradores mais conceituados.
Importam equipamentos bélicos por diversas rotas – terra, mar e ar –, seja de forma legal, com notas fiscais, como no caso dos fuzis de grande alcance vindos dos Estados Unidos pelo aeroporto do Galeão, ou por contrabando por nossas vastas fronteiras. Para comprar armas e munições não dependem de obediência à lei das licitações, cumprindo prazos e preços menores. Sequer exigem nota fiscal.
E o Rio de Janeiro exportou esse know how para São Paulo, que o aperfeiçoou e o utiliza, transferindo para todo o país, sem a menor cerimônia, substituindo a direção de presídios e a conduta cheia de regalia dos detentos que têm dinheiro. Esses desmandos deixaram de ser noticiados a boca pequena e passaram ao noticiário das grandes redes de jornais, rádios e televisões, com provas bem documentadas.
A situação é tão grave que o cidadão não pode circular livremente pelas ruas, como antes, sem o risco de ser assaltado, caso carregue dinheiro ou objetos de valor em seu poder, ou tomar uma surra, caso não os tenha. Apesar de todas essas evidências e provas, os números apresentados pelos governos dos estados contrariam a verdade mais do que verdadeira. Todos são honestos porém meu chapéu sumiu.
Se quisermos enfrentar e dizimar o crime organizado, temos que partir para a política de tolerância zero, começando as ações através do voto, separando o joio do trigo na nossa miserável política. Estamos numa guerra em que temos que combater a violência, a falta de ética e de moral em todas os segmentos governamentais e na iniciativa privada, caso contrário, estaremos fadados a nos transformar num Haiti e anos passados.
E o remédio tem de ser ministrado conforme a doença, para curar e não como paliativo. Não conheço a área de saúde, mas, pelo que me consta, um simples analgésico não combate um câncer em estado terminal. Pode, no máximo, abrandar a dor. Caso as ações da intervenção federal na área de segurança pública no Rio de Janeiro não alcance os objetivos, a violência se multiplicará de forma geométrica em todo o Brasil.
Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado. Também edita o www.ciadanoticia.com.br.

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Alcides Kruschewsky
 

Na mesa onde o atual  governo municipal senta com a comunidade e lideranças, não tem havido espaço para vaidades. Estas ficaram isoladas no início de 2017, quando iniciou o governo Mário Alexandre.

Diferente do azedume que interrompeu os entendimentos na área de saúde entre o governo da Bahia e o governo de Ilhéus,  especialmente após a nomeação do médico Claudio Moura Costa para a direção do Hospital Regional LVF, de quem o ex-prefeito é desafeto, a relação respeitosa entre os representantes estaduais e municipais favorece o diálogo e a população já consegue sentir os resultados positivos. O governo do estado vai investir mais 15 milhões de reais para reestruturar a saúde em Ilhéus.
Paralelamente a esse anúncio,  fruto da parceria entre estado e município,  a Prefeitura de Ilhéus contratou mais 20 médicos e convocou 14 profissionais concursados para melhorar o atendimento à população. Vai, também, reformar com recursos próprios-  1,1 milhão de reais-  10 postos de saúde na cidade. A expectativa é atingir a meta de 60% da atenção básica ainda em 2018.
Ilhéus ganhará uma UPA – Unidade de Pronto Atendimento,  no bairro do Malhado, totalmente construída pelo Estado e custeada 50% pelo mesmo, e um Hospital Materno/Infantil com UTIs Neonatal e Infantil, após a reforma total do Hospital Regional, onde serão investidos 9 milhões de reais.
Enquanto a UPA não fica pronta, a Policlínica Halil Medauar, na Conquista,  atenderá como pronto atendimento médico, a emergências, 24 horas. Com isso, Ilhéus  passará a contar com 4 PAs 24 horas: Zona Sul,  Hospital São José,  COCI e a Policlínica. O Estado da Bahia ainda cederá 200 servidores para reforçar a atenção básica do município.
Tudo isso tornou-se possível graças ao distensionamento  das relações políticas e pessoais entre os gestores das diferentes esferas governamentais. Com diálogo, mesmo com divergências de pontos de vista,  os resultados aparecem e a população será beneficiada.  Isto quer dizer que na atual gestão municipal o interesse público foi colocado acima das questões de preferências pessoais, políticas, gostos e simpatias ou antipatias. Acontece que, quando questiúnculas são colocadas acima das dores da população,  o bem comum sai da mesa de entendimentos e o diálogo fica truncado, e as “tabelinhas”, por vias não recomendáveis, também se revelam incapazes de produzir efeitos positivos.
Hoje, o secretário de Saúde do Estado, Fábio Vilas Boas, se sente à vontade para debater sobre a problemática de Ilhéus com o também médico Mário Alexandre. Mas se isso está acontecendo,  todos reconhecem que o perfil de Marão contribui muito para essa fluência. O próprio governador já demonstra que a relação entre os governantes se estreitou e ultrapassou o limite apenas institucional.
As discordâncias existem. Mas a lealdade e postura do prefeito de Ilhéus,  que tem sido duramente atacado nesse momento de transição na saúde, mas que em nenhum momento expôs o governador e o secretário Vilas Boas ou mesmo o governo do estado, bancando o ônus do desgaste com as mudanças, arrancam elogios da esfera estadual, pela serenidade e foco nas soluções dos problemas, jamais alimentando choques frontais e embates,  caminho que outras lideranças preferiram.
Assim, o perfil de Marão, expansivo, bem humorado, trabalhador e avesso a polêmicas desnecessárias, ao contrário dos que o criticam acidamente, vai dando sua inestimável contribuição para as conquistas como há muito não se via na área de saúde em nossa cidade.  O bonachão,  festivo, riso fácil,  vai comprovando a eficácia de sempre colocar o aspecto positivo na condução da gestão. Então, é aí que os efusivos abraços que distribui ao encontrar as pessoas, se revela consistente e fundamental para inaugurar outra forma de se relacionar com os poderes,  sem a mesma pretensão e a presunção que sempre nortearam as mesmas relações,  anteriormente, colocando as vaidades dos figurões acima do sofrimento e anseios da sociedade.
O tema  “tempo de alegria e trabalho” traz em si o espírito que norteia a atual gestão municipal e sintetiza com propriedade o conteúdo para o entendimento, exatamente como já tinha ocorrido com os servidores municipais, cujo diálogo com o município também se encontrava deteriorado, inexistente. Assim demonstra-se que o azedume e os choques frontais com diversos setores, aí podendo ser incluído o comércio, longe de serem esporádicos, era uma prática de governo.
Na mesa onde o atual  governo municipal senta com a comunidade e lideranças, não tem havido espaço para vaidades. Estas ficaram isoladas no início de 2017, quando iniciou o governo Mário Alexandre.
Alcides Kruschewsky é secretário de Comunicação de e ex-vereador de Ilhéus.

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Davidson Brito | davidson_brito@yahoo.com.br
 

A surpresa mesmo, para alguns, existe quando a notícia de que o Conselho Municipal de Transporte, órgão representativo que é responsável por fiscalizar e nortear questões relativas ao transporte, assuma determinada posição sem levar em consideração elementos fundamentais para a tomada de uma decisão democrática, legal e transparente. Pior, ainda, é quando a prefeitura, que deveria ser a porta voz da maioria, vai justamente na contramão disso.

O colapso no transporte público deixou de ser uma ameaça há algum tempo e já é uma dura realidade para maioria da população itabunense. Ao passar dos anos, reclamações se acumulam e nada ou muito pouco tem acontecido. Certo mesmo tem sido ao início de cada novo ano a notícia do aumento na tarifa do transporte coletivo urbano e rural.
Não é preciso ser nenhum especialista para ver o óbvio: o transporte público em nossa cidade beira o caos. Tarifa cara, ônibus cheios e passageiros amontoados, desesperados para chegar ao trabalho ou em casa. Número de ônibus insuficientes e horas e horas a fio desperdiçadas diariamente nos pontos. Isso sem mencionar a sujeira acumulada nos veículos, além, é claro, do cotidiano desrespeito ao Estatuto do Idoso. E as principais vítimas, como não poderiam deixar de ser, são os trabalhadores e jovens da periferia que dependem do serviço e são obrigados a viver um inferno diário dentro dos coletivos.
Enquanto isso, o governo municipal de Fernando Gomes, por sua vez, insiste em fazer de conta que tal realidade não existe. E, quando fala sobre o assunto, foge dos reais problemas e tenta a todo custo criminalizar aqueles que buscam denunciar o atual estado do transporte. Longe de discutirem as reais causas para termos chegado a esse ponto, o governo parece tratar o assunto como mera obra do acaso, sem causas ou culpados. A população, por sua vez, é condicionada a se conformar e achar que esse problema não tem solução.
TRANSPORTE PÚBLICO, LÓGICA PRIVADA
Muitas pessoas em algum momento da vida se perguntaram: como o transporte é público se o serviço é restrito devido à cobrança da tarifa? A resposta para tal pergunta é muito simples e tem previsão legal no art. 175º da Constituição Federal, que incumbe ao Poder Público a prestação de serviços públicos, podendo ser de forma direta ou sob regime de permissão ou concessão, sempre através de licitação, como é o caso da situação do transporte em nossa cidade. E é justamente na maneira de como se dá essa concessão que começam nossos problemas.
As companhias públicas de transporte que existiam foram privatizadas nas últimas décadas. Esse processo seguiu o modus operandi das privatizações: primeiro, precariza-se o serviço para, então, passá-lo à iniciativa privada. Os resultados disso os usuários do serviço conhecem bem: tarifas mais caras, serviços piores e redução de direitos e salários dos funcionários.
A opção pelo transporte rodoviário em nosso país se deu devido à pressão e influência do setor privado, através das grandes multinacionais da indústria automobilística, como a Ford. A esse modelo, caro e ineficiente, imposto pelas multinacionais, soma-se o baixo investimento realizado pelos mais diferentes governos. Em Itabuna, a situação não é diferente, onde, segundo os dados do Portal da Transparência da Prefeitura, no ano de 2017 o município sequer chegou a investir o equivalente a 0,3% do PIB local.
Ao mesmo tempo, entregam a cada dia mais a cidade na mão do capital privado, deixando o controle total do serviço de transporte coletivo na mão das grandes empresas, verdadeiras máfias que, junto com os governos de plantão, assaltam o bolso da população e em troca oferecem um serviço precarizado, ineficaz e com tarifas em valores absurdos, que, diga-se de passagem, contam com o respaldo de todo o processo de licitação, que nos tempos atuais mais se parece com um grande acordo político contra o povo.Leia Mais

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Felipe de Paula | felipedepaula81@gmail.com
 

Imagine um professor na praça explicando algum tema polêmico contemporâneo! Aí, com ideias circulando, com a academia enxergando além de seus muros, quem sabe teríamos uma sociedade ainda melhor. Difícil? Sim, com toda certeza! Mas será que cada um de nós, doutos cidadãos, estamos fazendo todo o possível?

 
Ler o título acima parece estranho, não? Permita-me então contextualizar melhor a questão: dois acontecimentos que presenciei dentro do “mundo acadêmico” nos últimos dias me fizeram pensar um bocadinho sobre exatamente esse tal “mundo acadêmico”.
No primeiro fato, um jovem estudante postou nas redes sociais seu lamento por ter sido abordado por uma senhora cristã que tentava propagar suas ideias e demonstrou incômodo por ele se declarar ateu. Quando apresentado o contraponto de que aquela senhora estava apenas levando adiante aquilo que ela acreditava ser interessante, ele rebateu: “ah, não saio por aí levando a palavra de Nietzsche”. Não leva? Uma questão: por que não?
Outro fato foi a leitura de outra postagem nas redes sociais onde professores e estudantes, em sua maioria, debochavam e se escandalizavam com a cantora Anitta ter sido convidada para palestrar num evento na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Soava absurdo a cantora notabilizada no funk, de origem periférica, falar numa das mais prestigiadas universidades do mundo. Uma questão:por que não?
A academia brasileira, permito-me generalizar com meus pouco mais de oito anos de experiência docente, parece sofrer de um mal que a faz sentir-se como um panteão para poucos. Alguns (poucos) privilegiados devem alcançar esse patamar após demonstrar suas competências em provações diversas. Uma ideia de que aquilo “não é pra qualquer um”. Uma ideia de que aquilo que não está no “mundo acadêmico” não é bom o suficiente.
Vivemos – faço aí um mea culpa pois, além de ocasionalmente escrever textos me valendo da boa audiência do PIMENTA para atingir uma grande fatia da sociedade, também estou entre os que assim agem – num espaço onde apenas os aplausos e os tapinhas nas costas dos iguais parecem ser interessantes. Por qual motivo as vozes periféricas não são plenamente ecoadas nas universidades? Por qual motivo o grafite nas paredes dos corredores acadêmicos é visto com estranheza? Por qual motivo iniciativas como o Pint of Science, que visa explicar pesquisas científicas em bares, são vistas com certo desdém por alguns? A resposta?
Arrisco-me a dizer que muitos acadêmicos – aí incluídos professores e estudantes – acreditam que são especiais demais e acabam por esquecer da sociedade que os abriga e, principalmente, financia.
Se a senhora propagando a fé cristã nas ruas enche sua paciência, será que ao invés de criticá-la não seria possível ver nela uma inspiração? Imagine as praças de Itabuna, de Ilhéus ou de qualquer outra cidade exibindo um filme e um pesquisador conduzindo um debate sobre ele! Imagine um professor na praça explicando algum tema polêmico contemporâneo! Aí, com ideias circulando, com a academia enxergando além de seus muros, quem sabe teríamos uma sociedade ainda melhor. Difícil? Sim, com toda certeza! Mas será que cada um de nós, doutos cidadãos, estamos fazendo todo o possível?
Felipe de Paula é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).

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Josias Gomes
 

Político correto, unindo discurso e prática, acertando na gestão, Rui é, na verdade, o exemplo escolhido pelo povo para dizer: “olha, a política deve ser assim; o político que a gente quer é desse jeito”.

 
Termina o Carnaval, na Bahia e no Brasil, em meio ao qual as sombras que rondam a política brasileira pairaram ameaçadoras. O povo aproveitou a folia para expor veementemente sua insatisfação com os rumos do país.
Blocos, escolas de samba, grupos de foliões, expressões carnavalescas de diversos estados, de Norte a Sul do país, por suas alegorias, enredos, dizeres, marchinhas e fantasias reverberaram toda a insatisfação popular com o canhestro e ilegítimo governo federal, do momento.
No balanço desses dias, vai ser muito difícil encontrar algum exemplo de político que tenha testado sua popularidade, peito aberto, caminhando em meio ao povo, sem aparato de segurança, que tenha se saído bem.
Na Bahia, porém, há um belo exemplo de político de bem com o povo, no caso, o governador Rui Costa, do PT, que termina por redimir a própria política, sugerindo que o povo pode não estar propriamente insatisfeito com ela (a política).
Desde a Lavagem do Senhor do Bonfim, onde os possíveis candidatos costumam testar suas chances com o povo, especialmente em ano eleitoral, que é notável a diferença entre o tratamento popular dispensado a Rui Costa e o que é dedicado a seus adversários.
Nesse ritmo, o clima que rondou a presença do governador foi, todo o tempo, de muita alegria, com Rui sempre aplaudido, por onde quer que caminhasse, desde o ato ecumênico que marcou o início do cortejo, até o seu final.
Na oportunidade, o povo soteropolitano, irmanado com gente vinda de toda a Bahia, e do país, não deixou margem a qualquer dúvida sobre o acerto das decisões do atual governo baiano no campo da mobilidade urbana, da saúde e da educação, exemplos para todo o país.
Agora, mesmo, no Carnaval, Rui Costa não arrumou qualquer desculpa que lhe permitisse fugir do povo, e, acompanhado da esposa, e poucos assessores mais diretos, caminhou sempre muito tranquilamente em meio aos foliões.
Por onde passava, Rui Costa era amplamente aplaudido, com o povo gritando o seu nome, buscando abraça-lo, fazendo selfies, em passeios sem atropelos, embora cercado de muito calor humano a comprovar a aprovação dos baianos ao seu governo.
Ainda no Carnaval, Rui Costa foi prestigiar a saída do tradicional bloco Ilê Aiyê, onde sua presença foi saudada pelos brincantes e pelo povo. Também, nessa oportunidade, seus adversários arrumaram outra coisa para fazer, e, não foram.
São essas histórias do Carnaval e dos eventos mais tradicionais da Bahia que efetivamente revelam a enorme vantagem popular de Rui Costa, frente a seus adversários, o que enche de orgulho a todos aqueles, que, a meu exemplo, têm a honra de participar do seu governo.
Mas, retornando à questão: Haverá mesmo, no Brasil atual, uma rejeição popular à política? Afinal de contas, Rui Costa, é político, dos mais refinados, escolhido por Jacques Wagner para o governo, dentro de um processo claramente político e do mais amplo conhecimento público.
O que pode estar havendo, de verdade, é não um questionamento da política, mas das práticas políticas em curso. Político correto, unindo discurso e prática, acertando na gestão, Rui é, na verdade, o exemplo escolhido pelo povo para dizer: “olha, a política deve ser assim; o político que a gente quer é desse jeito”.
Somente com uma leitura correta da realidade é que será possível encontrar a saída para a atual crise de identidade que tanto atormenta o mundo político, o que recomenda atentar com muita acuidade para o fenômeno  Rui, que é um político, com clara definição partidária pelo PT, e, ao mesmo tempo, detentor de amplo e inegável apoio popular.
Josias Gomes é secretário de Relações Institucionais da Bahia e deputado federal licenciado.

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Edson Alves | edsonciso@hotmail.com
 

Hotéis, bares, restaurantes, supermercados, casas de veraneio, ambulantes, além de setores da área cultural e uma grande parte do setor da economia local são afetados direta e indiretamente durante a realização de um carnaval.

 
Em primeiro lugar, gostaríamos de tecer críticas diretas à falta de planejamento dos gestores do turismo na cidade de Ilhéus (BA), mais diretamente, ao poder público municipal, pois o mesmo, associou a crise na área da saúde pública à não realização do carnaval antecipado. É como se os problemas na saúde pública do município tivessem nascido no mês de fevereiro desse ano, e já tivessem data marcada para acabar, junho de 2018, com uma épica festa junina.
Em uma cidade turística como Ilhéus, o discurso que o prefeito utilizou caiu como uma luva, ou seja, se ajustou muito bem à situação desejada pelo gestor e aos olhares do “senso comum”, mas, ao mesmo passo, como uma falácia para os investidores da área do turismo e para os especialistas em administração pública.
Mediante essas afirmações, (PETROCCHI 2002, p, 12), declara:
“As deficiências do turismo passam inicialmente pela falta de conscientização da população para a sua importância, o que é uma questão cultural. Se a população não se sensibiliza por determinados temas, o político automaticamente o descarta. O político reflete os desejos, as aspirações e as preocupações da população. A população em geral não dá a devida importância ao turismo, e essa indiferença é fatal”.
O carnaval é um negócio altamente lucrativo para o setor turístico no Brasil. Segundo levantamento do Ministério do Turismo. No ano de 2016, cerca de 9,8 milhões de turistas circularam pelo país no mês de fevereiro, gerando um acréscimo de R$ 9,6 bilhões à economia nacional, com forte impulso ao setor de serviços. O faturamento do período representava cerca de 3%, do total gerado anualmente pela indústria de viagens e turismo do país.
O impacto do Carnaval é grandioso para a economia de Ilhéus. As atividades ligadas ao turismo representam aproximadamente 5% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia na festa. A cadeia produtiva do Carnaval é complexa e envolve diferentes setores da economia.
Na Bahia, no ano de 2014, a estimativa foi de que 707 mil turistas visitaram as cidades de Salvador, Porto Seguro, Trancoso, Arraial D’Ajuda e a famosa Costa do Sauipe. Já no ano de 2016, o fluxo de turistas movimentou cerca de R$ 900 milhões na economia do estado.
Entender os aspectos e os números do carnaval se faz necessário para que possamos compreender a grandiosidade de um evento deste porte para a economia ilheense.
Hotéis, bares, restaurantes, supermercados, casas de veraneio, ambulantes, além de setores da área cultural e uma grande parte do setor da economia local são afetados direta e indiretamente durante a realização de um carnaval.
Neste sentido, Ilhéus perde – e muito, quando uma gestão sem planejamento cancela um evento deste porte, mas, sobretudo, o “Carnaval Antecipado” no município. Pois os empreendedores locais haviam planejado ou estavam se planejando para receber toda uma demanda que impulsionaria os números da economia local.
É preciso que o gestor maior do município coloque o carnaval antecipado no calendário turístico da cidade como uma coisa prioritária de seu governo. Por fim, a Secretaria Municipal de Turismo deve ter consciência da sua responsabilidade enquanto agente de promoção do turismo na região e, nesse contexto, buscar unir esforços continuados para fazer o resgate do carnaval antecipado de Ilhéus.
Edson Alves é graduado em Ciências Sociais e Especialista em Gestão Pública Municipal pela Uesc.

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Marco Wense
 

Agora, no maior cinismo do mundo, o tucano mais exótico, de plumas mais coloridas e bico reluzente, passa a ser o principal incentivador da candidatura de Luciano Huck.

 
O padrinho político da candidatura do global Luciano Huck ao Palácio do Planalto é Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente da República.
FHC, como é abreviadamente chamado, é o tucano (PSDB) mais exótico do tucanato, sem dúvida o de plumas mais coloridas e bico reluzente.
O engraçado é que FHC dizia que o prefeito de São Paulo, João Doria, estava tendo um comportamento condenável em relação ao governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.
Doria se autoproclamava presidenciável da legenda, querendo tomar o lugar do seu criador, daquele que foi responsável pela sua eleição para o Palácio do Anhangabaú.
Alckmin, mesmo contra algumas lideranças do partido, elege o “poste”, que logo é picado pela mosca azul e começa a sabotar a pré-candidatura presidencial do chefe do Executivo estadual.
FHC, percebendo a traição de Doria, aconselha Alckmin a assumir o comando nacional do PSDB, se fortalecendo para ser o nome da legenda na sucessão de Temer.
Agora, no maior cinismo do mundo, o tucano mais exótico, de plumas mais coloridas e bico reluzente, passa a ser o principal incentivador da candidatura de Luciano Huck.
Como o anzol da infidelidade partidária só pega peixes pequenos, os tubarões ficam isentos de qualquer questionamento. Não são taxados de ingratos, traidores e oportunistas de plantão.
Fernando Henrique Cardoso, também conhecido como o “Príncipe da Privataria”, é um, digamos, João Doria mais lapidado, mais traiçoeiro.
A candidatura de Luciano Huck é o sonho de FHC, que se dane o PSDB, Alckmin e todo o tucanato.
Marco Wense é editor d´O Busílis.

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Rafael Calabria
 

O fato de a população ter pouco conhecimento sobre a legislação e as alternativas que outras cidades buscaram, aliado à grande pressão midiática, cultural e econômica em favor do uso do carro em nossa sociedade, facilita a omissão das administrações públicas e torna os repetidos aumentos tarifários medidas recorrentes.

Em todo começo de ano, milhões de pessoas são “assombradas” com os anúncios de aumento de tarifa nos sistemas de ônibus e trens pelo Brasil. Com a justificativa de cobrir a inflação ou reajuste das contas, os governos e prefeituras tratam o aumento como algo inevitável, se escorando no argumento da responsabilidade fiscal. Mas o que essa explicação esconde é que existem alternativas para as prefeituras tratarem a tarifa de ônibus com a responsabilidade que o assunto merece.
Um dos resultados marcantes dos protestos de junho de 2013 que se espalharam pelo país foi o destaque dado ao debate sobre o valor da tarifa de transporte no país. A discussão, porém, se concentrou em como a tarifa restringe o acesso de cidadãos aos serviços de transporte e não avançou sobre as formas de reduzir efetivamente o custo da tarifa.
A conta do transporte nas cidades tem um custo alto, não há como negar. Portanto, não se trata de baratear o transporte, piorar os ônibus ou degradar a qualidade. O objetivo é buscar formas de pagar o custo desse transporte, melhorar a qualidade e baratear a tarifa final do usuário, garantindo o acesso de mais pessoas ao direito à mobilidade.
Escolher como pagar as contas deve ser parte da decisão política de cada prefeito ou prefeita, governador ou governadora, e este é um dos casos em que já existe uma lei para ajudar o governante a tomar diferentes decisões para não aumentar, ou até reduzir o custo da tarifa.
A Política Nacional de Mobilidade Urbana, aprovada em 2012, envolve essa discussão e possibilita que o gestor público busque recursos em algumas áreas para cobrir o custo da tarifa. Esses recursos podem vir de receitas alternativas ou de compensações e tributações de outras categorias que se beneficiam dos serviços de transporte.
As receitas alternativas são interessantes e não oneram nenhum cidadão. As mais conhecidas são os espaços para propaganda dentro dos ônibus e exploração comercial de espaços de terminais e estações ferroviárias trazendo outros serviços agregados para o usuário do transporte e gerando receita para baratear a tarifa. Essa possibilidade é especialmente importante para cidades que estão discutindo suas licitações de ônibus, como é o caso de São Paulo, Natal e Porto Velho.
A outra opção, a tributação de setores que se beneficiam do serviço de transporte, seria uma importante ferramenta para melhorar a mobilidade das grandes cidades. Essa solução envolve várias opções como uma taxação sobre o litro da gasolina, políticas de estacionamento, uso do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) ou até outorgas que recolham receitas da valorização imobiliária de terrenos valorizados pelo transporte. Embora gere bastante rejeição, a tributação do uso do carro é a opção política mais interessante, pois, além de baratear o custo das passagens, desestimula o uso do automóvel particular, trazendo melhorias para a fluidez do transporte público e para a qualidade do ar das cidades.Leia Mais

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Juliana Soledade
 

Como pode então o povo querer ser o próprio tribunal de um ex-presidente? É atestar que um país não é democrático e tampouco consegue respeitar e entender a diferença dos três poderes em um país. A única justiça que eu realmente espero é que ele não pague o ‘pato’ sozinho.

 
Eu escolhi o silêncio enquanto pude durante esse processo arrastado do Caso Triplex e das condenações do ex-presidente. Além de ser extremante complexo, preferi observar o comportamento dos juízes de plantão sem nunca terem aberto um livro específico sobre as matérias em discussão.
Na cabeça de muitos o Brasil está dividido em dois lados, mas apenas esses dois lados se apresentam, digladiam e medem forças imaginárias. Esquece-se de uma grande massa que tem muitas faces: a silenciosa, aquela que se articula e discute a possibilidade de um novo candidato no pé de orelha, na mesa do bar ou na reunião de negócios, mas além, não discutem sobre a nova condenação por ser um assunto vencido.
O jeitinho brasileiro nos faz esquecer a premissa básica de que a Lei é para todos, principalmente para os mais influentes e quase intocáveis. Um julgamento desse porte é uma mensagem nas entrelinhas, onde diz: mais respeito aos poderes que regem este país. Assim como foi para o Eike Batista, Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Joesley Batista, Geddel Vieira e tantos outros que não imaginavam que o telhado de vidro poderia ser quebrado.
Para determinados fanáticos a figuras públicas é difícil compreender que cadeia não pode ter um porteiro como nessas boates VIPs onde pode se escolher quem deve ou não entrar. A condenação do Juiz Federal foi criticada pelos apaixonados, a mesma condenação foi ratificada e majorada em segunda instância por um colegiado, ainda assim, críticas, habbeas corpus, injustiça, falta de provas. O meu grande questionamento é como o da maioria: O que falta para prender a alma mais honesta do Brasil que já foi investigado, condenado e julgado?
É calamitoso defender uma inocência de quem transformou a sua família em milionária em meses, de quem não cumpriu com a promessa de tirar o Brasil da miséria, e a maior prova é o desespero da grande massa quando surgem boatos do fim de auxílios sociais. O país continua completamente dependente do Estado, principalmente quando abandonou a estabilidade de quando o assumiu. O Brasil tem uma expoente necessidade de abandonar a crise moral que nos assola e sair da crise financeira será tão somente uma decorrência.
A classe da esquerda assemelha-se com crianças mimadas e extremamente birrentas, que, no julgamento do impeachment, anunciaram golpe e após o insucesso, bradaram pelas Diretas Já. Novamente é o mesmo que rasgar a Constituição e derrubar aos gritos um regime democrático.
E como pode então o povo querer ser o próprio tribunal de um ex-presidente? É atestar que um país não é democrático e tampouco consegue respeitar e entender a diferença dos três poderes em um país. A única justiça que eu realmente espero é que ele não pague o ‘pato’ sozinho.
Juliana Soledade é escritora e pós-graduada em Direito.

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Ricardo Kotscho
 

Pontificam na cena pública tipos como Carlos Marun e Cristiane Brasil, retratos de um país que já não se dá ao respeito e, se o Judiciário serviu para tirar Lula da parada, não se mostra capaz de fabricar o candidato procurado por FHC, que joga para o eleitorado o desafio de encontrar um nome capaz de unir o país.

 
“A pátria precisa tanto de líderes como de instituições. E principalmente de um eleitorado que leve ao poder quem tenha visão de país e de mundo”.
A descoberta acima foi feita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em seu artigo dominical publicado no Globo e no Estadão.
Até aí estamos de acordo, mas a pergunta que a maioria do eleitorado está se fazendo é: quem?
A apenas 250 dias de irmos às urnas, pela primeira vez desde a redemocratização estamos no breu absoluto, com o cenário eleitoral ainda absolutamente indefinido.
O país continua dividido ao meio após a segunda condenação e o provável impedimento pela Justiça de Lula, o pré-candidato que lidera todas as pesquisas, participar da disputa.
Seus adversários comemoraram a derrota do ex-presidente no TRF-4 ao verem o campo livre para eleger o sucessor de Temer, mas descobriram que estão sem um candidato competitivo, como fica claro no artigo de FHC.
Mais de um terço dos eleitores responderam aos pesquisadores do Datafolha que ainda não têm candidato ou não pretendem votar em ninguém.
Depois de afirmar que a eleição sem Lula “produz certo alvoroço para saber como se distribuirão seus votos”, o ex-presidente tucano constata o óbvio: “E assim será a cada nova pesquisa eleitoral que apareça. As eleições, entretanto, virão”. Não diga.
Os nomes até aqui testados pela direita governista _ Alckmin, Meirelles, Maia e Doria _ não conseguem passar de um dígito nas pesquisas, mesmo sem Lula na lista de candidatos.
É por isso que FHC voltou a falar tanto em Luciano Huck, que já havia desistido de concorrer, mas isso não pode ser levado a sério.
A Presidência da República não é um programa de auditório que distribui oferendas.
Não dá para inventar um candidato em tão curto espaço de tempo.
Quem for eleito vai herdar um país destroçado, tanto econômica como politicamente, a exigir medidas urgentes para evitar o caos social que já se desenha no horizonte com mais de 12 milhões de desempregados e o colapso nas áreas de saúde, educação e segurança pública.
A tal “ponte para o futuro” produziu em dois anos um retrocesso de décadas nas condições de vida da maioria da população e dos direitos dos trabalhadores.
O tal do ajuste fiscal só fez aumentar o rombo nas contas públicas confirmado no orçamento deste ano.
Até agora, nenhum pré-candidato ou partido foi capaz de apresentar programa mínimo de governo, muito menos um projeto de país.
Continuamos sendo um deserto de homens e de ideias, discutindo o varejo do poder, a distribuição de verbas e cargos.
Pontificam na cena pública tipos como Carlos Marun e Cristiane Brasil, retratos de um país que já não se dá ao respeito e, se o Judiciário serviu para tirar Lula da parada, não se mostra capaz de fabricar o candidato procurado por FHC, que joga para o eleitorado o desafio de encontrar um nome capaz de unir o país.
Este candidato simplesmente não existe até onde minha vista alcança. Bom domingo.
Vida que segue.
Ricardo Kotscho é editor do Balaio do Kotscho.

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Marco Wense
 

Essa decisão de enfrentamento da Justiça não é um bom caminho. Vai mexer mais ainda com o corporativismo do Judiciário e colocar toda magistratura de mãos dadas na defesa de seus pares e da instituição.

Começa a surgir nas hostes do PT um movimento contra o enfrentamento da Justiça e a radicalização com as decisões do Judiciário.
Um início de confronto entre moderados e radicais ou, se o leitor preferir, entre os menos radicais e os sectários, adeptos da desobediência civil.
Os que defendem a tese do “ou Lula ou o caos” acham que não existe outro caminho que não seja o do acirramento com a Justiça.
Com declarações como a de que não vai “respeitar as decisões da Justiça”, Lula termina sendo o principal avalista e incentivador dos intransigentes. Uma espécie de padrinho da insubordinação.
Para muitos, aí já se referindo ao grupo dos moderados, essa posição de insurgir contra a Justiça é suicídio político. Tem até os que são da opinião de que o petismo está cavando sua própria cova.
O jornalista Paulo Henrique Amorim, declaradamente simpático ao PT e a Lula, começa a entender – antes fazia parte da ala dos radicais – que “jogar todas as fichas na candidatura de Lula pode ser uma fria”.
Para Amorim, o PT entrou no jogo dos que querem o partido bem longe do Palácio do Planalto. Lula, segundo o blogueiro, teria seus direitos cassados e ficaria impedido de disputar o segundo turno. O segundo e o terceiro colocados disputariam o pleito. Cita até o sonho da Globo de ter Geraldo Alckmin versus Luciano Huck.
O PT precisa entender que ainda existem os recursos para os tribunais superiores – o STJ, TSE e, por último, para a instância máxima, o Supremo Tribunal Federal (STF).
Essa decisão de enfrentamento da Justiça não é um bom caminho. Vai mexer mais ainda com o corporativismo do Judiciário e colocar toda magistratura de mãos dadas na defesa de seus pares e da instituição.
O PT não é a lei. O exemplo mais recente das consequências que o radicalismo pode provocar foi o confisco do passaporte do ex-presidente. O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, considerou na sua decisão as “hostilidades” de Lula ao Judiciário.
Essas “hostilidades”, cada vez mais contundentes e, até certo ponto, irresponsáveis, vão terminar levando Luiz Inácio Lula da Silva à prisão e à inelegibilidade.
Portanto, que o PT, o petismo e Lula façam uma reflexão e comecem a discutir o plano B, sob pena dessa política de enfrentamento da Justiça terminar prejudicando o PT em todo o país.
O PT, volto a dizer, não é a lei. A palavra final é da Justiça. Do contrário, o caos, a desordem institucional e o enfraquecimento do estado democrático de direito.
Marco Wense é articulista político e editor d´O Busílis.

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José Nazal || nazalsoub@gmail.com
 

Em maio, findo o prazo de novas inscrições e transferências, teremos o número real e em 7 de outubro, após divulgação oficial do resultado, poderemos conferir se o índice de abstenção continuará alto. Poderemos realmente ver o interesse do ilheense na escolha dos nossos governantes.

 
Ilhéus está entre os municípios escolhidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), obrigados a ter no pleito eleitoral desse ano votação obrigatória com o novo sistema de reconhecimento biométrico. Avanço!
Desde o ano de 2015 teve início o recadastramento, obrigando os eleitores a comparecer perante a Justiça Eleitoral para proceder a troca de título. Fiz o meu recadastramento em 2016, com toda tranquilidade, sem fila e sem estresse. Há cinco dias do prazo final para o comparecimento temos visto, em todos os locais oficiais utilizados pelo Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE), imensas filas, que começam a ser formadas na noite anterior de cada dia.
Consultando o sítio do TSE, encontramos os dados com o perfil dos eleitores de Ilhéus, com o número de 137.977 eleitores cadastrados conforme tabela de faixa etária elaborada com base nos dados encontrados:

Nos últimos dias a mídia vem noticiando que apenas 70% dos eleitores atenderam ao apelo legal para recadastramento oficial. Contesto esse número, explicando minhas razões.
A média de abstenção dos últimos dez pleitos eleitorais é de 25%, sendo que nos três últimos aumentou para 26,4%, considerando o número de eleitores novos, cadastrados antes de cada pleito. Nessa conta, em torno de um quarto do número de eleitores, deve ser considerado os falecidos, os que tem mais de setenta anos e estão desobrigados a votar, conta que é fechada com os que realmente se abstiveram, cada um com sua razão. O número de eleitores com mais de 70 anos é conhecido: 13.569; o número de mortos e dos obrigados que se abstiveram é impossível de calcular. O fato é que, normalmente, entre 95 e 100 mil eleitores comparecem para o escrutínio.

Desta, considerando os dados acima apresentados, minha opinião é que o número real de eleitores está em torno de 115 mil cadastrados. Vale ressaltar que é considerável o número de eleitores de Castelo Novo, Rio do Braço, Banco do Pedro, Banco Central, Pimenteiras e Inema, que são eleitores dos municípios de Uruçuca, Itajuípe e Coaraci. Muitos de Salobrinho também votam em Itabuna.
A informação obtida hoje junto ao TRE é que se aproxima de cem mil eleitores cadastrados, igual número do comparecimento do pleito de 2016. Em maio, findo o prazo de novas inscrições e transferências, teremos o número real e em 7 de outubro, após divulgação oficial do resultado, poderemos conferir se o índice de abstenção continuará alto. Poderemos realmente ver o interesse do ilheense na escolha dos nossos governantes.
José Nazal é vice-prefeito de Ilhéus, fotógrafo e memorialista.

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Daniel Thame | danielthame@gmail.com
 

A notícia, muitas vezes exclusiva, muitas e muitas vezes corajosa, algumas vezes beirando a irresponsabilidade, era o combustível que alimentava o jornalista Manoel Leal.

 
Há exatos  20 anos, no início da noite de 14 de janeiro de 1998, seis tiros calaram Manoel Leal.
Ainda que assassinos e mandantes continuem protegidos pela impunidade, não se vai aqui repetir o que se escreveu ao longo dos anos, até por ser desnecessário, tanto o que já se falou sobre o crime.
O que vai se fazer aqui é uma homenagem.
Manoel Leal de Oliveira. O maior jornalista que já surgiu nesse chão grapiúna.
Manoel Leal de Oliveira, o cordeiro que às vezes brincava de ser lobo.
Manoel Leal, o que assumia os defeitos e não espalhava as virtudes que tinha.
Manoel Leal.
Nunca, em tempo algum, uma ausência se fez tão presente.
Desconheço, ao longo dos anos, uma conversa de bar que não tivesse convergido para seu nome. Que não remetesse a alguma história protagonizada ou inventada por ele.
Manoel Leal das malhas impagáveis, como a do soco que Carlito do Sarinha deu em Hamilton Gomes, quando na verdade Hamilton foi quem bateu em Carlito. “No meu jornal, amigo meu não apanha, só bate”.
Dos trocadilhos impagáveis com o amigo Hermenegildo, a quem dizia ser muito ágil, numa referência nada sutil à palavra ágio. Amigos, tanto que nas horas de aperto, lá estava Leal batendo às portas do ágil Hermenegildo. E sem pagar ágio.
Da piada infame que contava centenas de vezes, e só ele achando graça, na presença de Roberto Abijaude:
-Vocês árabes são muito unidos…
E completava:
-Também, vieram para o Brasil amarrados no porão do navio.
Da maldade com uma amiga paulista que fez comer o bago de jaca, até então uma fruta desconhecida para a mulher.
Do fogão novo enviado “por engano” para a casa do amigo Flávio Monteiro Lopes, apenas para que a esposa pensasse que ele tinha outra.
Das flores enviadas semanalmente para Nilson Franco, em nome de uma mulher misteriosa.

Leal foi morto a tiros quando chegava em casa, próximo ao Batalhão da PM e ao Complexo Policial.

Manoel Leal que pegava a máquina fotográfica e ficava na porta da Cesta do Povo fotografando as dondocas que escondiam o rosto com suas bolsas de grife. Isso num tempo (e bota tempo nisso!) em que Cesta do Povo era coisa de pobre.
De uma generosidade que não cabia no coração cambaleante.
E vamos ao que interessa, de um talento para fazer jornal, do qual não apenas fui infinitas vezes testemunha como também coautor, que é possível dizer sem correr o risco de cair no ridículo que nunca haverá alguém como Manoel Leal.
Esse faro para a notícia aliado a um destemor apavorante fez de A Região um jornal que não era apenas um veículo de comunicação.
A Região era aguardado nas bancas. Algumas de suas edições se esgotavam logo no domingo, menos de 24 horas após o jornal começar a circular.
E não eram apenas as Malhas Finas e Malhas Grossas, capazes de arrasar reputações ou garantir gozações ao longo de uma semana.
A notícia, muitas vezes exclusiva, muitas e muitas vezes corajosa, algumas vezes beirando a irresponsabilidade, era o combustível que alimentava o jornalista Manuel Leal.
Tráfico de Crianças, Importação de Cacau, Esquema dos “Cabritos” envolvendo autoridades, Fraude no Vestibular da Uesc, Liberação dos recursos do cacau para o então governador Paulo Souto sem as garantias necessárias. E mais uma infinidade de notícias que A Região deu porque só Leal sabia ou porque só Leal tinha coragem de publicar.
Manoel Leal era um garimpeiro de notícias. Isso é raro.
Numa noite de 1996, véspera da eleição municipal. A Justiça determina a apreensão da edição do jornal.
Ordem cumprida com um batalhão de PMs armados até os dentes na porta da gráfica. Leal calmo.
Quando a polícia sai, pergunto:
-Você entregou o jornal assim, sem mais nem menos?
A resposta, seca, irônica.
-Menino, você não notou nada? Eles levaram mil jornais. O resto está aí no fundo.
Daniel Thame é jornalista e editor do Blog do Thame.
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Walmir Rosário | www.ciadanoticia.com.br
 

Feitas as consultas aos conhecedores da história e estórias de Canavieiras, Antônio Amorim Tolentino, Beto Pescoço de Galinha e Raimundo Tedesco, todos me afiançaram não ter registro de acontecimento igual. Só não deu tempo consultar o historiador Durval Filho, pelo adiantado da hora, pôr-do-sol de sexta-feira…

Castigo divino! Foi o sentimento e o desabafo de muita gente na noite desta fatídica quinta-feira, 11 de janeiro de 2018, na praça Coronel Armindo Castro, conhecida como a praça da Capelinha e palco anual da Festa de São Sebastião. Também não era pra menos! Pela primeira vez nesses mais de 150 anos, o Mastro de São Sebastião não erguido pelos “levadores”, responsáveis pelo transporte – nos ombros – do cais do porto até a praça, onde é erguido.
De minha parte vou logo avisando que não vi com esses olhos que a terra um dia há de comer, mas soube do acontecido por pessoas dos variados tipos, a grande maioria tida e havida como idôneas. E o fato era só um: Os levadores do pau de Bastião, homens fortes e experimentados no ofício, não conseguiram erguer o mastro, como fazem com toda a habilidade, por anos a fio.
Que eu lembre, só uma vez, acredito que em 2014, o pau de Bastião – como é carinhosamente chamado – quase não sobe. Mas não foi por falta de força e jeito como o de agora, mas por motivos políticos, perfeitamente sanados pelo organizador dos festejos, Trajano Barbosa, homem sério e respeitado por todos, que estão nesse ofício por mais de 60 anos e que ainda deve continuar per saecula saeculorum.
Confesso que a levada do Mastro de São Sebastião tinha tudo para ser um sucesso absoluto. O pau foi retirado e deixado na calçada da avenida General Pederneiras, junto ao cais do porto, conforme manda a tradição, sem tirar nem por. Também estavam presentes os nativos e turistas, por fim as autoridades, prontas para abrir o cortejo. E que cortejo: com a presença de gente ilustre, deputada estadual, vereadores, presidente da câmara, prefeito e tudo mais.
Na minha humilde visão, achei que iria bombar! Tinha ares de festa ecumênica, com a participação de protestantes. Uma glória! Afinal, a levada do pau de Bastião é uma festa democrática, que conta com os eventos profanos e religiosos, daí a importância da participação de todos os credos, inclusive os que não creem, sejam eles nomeados de ateus ou agnósticos. Inclusive anotei a presença de alguns deles.
Mas, a pergunta que não quer calar é: Por que o pau de Bastião não subiu? Castigo divino ou não, o certo é que, por mais força que fizessem não conseguiam fazer com que o mastro fosse colocado no buraco permanecer altivo e garboso até o dia 20 de janeiro, data em que é homenageado o Santo. Alguns mais afoitos chegavam a afirmar que teria sido uma vingança de Trajano Barbosa por ter sido criticado por ter escolhido um pau torto e pequeno, não condizente com as pompas da festa. Então teria indicado a derruba do dito eucalipto, grosso, alto e viçoso, bem verde e pesado.
Entre as duas questões levantadas, me inclinei mais pelo castigo divino, haja vista a bela história da devoção a São Sebastião nas terras canavieirenses. Tudo começou com uma promessa para livrar a família acometida pela lepra. Milagre feito, promessa paga com o corte e o erguimento do mastro, tradição que vem sendo perpetuada por esse sesquicentenário.
Como disse acima, eu não era testemunha ocular do fato, já que não fiz o percurso integral do cortejo, e do Bar do Erpídio, no porto, me arranchei com amigos no Bar do Renato, na rua 13, onde apreciei a passagem do pau de Bastião. Daí que, sabedor do fato, tratei de consultar livros históricos e o jornal Tabu, não encontrando fato igual que merecesse o registro, a não ser uma briga de facções políticas, em tempos pretéritos.
Feitas as consultas aos conhecedores da história e estórias de Canavieiras, Antônio Amorim Tolentino, Beto Pescoço de Galinha e Raimundo Tedesco, todos me afiançaram não ter registro de acontecimento igual. Só não deu tempo consultar o historiador Durval Filho, pelo adiantado da hora, pôr-do-sol de sexta-feira, já em seus compromissos religiosos, mas, também não encontrando nada nos seus trabalhos na internet.
Ainda com base na história e estórias, contam os mais antigos que, caso o pau de Bastião não seja erguido, a cidade e seus organizadores sofreriam punições severas. Entre os castigos estariam o insucesso na agricultura, com falta de chuvas e pragas biológicas, além de outros não revelados. Para se ver livre das punições divinas, a prefeitura tratou de contratar um caminhão guincho para erguer o pau de Bastião.
Enquanto isso não ocorria, os gaiatos faziam correr nas sete freguesias relatos de que o pau de Bastião estaria se filiando ao famoso Clube dos Rolas Cansadas, coisa de alguns velhos que não têm o que fazer. Desocupados, usam essa tal de agremiação para beber e contar lorotas como essa, a pretexto de buscar a proteção do lendário Santo. Te esconjuro, Satanás! Olha a maldição!
Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.