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raimundo santanaRaimundo Santana | jrssantana13@gmail.com

 

A influência desses profissionais aumentou na instituição, passando por um processo de loteamento dos setores lucrativos da Santa Casa de Itabuna, onde os parceiros também são médicos. O referido modelo de gestão sofre críticas severas de toda a sociedade, principalmente pelos resultados que produziu.

 

 

Já faz algum tempo que a Confederação Nacional das Santas Casas recomendou que as instituições, em nível nacional, inserissem nos seus estatutos cláusula impeditiva para que médicos fossem provedores das instituições. Tal orientação se deve a experiências malsucedidas de médicos/provedores que não conseguem compreender as Santas Casas no todo, e sim os seus próprios interesses.

Pois bem! Há algum tempo, a Santa Casa de Itabuna rompeu com esta orientação, excluindo tal cláusula impeditiva, para eleger um médico provedor.

Desde então, a influência desses profissionais aumentou na instituição, passando por um processo de loteamento dos setores lucrativos da Santa Casa de Itabuna, onde os parceiros também são médicos. É importante que se diga que o referido modelo de gestão sofre críticas severas de toda a sociedade, principalmente pelos resultados que produziu.

Estes mesmos parceiros hoje ocupam cargos de decisão politica e gestão econômica da instituição, em uma confusão administrativa em que, às vezes, fica difícil se definir quando agem defendendo os interesses da Santa Casa, ou os interesses de suas empresas “parceiras”.

Esse fato tem criado dificuldades na condução da negociação coletiva, pois a estrutura administrativa da Santa Casa só consegue enxergar os interesses dos médicos, levando o atual provedor a fazer pouco caso do processo de negociação coletiva, na data base da categoria, impondo aos trabalhadores um processo de mobilização e enfrentamento a essa situação.

Raimundo Santana é dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Itabuna e Região (Sintesi).

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marco wense1Marco Wense

 

Geddel não é um José Dirceu, hoje o maior herói do PT, mesmo que nenhuma liderança do partido, incluindo aí o próprio Lula, queira tirar uma foto ao seu lado.

 

Saiu na imprensa que o ex-ministro Geddel Vieira Lima, comandante-mor do peemedebismo da Bahia, caminha a passos largos para uma delação na Lava Jato.

O depoimento de Geddel cria grandes expectativas em decorrência de ter ocupado importantes cargos nos governos Lula, Dilma e Temer.

A cúpula palaciana não acredita na hipótese de uma delação que possa piorar a situação do ainda presidente Michel Temer.

O problema é que delação que não envolve Lula e, agora, Temer, não é uma boa delação. O anzol da Lava Jato gosta de fisgar peixes graúdos, principalmente no campo político. São eles que dão manchetes nos grandes jornais.

É bom lembrar que Geddel não é um José Dirceu, hoje o maior herói do PT, mesmo que nenhuma liderança do partido, incluindo aí o próprio Lula, queira tirar uma foto ao seu lado.

CONTINUA O MESMO
tucano

Os petistas andam dizendo, em tom de deboche com ingredientes provocativos, que o PSDB é o partido mais democrático do Brasil.

A provocação é mais acentuada no tucanato baiano, que está dividido entre o “Fica Temer”, “Fora Temer” e o “em cima do muro”.

Na frente do “Fica Temer”, garantindo o seu emprego, o deputado licenciado Antônio Imbassahy, ministro da Secretaria de Governo.

Protagonizando o “Fora Temer”, o também parlamentar João Gualberto, cotado para ser o candidato da legenda ao Palácio de Ondina em caso de desistência de ACM Neto (DEM).

E, por último, seguindo o que é de verdade o PSDB, a marca da agremiação, o outro federal Jutahy Magalhães sendo porta-voz do “em cima do muro”.

O PSDB continua o mesmo. Sempre na incerteza e cada vez mais sem identidade.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia e editor d´O Busílis.

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sorrisodabahia foto malutaCarlos Malluta | cmalluta@consultoria.net

 

Nada de amarelo. O que urge é preservar o sorriso branco, refrescante e de hálito puro que sempre encantou seus visitantes. Para o bem de todos e felicidade geral da nação, em especial a nação baiana.

 

O receptivo slogan todo mundo conhece. O que ninguém sabia – e poucos podiam imaginar – é que o sorriso pudesse virar sorriso amarelo. Mas virou (foto), graças à Sorriso da Bahia, empresa de ônibus que venceu recente licitação para transporte de passageiros em Itabuna, estratégica cidade prestadora de serviços do sul do estado.

E deve estar aí – na prestação de serviços – a explicação para o “amarelamento” do sorriso até então reconhecido no mundo todo como simpático e acolhedor: a qualidade do serviço prestado pelas empresas de ônibus – Sorriso da Bahia e São Miguel – ao passageiro itabunense.

Um serviço que peca principalmente pelo reduzido número de veículos circulando na cidade de mais de 220 mil habitantes, capaz de amarelar o tradicional sorriso do baiano por dois motivos: superlotação dos coletivos e uma longa espera entre um ônibus e outro, esta agravada ao extremo quando se trata de sábado, domingo e feriado.

É hora de toda a Bahia se unir pelo resgate do sorriso que encantou o Brasil e o mundo. As cidades – a começar pelas turísticas Salvador, Porto Seguro e a vizinha Ilhéus – devem fazer gestões junto ao Governo do Estado e à Bahiatursa para que intervenham, evitando que o sorriso amarelo, aquele forçado e sem graça, prolifere a partir de Itabuna para toda a Bahia.

Nada de amarelo. O que urge é preservar o sorriso branco, refrescante e de hálito puro que sempre encantou seus visitantes. Para o bem de todos e felicidade geral da nação, em especial a nação baiana.

Carlos Malluta é consultor de comunicação.

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valéria ettigerValéria Ettinger | lelamettinger@gmail.com

 

Assim, se você quer presentear a pessoa que considera como mãe ou dizer-lhe o quanto a ama, faça quando o seu coração mandar e não apenas no dia que alguém, muito espertamente, criou para ganhar dinheiro.

 

Poderia hoje falar do trivial, do corriqueiro e dos clichês que norteiam o Dia das Mães.

Poderia falar da mãe maravilhosa que tenho e me ensinou muitas coisas. E uma coisa muito boa que ela me apresentou foi a existência das diferenças na vida.

Poderia falar da minha relação com meu amado filho, que me impulsiona para a vida todos os dias e com toda canseira do mundo me faz sentir o quanto sou amada.

Mas, como sou um ser político, quis mudar o discurso e tentar entender para que serve o Dia das Mães e para quem ele serve.

Nos últimos tempos, tenho me questionado muito sobre esses dias festivos e, ao me deparar com tantas diferenças e tanta complexidade social que vivemos, tenho feito a seguinte pergunta: Para que generalizarmos os dias e ou especificarmos se existem tantas mães que nem sequer podem ser mães ou tem o prazer de vivenciar esse dia?

Para que festa do Dia das Mães nas escolas, se as relações familiares, hoje, são tão complexas que nem o Direito consegue mais definir o que é família?

Quantas mães no Dia das Mães estão trabalhando para outras mães e nem sequer podem estar com seus filhos?

Quantas mães abandonam seus filhos à própria sorte, porque precisam sair para trabalhar cedo e quando elas voltam eles já estão dormindo, ou foram mortos, presos e ou estão nas sarjetas da vida?

Quantas mães perdem seus empregos por se tornarem mães?

Quantas mães sofrem violências na frente dos seus filhos e muitas delas morrem deixando-os órfãos neste mundo tão individual?

Quantas mães não recebem presentes porque elas são os chefes da família e o dinheiro que têm é apenas suficiente para alimentar os seus filhos?

Será que esses questionamentos são necessários? Nos últimos meses tenho ouvido dizer tantas coisas fantasiosas das mães mulheres que me pergunto para que serve o Dia das Mães.

Serve para um consumismo desenfreado? Para fazer com que as famílias consigam se perceber em um dia do ano porque nos demais não se enxergam e nem se escutam?

Serve para aprofundar mais o fosso social que vivemos porque muitas crianças não conseguem ter suas mães por perto e nem as mães conseguem ser mães, porque a elas não é dado esse direito, pelo contrário querem piorar a sua condição?

Quem de fato são as mães dos filhos das mães que dão entre três a quatro jornadas de trabalho e não são reconhecidas enquanto mães mulheres? E muitas ainda ouvem o seguinte som: Você não faz nada…

E os homens que são pães e não são reconhecidos como tais, porque o gênero é quem define os papéis e não o afeto, que é a condição maior para o equilíbrio do ser humano?

Penso que precisamos valorizar mais as pessoas enquanto regentes da vida humana, sejam elas em que condições estejam. E não apenas lembrarmos de sua existência como um meio de beneficiar terceiros ou para cumprirmos uma agenda de satisfação social.

Assim, se você quer presentear a pessoa que considera como mãe ou dizer-lhe o quanto a ama, faça quando o seu coração mandar e não apenas no dia que alguém, muito espertamente, criou para ganhar dinheiro.
Inclusive, como fizeram aqui no Brasil, parafraseando o nome de quem já morreu…

Valéria Ettinger é mulher e mãe.

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dt-chargeDaniel Thame

 

Na Sul-Americana, o Fluminense suou sangue para passar pelo Liverpool, não o inglês, mas o genérico uruguaio, o Cruzeiro caiu diante de um timeco paraguaio e pior ainda fez o outrora glorioso São Paulo, eliminado em pleno Morumbi pelo Defensa y Justicia (quem?)…

 

Começa neste final de semana o Campeonato Brasileiro de 2017, que os exagerados chamam de Brasileirão e os mais exagerados ainda chamam de maior campeonato de clubes do mundo.

A menos que os campeonatos da Inglaterra, Espanha, Alemanha e até da Itália sejam disputados em outro mundo e a Champions League em outra galáxia, a megalomania é digna de certos juízes que mourejam nessa republiqueta bananeira.

O Campeonato Brasileiro (não chega a ser um brasileirinho, façamos a concessão) pode ser um dos mais equilibrados do planeta, mas isso não tem nada a ver com o poderia técnico dos clubes que o disputam.

Ao contrário, o equilíbrio se dá justamente porque temos até bons times como o Palmeiras, o Flamengo, o Santos, o Atlético Mineiro; times equilibrados como Cruzeiro, Corinthians, Fluminense, Grêmio e Atlético Paranaense;  mas não temos nenhum super time, desses que despontam como favoritos.

Nenhum time em que o torcedor saiba a escalação de cor.

Nenhum fora de série, a menos que se entenda Guerrero, Lucas Limas, Robinho, Fred, Diego, Guerra, Cueva como foras de série.

O desempenho dos times  brasileiros na Libertadores, em que a classificação de quase todos para próxima fase virá mais pela mediocridade dos adversários do que pela qualidade demonstrada até aqui, é um sinalizador de a quantas anda (ou não anda) o futebol brasileiro. O “poderoso”  Palmeiras andou perdendo até para times marca bufa da Bolívia e o Grêmio para times igualmente marca bufa do Chile.

Na Sul-Americana, o Fluminense suou sangue para passar pelo Liverpool, não o inglês, mas o genérico uruguaio, o Cruzeiro caiu diante de um timeco paraguaio e pior ainda fez o outrora glorioso São Paulo, eliminado em pleno Morumbi pelo Defensa y Justicia (quem?), time molambento que estava fazendo sua primeira partida internacional fora da Argentina.

O fato é que nossos times só conseguem contar com veteranos que já não têm mercado na Europa ou na China, uruguaios, argentinos, paraguaios, chilenos, peruanos e venezuelanos por quem europeus e chineses não se interessam e promessas que não passam disso, promessas.

Esse bolodório todo significa que o Campeonato Brasileiro será um retumbante fiasco?

Não necessariamente.

O tal equilíbrio entre os times, lampejos de craque de alguns jogadores acima citados e a paixão do torcedor pelo seu time (seja ele formado por gênios da bola ou notórios pernas de pau) pode garantir um campeonato que ainda que não seja um primor de técnica, nem por isso será menos emocionantes, numa luta ferrenha pelo título na parte de cima e contra o rebaixamento na parte de baixo da tabela.
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É GOL – Real Madri e Juventus farão a final da Champions League.  Justo, justíssimo. Um ataque avassalador contra uma defesa quase intransponível. Cristiano Ronaldo x Buffon. Imperdível.
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É PÊNALTI – O juiz vibrou mesmo com o gol do Flamengo na decisão do Carioca? Tempos estranhos, tempos estranhos no mundo da bola. Só da bola?

Daniel Thame é jornalista e editor do Blog do Thame.

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helenilsonHelenilson Chaves 

 

Desde que a vassoura-de-bruxa chegou ao sul da Bahia, de forma intencional ou por absoluta negligência dos órgãos de vigilância fitossanitária, a outrora pujante civilização cacaueira vem definhando, mergulhada numa crise que parece não ter fim.

 

 

Treblinka, o terrível campo de concentração na gelada  Polônia em que milhares e milhares de judeus foram brutalmente assassinados pelo terror nazista durante a 2ª. Guerra Mundial, é um dos símbolos trágicos da história recente da humanidade.

Guardadas as devidas proporções e com o necessário respeito à memória dos que pereceram e de seus familiares que sobreviveram com as marcas da dor irreparável, temos no sul da Bahia uma espécie de Treblinka ao céu azul, em que milhares de pessoas foram condenadas, senão à morte brutal, a um definhamento lento e progressivo, que se arrasta há quase três décadas.

Não é propriamente um campo de concentração, longe disso, mas criou-se uma espécie de gueto formado por mais de 100 cidades e com uma população superior a um milhão de pessoas, vítimas de uma  insensibilidade que supera todos os limites do tolerável.

Desde que a vassoura-de-bruxa chegou ao sul da Bahia, de forma intencional ou por absoluta negligência dos órgãos de vigilância fitossanitária, a outrora pujante civilização cacaueira vem definhando, mergulhada numa crise que parece não ter fim.

Uma região que gerava 1 bilhão e 600 milhões de dólares, viu esse valor minguar para 240 milhões de dólares em duas décadas e a produção de cacau, seu principal produto, cair em 80%. O impacto dessa catástrofe atingiu a todos, ricos e pobres, gerou desemprego em massa, fechamento de empresas e uma crise social que pode ser sentida nas pequenas, médias e grandes cidades.

Quando precisou agir, o governo agiu mal e errado. Um plano de recuperação da lavoura completamente equivocado, que fez a produção cair em vez de aumentar, e elevou as dívidas dos produtores à estratosfera. O remédio que era para salvar levou a região à UTI, onde ela definha até hoje, porque em outro gesto de insensibilidade, o governo passou a cobrar por dívidas impagáveis, através dos bancos oficiais, pelas quais os produtores não eram responsáveis.

A falta de lideranças políticas com poder de reivindicação e capacidade de mobilização só fez agravar esse quadro. Governo após governo, a região continuou relegada ao abandono, apesar de em épocas passadas ter contribuído de forma substancial com a economia baiana e brasileiro.

Planos efetivos de renegociação das dívidas dos produtores em condições reais de quitação dos débitos (mesmo quando o caso é de perdão das dívidas) e da liberação de recursos para a retomada da produção de cacau, que a despeito da necessidade de diversificação continua e continuará sendo nosso principal produto, nunca saíram do campo da promessa.

Não é possível esperar mais. É preciso que as autoridades adotem medidas efetivas para a recuperação da lavoura cacaueira e a consequente retomada do desenvolvimento regional.

Caso isso não ocorra – e ocorra já – nossa região estará condenada ao extermínio econômico, com todas as consequências nefastas que isso representa para toda a sua gente.

Helenílson Chaves é diretor do Grupo Chaves.

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Manuela BerbertManuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

A fala dos governantes é uma só: “Não há mais dinheiro para investir!” Como não, companheiros?! Todos os dias, são atiçados aos nossos olhos números exorbitantes de uma roubalheira descarada e sem fim. O pobre, que está adoecendo nas filas de espera por tratamentos e remédios, sequer sabe balbuciar tais valores.

Primeiramente, este é um texto apartidário! Diante do mar de lama em que a maioria dos partidos está imerso, fica um tanto complicado defender lados, e sim causas. E, claro, analisar as consequências de muitas delas no nosso dia a dia! É triste? É! É desestimulante? É! Mas é a nossa realidade, e é preciso encará-la de frente!

Começo falando de roubos e de propina, inversamente proporcional à miserabilidade que grande parte da população brasileira é exposta. Um país onde a gente acompanha os índices de descaso na saúde pública por causa do subfinanciamento do SUS, mas ao mesmo tempo vê, na mídia, o MEGA financiamento de campanhas eleitorais não pode dar muito certo, não é mesmo? A defasada tabela do SUS aponta para a ruína de um sistema que já está deficitário há muito tempo, pagando um valor cada vez menor pelos serviços prestados à população, forçando inúmeras instituições a fecharem as portas.

A fala dos governantes é uma só: “Não há mais dinheiro para investir!” Como não, companheiros?! Todos os dias, são atiçados aos nossos olhos números exorbitantes de uma roubalheira descarada e sem fim. O pobre, que está adoecendo nas filas de espera por tratamentos e remédios, sequer sabe balbuciar tais valores. Basta um pouquinho de bom senso para entender que a riqueza do nosso país é usurpada de quem tem direitos (e dos direitos) e concentrada no bolso de uma minoria mesquinha e inconsequente.

A consequência de um país sem condições básicas é uma classe imensa revoltada e sem perspectiva, convivendo com um índice de violência exorbitante, se matando por causa de drogas, de objetos nitidamente simples, de uma quantia inexpressiva de dinheiro. Uma verdadeira barbárie coletiva, que a gente troca de canal e deixa de olhar os sites e blogs “sensacionalistas” simplesmente para não ver e não acompanhar, como se fosse possível. Não tem sido, e se assim continuar, será cada vez pior!

Manuela Berbert é publicitária e colunista do Diário Bahia.

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marcowenseMarco Wense, d´O Busílis

 

Pobre país que tem um presidente da República sendo encurralado por um Eduardo Cunha da vida.

Já disse aqui que Eduardo Cunha não pretende ser um José Dirceu e se transformar em “herói” do PMDB como o petista é para o PT.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, um dos protagonistas do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, já mandou vários recados ameaçando uma delação premiada.

A última advertência foi em forma de anedota contada aos agentes penitenciários do Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

“Era uma vez cinco irmãos. Um virou presidente, três viraram ministros e um foi preso”, disse Cunha.

O que virou presidente é Michel Temer, o preso é o próprio Eduardo Cunha e os ministros são Eliseu Padilha, Moreira Franco e Romero Jucá.

Pois é. A próxima bravata, na iminência de acontecer, pode ser através de uma musiquinha, quem sabe até em ritmo de São João.

Pobre país que tem um presidente da República sendo encurralado por um Eduardo Cunha da vida.

Marco Wense é editor do site O Busílis.

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wenceslau pré-candidaturaWenceslau Júnior | wenceslau.uesc@gmail.com

 

Para aposentar-se integralmente, caso seja aprovada a proposta de contribuição efetiva de 49 anos, o trabalhador teria que iniciar sua atividade laboral aos 16 anos e trabalhar durante 49 anos, de forma ininterrupta, contribuindo, efetivamente, durante esse período para adquirir o direito à aposentadoria integral.

 

O acúmulo histórico de direitos e garantias individuais, coletivas e sociais remonta para um processo de luta contra os poderes ilimitados e opressores do poderoso leviatã. Inegavelmente o maior precursor dos direitos humanos foi a Revolução Francesa.

Déclaration des droits de l’homme et du citoyen, votada pela Assembléia Nacional francesa em 1789, na qual se proclamava a liberdade e a igualdade nos direitos de todos os homens, reivindicavam-se os seus direitos naturais e imprescritíveis (a liberdade, a propriedade, a segurança, a resistência à opressão).”

Além da Carta Constitucional de 1789, outras duas declarações foram proclamadas. Uma em 1793 e outra em 1795. A primeira, voltada para os direitos sociais e a fraternidade. A segunda, buscando estabelecer também os deveres de cidadania.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos aponta, entre outros direitos, a segurança social, a dignidade da pessoa humana e o amparo social aos vulneráveis.

“Artigo 22. Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.”

A Constituição Brasileira de 1988 acolheu tais princípios estabelecendo regime geral, caráter contributivo e filiação obrigatória. Buscando o equilíbrio financeiro e atuarial. O Constituinte foi mais adiante elencando os eventos protegidos pela previdência, a exemplo do acidente, da maternidade, do desemprego involuntário, da invalidez, da morte e da velhice.

O estado brasileiro vive uma crise sem precedentes: um presidente ilegítimo implementando um programa de governo que foi derrotado nas urnas. Michel Temer foi eleito vice-presidente da chapa de Dilma. Portanto, está vinculado ao conteúdo programático apresentado pela chapa e não à receita neoliberal que implementa com tanta ferocidade, como se tivesse sido legitimado pelas urnas para fazê-lo.

A PEC que congelou os investimentos públicos nas áreas sociais por 20 anos, limitando-SE à reposição da inflação do ano anterior, atende ao esforço de assegurar a todo custo o superávit primário para pagar juros de uma das dívidas públicas mais caras do mundo.

A aprovação da terceirização generalizada, sem critérios e limites, na prática acaba com os direitos trabalhistas (férias e décimo terceiro, entre outros) ferindo de morte a razão de ser da legislação trabalhista, que é assegurar o mínimo de proteção ao trabalhador contra a exploração capitalista.

Para completar o pacote de maldades, Temer quer inviabilizar a seguridade social, criando critérios que, na prática, impedem os trabalhadores de se aposentar, pois exigir 49 anos de contribuição efetiva, com idade mínima de 65 anos, independente do sexo ou da condição de trabalho a que estão expostos os trabalhadores, é de uma crueldade sem limites.

A reforma proposta é, acima de tudo, machista, pois não reconhece as diferenças de gênero, a dupla jornada de trabalho feminino. A mulher, diga-se de passagem, recebe salário menor desempenhando função similar à do homem.

Tratar os trabalhadores urbanos e rurais de forma igual, sem reconhecer que o homem do campo trabalha duro, sob chuva e sol, geralmente pegando pesado, o que provoca um desgaste físico maior para os trabalhadores e trabalhadoras rurais, que põem o alimento do brasileiro na mesa e geralmente recebem um salário mínimo quando assalariados, é algo absurdo.Leia Mais

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walmirWalmir Rosário | wallaw1111@gmail.com

 

Acordos eram feitos dentro e fora dos recintos parlamentares, principalmente na calada da noite nos badalados restaurantes. Local melhor para conspirar, trair e até mesmo acordar não existiam e tudo era percebido no plenário.

É um sufoco diário para produtores e editores dos veículos de comunicação do Brasil. Têm que se virar nos 30, como diz Faustão, para conseguir fazer um programa redondinho. E o motivo não é outro, senão a política (e os políticos), que simplesmente mudaram de editoria: ao invés da tradicional e prestigiosa editoria de política, elas passaram a engordar a editoria de polícia, que nunca teve esses prestígios todos, a não ser em determinados horários ou meios de comunicação especializados.

E olha que os coitados dos jornalistas, radialistas e blogueiros até que tentam emplacar as notícias vindas de Brasília – sobretudo – na tradicional editoria de política, mas é muito difícil conseguir, e muitas vezes não encontram outro recurso que não seja a apelação. Como costumo dizer, não se deve brigar com a notícia, mas nem sempre essa máxima é seguida à risca e o público termina por não acreditar no que está vendo, lendo ou ouvindo. Ao invés de política, polícia no programa inteiro.

A depender o horário, aí é que o programa vai pro brejo. A escalada feita com todo o esmero para dar ênfase às chamadas e conseguir uma boa audiência é toda trocada no decorrer do programa, nos casos de emissoras de rádio e televisão. Já os impressos e blogs, passam o tempo esperando que a grande imprensa e agências de notícias transmitam os debates do Congresso Nacional, acerca de temas relevantes para as áreas econômica, saúde, educação e cidadania. Mas é tudo em vão.

Como sempre acontece de uns tempos pra cá, oposição e situação não costumam travar os fenomenais debates com políticos importantes e que faziam vibrar a nação com seus discursos. Os grandes tribunos do naipe de Ruy Barbosa, Tarcilo Vieira de Melo, Aliomar Baleeiro, Carlos Lacerda, ou raposas políticas, a exemplo de Tancredo Neves e Ulisses Guimarães, desapareceram e deram lugar à política de bastidores. Se antes se privilegiava o debate sobre os temas, à vista de todos, hoje a população costuma “comer o prato feito” preparado nos recônditos das cozinhas palacianas.

Não quero aqui afirmar que na política de antes corredores, gabinetes, salas, restaurantes e cafezinhos do Congresso Nacional não fossem testemunhas de olhos e ouvidos – de mercador – do que e sobre o que se conversava nesses locais. Acordos eram feitos dentro e fora dos recintos parlamentares, principalmente na calada da noite nos badalados restaurantes. Local melhor para conspirar, trair e até mesmo acordar não existiam e tudo era percebido no plenário.

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E até mesmo o Jornal Nacional, que evitava a notícia policial como “satanás corre da cruz”, adotou e proporciona espaços generosos, prometendo, ainda, mais desdobramentos para o dia seguinte.

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Uma das grandes diferenças era, àquela época, a presença das convicções, tempos ainda marcados pela ideologia política, comportamento tão escasso no Brasil de hoje, e prova melhor não há do que uma simples e perfunctória análise da mudança de partidos de nossos parlamentares. Transitam da esquerda à direita sem a menor cerimônia, sequer fazem um simples estágio no centro nessa temida e nefasta trajetória. E aí está o xis do problema: Hoje, em Brasília, até a raiva é combinada.

E os pensamentos são mudados, as consciências são compradas por qualquer dois mil réis. Aliás, essa antiga expressão não tem a menor chance de sobreviver em Brasília, onde as conversas começam com milhões, distribuídos generosamente pela nossas gentis empreiteiras, de forma das mais generosas. São todos bonzinhos e inteligentes ao interpretar a oração de São Francisco de Assis, principalmente naquela parte do é dando que se recebe. No popular, um caminho de duas vias: eu contribuo e você me devolve a gentileza com pequenas ações e atos no parlamento.

Mas ao fim e ao cabo, não conseguiram antever a recusa de cumplicidade dos Procuradores da República, Juízes Federais e da Polícia Federal. A partir daí, a atividade desenvolvida pelos políticos passou a ser publicada nas editorias de polícia. Ao invés de apresentações projetos de lei, operações da polícia federal; apreciações de projetos foram substituídas pela denúncia dos procuradores; e o espaço dado às ações parlamentares no dia a dia trocadas pelas prisões em casas, ao amanhecer do dia, embora todos se declarem inocentes.

Os jornais e revistas – inclusive os eletrônicos – que reservavam mais espaços para a vida em sociedade, o cotidiano, a economia, a cultura, passaram a dar manchetes sensacionalistas das atividades criminosas dos parlamentares. E até mesmo o Jornal Nacional, que evitava a notícia policial como “satanás corre da cruz”, adotou e proporciona espaços generosos, prometendo, ainda, mais desdobramentos para o dia seguinte.

É de matar de inveja antigos jornais como Notícias Populares, A Luta Democrática e o Jornal O Dia (em seu antigo formato) adjetivados como do tipo “se espremer, sai sangue”. Hoje, esses modelos são copiado largamente pelos blogs, que expõem imagens cruéis de pessoas mortas e esquartejadas, sejam pelas chacinas ou em acidentes automobilísticos. Quanto aos coitados dos editores, só duas alternativas: manter o novo formato policialesco ou perder audiência para os concorrentes.

Não esqueçamos, porém, que a sociedade mudou em seus costumes, com o embrutecimento das pessoas, para os quais miséria pouca é bobagem.

Walmir Rosário é jornalista, radialista e advogado.

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marcowenseMarco Wense

 

Esse “ponto final” é um recado para que não insistam no assunto. A “brincadeira” de Jaques Wagner não pegou bem. O barro não colou na parede.

 

O senador Otto Alencar, presidente estadual do PSD, não ficou irritado, mas achou a ideia de disputar o Senado uma “brincadeira” do ex-governador Jaques Wagner (PT): “Tenho mais quatro anos de mandato”.

Wagner, que é secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Rui Costa, quer uma composição majoritária com Rui na reeleição, João Leão na vice, ele e Otto nas duas vagas para o Senado. Walter Pinheiro e Lídice da Mata seriam descartados.

A candidatura de Otto, aos olhos do eleitorado, já ressabiado com os conchavos políticos, com esses arranjos e jeitinhos, seria uma coisa estranha e desconectada. A sabedoria popular diria que é “um tiro no próprio pé”.

Portanto, o senador Otto Alencar tem toda razão quando diz que sua candidatura “seria uma redundância política”. E finaliza: “Wagner faz isso mais por amizade, até de brincadeira. Aí ele fala essas coisas, faz essas conjunturas. Não tenho interesse. Eu não vou disputar. Ponto final”.

Esse “ponto final” é um recado para que não insistam no assunto. A “brincadeira” de Jaques Wagner não pegou bem. O barro não colou na parede.

Marco Wense é editor d´O Busílis.

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luizconceiçãoLuiz Conceição

 

Na época, 1993, descobriu-se que uma holding formada por 12 construtoras, comandada pela Odebrecht, garantia a divisão equitativa das obras realizadas com recursos do Orçamento entre as empreiteiras.

 

Perdão Antonio Carlos Belchior, mas parte de sua poesia Como nossos pais, estrondoso sucesso na voz da inesquecível Elis Regina e majestoso arranjo de César Camargo Mariano, em 1976, está agora muito mais que real. Pelo menos, para aqueles que mergulham na rede mundial de computadores, a bordo de quaisquer buscadores, na tentativa de compreender a atual narrativa daquilo que enodoa o país.

A mídia, principalmente a televisiva, teima em mascarar a realidade. Mas, de um passado não muito distante, emergem cenas perversas, que a todos os brasileiros faz sofrer, com tungadas às claras e às escuras no seu bolso, capitaneadas pelos mesmos corruptores. Por isso, “nossos ídolos, ainda são os mesmos. E as aparências, não enganam não. Você diz que depois deles, não apareceu mais ninguém…”, cantou sua poesia.

Mas, com a Lava Jato, algo deve mudar…

Isto, apesar de, há 24 anos, a corrupção envolvendo empreiteiras ter sido motivo de debates na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Orçamento, no Congresso Nacional, como evidencia capa do Jornal do Brasil, de 2 de dezembro de 1993! Na época, descobriu-se que uma holding formada por 12 construtoras, comandada pela Odebrecht, garantia a divisão equitativa das obras realizadas com recursos do Orçamento entre as empreiteiras.

As licitações eram fraudadas ou acertadas previamente, com a vencedora repassando 36% do valor da obra à holding. Entre as empresas participantes do esquema, estavam algumas das mesmas empreiteiras, cujo envolvimento na festejada Operação Lava Jato é de conhecimento de todos: OAS, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e a própria Odebrecht.

Portanto, é também o caso de lembrar-se da genial frase do príncipe de Falconeri, no romance Il Gattopardo (O Leopardo, em italiano), obra literária de Giuseppe Tomasi di Lampedusa (Palermo, 1896 — Roma, 1957): “Algo deve mudar para que tudo continue como está”.

Luiz Conceição é jornalista.

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(4) Luiz      ConceiçãoLuiz Conceição

 

“No Brasil as coisas acontecem, mas depois, com um simples desmentido, deixaram de acontecer”.

O governador baiano Otavio Mangabeira, com mandato de 1947 a 1951, cunhou a frase que, durante anos, mais envergonhou aos nascidos na Bahia: “Pense num absurdo, na Bahia tem precedentes”.

Há anos, a máxima do ex-mandatário poderia ter sido estendida ao Brasil sem supressões ou adendos.

A divulgação dos vídeos das colaborações premiadas de dirigentes e ex-executivos da construtora baiana Odebrecht a procuradores federais não deixa dúvidas: Se culpas ou dolos há, portanto não existem santos ou demônios na política nacional e no empresariado, incluindo a mídia.

A mesma que agora gasta tonéis de tinta, contas de energia elétrica de emissoras de rádio e TV e de expectadores, a contar a narrativa que não esconde seus interesses.

E o povo, a tudo assiste bestializado, mesmo fenômeno relatado quando da “Proclamação da República”, em 1889.

A lembrança que me vem é do antigo humorista brasileiro Stanislaw Ponte Preta, Lalau, apelido do jornalista Sérgio Porto, que morreu em 1968: “Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!”.

É dele também a frase: “No Brasil as coisas acontecem, mas depois, com um simples desmentido, deixaram de acontecer”.

Luiz Conceição é jornalista.

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rosivaldo-pinheiroRosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br

 

A melhor saída para estabelecermos um novo momento para o Brasil seria uma nova eleição, mas essa saída não permitiria sobrevida para a maioria das atuais lideranças nacionais, que constroem na calada dos bastidores uma eleição em lista, caminho protetivo para escaparem do julgamento sumário dos eleitores.

A mais recente delação de Marcelo Odebrecht colocou mais lenha na fogueira em que hoje está a política brasileira. Vivemos um momento de muita agitação, instabilidade institucional e uma crise econômica de grande repercussão na vida das famílias. Saímos divididos das urnas da última eleição presidencial e as forças opositoras decidiram que aquele era o melhor momento para criar resistência à governabilidade da presidente reeleita.

Com a agenda de obstáculos então imposta nas Casas Legislativas, no mercado financeiro e em outros setores, como parte da mídia, houve a tomada do controle político do país por essa coalizão, a união Cunha, Aécio e Temer construiu as pautas bombas, até chegarem à tese das pedaladas fiscais, que dias depois do impeachment foi “regularizada” num circo nacional. Deram o golpe de mestre.

O desejo de extirpar a corrupção acabou sendo o pano de fundo para levar parcela significativa da população às ruas. Uma ofensiva política e midiática construiu o senso comum de que a causa e o efeito de todos os males nacionais era o PT, partido hegemônico, que liderava as forças que comandavam o governo central há 12 anos e que tem alguns nomes inseridos na corrupção. O resultado desse processo, todos sabemos, além da queda da presidente, foi termos nossas maiores empresas atingidas, produzindo uma massa de desempregados que, segundo o Dieese, passam de 13,5 milhões de pessoas.

Os autores da tese para chegarem ao poder se deleitam no governo central sem apresentar uma saída para a crise. Ao contrário, diante da crise política que virou crise econômica, eles tentam modificar a estrutura de Estado, construída a partir da Constituição de 1988 e ampliada pelas políticas públicas de inserção socioeconômica implantadas no ciclo do PT.

Esse esforço trouxe de volta as políticas neoliberais e a tese do estado mínimo, programa diferente à escolha que o povo fez nas urnas. Por outro lado, a Operação Lava Jato, por mais que sofra críticas de ser seletiva, não pode ser paralisada, e os que antes atacavam o governo, usando a bandeira de combate à corrupção, se vêm agora expostos e citados nas delações. A extensão da crise política não fora dimensionada pelos idealizadores do impeachment.

Na saga pelo poder, pensaram que uma vez tomando posse do Planalto conseguiriam afogar a Lava Jato. Erram duplamente: esqueceram-se de mensurar as novas ferramentas (redes sociais) que retroalimentam e pressionam as instituições a seguirem em frente no cumprimento dos seus papéis, e a perda de apoio popular em função das medidas de retiradas de direitos.

A melhor saída para estabelecermos um novo momento para o Brasil seria uma nova eleição, mas essa saída não permitiria sobrevida para a maioria das atuais lideranças nacionais, que constroem na calada dos bastidores uma eleição em lista, caminho protetivo para escaparem do julgamento sumário dos eleitores.

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades pela Uesc.

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angelocoronelAngelo Coronel

 

A paternidade desta Emenda Constitucional é de todos os 63 deputados – da maioria, da minoria, dos independentes.

 

Reputo que o Legislativo da Bahia viveu ontem um dos seus momentos mais importantes em toda a sua história, quando aprovou o fim da reeleição para presidente da Assembleia em uma mesma legislatura. Porque um parlamento democrático, diverso e plural, formado por 63 deputados escolhidos pela vontade soberana do povo, simplesmente não pode ter dono.

A reeleição feria de morte um princípio basilar da democracia que é, justamente, a alternância de poder. O princípio da vitaliciedade não se aplica ao poder político porque a excessiva permanência e a continuidade de quem enfeixa o poder em suas próprias mãos embalança, inexoravelmente, o berço do mandonismo.

Quando tomei a decisão de disputar a chefia do Poder Legislativo da Bahia disse aos meus 13 pares que cerraram fileira comigo na primeira hora: “Só há duas condições sine qua non para que entremos na disputa. Uma é o fim da reeleição para presidente da Assembleia na mesma legislatura; a outra é que vamos voltar a fazer do Legislativo um Poder realmente independente e soberano”.

Ao consultar o presidente Otto Alencar, do meu partido, o PSD, sobre a nossa decisão em postular a presidência da ALBA, ele me lembrou que havia sido presidente daquela Casa e que não havia admitido a reeleição, que chegou a ser articulada pelo então deputado estadual Luiz de Deus. “A pior coisa de uma pessoa é ser vintém e pensar que é milhão”, disse-me Otto.

Na condição de presidente, não podia – até então – apresentar projetos de lei. A missão então coube ao deputado Adolfo Menezes, meu companheiro de partido, e que já possuía uma Proposta de Emenda Constitucional, que alterava parte do artigo 67 da Constituição do Estado da Bahia. E, justiça se faça à história, sucedânea de uma PEC já antes, em legislaturas passadas, apresentada pelo deputado Rosemberg Pinto (PT).

A paternidade desta Emenda Constitucional é de todos os 63 deputados – da maioria, da minoria, dos independentes. Sobretudo, é ela uma oferenda à sociedade democrática, plural e diversa da Bahia, cuja história civilizatória jamais compactuou com a tirania, como bem reflete o nosso Hino da Bahia.

Toda instituição precisa ser renovada. A fomentação de novas lideranças é o oxigênio de que ela precisa para resplandecer e não caducar. Quando não há renovação, não há estímulo para o despontar de novas idéias e novos modos de fazer. E isso vale para o poder público e para o setor privado; para as federações esportivas e os clubes de futebol; para as associações, sindicatos e condomínios.

Lembrando da máxima do senador Otto Alencar, só quero entrar para a história como “o vintém” que contribuiu para aumentar ainda mais essa extraordinária e secular riqueza democrática, diversa e plural da Bahia.

Angelo Coronel é presidente da Assembleia Legislativa da Bahia.