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ricardo bikeRicardo Ribeiro | ricardo.ribeiro10@gmail.com
 

É de se lamentar que Itabuna continue a pulverizar seus votos. Calcula-se que mais de 200 postulantes foram contemplados na cidade, que fica no prejuízo. Se antes já não tinha uma representação política forte, o que era grave, agora terá quase nenhuma representação, o que é trágico.

 
Terminar uma eleição e já pensar na próxima é um exercício tortuoso, mas inevitável para quem acompanha a politica. Das urnas desde domingo, 5, já se sabe que Itabuna saiu derrotada, por não conseguir eleger seus dois candidatos a deputado federal (Davidson Magalhães, do PCdoB, e Geraldo Simões, do PT) e emplacar somente Augusto Castro (PSDB) na Assembleia Legislativa. No entanto, por que não praticar um pouco de futurologia e imaginar o que os números de ontem apontam para as eleições agendadas para daqui a dois anos?
A derrota de Geraldo foi um golpe duro, mas esperado. O político exerceu um mandato que teve seus méritos, principalmente na luta travada para que a reitoria da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) fosse instalada em Itabuna. Acabou sendo o mais votado na cidade, mas com um sufrágio de pouco mais de 16 mil votos, bem abaixo dos 23 mil que obteve em 2010… Aliás, a votação daquele ano já fora bem menor que a de 2006, o que demonstra a trajetória descendente do petista.
Na disputa entre lideranças locais da esquerda, Davidson se aproximou da votação de Geraldo em Itabuna. Foram 14 mil votos na cidade e mais de 65 mil no total, o que deixou o comunista com uma segunda suplência na mão e uma ideia na cabeça: ser levado a assumir o mandato após a formação do secretariado de Rui Costa. É esperar para ver, mas a possibilidade existe e não foi por acaso que interlocutores acharam Davidson bem animado nas conversas posteriores à divulgação dos resultados.
Caso deixe a suplência e vire realmente deputado, o comunista automaticamente se cacifa para o processo eleitoral de 2016. Tudo a depender de como estarão as relações entre o PCdoB e o prefeito Claudevane Leite (PRB) no decorrer do período. De todo modo, no campo da centro-esquerda o nome de Davidson tende a surgir com alguma força nas articulações para a sucessão municipal.
Do outro lado, quem aparece bem é o tucano Augusto Castro, que se elegeu com quase 60 mil votos e ainda deu mais de 4 mil ao seu candidato a deputado federal, Jutahy Júnior (PSDB). No quesito “transferência de votos”, venceu uma disputa particular com o ex-prefeito Fernando Gomes, que deu apenas 1.261 votos a Fábio Souto e 3.800 a Aleluia. Uma quantidade pequena, considerada a suposta força latente do fernandismo.
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josias gomesJosias Gomes

É fundamental garantir mais uma vitória a Dilma, em 26 de outubro, para que as ações sociais e políticas tenham continuidade efetiva nos próximos quatro anos. Até aquela data, vale a mobilização de todos para garantir nova vitória do atual projeto brasileiro.

Termina o primeiro turno das eleições gerais deste ano de 2014 com mais uma vitória do PT e de seus aliados. Uma aliança que há 12 anos vem transformando a realidade brasileira com foco no desenvolvimento econômico sempre vinculado ao desenvolvimento social.
Agradeço aos eleitores baianos que me confiaram mais um mandato na Câmara dos Deputados, onde, pelos próximos quatro anos, buscarei repetir o mesmo trabalho que venho desempenhando ao longo de dois mandatos, um deles, a ser concluído em fevereiro próximo.
O agradecimento ao povo baiano também vale para a vitória do companheiro Rui Costa, futuro governador do Estado, que dará continuidade ao frutuoso trabalho do governador Jaques Wagner, e de Otto Alencar, futuro Senador da República como representante da Bahia, no Senado Federal.
Vale ainda, de maneira especial, agradecimentos pela maiúscula vitória obtida pela presidenta Dilma Rousseff, na Bahia, votos que, somados aos de todo o povo brasileiro, foram responsáveis pela importante vitória de Dilma nessa primeira fase das eleições 2014.
Mas, tem uma segunda fase na eleição presidencial, que é o segundo turno eleitoral, cujo pleito será realizado até final de outubro. E, mais uma vez, é preciso uma intensa mobilização popular para que as conquistas sociais já obtidas nos governos Lula e Dilma não se percam.
É fundamental garantir mais uma vitória a Dilma, em 26 de outubro, para que as ações sociais e políticas tenham continuidade efetiva nos próximos quatro anos. Até aquela data, vale a mobilização de todos para garantir nova vitória do atual projeto brasileiro.
E nem precisa falar da importância que vai ter a continuidade do governo Dilma para as ações administrativas do futuro governo de Rui Costa. Daí, a responsabilidade de todos nós para que a vitória da presidenta se transforme em realidade.
Nesse sentido, chamo a atenção de todos os companheiros e companheiras, de todos os militantes e de todo o povo baiano, para o fato de que a campanha do segundo turno já começa efetivamente nesta segunda-feira, 6.
Importante anotar, enfim, que o nosso adversário no segundo turno, que é ex-governador de Minas Gerais, perdeu em sua própria terra, tanto para a presidenta Dilma Rousseff, na disputa direta, quanto para o candidato dela a governador do estado.
Com efeito, o companheiro Fernando Pimentel, do mesmo PT de Dilma, é o novo governador de Minas Gerais, uma vez que o povo daquele importante estado brasileiro resolveu mostrar sua insatisfação com aquele que pretende dizer ao povo brasileiro que merece sua confiança. Uma confiança que o seu povo não tem a respeito dele.
É preciso pois, volto a afirmar, que estejamos todos mobilizados para evitar que aquele que os seus próprios conterrâneos rejeitam venha a implantar seus erros para o Brasil inteiro. Isto é o que deve nortear todos nós, a partir de agora.
Josias Gomes é deputado federal pelo PT e foi reeleito com 98.871 votos.

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GabrielGabriel Nascimento | gabrielnasciment.eagle@hotmail.com

A polarização entre Dilma e Marina se propõe importante. Nunca uma eleição contrapôs tão claramente candidatos a presidente em prol de minorias tão historicamente marginalizadas pelo silêncio

Essas eleições presidenciais vão entrar para a história como um marco para o movimento LGBTTS. Isso porque, pela primeira vez, a criminalização da homofobia entra na pauta eleitoral. Criando um efeito de polarização entre Dilma e Marina, o tema merece mais destaque do que o detalhe que ele está representando no atual período eleitoral.
O que a comunidade gay está assistindo é o movimento inequívoco de grupos de direitos humanos sendo, pouco a pouco, ouvidos em sentido programático pela sociedade brasileira, embora a ampla maioria dos meios de comunicação em massa sejam eles concentrados por um poder machista, racista e homofóbico, encenado em nosso país pela grande imprensa.
A polarização começou pela escolha conservadora de Marina em mudar o programa de governo por causa do sacerdote de sua igreja, o declarado homofóbico Pastor Silas Malafaia. Em segundo lugar, pela declaração da presidenta Dilma Rousseff, após debate promovido pelo SBT e Folha, dizendo que a homofobia deve ser criminalizada. Ao dizer isso, passou na frente do PT e de boa parte da esquerda que, após longos anos de comportamento estratégico e pragmático, não conseguiu fazer essa pauta avançar. Aquele foi o dia em que Dilma conseguiu estabelecer uma saudável polarização para o debate político. O fato de Marina se posicionar mais à direita nesse aspecto fez com que a declaração de Dilma fosse fundamental.
Porém, mesmo que defenda a criminalização da homofobia, a presidenta Dilma, caso reeleita, não terá um congresso ao seu favor. As pesquisas de intenção de voto têm demonstrado que a próxima composição do congresso nacional pode ser ainda mais conservadora. A tendência da bancada evangélica aumentar é muito grande e os direitos humanos têm sido a grande moeda de troca da bancada governista no Congresso Nacional. Um exemplo foi a permanência de Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara após longo ciclo de manifestações.
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Allah-GóesAllah Muniz de Góes | allah.goes@hotmail.com

O próprio MPE, com assento no TSE, emitiu parecer pugnando pelo “desprovimento do recurso”, com a consequente manutenção do acórdão do TRE-BA e o deferimento da candidatura de Azevedo a deputado estadual.

Diferentemente daquilo que alguns “especialistas” andam por aí dizendo, a candidatura do Capitão Azevedo a Deputado Estadual permanece mantida e viável, pois o indeferimento momentâneo do seu registro, que se deu através de decisão monocrática, ocorreu não por conta da suspensão de liminar obtida pela Câmara no processo que envolve as contas do Município do ano de 2011. Ocorreu, sim, em virtude da ministra Maria Thereza Rocha de Assis Moura, ter entendido que a inelegibilidade se deu pelo fato de Azevedo ter tido as suas contas de 2009 e 2010 rejeitadas, o que, absolutamente, não é a verdade, e nem corresponde ao entendimento dominante do TSE. Senão vejamos:
O Ministério Público Eleitoral da Bahia (MPE-BA), tão logo houve a solicitação de registro de candidatura de Capitão Azevedo, adentrou com pedido de impugnação, alegando que o mesmo estaria inelegível em decorrência de ter tido as suas contas, relativas aos exercícios de 2009, 2010, 2011 e 2012, rejeitadas pelo TCM-BA.
Como as contas de responsabilidade de Capitão Azevedo, relativas aos anos de 2009 e 2010, dentro do que determina a Constituição Federal, haviam sido julgadas e aprovadas pela Câmara de Vereadores, e o julgamento das contas de 2011 havia tido o seu julgamento anulado por decisão judicial da 1ª Vara da Fazenda Pública de Itabuna, o TRE-BA, por unanimidade, deferiu o registro da Candidatura de Capitão Azevedo à Deputado Estadual.
O MPE-BA recorreu desta decisão e a Câmara de Vereadores de Itabuna atravessou petição no recurso informando ter conseguido uma suspensão da liminar que anulava o julgamento das Contas de 2011 o que, em tese, reforçaria a inelegibilidade de Azevedo, pois teria as contas de 2011 reprovadas.
Ocorre que a manobra tentada pela Câmara de Vereadores se mostra tardia, pois deveria ter sido conseguida antes do deferimento do registro da candidatura de Azevedo pelo TRE-BA, pois tendo ocorrido após, conforme entendimento dominante do TSE, em nada modifica a condição de elegível do Capitão. Senão, vejamos:
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josé januárioJosé Januário Neto | netto_felix74@hotmail.com

A discussão deve prevalecer sobre questões como mandato, ideologia, partidarismo e escolha de apoio político e não sobre a história de luta do cidadão que se lança como candidato.

A corrida eleitoral para vagas na Câmara Federal e Assembleia Legislativa da Bahia tem um diferencial este ano. Nunca se lançou tantos militares para a disputa.
Desde oficiais a praças, a disputa está acirrada dentro da caserna, todos tentando sensibilizar os colegas e familiares destes, a ser o escolhido. Que em sua grande maioria irá eleger, caminhar com o vereador Marco Prisco, líder da greve no Estado baiano em 2012.
Correndo por fora para deputado estadual vem o Coronel Serpa, bem relacionado e de sorriso farto, Serpa goza de grande prestígio entre os seus pares. Já o coronel Gilberto Santana, realizou grande trabalho como chefe de polícia aqui na região e fez carreira como político distante das discussões e votos dos militares, mas pesa contra si ser antipatizado pela classe militar pelo seu jeito centralizador e temperamento forte, não agregador, principalmente pela classe Praça da PM. E isso eleva sua rejeição.
Disputas aqui e acolá, mas cada um desses citados tem o seu papel político e prestígio em determinadas regiões do Estado ou mesmo dentro da classe em que surgiu e fez carreira. O problema está para Deputado Federal, onde duas correntes dentre os militares disputam a representatividade legal.
Uns querem Capitão Tadeu, outros o Soldado Josafá. O primeiro foi deputado estadual por três vezes e o segundo liderou a greve da PM na cidade de Feira de Santana.
As acusações são diversas! Quem é contra Tadeu o acusa de sempre “surfar na onda política do momento”, ou seja, de estar sempre ligado ao grupo que está no poder e nunca lutar, exigir melhorias para classe PM como um todo. Os que são a favor rechaçam a ideia e dizem ser ele o único que vinha politicamente, de fato e de direito, a lutar por melhorias.
Contra Josafá dizem ser ele candidato para tirar votos de Tadeu, e que seria ligado a outro candidato da mesma legenda de seu adversário, não cabendo sua candidatura nesse momento, pois há um acordo de cavalheiros entre Prisco e Tadeu para que o apoio seja mútuo dentro da classe e que deve ser respeitado.
Já os que o defendem, relatam que é o verdadeiro representante não da classe PM, mas dos Praças, que anseiam por uma representatividade “puro-sangue”, originária.
Por um lado, estamos vivenciando o amadurecimento político de servidores públicos que antes eram tolhidos e avessos às questões políticas, mas também vemos, como em qualquer grupo político, que a disputa pelo poder e liderança de uma classe ou casta social gera desentendimentos que poderão enfraquecê-lo internamente.
Os ataques beiram a irracionalidade. A discussão deve prevalecer sobre questões como mandato, ideologia, partidarismo e escolha de apoio político e não sobre a história de luta do cidadão que se lança como candidato, quem fez menos ou mais. Ou deixou de fazer.
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isabel lima ufsbIsabel Maria Sampaio Oliveira Lima | isabelmsol@gmail.com

A nova universidade vai desenvolvendo relações não artificiais, não burocráticas, que se distanciam da força da autoridade do argumento, mas se enraízam na força criativa do processo coletivo de educação interdimensional.

Diante da rede que vai se armando com os textos dos docentes da UFSB, há um outro texto se construindo, igualmente rico, na práxis. Cada fio que se puxa revela que a UFSB não quer produzir uma cisão entre os vínculos cognitivos e aqueles que se constroem na sociabilidade e na dinâmica da subjetividade.
O componente curricular Fórum Interdisciplinar: Experiências do Sensível constitui, entre outros, a oportunidade de acolher linguagens novas ou até mesmo a de permitir nomear a si mesmo e às conexões intertemporais da linha do tempo de cada educando.
Mas o imprinting de integração com o professor e a delicadeza e a força desta relação só se darão em escala, quando for o próprio modus vivendi e operandi de cada ator e da própria instituição.
O exercício individual e coletivo de reconhecer a voz do educando, seja mediado pelas Tecnologias de Informação e Comunicação, seja nos esportes, na pesquisa, nas artes, no processo político participativo, vai consolidando a forma da UFSB incluí-la em todas as etapas do seu texto de instituição-com, e não apenas instituição-para.
Ao fazer assim, a nova universidade vai desenvolvendo relações não artificiais, não burocráticas, que se distanciam da força da autoridade do argumento, mas se enraízam na força criativa do processo coletivo de educação interdimensional.
Quem disse que é fácil? Quem disse que não é possível?
Isabel Maria Sampaio Oliveira Lima é professora visitante da UFSB, juíza, enfermeira e doutora em Saúde Coletiva.

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jurema cintra oabJurema Cintra | juremacintra@hotmail.com
Às vezes, eu mesma me perguntava se valia a pena, todo ano, repetidamente, organizarmos a Parada Gay ou Parada da Diversidade LGBT em Itabuna. Ano passado completaram-se longos 10 anos de intensas atividades.
A parada, o desfile, sempre é o final de um ciclo de muitas ações: seminários, feira de saúde, miss gay, troféu Humanus, “café com bolacha”, palestras, Cine Diversidade… Ufa!!!
Chega domingo e o tão esperado dia: o Desfile, a irreverência, as ações de prevenção em DST/Aids, as mensagens de Direitos humanos e igualdade. Mas dez anos, precisávamos mesmo disso tudo? Não seria hora de usar de outras estratégias de persuasão de massa?
Aí, num rompante, tudo se clareia e dissolve minha angústia: a morte do jovem João Donati em Inhumas (GO), de forma tão brutal e tão simbólica e o incêndio criminoso no espaço que receberia um ato judicial de casamento entre duas mulheres em Livramento de Santana (RS), estes dois fatos reacendem a chama e iluminam o que vamos fazer nas ruas neste domingo(21/09) em Itabuna.
Dizer que os Gays existem, que as Lésbicas têm direito de amar, que as pessoas Transexuais têm direito ao próprio nome, que as pessoas Bissexuais têm direitos civis, que as Travestis têm direito ao próprio corpo e que todos nós, independentemente de nossa forma de amar, de nossa expressão sexual e de nossa identidade de gênero, temos Dignidade e que nada, nenhum pré-conceito, nenhum dogma, nenhuma moral pode afirmar que certas pessoas valham menos que outras e que por isso mereceriam a Morte ou coisa que o valha.
Visibilidade é o Foco. A causa LGBT é uma causa pela Vida e pelo Direito de Amar. Sim, 11ª Parada LBGT de Itabuna. Sim, Parada Gay, 2014 Outra Vez!!!
Jurema Cintra é advogada, assessora jurídica do Grupo Humanus e membro da Comissão de Diversidade Sexual da OAB/Bahia.

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denise coutinho - ufsbDenise Coutinho | denisecoutinho1@gmail.com

para que a manhã, desde uma teia tênue, / se vá tecendo […] / E se encorpando em tela, entre todos, / se erguendo tenda, onde entrem todos, /se entretendendo para todos, no toldo / (a manhã) que plana livre de armação. / A manhã, toldo de um tecido tão aéreo / que, tecido, se eleva por si: luz balão (João Cabral de Melo Neto).

A Universidade Federal do Sul da Bahia já começa com histórias para contar. Uma das inovações pedagógicas que vem sendo experimentada desde o primeiro dia de aulas é o componente curricular (semelhante ao que antes se chamava disciplina ou matéria) denominado “Fórum Interdisciplinar: Experiências do Sensível”.
Não há, entre nós, registro de qualquer universidade brasileira que tenha  ousado tanto em termos de inclusão curricular. A proposta é compatível com os projetos mais arrojados de educação no mundo. Trata-se de incluir na pauta da formação universitária, de modo concreto e visível, elementos de sensibilidade, convivialidade e afetividade, tendo como foco a produção de subjetividade por parte do estudante e, inevitavelmente, também do professor.
Apreender a ser, aprender a fazer, aprender a conhecer e aprender a conviver são os quatro pilares da educação do futuro proferidos no documento “Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI”. Dentre as tensões a serem superadas no mundo da educação, o documento da UNESCO diagnostica a tensão entre o global e o local: “o esquecimento do caráter único de cada pessoa, de sua vocação para decidir seu destino e realizar todas as suas potencialidades, conservando a riqueza de suas tradições e de sua própria cultura, se não forem tomadas as devidas providências, corre o risco de desaparecer sob a influência das mudanças em curso” (UNESCO, 2010).
Conclui o documento:

Somos levados, portanto, a revalorizar as dimensões ética e cultural da educação e, nesse sentido, a fornecer os recursos para que cada um venha a compreender o outro em sua especificidade, além de compreender o mundo em sua busca caótica de certa unidade; mas, previamente, convém começar pela compreensão de si mesmo em uma espécie de viagem interior, permeada pela aquisição de conhecimentos, pela meditação e pelo exercício da autocrítica (UNESCO, 2010).

Os primeiros relatos dos docentes da UFSB são eloquentes no que diz respeito ao alcance da proposta  e demonstram que esta inovação pedagógica veio para ficar e, com o tempo, será certamente multiplicada no sistema universitário brasileiro.
Vejamos o que relatam as Professoras Lívia Santos Lima Lemos, Doutora em Genética e Biologia Molecular pela UESC e Márcia Nunes Bandeira Roner, Doutora em Ciência Animal, ambas docentes do Campus Paulo Freire em Teixeira de Freitas: “Caros colegas, venho, em meu nome e de Márcia, expor o quanto foi prazeroso a primeira aula de ‘Cores da terra’ do CC: Fórum Interdisciplinar. Os textos produzidos pelos alunos foram emocionantes. Experiências de vida relatadas a partir daquela pequena amostra de terra, que nos deixaram muito entusiasmadas e satisfeitas.
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Geraldo Simões 3Geraldo Simões

O então ministro da Educação, Aloizio Mercadante, chegou a anunciar, num encontro de reitores, que a reitoria da UFSB seria em Porto Seguro. Fizemos gestões junto ao ex presidente Lula e à presidente Dilma, além do governador Jaques Wagner, para que Itabuna ficasse com a reitoria, o que de fato aconteceu.

O Sul da Bahia vive um dia histórico nesta segunda-feira, 8 de setembro, com duas importantes conquistas: o início das atividades da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), no campus Jorge Amado, em Itabuna, que também é a sede da reitoria; e o anúncio, pelo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, e pelo governador Jaques Wagner, da licitação para a realização das obras de duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna.
A Universidade Federal do Sul da Bahia começou a ganhar corpo em 2003, quando, como prefeito de Itabuna,  solicitamos a implantação de uma universidade federal em Itabuna ao então presidente Lula. Em 2004, chegou-se a ventilar a implantação de um campi da Universidade Federal da Bahia (Ufba), como foi eleito outro candidato, este não se interessou pela proposta.
Como deputado federal, iniciamos a mobilização junto à bancada baiana no Congresso Nacional para que a reitoria e o campus principal fossem em Itabuna, ação retomada assim que tomamos conhecimento de que a presidenta Dilma Rousseff pretendia implantar uma universidade federal no Sul da Bahia.
O então ministro da Educação, Aloizio Mercadante, chegou a anunciar, num encontro de reitores, que a reitoria da UFSB seria em Porto Seguro. Fizemos gestões junto ao ex presidente Lula e à presidente Dilma, além do governador Jaques Wagner, para que Itabuna ficasse com a reitoria, o que de fato aconteceu.
Participamos na Câmara dos Deputados e acompanhamos no Senado, todo o processo que culminou na sanção da presidente Dilma, criando a universidade que hoje dá seus primeiros passos. Certamente, se consolidará como umas das principais instituições de ensino superior do país, beneficiando milhares de jovens sul-baianos e criando em torno de si toda uma cadeia que impulsiona a economia nas cidades em que ela está inserida.
A duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna é a consolidação de um sonho de várias décadas e terá impacto positivo nas duas maiores cidades do Sul da Bahia, que, longe de serem rivais, se completam em suas atividades socioeconômicas e em suas potencialidades
Desde nosso mandato como deputado estadual, na década de 90, como líder da bancada do PT, trabalhamos por essa obra. Mas, infelizmente, apesar de sucessivas promessas,  a proposta foi ignorada pelos sucessivos governos calistas, incapazes de compreender a importância da duplicação e de retribuir o muito que essa região contribuiu com o estado nos tempos em que o cacau era a base da economia baiana.
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Karoline VitalKaroline Vital | karolinevital@gmail.com

Em época de campanha, os babões ostentam a praguinha do candidato no peito como uma medalha de honra. Saem colando adesivos nas janelas de casa, no carro, na moto, na agenda, naquela pasta cheia de papéis velhos que ninguém sabe a serventia.

Eu não me lembro de quando aprendi sobre relações ecológicas, na escola. Aquele lance dos modos de relacionamento entre seres vivos de diferentes espécies: comensalismo, mutualismo, inquilinismo, parasitismo, etc. Em que série foi eu não sei, mas tenho certeza absoluta de que faz muito tempo!
Há alguns dias, assistindo à série prematuramente cancelada The Crazy Ones (assim como a vida de seu protagonista, Robin Williams), fui lembrada do relacionamento entre as rêmoras e os tubarões, chamado comensalismo. Como os pequenos peixes se grudam com ventosas para se alimentar dos alimentos que caem da bocarra dos grandões e ainda viajam longas distâncias. Outras relações – que a Wikipedia me ajudou a recordar – são entre os seres humanos e os urubus, as hienas e os leões.
Em tempos de campanha eleitoral, podemos incluir a relação ecológica entre os políticos e os babões. Funciona bem parecido com o papel desempenhado pelas rêmoras, urubus e hienas. Arrumam um “poderoso” para colar e beliscar alguma coisinha que o grandão não faça muita questão. Como se trata de alguém insignificante para o provedor, não causa incômodo ou prejuízo.
puxa-sacoMuitos comensais políticos se orgulham de sua condição. Afinal, além de alimento, ainda ganham proteção e passeios gratuitos. Ser babão é seu meio de vida, pois não sabem fazer muita coisa útil. Pelo seu papel na relação, não abocanham nada grandioso. Se muito, uma boca-livre em um restaurante devidamente paga com dinheiro público, uma gasolina, um vale em um supermercado, ingressos para eventos, e até, quem sabe, algum cargo comissionado de pequeno porte, cuja função não seja muito específica e nem exija qualificação profissional.
Os babões não acrescentam em nada na vida do político provedor. Uns fazem questão de valorizar os seus feitos dispensáveis e as vantagens que conseguiu para si e os seus chegados, principalmente quando estão entre pessoas de fora do seu ambiente “profissional”. Porque entre os “peixes maiores”, se muito, são motivo de piada, do quanto mostram os fundilhos ao se abaixar catando os restos.
Cômicos de verdade são os babões que sofrem de mania de perseguição. Mas os motivos reais e concretos do desespero se perdem entre achismos e fofocas ilógicas. Apesar da aparente falta de noção, eles sabem que seu papel insignificante torna-os facilmente descartáveis. Por isso, sustentam o sentimento constante de uma conspiração que coloca suas migalhas em xeque.
Em época de campanha, os babões ostentam a praguinha do candidato no peito como uma medalha de honra. Saem colando adesivos nas janelas de casa, no carro, na moto, na agenda, naquela pasta cheia de papéis velhos que ninguém sabe a serventia. Ligam para os programas de rádio defendendo o seu candidato, postam ofensas em blogs ou perfis de adversários. Em caminhadas, conferências e qualquer tipo de reunião onde seu político esteja, urram o nome do seu provedor e batem palmas tão alto até esfolar as mãos, se assim for preciso. Afinal, não é o político que estão defendendo, e sim a própria sobrevivência.
Karoline Vital é jornalista.

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professor júlio c gomesJulio Cezar de Oliveira Gomes | advjuliogomes@ig.com.br

Pressionada, entre outros, pelo poderoso pastor Silas Malafaia, Marina recuou na proposta de reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo, restringindo-se a apoiar o que, simplesmente, já existe: a legalidade da união civil homoafetiva com base em decisões do STF.

Definitivamente, a agenda e as propostas conservadoras tomaram conta das eleições de 2014, sobretudo no que toca à disputa pela Presidência da República.
Após a morte de Eduardo Campos e a ascensão de Marina Silva à cabeça da chapa de sua coligação e ao topo da disputa, o que se passou a ver, de forma cada vez mais explícita, foi a disputa pelo voto mais conservador, por meio das negociações com os líderes desses setores, traduzindo-se em compromissos políticos e programáticos cada vez mais próximos daquilo que desejam os chamados setores da direita.
Foi assim que, pressionada, entre outros, pelo poderoso pastor Silas Malafaia, Marina recuou na proposta de reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo, restringindo-se a apoiar o que, simplesmente, já existe: a legalidade da união civil homoafetiva com base em decisões do STF.
Estes mesmos setores exigem de Marina uma posição formal quanto à não legalização do aborto e das drogas, solidamente calcados nos milhões de votos que possuem.
Para não ficar para trás, e tentando recolocar-se no centro da disputa presidencial Aécio Neves incluiu formalmente em suas propostas a revisão da legislação que trata de pessoas com 16 e 17 anos que cometem crimes graves, tais como homicídio.
Esta corrida ao conservadorismo deixa a presidente e candidata Dilma em uma situação muito difícil. Ceder a este tipo de programa político seria, em princípio, romper com as expectativas daqueles que historicamente votam nela; e não fazê-lo significa deixar a bola da vez e as demandas sociais nas mãos de seus adversários, sobretudo de Marina Silva, que muda suas propostas de governo com rapidez e facilidade de causar inveja até às mais velhas e ferinas raposas da política brasileira.
Em parte, é preciso dizer, os brasileiros se sentem contemplados por esta agenda conservadora, sobretudo no que toca à segurança pública. Não podemos mais dar tanta atenção aos direitos das chamadas minorias sociais em um país onde ocorreram, em 2012, 56 mil homicídios, segundo números do próprio Governo Federal; onde não se tem mais tranquilidade para trabalhar ou sair às ruas, e onde o Estado parece curvar-se cada vez mais diante do crime.
Quanto à sexualidade, me coloco entre aqueles que entendem que a vida privada e afetiva é problema de cada um, desde que guardem o devido respeito às demais pessoas. Mas não sei se a maior parte da população brasileira pensa deste mesmo jeito, ou se só diz isto para parecer “moderninho”, uma atitude muito ao gosto do brasileiro.
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Do Blog do Juca Kfouri
Parece mentira, mas no país que recebeu a Copa do Mundo de futebol neste ano e que receberá a Olimpíada em 2016, é como se o esporte não existisse para os candidatos à presidência da República.
Ontem houve o segundo debate e mais uma vez não se ouviu nenhuma palavra sobre esportes, nem como fator de prevenção para saúde pública, num país em que o ministério da Saúde deveria ser chamado de ministério da Doença.
Dados da Organização Mundial da Saúde, da ONU, revelam que cada dólar investido em acesso à prática esportiva corresponde a três dólares economizados em saúde pública.
Mas o tema não sensibiliza nossos políticos nem sob a ótica da massificação, nem sob a dos esportes de competição.
Nem depois do 7 a 1.
Gol da Alemanha, dos Estados Unidos, da Inglaterra e, até, de Cuba.

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claudio_rodriguesCláudio Rodrigues | aclaudiors@gmail.com

Sem uma reforma política que mude esse atual processo, essa “Nova Política” do discurso da ex-ministra de Lula nada mais é que uma peça de seus marqueteiros.

A trágica morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos alçou à cabeça de chapa na disputa pela presidência da República a sua candidata a vice, a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Todos sabem que Marina ingressou no PSB aos 48 minutos do segundo tempo, após ter o registro do seu partido, o Rede, negado pelo TSE.
A candidatura da ex-senadora despertou no eleitorado brasileiro o desejo de mudança que o falecido Eduardo Campos e o senador Aécio Neves não conseguiram despertar. Mas algumas posições da candidata do PSB/Rede devem ser questionadas e precisam de respostas para que o desejo de mudança não se torne um salto no escuro. Marina defende uma “Nova Política” e, caso chegue ao Planalto, afirma que irá governar com os bons políticos que estão no banco de reserva.
A Constituição de 1988 transformou o Poder Executivo em refém dos partidos e institucionalizou a política do “toma lá, dá cá”. Como administrar o País sem a tão afamada “governabilidade”, que nada mais é que a troca de cargos pelo apoio dos partidos no Congresso, em que cada ministério vira feudo de partidos e dutos de desvios de recursos? Quem não se lembra da famosa limpeza no início do governo Dilma, que trocava o ministro, mas não o partido? Foi assim com FHC, com Lula e Dilma e assim será com qualquer outro que assumir a presidência.
Sem uma reforma política que mude esse atual processo, essa “Nova Política” do discurso da ex-ministra de Lula nada mais é que uma peça de seus marqueteiros. Outro ponto que caracteriza a candidata do PSB/Rede é sua intransigência religiosa. Ela é radicalmente contra as pesquisas com células-tronco, que é esperança de milhares de pessoas portadoras de necessidades especiais e que sofrem com algum tipo de doença degenerativa. Vale lembrar que o Brasil é um dos países líderes no processo de pesquisa com células-tronco. Suas posições contrárias às de setores do agronegócio, carro-chefe da balança comercial brasileira, também merecem ser esclarecidas.
Com relação à união homoafetiva, qual a real posição da ex-senadora? Suas convicções religiosas permitirão a união entre pessoas do mesmo sexo? De quem a candidata Marina irá se cercar caso chegue a presidência do Brasil?
Sabemos que a única experiência administrativa de Marina foi quando ocupou a pasta do Ministério do Meio Ambiente na gestão do ex-presidente Lula. Por lá, travou uma série de divergência com os colegas das demais pastas por inviabilizar licenças ambientais para a realização de obras essenciais para o desenvolvimento do País. É inegável a sua história na luta pela preservação do meio ambiente, mas isso não é certificação de experiência administrativa.
A eleição da ex-senadora Marina Silva é aventurar, é a incerteza, uma grande interrogação, e aventura é para os super-heróis da ficção, não para um presidente do Brasil.
Cláudio Rodrigues é empresário.

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josé roberto toledoJosé Roberto de Toledo | Estadão.com

Mas é em momentos de insatisfação coletiva que personalidades disruptivas encontram a sua chance. A onda é de Marina, e os adversários não a enfrentarão de peito aberto.

Há data e hora marcados para todo mundo ficar sabendo o que a turma diferenciada já vislumbrou desde suas coberturas: a candidatura de Marina Silva (PSB) está surfando uma onda de opinião pública de proporções havaianas. Será nesta terça-feira, às 18h, quanto o Estadao.com divulgar a pesquisa Ibope que está em campo. O que ninguém sabe é quão longe a onda vai chegar.
Por força da legislação eleitoral, o eleitor indiferenciado só tem acesso às pesquisas registradas pelos institutos. A divulgação dos números de pesquisas não registradas e das sondagens telefônicas diárias é punível com multa alta pela Justiça eleitoral – para jornal, jornalista e instituto.
A lei provocou um oligopólio informativo dos mais excludentes. Uma quantidade anormal de pesquisas foi encomendada mas não divulgada desde a morte de Eduardo Campos e a assunção de Marina. Só candidatos, partidos e operadores do mercado financeiro já conhecem os resultados – e estão assombrados.
As mudanças são diárias e na mesma direção. Indicam uma tendência que vai além do impacto emocional provocado pela morte de Campos e de seus auxiliares. A tragédia foi o despertador do público para a eleição, mas não só. Também catalisou um sentimento difuso de insatisfação com a política, com a polarização PT x PSDB. Ambos correm risco de afogamento, mas os tucanos foram pegos primeiro, em local mais fundo.
O “swell” Marina tem origem na mesma tempestade que causou as turbulências de junho de 2013. Uma sensação coletiva de que é preciso mudar, mas não se sabe bem como nem o que. Ao se reconhecer no outro, a inquietude individual se espalha e se multiplica em muitas direções, com efeito potencialmente devastador quando chega à praia. A praia pode ser a urna.
Ou não. Em 2002, a onda Ciro Gomes quebrou antes do tempo e derrubou o presidenciável de sua prancha eleitoral. Dez anos depois, o fenômeno Celso Russomanno parecia irrefreável rumo à cadeira de prefeito paulistano, mas se desfez tão rapidamente quanto surgiu. Ambos se autoimolaram. O cearense destratou um ouvinte numa entrevista; o outro sinalizou que quem mora longe deveria pagar mais caro pelo transporte público.
Pelo histórico, Marina é também o pior inimigo de Marina. Saiu do governo Lula ao não conseguir fazer o que queria. Saiu do PT quando não viu o futuro que almejava para si. Saiu do PV ao não alcançar o controle que pretendia. Saiu do projeto da Rede sem criar um partido onde 32 outros conseguiram. Mal entrou no PSB, já provocou saídas. Não é exatamente uma agregadora.
Mas é em momentos de insatisfação coletiva que personalidades disruptivas encontram a sua chance. A onda é de Marina, e os adversários não a enfrentarão de peito aberto. Subirão onde der e, olimpicamente, torcerão para que faça espuma logo.
Dilma Rousseff (PT) tem mais chance de escapar à correnteza do que Aécio Neves (PSDB), mas não está a salvo. Ela se equilibra no saldo de popularidade que, segundo o Ibope, mantém em ao menos 15 estados, mas com grande variância: do pico de 51 pontos no Piauí a rasos 5 pontos em Santa Catarina.
O lugar mais difícil para a presidente se manter no seco é o Sudeste. A popularidade de Dilma está soçobrando nos maiores colégios eleitorais: tem saldo negativo de 19 pontos em São Paulo, de 11 no Rio de Janeiro e de 1 em Minas Gerais.
Pergunte aos acreanos. Lula diz que Marina foi candidata a presidente em 2010 porque não se reelegeria senadora no Acre. Presidenciável, ela acabou em 3º lugar no próprio Estado. José Serra teve lá o seu melhor desempenho no país. No Acre, seria eleito presidente no primeiro turno. Ninguém é governado há mais tempo por petistas do que os acreanos: 16 anos. Lá, Marina e PT têm mais em comum do que em qualquer outro lugar.

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Felipe de PaulaFelipe de Paula | felipedepaula81@gmail.com

A Universidade Federal do Sul da Bahia, que recebe seus primeiros estudantes no mês que vem, propõe uma formação diferenciada. A centralidade está no estudante.

Lembro-me de, há alguns anos, estar no meio de uma aula na universidade e perceber uma estudante com o celular apontado para mim, filmando minha explicação. Ao ser “flagrada” ela pareceu bastante tímida e foi logo se desculpando. Interrompi as explicações e disse: tudo bem, pode gravar. É até bom que, em caso de dúvidas, pode rever alguma explicação.
Depois de algum tempo e de atentar para falas de alguns colegas docentes, percebi o motivo da preocupação demonstrada pela estudante após ter seu ato notado: muitos professores se incomodam com a ideia de sua aula ser gravada.
Recentemente, ouvi professores se queixarem da ideia de terem suas aulas registradas. Poderiam, entre outros argumentos, não “estar inspirados” naquele dia. Ora, independente das tecnologias envolvidas, onde fica então o planejamento? Onde ficam os objetivos da ação educativa?
Particularmente, creio que a função de um professor (em sala ou fora dela) deva ser orientar a obtenção da maior quantidade de conhecimento possível para o maior grupo possível de estudantes. Não há sentido no conhecimento para poucos. A universidade não é um panteão para privilegiados detentores do saber. Ela deve ser um espaço de fronteiras cada vez mais alargadas – assim como os conhecimentos que ela propaga.
E, nesse processo, o centro nunca deve ser no professor. O centro é o estudante. No mundo repleto de tecnologias em que vivemos, não vejo o menor sentido em negar a um estudante que faltou a uma aula a chance de assisti-la em casa. Ou proibir aquele que não entendeu bem de ouvir novamente a explicação.
Toda celeuma em torno da presença da tecnologia em sala – seja gravando aula ou servindo de fonte de pesquisa – passa, no meu entendimento, por um processo de insegurança dos docentes. É mais simples “controlar o ambiente” e repetir o mesmo conteúdo por sucessivos períodos letivos. O estudante com visão ampliada, com as paredes da sala de aula derrubadas, representa sempre um desafio maior, um “incômodo” para muitos docentes.
A Universidade Federal do Sul da Bahia, que recebe seus primeiros estudantes no mês que vem, propõe uma formação diferenciada. A centralidade está no estudante. Todos terão suas formações baseadas em pedagogias ativas. A tecnologia é uma parceira e uma edificadora do aprendizado e não uma inimiga.
A sociedade contemporânea exige que sejamos todos educadores (e consequentemente aprendizes). Que bom que cada vez mais as “novas” tecnologias estão sendo aproveitadas. O papel e a caneta que os estudantes utilizavam são tecnologias. O papel evoluiu, o caderno evoluiu. Qual o pecado em, ao invés de copiar, fotografar o quadro? Gravar o áudio de uma explicação ou filmar uma aula? A sociedade mudou. A relação com o conhecimento mudou. O modo de aprender mudou. O modo de ensinar, também. Aprendem aqueles que ensinam. Estejamos todos dispostos a aprender.
Felipe de Paula é professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).