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Governador durante inauguração de base comunitária em Itabuna (Foto Pimenta).

O governador Jaques Wagner esteve no final de semana em Itabuna, onde inaugurou a primeira Base Comunitária de Segurança no interior da Bahia. A base de segurança é aposta para redução dos índices de criminalidade em áreas onde há domínio do crime.

Após a inauguração no Monte Cristo e entrevista ao Alerta Total, da TV Cabrália, o governador concedeu entrevista ao PIMENTA. O mandatário baiano falou de greves no funcionalismo, gestão pública, eleições e reflexos eleitorais do julgamento do Mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF). Wagner fez crítica à Revista Veja pela postura de “partido político” assumida pela publicação da Editora Abril.

O governador também abordou o processo eleitoral na Bahia e ainda vê a disputa embolada em Itabuna. Ele afirmou que, na reta final, poderá vir a Itabuna apoiar o candidato da base aliada que estiver melhor posicionado – Vane do Renascer (PRB) ou Juçara Feitosa (PT).

PIMENTA – Quais os resultados já obtidos com as Bases Comunitárias nas áreas onde foram instaladas?

JAQUES WAGNER – A depender do tempo de instaladas, os índices de criminalidade apresentam redução de 40% a 50%. Na área do Calabar [Salvador], tivemos período longo com zero homicídio e as bases têm se mostrado a melhor política, mas é óbvio que não vamos colocar bases em todos os bairros, todo interior, mas as colocamos em cidades com índices elevados, como é o caso de Itabuna. Semana que vem estou indo a Feira de Santana, tem uma projetada para Porto Seguro, é uma política de instalar em bairros onde existe o tráfico conflagrado.

O governo fez opção de instalar a Base Comunitária numa área de quadra poliesportiva. Não há uma incoerência governamental entre discurso e combate ao crime?

Na verdade, foi demandado à prefeitura o oferecimento de um terreno. Também acho que é ruim suprimir uma quadra de esporte para colocar uma base comunitária, que é bem-vinda. A unidade nossa é provisória, mas o terreno ao lado [da quadra] é que será usado.

Existem demandas no sul da Bahia, como a duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna . Quando esta obra vai sair?

A duplicação ficou a cargo do governo federal . O Derba [órgão estadual] já entregou o projeto ao Dnit e está sendo adequado pelo Ministério dos Transportes. O dinheiro está reservado dentro do PAC II. É o Dnit terminar o projeto, sair a licença ambiental e fazer a obra. Eu tenho convicção de que a gente consegue começar essa obra no primeiro semestre de 2013.

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Com a aproximação da eleição, se um candidato da base estiver disputando com o adversário, no caso de Itabuna é com o DEM, a gente pode vir para reforçar.

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Falando de eleições, como se posicionará em Itabuna, onde a base tem dois candidatos?

Para não ser desleal, a minha postura é sempre ficar equidistante onde temos dois candidatos e estes participaram da minha campanha [em 2010]. Com a aproximação da eleição, se um candidato da base estiver disputando com o adversário, no caso de Itabuna é com o DEM, a gente pode vir para reforçar. Por enquanto, há a informação de que a disputa está embolada e eu estou me mantendo distante não só aqui como em todos os lugares. Sou do PT, mas sou de uma coligação. Então, se existem dois candidatos da base, a gente mantém essa distância.

Qual o mapa eleitoral que o governo projeta para este ano?

A projeção que temos é de que, dos 417 municípios, faremos 320. Gente mais otimista fala em 330. Eu boto 320, o que já seria um número bastante representativo, ficando perto de 100 com a oposição, mas ressalvando alguns municípios, pois o PMDB é parte do governo da presidenta Dilma e oposição ao governo estadual, mas não há “interdição” de alianças. Tem prefeitura que vai ser ganha pelo PMDB, mas com o apoio de gente nossa e do PT. E tem lugares onde o PT deve ganhar com o apoio do PMDB. Mas eu diria que, na minha base, estaremos acima de 320 prefeituras.

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Nelson Pelegrino tem crescido bastante e o candidato do DEM, na minha opinião, vem perdendo fôlego.

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E Salvador?

Nelson Pelegrino tem crescido bastante e o candidato do DEM, na minha opinião, vem perdendo fôlego. Em Feira, a eleição é dura, mas a reação de [Zé] Neto é muito boa. Já em Vitória da Conquista, Guilherme Menezes está bem. Aqui em Itabuna, como já disse, está embolado e em Ilhéus nós temos dois candidatos da base, assim como em Barreiras. Então, acho que o resultado vai ser bastante positivo.

Nacionalmente, qual será o impacto do Mensalão para o projeto eleitoral do PT?

Eu estava dizendo que houve julgamento do povo. O episódio do Mensalão já foi público. Em 2005, 2006, teve gente cassada ou que renunciou para não perder o mandato… Na minha opinião, o impacto maior se deu naquela época. Nós já tivemos as eleições de 2006, 2008 e 2010. Algumas pessoas se desestimularam em relação ao PT, mas, pelo desempenho nas eleições, eu diria que não foi um golpe como a oposição gostaria que fosse. Até porque, se o PT tem erros, e seguramente tem, os outros não estão isentos.

Os reflexos hoje seriam menores?

A população não é mais ingênua. Sabe que fazer o discurso da moralidade é fácil, mas teve, por exemplo, o episódio do Mensalão do DEM, com gente filmada colocando o dinheiro no bolso e por aí vai. E o PSDB, também [Minas Gerais]. Então, eu não gosto de generalizar. Seguramente, não somos um partido dos santos, mas de homens e mulheres, como todos são, com erros e acertos. Agora, alguém tentar posar de partido dos santos, de partido detentor da moralidade absoluta acaba soando como mentira para a população. Então, algum impacto acho que tem, mas não estou sentindo, pelo menos por onde tenho andado.

E na Bahia?

É óbvio que não tenho andado por outros estados, mas não estou sentindo isso.

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Eu digo sempre que com o pecado do pecador o povo já se acostumou. O pecado do pregador assusta muito mais. Quando acontece alguma coisa com alguém do PT, vira escândalo.

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O senhor esteve em São Paulo em apoio a Fernando Haddad. Lá, o senhor não sentiu?

Algum reflexo tem, é óbvio. Eu digo sempre que com o pecado do pecador o povo já se acostumou. O pecado do pregador assusta muito mais. Como nós sempre pregamos a moralidade e o bom uso do dinheiro público, quando acontece alguma coisa com alguém do PT vira um escândalo. Por quê? Porque somos pregadores do bom uso do dinheiro público. O episódio foi em 2005, há o julgamento e a postura de condenação. Agora, não acredito que isso vá ser… Vamos ver em São Paulo, onde o Haddad está crescendo, o Russomano está consolidado na primeira posição. Espero que [no segundo turno] dê Russomano e o Haddad, mas vamos esperar mais um pouquinho.

E o que muda com o envolvimento do nome do ex-presidente Lula, segunda a Veja?

Olha, a Revista Veja, ultimamente, tem se transformado quase que num partido político, como já aconteceu em outros países democráticos como Inglaterra, Estados Unidos. Alguns órgãos de imprensa esquecem de que a imprensa tem direito a ter sua opinião – e nós defendemos a liberdade de imprensa, mas tem momentos que ela assume uma posição e se contamina até diante da sociedade. A tentativa, na minha opinião, é absurda. Eu fui ministro que cuidava de toda aquela questão à época do Mensalão. Eu era o articulador político do presidente Lula… No dia que estive em São Paulo, estava saindo a revista e eu disse “posso garantir que o presidente nunca se encontrou com Marcos Valério nem no Palácio do Planalto nem no Alvorada ou na Granja do Torto”.

Mas a pressão é grande.

Essa tentativa [de envolver o ex-presidente Lula] já foi rechaçada no começo pelo Supremo. É tentativa de contaminar uma pessoa que, para tristeza das oposições, continua morando no coração de 80% dos brasileiros, pelo trabalho que ele fez. Mas não acho que isso vá prosperar. Insisto que é falta de argumento da oposição e aí tenta bater só nessa tecla. O povo ouve a palavra, mas julga pela ação. Creio que a ação do PT ao longo desses anos, seguramente, não é perfeita, mas a gente tem feito processo de prosperidade bastante grande no Brasil e na Bahia.

O senhor sempre foi visto como homem do diálogo e oriundo da base sindical. Por que se enfrentou duas greves duras só neste ano, principalmente a dos professores, que foi a mais desgastante e longa?

A greve da Polícia Militar, na verdade, tinha uma agenda nacional, que era a PEC 300. Então, iniciou-se um processo de greves em outros estados e chegou na Bahia e tomou contornos inaceitáveis e violentos. Graças a Deus, superamos aquela fase. Fizemos uma oferta salarial à Polícia Militar que começa a ser cumprida agora em novembro.

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Os negociadores do meu lado e do lado dos professores não exercitaram bem o que é sagrado – a mesa de negociação e o diálogo – e a greve acabou adentrando por uma conotação de politização.

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E na greve dos professores?

No caso dos professores, considero que houve erro de parte a parte na mesa de negociação. Os negociadores do meu lado e do lado dos professores não exercitaram bem o que é sagrado – a mesa de negociação e o diálogo – e a greve acabou adentrando por uma conotação de politização. Só lembrar que, seguramente, não sou governador da Bahia duas vezes, deputado três vezes e ex-ministro do presidente Lula por que seja burro. É óbvio que se num ano eleitoral eu pudesse alargar os proventos do funcionalismo público para estar em cada canto com gente satisfeita… Eu tenho limite e tenho que governar dentro da responsabilidade fiscal. Eu só quero lembrar, sem voltar a esse debate, que nós fizemos e vamos completar em março 53% de ganho real sobre a reposição da inflação. Houve desgaste, mas ele vai sendo superado. O governo não é julgado só por esse episódio. É julgado pelo conjunto da obra de cinco anos e meio. Graças a Deus, a gente tem avaliação bastante positiva da população.

Só que as pesquisas ainda apontam desgaste.

Não, você está falando da pesquisa de Salvador. É que o povo tem a mania de pegar pesquisa de Salvador.

Nos maiores centros, como Itabuna, também ainda há reflexo.

Em Feira de Santana virou completamente. Pode não ser igual às outras cidades do interior, mas a avaliação é positiva. Inclusive, em Salvador a regressão da desaprovação já é bastante grande e a gente já tem aprovação superior a não-aprovação. Salvador foi o grande foco da greve dos professores. Mas em época de eleição as coisas são… (pausa)

Mais acirradas?

(…) Mais acirradas e ninguém [da oposição] vai falar das bondades. Mas sou pessoa tranquila. Vou dar o exemplo de Salvador [em relação a pesquisa]: tinha gente comemorando antes da hora e me parece que a festa não vai ser como eles estavam imaginando. Vamos aguardar porque, pelas pesquisas, eu não iria nem para o segundo turno em 2006 e acabei ganhando no primeiro. Achava impossível ganhar do primeiro turno em 2010… Não falo isso com arrogância, mas como recomendação porque pesquisa é fotografia do momento. Eu acabei de ouvir do diretor da própria rede aqui [Marcelo Almeida, da TV Cabrália] que as coisas mudam com muita rapidez em Itabuna. Em São Paulo, todo mundo achava que Celso Russomano (PRB) ia cair [nas pesquisas]  com duas semanas de televisão. Consolidou em 35% e está todo mundo agora batendo perna, não entendendo o que está acontecendo. Então, vou continuar com minha humildade. Evidente que eu sei os problemas que o governo tem, mas também eu sei das entregas que a gente fez e não são poucas, e o povo julga pelo conjunto da obra.

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O deputado federal Jutahy Júnior circulou neste final de semana no sul da Bahia em atividades de apoio a candidaturas do arco de alianças do PSDB. Ontem à noite, o parlamentar falou do mensalões do PT e do PSDB mineiro (claro, diferenciando-os), eleições de 2014 e fez avaliação das disputas eleitorais em Ilhéus e Itabuna.

Jutahy vê corrida acirrada pelo voto em Itabuna sendo travada entre o prefeito e candidato à reeleição, Capitão Azevedo (DEM), que tem apoio do PSDB, e Claudevane Leite, Vane do Renascer (PRB).

Para ele, o cenário em Itabuna ficará mais nítido quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) liberar o registro de candidatura de Azevedo, barrado em primeira instância por irregularidades insanáveis em licitações e contratos nos anos de 2009 e 2010.

Jutahy disse que, no geral, o PSDB acertou ao abrir mão de candidaturas próprias a prefeito nos grandes municípios baianos em favor de aliados mais viáveis eleitoralmente, a exemplo de Azevedo em Itabuna. E critica a estratégia petista de nacionalizar a disputa de 2012.

PIMENTA – O PSDB, taticamente, agiu certo ao abrir mão de ter candidaturas próprias a prefeito nos principais municípios da Bahia?

JUTAHY JÚNIOR – A estratégia foi exatamente essa: fortalecer as candidaturas aliadas mais viáveis. Mesmo onde abrimos mão, temos chapas fortes para vereador. Esperamos fazer três vereadores em Itabuna, onde tínhamos nome respeitado para disputar a prefeitura, Ronald Kalid. No geral, nossa estratégia é inversa à do PT, que preferiu nacionalizar as campanhas com o “time” de Lula, Dilma e Wagner.

A estratégia do PT é errada?

O PT cometeu maior equívoco. A [estratégia] é completamente furada. Impuseram candidaturas artificiais, esqueceram de propostas com identidades nas cidades. Achava que só o marketing político era suficiente. Mas é indiscutível que houve desgaste do PT com o mensalão. A imagem foi atingida. Somou-se ao erro de estratégia nacionalizada o mensalão.

No plano nacional, o PSDB lidera em duas capitais, mas não aquelas de grande expressão. As estratégias tucanas também não têm sido equivocadas?

Lideramos em Macéio (AL), Teresina (PI), Vitória-ES, Rio Branco (AC) e São Luís (MA).

O que está acontecendo em São Paulo, com José Serra?

A luta é levar o Serra para o segundo turno. E acho que isso é muito provável, que chegue ao segundo turno.

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Na cidade de São Paulo, tem quem o quer, mas também tem o petista e quem é próximo ao PT que tem em Serra o antagonista.

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Mas ele, segundo as pesquisas, tem rejeição superior a 40%. Como se explica essa rejeição?

Serra foi candidato tendo embates muito fortes. Foi para o segundo turno contra a Dilma em 2010. Foi contra Marta Suplicy em 2004, na disputa pela prefeitura. Na cidade de São Paulo, tem quem o quer, mas também tem o petista e quem é próximo ao PT que tem em Serra o antagonista. Tem o que vota e o que não vota nele. A campanha, dessa vez, é acirrada. É impositiva do Lula no apoio a [Fernando] Haddad. Dilma, também [apoia].

Qual a análise do senhor quanto às disputas em Itabuna e Ilhéus?

A questão de Ilhéus eu não tive participação. Estou mais envolvido com os vereadores. [Os deputados] Imbassahy e Augusto Castro que definiram [apoio a Jabes Ribeiro, do PP]. Já em Itabuna, eu participei diretamente na decisão, no convencimento do diretório municipal, de fazer essa aliança.

E a disputa em Itabuna, que cenário o senhor enxerga?

Em Itabuna, é disputa que ainda está em aberto. Acho que a eleição vai ser entre o Capitão [Azevedo] e Vane. Mas na hora que sair o registro [de Azevedo], teremos cenário mais nítido. Existem muitos eleitores indecisos.

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Em Itabuna, estamos muito otimistas [quanto à disputa no legislativo], esperamos fazer três vereadores do PSDB.

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Mas as sondagens revelam o contrário: o percentual de indecisos é muito baixo.

Acho que [a disputa] vai ser entre Azevedo e Vane, com boas perspectivas para o capitão. Em Itabuna, estamos muito otimistas [quanto à disputa no legislativo], esperamos fazer três vereadores do PSDB.

Como o PSDB sai das urnas na Bahia?

As projeções são razoáveis no quantitativo. No sentido político, será positivo.  Temos o vice em Conquista, abrimos mão em Salvador e em Camaçari [onde o partido renunciou em apoio a Maurício de Tude, do PTN]. Nossa estratégia foi apoiar, eleger prefeitos eficientes para pensar em 2014. O trabalho [de alianças] que o Augusto tem feito ajudou o PSDB a expandir muito aqui na região sul.

O senhor falou de Itabuna. E Ilhéus?

Jabes é favorito. Isso é indiscutível.

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Jarbas Oliver e Lelo Filho contracenam em A Bofetada (Foto Leto Carvalho).

“Não fazemos teatro de puro entretenimento, mas de reflexão”, afirma o ator, produtor e diretor da peça A Bofetada, Lelo Filho, da Cia Baiana de Patifaria. Ele teve um dedinho de prosa com o PIMENTA na quinta, 5, um dia antes de iniciar a série de três apresentações da peça no Centro de Cultura Adonias Filho, em Itabuna.

A Bofetada tem 24 anos de apresentações contínuas pelo País e interior baiano com o texto sempre renovado de ingredientes a partir de pesquisas de situações locais.

Lelo disse que na curta temporada em Itabuna não faltarão críticas bem-humoradas. “Fizemos pesquisa para ver o que está acontecendo [na cidade] e sobre coisas que se pode mencionar no texto. É um espetáculo renovável”, resumiu.  A seguir, os principais trechos da prosa.

PIMENTA – Como tem sido a experiência de levar ao público um espetáculo como este por tanto tempo?

LELO FILHO – A Bofetada é um espetáculo que se renova o tempo inteiro. A cada nova temporada, a cada cidade visitada, a gente sempre insere alguma coisa. A Bofetada comemora 24 anos. É um trabalho de ator, bacana. Para quem fez ou está fazendo, é um trabalho de memorizar coisas novas. A gente monta o espetáculo como se tivesse sido feito em cada lugar que a gente visita.

Nesses 25 anos, dá para sentir renovação de público no interior da Bahia, onde há carência de produção, espetáculos e espaços teatrais?

Com A Bofetada, a gente percorreu 50 cidades do Brasil. O interior da Bahia sempre. Foram longas temporadas no Rio, São Paulo, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Belo Horizonte. Só não fizemos a região Norte. Acredito que o espetáculo também seja responsável pelo bom momento do teatro baiano, que começou na virada dos anos 80 e 90, quando se chamou o público de volta para ver espetáculos produzidos na Bahia. Quando a gente volta, a plateia se renova com gerações que não viram o espetáculo. Há cinco anos que a gente não vem a Itabuna.

 

Basta você ligar a TV e assistir ao noticiário político da cidade e do país para ter grande arsenal de piadas.

 

Você se recorda de algum fato pitoresco envolvendo o espetáculo em cena e a plateia nas apresentações feitas aqui na região?

Quando você fala de coisas locais, como a Ilha do Jegue, o Bairro Maria Pinheiro e a divisa com o Daniel Gomes, ou inserindo locais, coisas que o público entende, gera humor, risos. Meu personagem mora na divisa dos dois bairros. Há certa ironia. A gente faz com o intuito de aproximar, o que acaba ficando até mais engraçado.                                                                      

Muitas mudanças no elenco durante esse longo período?

Sou o único ator da formação original. Pelo espetáculo, já passaram 14 atores. O atual núcleo tem Alexandre Moreira, Jarbas Oliver, Nilson Rocha e eu. Em paralelo, estamos com o espetáculo Siricotico, que já esteve em Itabuna, uma das poucas cidades baianas a recebê-lo.

Deve ser prazeroso fazer A Bofetada com o texto renovado. Ainda há muito a oferecer ao espectador?

O Brasil é país rico em fornecer material. Basta você ligar a TV e assistir ao noticiário político da cidade e do país para ter grande arsenal de piadas. Não que seja uma coisa boa, mas, na verdade, a gente ironiza essas mazelas todas para que a plateia reflita. Não fazemos teatro de puro entretenimento, mas de reflexão.

Serviço
Peça A Bofetada (Cia Baiana de Patifaria)
Quando: 7 e 8 de Julho / 20h
Onde: Centro de Cultura Adonias Filho (Itabuna)
Ingresso: R$ 40,00 (R$ 20,00 meia)

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Num bate-papo com o PIMENTA, o vereador Claudevane Leite, ou simplesmente Vane do Renascer, do PRB, fala sobre a pretensão de ser candidato a prefeito de Itabuna e do cortejo que recebe de outros candidatos, no intuito de tê-lo como vice. Vane afirma que tem recusado essas propostas e assegura que seu objetivo não é outro, senão o de encabeçar uma chapa. O ex-petista fala também sobre as contas do prefeito José Nilton Azevedo (DEM) e da crise moral que atinge o legislativo itabunense.
Confira:
 
PIMENTA – Muita gente duvida de sua candidatura e acha que você quer mesmo negociar uma vice. O que você tem a dizer a respeito?
Vane – Eu tive acesso a pesquisas de consumo interno que me colocam em uma posição bastante competitiva e olha que eu nem estou fazendo campanha. Tenho também um baixíssimo índice de rejeição. Meu sentimento é de que grande parcela dos itabunenses me quer como prefeito dessa cidade. O sonho de consumo de muito candidato por aí é que eu seja vice, mas você pode ter certeza de que não vou entrar nessa disputa para pleitar essa posição.
PIMENTA – O que já lhe ofereceram para tê-lo como vice?
Vane – Da parte do governo, já houve oferta de secretarias e a promessa de que eu seria o candidato à sucessão em 2016, o que eu recusei. Já houve sinalizações nesse sentido também do PT e eu rejeitei da mesma forma. Se todos querem fechar essa composição, é porque sabem que não estou mal.
PIMENTA – Mas o senhor faz parte de uma frente de partidos. Dentro desse grupo, não existe a possibilidade de negociar a formação da chapa?
Vane – Somente nesse caso, pois há um acordo entre o PRB, que é o meu partido, o PCdoB do vereador Wenceslau, o PDT da professora Acácia Pinho e mais o PSC e o PV. Dentro desse grupo, o acordo é o seguinte: quem estiver melhor terá o apoio dos demais.
PIMENTA – Que espaço o senhor espera preencher na política de Itabuna?
Vane – O espaço aberto pelos que estão insatisfeitos com a atual administração e ao mesmo tempo não querem o retorno do PT com a imposição do nome de Juçara Feitosa pelo deputado Geraldo Simões.
 

Há uma outra etapa das investigações, a que apura as fraudes com empréstimos consignados. Isso vai complicar muita gente.

 
PIMENTA – O prefeito Azevedo teve suas contas rejeitadas pelo TCM e agora a Câmara deverá apreciar o parecer do tribunal. Quais as chances disso ocorrer antes das eleições?
Vane – Na semana passada, eu fiz um pronunciamento em plenário cobrando a votação das contas, e confirmarei isso nesta semana, em um requerimento que encaminharei à mesa diretora da Câmara. Há uma manobra na casa para deixar a votação para depois das eleições, mas eu vou combatê-la. Se o parecer do TCM não for apreciado antes das eleições, o legislativo dará um atestado de imoralidade.
PIMENTA – O senhor quer dizer “mais um atestado de imoralidade”, porque esse legislativo já deu vários… Como o senhor se sente fazendo parte de uma Câmara de Vereadores tão mal-vista pela sociedade?
Vane – Hoje é muito difícil fazer parte do legislativo dessa maneira. Além da corrupção, há uma guerra pessoal travada lá dentro. A gente se sente muito mal, mas a comunidade nos deu esse mandato e temos que cumprir o nosso papel.
PIMENTA – No caso Loiolagate (esquema de corrupção que teria desviado mais de R$ 3 milhões dos cofres públicos), o senhor acha que cumpriu seu papel?
Vane – Como relator da Comissão Especial de Inquérito que investigou esse caso, é bom lembrar que foi nossa a iniciativa de procurar o Ministério Público. Não fomos omissos. Se não nos posicionássemos, o Ministério Público não faria nada. Até agora, tudo o que foi apurado pelo MP e pela Polícia Federal está baseado no trabalho da CEI.
PIMENTA – Mas até agora, tirando três vereadores afastados (um voltou amparado em liminar e dois continuam fora), as consequências dessas investigações são muito tímidas…
Vane – Só que ainda há uma outra etapa das investigações, a que apura as fraudes com empréstimos consignados. Isso vai complicar muita gente.

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Solange exibe suas cocadas

Solange Damasceno, ou simplesmente “A Gaga de Ilhéus”, continua fazendo sucesso, embora já não esteja na TV. Até o segundo semestre do ano passado, a dicção travada da ilheense provocava gargalhadas no público do Show do Tom, programa humorístico que era comandado na Rede Record por Tom Cavalcante.
O programa acabou e Solange ficou sem emprego, mas não perdeu o “glamour”, como diria outra comediante da TV. Em frente ao Bataclan, em Ilhéus, a gaga hoje sobrevive da venda de cocadas como a de “cho-cho-cho-cho-cho-cho-cho-chocolate”. É assim que ela pronuncia o sabor, fazendo rir os turistas, que não resistem a tirar uma foto ao seu lado.
O PIMENTA encontrou a gaga no início da tarde desta quinta-feira, 23, em seu novo local de trabalho, e conversou rapidamente sobre o momento atual, o tempo que passou na televisão e os planos para o futuro. A gaga repete a todo momento que sua vida está “nas mãos de Deus” e não cansa de elogiar Tom Cavalcanti – segundo ela, “o melhor patrão do mundo”.
PIMENTA – O que você está fazendo agora, depois de sair da televisão?
Solange – Eu fui a Salvador fazer uma propaganda do Trident, que é o chiclete. Graças a Deus fiz o evento e adorei, me pagaram direitinho… Glória a Deus por isso! E eu vendo cocada aqui pros turistas quando chega o navio. Estou esperando no Senhor, tá na mão de Deus, seja o que Deus quiser. Porque ele me libertou e não vai mais me deixar voltar pro lugar que eu era.
PIMENTA – Você tem participado de eventos?
Solange – Tô fazendo eventos. Eu canto também, gravei um CD que tem um Funk do Inglês Doido. Fui pra Santa Catarina, cantei lá e o povo amou. Por enquanto, graças a Deus, o povo ainda gosta de mim, os fãs perguntam por Tom (Cavalcante). Ele tá lá, nas mãos do Senhor. É um ótimo homem, um ótimo patrão, um homem abençoado. Um humorista daquele não se acha mais não. Se tiver, é do Paraguai, pois verdadeiro só existe um, que é ele.
Fantasiada de paquita, ao lado do "Mendigo", no Show do Tom

PIMENTA – Que estilo de música você canta no CD?
Solange – Tem o Forró da Gaga, o arrocha, o funk, o Rap do Estudante…
PIMENTA – Como você se sente fora da TV?
Solange – Eu tô despreocupada, deixa Deus trabalhar. Meu empresário é o Senhor Deus vivo, Nosso Senhor Jesus Cristo. (Eu espero para) ver o que Deus vai fazer na minha vida.
PIMENTA – Nenhum contato ou proposta à vista?
Solange – Não, ainda não. Mas eu tenho fé em Deus que ainda vou trabalhar com Tom Cavalcante. Patrão que nem ele não tem não.

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Do Comunique-se
Ex-diretor de redação do jornal Propaganda e Marketing e atualmente à frente do Blog do Adonis, o jornalista Adonis Alonso revela não gostar de alguns contatos feitos pelas assessorias de imprensa que tentam vender uma pauta ou insistir em algum material que não será publicado em sua página. O blogueiro também tem passagens por agências de comunicação. Confira trechos da entrevista concedida por Adonias ao site PR News.
PR Interview: O que uma assessoria de comunicação deve fazer para se relacionar bem com um blogueiro?
Adonis Alonso: Tratá-lo da mesma forma como faz com jornalistas de veículo. Na maioria das vezes, também são profissionais dessa área. Por outro lado, como os blogs procuram abordar a notícia de forma diferenciada, é preciso atender suas solicitações com relação a dados adicionais, imagens ainda inéditas se possível, entrevistas que não fazem parte do press release original etc.
PR Interview: As assessorias de comunicação já entendem a importância dos blogs?
Adonis Alonso: Penso que sim. Pelo menos no meu caso, que abrange uma área de atuação específica e também pela minha origem em veículo especializado tradicional. Como o blog trabalha com menos espaço e volume e procura matérias diferenciadas, além de incluir opinião em muitos casos, essas acabam tendo um peso relevante no total do material publicado.
PR Interview: No seu blog, você publica somente notícias exclusivas ou com abordagem diferenciada. Mesmo assim algumas agências insistem em te oferecer conteúdos já publicados em outros veículos?
Adonis Alonso: Isso ocorre diariamente. Recebo o mesmo material enviado a todos os jornalistas do setor. Quando a matéria em questão não se trata de furo ou notícia exclusiva, preciso trabalhar o material.  Peço todo tipo de informação que possa contribuir para que a minha nota seja diferenciada. São vários casos semelhantes. É só conferir uma notícia largamente divulgada por vários sites e observar seu conteúdo no meu blog.
PR Interview: Você gosta de receber telefonema de assessor de comunicação?
Adonis Alonso: Quero ser tratado como um jornalista comum de qualquer veículo. Atendo a todos, discuto a pauta com todos e digo claramente quando e porque determinada notícia não será publicada no blog. Só não gosto de receber telefonemas melosos perguntando se curti ou gostei do release. Eu não tenho que curtir nem gostar. Tenho que achar a informação relevante para o público que lê o meu blog.
Confira a íntegra da entrevista

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Cleber Isaac Soares (Foto Ed Ferreira).

O empresário Cleber Isaac Ferreira Soares, do Eco Resort e do Itacaré Village, é o novo secretário de Turismo de Itacaré. Nesta entrevista ao PIMENTA, ele aborda sua relação com o município que virou febre no turismo brasileiro, os projetos para a pasta e afirma acreditar que o prefeito Tonho de Anízio terá mais quatro anos de governo pela frente.
Cleber ressalta que Itacaré é o único destino do Nordeste que tem potencial “nota 10” para o turismo rural, ecoturismo e turismo de praia. Ele também aposta na sinergia Ilhéus-Itacaré.
–  Essa sinergia e a capacidade de reação do prefeito Antônio de Anízio vão transformar este eixo até o final do seu segundo governo no melhor destino do Nordeste para um turismo inteligente e não-massivo.
Confira a entrevista.
PIMENTA – Qual é sua relação com Itacaré?
Cleber Isaac Soares – Minha família está em Itacaré há um século e meio. Eu nasci em Salvador e moro em Itacará há 15 anos. Depois de formado, resolvi aproveitar o potencial das propriedades da família na região. Fomos pioneiros no Brasil na implantação de resort-condomínios com o Villas de São José, em 1999.
Como se deu sua ida para a Secretaria de Turismo de Itacaré?
Pelo lado político, agradeço a confiança depositada pelo prefeito Antonio de Anízio, que terá em mim um soldado a serviço de seu projeto. Acredito que o prefeito, que acompanha tudo no município, sabe  do nosso potencial logrado em outras áreas relacionadas também ao turismo. Mas o convite veio principalmente pelo lado técnico – e assim pretendo atuar -, após o afastamento de Diana Quadros por razões pessoais, no final do ano passado. Ela deixa uma secretaria bem-estruturada e uma equipe técnica de qualidade.
Fale de suas experiências nesse setor.
Para mim, o mais importante foi o que citei no início, o Villas de São José, projeto que trouxe para o destino Itacaré pessoas famosas e de alto poder aquisitivo, despertando mundialmente o interesse por conhecer Itacaré. Fui fundador e presidente do Instituto de Turismo de Itacaré, em 2005,  ajudamos no processo de implantação do Conselho de Turismo em 2009, implantamos e operacionalizamos os hotéis Eco Resort e Itacaré Village, ambos situados no condomínio Villas de São José, e idealizamos o projeto Vilas do Rio de Contas, que visa o desenvolvimento do ecoturismo do Rio de Contas em Itacaré.

Temos ideias e projetos para curto, médio e longo prazos.

 
O senhor assume a pasta e já com um projeto para o setor?
Temos ideias e projetos para curto, médio e longo prazos. Tomo a liberdade de incluir o segundo governo de Antônio de Anízio. A princípio, citarei alguns dos projetos que estamos amadurecendo e pretendemos expor ao prefeito e toda sua equipe e aos colegas secretários para que possamos fazer um trabalho em conjunto.
De toda essa experiência e vivência do turismo em Itacaré, quais projetos o senhor encara como fundamentais?
De forma resumida, pensamos em ações de interiorização do turismo, estimulando o turismo de aventura (rafting, rapel e a tirolesa), a inclusão social com agricultores familiares fornecendo produção para pousadas e restaurantes da cidade, o incremento de ações na área de segurança em parceria com o setor privado (videomonitoramento e rádio), projeto de saneamento e a criação de uma agenda de grandes eventos musicais para o destino. Mas gostaríamos de frisar que todas estas iniciativas só resultarão em sucesso se todos comprarem a ideia e participarem.

Itacaré é vista como um paraíso por gente de todo o mundo, mas ainda tem desafios a enfrentar nas áreas social e ambiental, por exemplo. Como superá-los?

Como um desafio possível de ser enfrentado, por termos o apoio do prefeito e sua equipe e do empresariado local. As soluções já foram testadas em destinos como Parati, Búzios, Ouro Preto, Bonito e Fernando de Noronha, para citar apenas destinos nacionais, mas a Costa Rica é o país que teve maior êxito na aplicação de turismo ecológico e rural para ter o verdadeiro desenvolvimento. Nunca esquecerei o que aprendi neste país, in loco.
Como alguém com perfil empresarial pode colaborar com o desenvolvimento de políticas públicas para o turismo?
A cabeça de empresário me dá a facilidade para trazer os colegas para apoiar as políticas públicas – seja em parcerias públicas ou apoios institucionais, em especial com os empresários ligados ao ITI,  que têm uma visão estratégica de longo prazo do destino. Além disso, a eficiência e eficácia da vida empresarial me dá o senso de urgência necessário para gerar os resultados pelos quais o prefeito me incumbiu.

Itacaré é o único destino nordestino que tem potencial nota 10 para turismo rural, ecoturismo e turismo de praia

 
Como o senhor vê o futuro do turismo em Itacaré?  Quais são as tendências para o setor nesta cidade?
Itacaré é o único destino nordestino que tem potencial nota 10 para turismo rural, ecoturismo e turismo de praia – comparado apenas a Parati. Ao mesmo tempo, está ao lado de Ilhéus, que tem o maior potencial do Brasil (ainda não explorado em seu potencial máximo) para o destino cultural, em especial com a refilmagem de Gabriela, 100 anos de Jorge Amado.  Essa sinergia Ilhéus–Itacaré e a capacidade de reação do prefeito Antônio de Anízio vão transformar este eixo até o final do seu segundo governo no melhor destino do Nordeste para um turismo inteligente e não-massivo.
O senhor já pensou em ser prefeito de Itacaré. Os projetos políticos continuam?
Minha pretensão política é clara: apoiar Antonio de Anízio para fazer a melhor gestão possível nos próximos 5 anos e colocar Itacaré no patamar que merece. O restante será consequência.
O poder público local entende a importância do turismo?
Hoje, sim, e a prova é que Itacaré nunca teve uma Secretaria de Turismo com sede, gerente de cultura, gerente administrativa, gerente de eventos… Nos governo anteriores não existia nem uma mesa para a secretaria nem uma cadeira. Antes, o secretário de Administração dispunha de parte de seu tempo para o turismo com as dificuldades que esta falta de exclusividade gera.

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O presidente local do PMDB, ex-deputado Renato Costa, está fora do páreo em 2012, mas diz que trabalha pela candidatura própria do partido. Até aqui, a legenda possui quatro pré-candidatos: Maruse Xavier, Ruy Côrrea, Edmilton Carneiro e Leninha Duarte.
O partido define até o final deste mês qual deles será o pré-candidato. O escolhido terá até maio para viabilizar-se, segundo Renato, que não descarta aliança com o PT itabunense, embora haja acordo antipetista firmado entre os diretórios estaduais do PMDB, PSDB e DEM. “Nosso plano “A” é viabilizar nossa candidatura própria”, diz o presidente, que completa: ‘Estaremos abertos a aliança com quem quer que seja”.
Confira bate-papo do PIMENTA com o presidente do PMDB itabunense.
Como o partido se posicionará em 2012?
O PMDB trabalha pela candidatura própria. Definiremos até o fim deste mês quem será o pré-candidato. Enquanto isso, vamos manter conversa com os outros partidos, com a Terceira Via, para ver se a gente apoia ou será apoiado. E, por outro lado, caso não consiga viabilizar candidato ou não compor com a Terceira Via, estaremos abertos a aliança com quem quer que seja.
O PMDB seguirá a orientação da estadual para fechar com o DEM e o PSDB?
O PMDB, por tradição, não costuma agir assim, empurrando goela abaixo. Evidentemente que se for por esse caminho, de fazer alianças, passaremos pelo crivo da Estadual. Não há obrigatoriedade [de compor com o DEM e o PSDB]. Caso a candidatura própria não se viabilize, estaremos livres para fazer aliança com quem acharmos melhor.
Na eleição a governador em 2010, havia expectativa de Geddel ter o apoio de Azevedo, o que não aconteceu. Esse fato atrapalharia o diálogo com o DEM em Itabuna?
Isso foi o que eu disse ao prefeito, de que não haveria nenhuma obrigação de apoiá-lo, pois ele não criou essa obrigação. Ele não se definiu na eleição a governador. Além do mais, Geddel trouxe para Itabuna a maior obra, a mais visível [a cobertura do Canal da Amélia Amado]. Agora essa história de verticalizar as decisões, isso é complicado, não existe. Se fosse para alinhar [de cima], nós já temos o PMDB aliado ao PT no plano nacional. Cada município tem sua realidade, suas diferenças. É muito difícil [verticalizar], não há isso de não pode apoiar esse, não pode aquele. Nós não temos nenhum veto. Nosso plano “A” é viabilizar nossa candidatura própria.
Qual será o nome do partido?
Nós temos Ruy Correa, Maruse [Xavier], Leninha [Duarte] e [Edmilton] Carneiro. Dentro de 15 dias, teremos só um nome.

Essa aliança de Salvador [com o DEM e o PSDB] não será obrigatória aqui. Pode até acontecer, mas não é obrigatória.

E a aliança com o PT, está descartada?
Não há proibição nem obrigação de apoiar. A primeira opção é com os partidos menores, com Vane, PCdoB, Acácia Pinho. Caso não seja possível, a gente vê. Mas isso é lá para maio ou junho. Nós vamos trabalhar pela candidatura própria. Essa aliança de Salvador [com o DEM e o PSDB] não será obrigatória aqui. Pode até acontecer, mas não é obrigatória.
O PMDB tem orientado os diretórios a não se aliar ao PT no interior?
Não, eles apenas dizem que aliar-se ou não com o PT é uma decisão nossa, do diretório. Se a candidatura própria não ganhar musculatura, nós buscaremos aliança. Mas agora vamos decidir o nome do PMDB de forma consensual, apoiar quem tem mais visibilidade.
Juvenal Maynart, do diretório estadual, falou que, dos nomes postos, Leninha seria o melhor do PMDB por ter os três Dês: dimensão, densidade, democracia.
E vocês até falaram do outro D, de dinheiro, né? (risos). Mas os outros nomes também têm simpatia.

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O ex-vereador José Carlos Veridiano (Badega) pode voltar ao PT e disputar novamente uma vaga à Câmara de Vereadores de Itabuna. No início desta tarde, Badega concedeu entrevista ao PIMENTA e disse que a tendência é pela volta ao partido que ajudou a fundar.
O ceplaqueano foi presidente da legenda em Itabuna e também o primeiro vereador petista no município, na legislatura 1993-1996, quando três edis foram cassados por “malfeitos” e só retornaram à Casa, pela via Judicial.
Ontem à tarde, Badega ouviu pedidos dos dirigentes locais para que retornasse, dentre eles o da prefeiturável Juçara Feitosa. Veridiano, que esteve no PMDB, disse na entrevista que volta ao partido por causa da militância e não a serviço de alguém.
Na entrevista, ele fala do possível retorno, prevê eleição disputadíssima a prefeito e definição entre Capitão Azevedo (DEM) e o nome do PT (Juçara Feitosa e Geraldo Simões são os nomes petistas) e analisa o desempenho dos vereadores:
– Eu tenho vergonha dessa Câmara.
Confira.
PIMENTA – O senhor retornará mesmo para o partido?
JOSÉ CARLOS VERIDIANO – O partido vem conversando comigo há sete, oito meses. Como eu tenho sido e sempre fui tratado de uma maneira tão especial pelos militantes, resolvi conversar com a direção do partido.
E a conversa vai dar em retorno?
Eles fizeram um apelo unânime, insistiram. Resolvi apreciar esse convite, consultar minha família e pessoas com quem sempre converso. A sinalização dessas pessoas é positiva [pelo retorno]. Não está 100% decidido, mas a tendência é pelo retorno.
O partido já divulga sua refiliação amanhã, no Grapiúna. O senhor vai ao evento?
Eu pedi ao pessoal para me preservar em relação a esse movimento. Se for para ajudar a levantar o astral do partido, eu gostaria de ir, porém, ainda não fechei o círculo de reuniões. Mas eu gostaria de deixar claro que em um retorno não serei pró Josias [Gomes] nem Geraldo [Simões]. Volto pela militância. Não estou retornando para servir a ninguém. Meu compromisso é com o partido.
O senhor disputará vaga à Câmara em 2012?
Inicialmente, não. Gostaria de ter mandato para trabalhar, dar o melhor para a minha cidade e não repetir o que vemos aí, gente preocupada em fazer pé-de-meia. Mas não reúno condições financeiras para sair candidato. Se as condições forem dadas mais adiante, até posso ser.

O Caso Sérvia é hoje uma gota d´água no meio do oceano em relação ao que acontece atualmente. Eu tenho vergonha dessa Câmara de Vereadores.

O senhor foi o primeiro vereador do PT em Itabuna, no início da década de 90. Era uma legislatura diferenciada, apesar do Caso Sérvia. Como é que vê a Câmara que temos hoje?
Mas o Caso Sérvia foi investigado. Apuramos e punimos com rigor os envolvidos, cassamos vereadores (no episódio, foram cassados José Raimundo, Herlon Brandão e Gegéu Barbosa, que depois retornaram por via judicial, mas absolvidos Eli Barbosa e José Domingos). Aquele caso é hoje uma gota d´água no meio do oceano em relação ao que acontece atualmente. Eu tenho vergonha dessa Câmara de Vereadores.
No que aquela legislatura se diferencia da atual?
Olha, naquela época nós tínhamos quatro assessores para 17 vereadores, e estes eram funcionários da Câmara. Era o assessor de comunicação da Câmara (Gonzalez Pereira, que era efetivo), os assessores jurídico e parlamentar e o diretor-administrativo. Não tinha verba parlamentar, não. O repasse era correspondente a 30%, 40% do que se recebe hoje em relação ao Orçamento. Agora, passa dos R$ 700 mil e esse dinheiro se consome todo. Isso é absurdo.
Eram quatro assessores para a Câmara?
Sim, e a Câmara funcionava. No meu gabinete, era eu e eu mesmo. Tudo era feito por mim com auxílio de colegas experientes ou de voluntários como os jornalistas Luiz Conceição e Ederivaldo Benedito e outras pessoas que sempre nos davam sugestões. Os vereadores hoje deveriam ter, no máximo, três, quatro assessores cada e não torrar dinheiro público enquanto vemos a cidade entregue ao lixo e às baratas.
O número de vereadores vai aumentar em Itabuna para 21 em 2013.
Eu acho muito. O ideal seriam 17. Eu acho muito para Itabuna 21 vereadores, até porque boa parte não pensa na população, mas em salário, pé-de-meia.
E o senhor disputando em 2012, terminando eleito…
Sendo vereador? Eu dispensaria metade dessa verba de gabinete. A Câmara não poder ser “Ilha da Fantasia”. Temos que nos adaptar à realidade da nossa região. O pior é vereadores fazerem empreguismo na Câmara. Eu era do partido de Geraldo [prefeito à época], mas nunca empreguei ninguém na prefeitura, nem botei parente meu. Nunca pedi emprego para nenhuma pessoa nem fiz empreguismo na Câmara ou na prefeitura.

Não sei o que o Ministério Público fazendo, porque foram feitas denúncias e ninguém ouviu um pio dos promotores.

Nesse sentido, a pressão em 2013 vai ser ainda maior, não?
É… O prefeito que for eleito vai perder os cabelos. Em vez de negociar com 13… Vamos ter poucos que não vão querer vender seu mandato [ao prefeito]. Isso é uma coisa deprimente. É corrupção deslavada que deve ser combatida duramente pela imprensa e pelas pessoas. Não sei o que Ministério Público fazendo, porque foram feitas denúncias no MP e ninguém ouviu um pio dos promotores. E a cidade entregue aos desmandos. Assim, a população começa a desacreditar em todo político.
É por causa dessa descrença que o senhor não pensa em disputar eleição?
Não, não é. Gostaria de ter mandato para fazer diferença. A gente tem que ir pelos meios legais para ser direito. Ter mandato pelos meios direitos é difícil, a não ser que tenha grupo de pessoas amigas, amigos direitos e que depois não queiram cobrar nenhum tipo de benefício pessoal. Mas não descarto a candidatura. A gente nunca deve perder a esperança.

Eu não perdi a esperança, gosto de fazer política. Na minha Câmara, a maioria era de pessoas direitas.

Mesmo com os fatos recentes?
Eu não perdi a esperança, gosto de fazer política. Na minha Câmara, a maioria era de pessoas direitas, Leo Guimarães, José Domingos, Herlon Brandão, Ana Carolina, Davidson Magalhães, José Japiassu, Anorina [Smith Lima]. Tínhamos grupo qualificado que discutia política e trabalhava mesmo.
O senhor tem a dimensão do que representaria retornar ao partido?
A dimensão exata eu não tenho (risos). Mas nunca fui uma pessoa que desacreditou na política. Acho desperdício não participar, com ideias, debates. Outra coisa que me influenciou a retornar para o PT foi o projeto nacional, que está dando certo. Antes de Lula, a Bahia só tinha uma universidade federal e agora vai ter quatro.
O senhor acha que o PT chega em condições favoráveis para disputar a prefeitura de Itabuna?
Itabuna ainda tem perfil de Vasco x Flamengo, de eleição disputada. Um bom número vai votar em que está na prefeitura pela questão ideológica. Pelo que está a cidade, o prefeito teria 3%, 4% dos votos. Vai ganhar em 2012 quem agregar mais. A disputa será definida entre o grupo que está na prefeitura e o grupo do PT. Não será eleição fácil para ninguém.

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Reitor em final de mandato na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), o professor Joaquim Bastos está com um pé na política partidária e os olhos voltados para 2012.
Ele promete definir, até o dia 31, a qual partido irá filiar-se caso concorde em disputar a prefeitura de Ilhéus. Convites parecem não faltar. PDT, PMDB e PCdoB cortejam o reitor.
O reitor não esconde o espanto com os valores gastos numa campanha para prefeito em cidades do porte de Ilhéus. “Fico pasmo”, disse ao PIMENTA.
Joaquim está com 62 anos e em processo de aposentadoria como professor e a idade, segundo ele, também pesará na decisão. Confira a entrevista concedida ao blog.
PIMENTA – O senhor recebeu convites de pelo menos três partidos. Já se decidiu pela candidatura e por qual legenda sairá? 
JOAQUIM BASTOS – Eu tenho conversado sobre política há mais de seis anos e alguns partidos me convidaram para a eleição. Com o final do mandato de reitor e o processo de aposentadoria, agora eu posso pensar nisso.
Qual a legenda escolhida?
Tenho conversado com alguns partidos. O tipo de política que faço é política acadêmica, então, tenho discutido bastante. Até o final do mês eu defino a filiação. Ainda não tenho definição clara sobre qual partido. Tenho conversado para me familiarizar [com a política partidária].
O que o senhor analisa para definir pré-candidatura?
Estou vendo as possibilidades concretas, para realmente me envolver com a vida política da cidade e entender também como funciona um partido.
Com quem o senhor tem conversado?
As conversas se dão em Salvador, Brasília e Ilhéus, para ver se realmente tomo essa decisão na minha vida. Aos 62 anos, tenho que pensar se realmente quero quatro anos na prefeitura.

A gente vê cidades como Itabuna e Ilhéus captando menos dinheiro fora do que a Uesc. 

Existe ainda um temor do que pode vir pela frente, caso vença?
Dizem que vai ter muita coisa para consertar, para fazer. Aí tenho que analisar. A gente vê cidades como Itabuna e Ilhéus captando menos dinheiro fora do que a Uesc. Precisamos ver por que isso acontece. Enfim, tem muita coisa que a gente desconhece [da estrutura partidária e da prefeitura].
Mas não dá para adiantar para onde o senhor vai, politicamente falando?
Conversei com quatro partidos. Me chamaram pra conversar. Tô indo numa boa. Tenho mais três, quatro pessoas comigo, pessoas que têm noção mais aprofundada de política partidária e que vão me ajudar [na decisão].
As propostas de filiação partem mesmo de PDT, PCdoB e PMDB? Qual seria o quarto partido?
(risos) Semana passada, conversamos com um grupo de 12 pessoas, e ficamos em 14. Conversa muito interessante, mas por vezes fico pasmo quando falam em valores de uma campanha a prefeito.
Quanto?
A gente tá acostumado a fazer campanha para reitor com 30 mil reais.  O prefeito de Ilhéus mostrou o contracheque dia desses e daria R$ 600 mil, R$ 650 mil de salário em quatro anos. Eu não admitiria gastar metade disso em campanha. A única coisa que tenho para colocar na mesa é o meu currículo. Dinheiro, moeda, eu não tenho um centavo para colocar em política. Gastar aquilo que se ganha em 25 dias de pauleira…
Depois das conversas iniciais, já há sinalização clara sobre para onde ir?
Há partido que eu considero grande, mas temos outros de estrutura menor, porém, com capacidade de aglutinação. Tenho 37 anos de universidade, uma certa rodagem em relação a acomodar pessoas. Gosto de compartilhar trabalho, responsabilidade, mas também decisão. Ninguém consegue administrar Uesc sozinho. Prefeitura, então, nem sonhando. Mas teria que ter condição.

Não dá para nomear pensando em simpatia, mas eficiência produtiva.

E qual seria, além da capacidade de formar uma boa coligação?
Por exemplo, que não seja indicado apenas um nome para determinado cargo, mas vários. Não dá para nomear pensando em simpatia, mas eficiência produtiva.
O senhor conhece a realidade da prefeitura?
A gente sabe, conhece o orçamento, que é público. Dá para identificar alguns componentes de despesa, receita. Quanto a prefeitura arrecada com a taxa de iluminação? Quanto custa o serviço? Saber se a prefeitura está em dia, se permite retirar as três certidões [para firmar convênios, captar recursos]? Até dia 31, eu vou tomar minha decisão.

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O PIMENTA inicia a publicação de uma série de entrevistas com os principais atores do cenário político regional, nomes que certamente terão influência ou estarão diretamente na disputa pelo comando de Ilhéus e Itabuna, as maiores cidades do sul da Bahia. A primeira conversa foi com o secretário-geral do PP da Bahia, Jabes Ribeiro, que trabalha para conseguir mais um mandato à frente do governo ilheense.
Advogado e professor, Jabes já governou Ilhéus em três gestões. Foi também deputado federal e chegou a ocupar a vice-liderança do governo Itamar Franco (1992-1994) na Câmara. No período em que Waldir Pires governou a Bahia, Jabes foi seu secretário estadual do Trabalho.
Nesta entrevista, o político ilheense ataca com dureza a atual administração do município e, entre outros adjetivos, diz que o governo Newton Lima é “inepto” e “ineficiente”. Sobre a polêmica gerada com o PT, quando disse que não aceita fazer aliança com quem detém cargos na Prefeitura de Ilhéus (caso petista), Jabes afirma que não deu ultimato nem nominou qualquer partido.
O pepista diz que seu grupo está aberto a conversar com todas as legendas que integram a base aliada do governo Wagner, mas repete: “quem está com Newton, que fique até o final”.
 
PIMENTA – O PP ficou com uma bela fatia na distribuição dos cargos do Estado em Ilhéus. Isso gerou ciúme entre as demais legendas da base aliada?
JABES RIBEIRO – É do jogo democrático que aqueles que venceram as eleições normalmente ajudem a governar. É assim em qualquer democracia do mundo. Creio que o governador foi muito hábil no momento em que, ao invés de sair fazendo uma distribuição por pessoas, por deputados, ele resolveu convocar os partidos políticos para participar desse entendimento. Foi um debate longo e intenso, mas acredito que o resultado, mesmo não agradando a todos, foi o melhor que se poderia conseguir.
PIMENTA – A seu ver, não existe nenhum desequilíbrio?
JR – Essa distribuição representa o resultado das eleições de 2010. Os partidos que tiveram uma melhor performance acabaram tendo um posicionamento melhor. Falam: “ah, mas tirou o cargo de Fulano”. Não existe isso, o cargo não é de ninguém, senão do governador, do Estado. Eu representei o PP em toda a Bahia e fizemos um trabalho em que ocupamos os cargos com base na votação que tivemos. Por exemplo, no território sul o meu partido teve uma performance e em torno dela teve uma ordem de participação nos cargos. Em Ilhéus, nós ficamos com Detran, um cargo da Bahiapesca, uma coordenação da Direc, a Sudic e alguns outros cargos menores. Enfim, esse foi o espaço que nos coube dentro dessa distribuição e todos os partidos da base aliada participaram desse processo.
PIMENTA – Esse espaço que o PP está ocupando fortalece o partido para 2012. Como você faz essa análise e como está construindo um diálogo com os aliados para viabilizar o caminho para as próximas eleições?
JR – O PP tem um relacionamento ótimo e sem nenhuma contestação com todos os demais partidos da base aliada. Nosso relacionamento com o PT, o PCdoB o PSB, com o PDT, é absolutamente democrático, civilizado, solidário, contributivo. Não tem problema nenhum, tanto que, em vários locais da Bahia, após a distribuição dos espaços políticos, nós fizemos negociações com os partidos. Fizemos negociações com o PDT, o PCdoB, o PSB. Nós não tivemos nenhum problema nesse sentido. O relacionamento é absolutamente positivo com todos os partidos da base aliada.
PIMENTA – Em Ilhéus esse relacionamento não é tão positivo…
JR – É evidente que nos municípios existem problemas, mas eu acho que o diálogo, a conversa, o esforço no sentido da gente encontrar o caminho, isso tudo é absolutamente possível. É claro que você vai encontrar problemas aqui e acolá, mas nós partimos de um princípio: há um projeto nacional, esse projeto é comandado pela presidente Dilma Rousseff, e há um projeto estadual comandado pelo governador Wagner. O nosso partido está absolutamente comprometido com esses projetos.  Nos municípios, é natural que cada partido lute para ocupar o poder e se fortalecer, mas nós partimos do princípio de que onde haja condições de disputar as eleições, nós vamos disputar. Onde existe segundo turno, disputaremos comprometidos a no segundo turno estarmos juntos, dentro da base aliada.
 

Quando você tem um comandante que não gosta do que faz, não tem aptidão, não tem autoridade, gera esse caos que está aí, em que você tem vários prefeitinhos.

 
PIMENTA – O senhor acredita que os conflitos locais podem trazer dificuldades para o seu projeto de eleição?
JR – As disputas locais são absolutamente naturais. Veja em Itabuna, por exemplo,  a disputa do PCdoB com o PT. Em Salvador, praticamente todos os partidos têm candidato a prefeito. Em Ilhéus, da mesma forma, temos um debate natural e democrático. O governador sabe disso, não tem nada que esteja acontecendo em Ilhéus que não seja do conhecimento do governador. Nesse sentido, não creio que haja nenhum problema, muito pelo contrário. O PP quer se fortalecer em Ilhéus para ajudar o governador Wagner e a presidente Dilma Rousseff.
PIMENTA – Causou certo incômodo, sobretudo a pessoas ligadas ao PT, a espécie de ultimato feito pelo senhor, avisando que não faria aliança com pessoas que estão no governo municipal. Como fica isso?
JR – Eu nego veementemente ter dado ultimato a quem quer que seja, esse não é um papel meu. Eu tenho um projeto como líder do meu partido: nós trabalhamos em Ilhéus com um projeto de chegar à prefeitura. Há pessoas no PT de Ilhéus com quem eu tenho um ótimo relacionamento, assim como no PSB. Muitos até já estiveram comigo ao longo da história. Às vezes eu pergunto:  quem não esteve? O que eu disse e quero reiterar foi que eu e o meu partido estamos absolutamente abertos a conversar com todos, mas decidimos não fazer aliança com nenhum partido que esteja dentro do atual governo municipal. Não estou me negando a conversar, muito pelo contrário.
 
PIMENTA – Mas há lideranças locais que parecem não querer conversa.
JR – Quem conhece política sabe que isso é bobagem. O que não dá é as pessoas tentarem a vida inteira um artificialismo, um jogo de enganação que não funciona. A nossa posição clara é a seguinte: nós não iremos fazer nenhuma aliança com o atual governo de Ilhéus. Não cabe, pois temos uma atitude institucionalmente de oposição a esse governo. Não há nada de pessoal contra o Newton (Lima), e eu tenho dito isso. Muito pelo contrário, ele é uma pessoa cordial, não temos problema nenhum.  Agora, politicamente falando, o governo é um desastre, um caos, é uma desorganização completa, é a negação do que seja um governo. Mas isso quem está dizendo não sou eu, é quase 90% dos ilheenses.
PIMENTA – E como fica, então, a chance de prosperar algum diálogo com o PT, que está no governo municipal?
JR – Eu não quero nem nominar, nunca nominei. Eles ficam meio nervosos comigo, mas eu quero até que tenham tranquilidade. Quem quiser considerar que o projeto para 2012 passa por esse governo que está aí, fique com ele. Estou disposto a conversar com o PT, o PSB, PCdoB, PDT e já tenho conversado com muitos. Estão enganados aqueles que pensam que eu estou voltado apenas para o meu partido.  Não é essa a minha experiência e vale lembrar que no passado eu já tive alianças com o PT. O PT já me apoiou em Ilhéus, o PSB já me apoiou, e eu já apoiei o PT. Nas últimas eleições eu apoiei o PT a pedido do governador.

Já conversei com o deputado Josias (Gomes, do PT), com quem tenho um bom relacionamento e considero um político capaz, competente, que não age com o fígado, como muitos.

PIMENTA – Chegou a existir de fato algum ensaio de acordo para que o PP apoiasse o PT em Itabuna em troca de uma reciprocidade em Ilhéus?
JR – O que acontece é o seguinte: há em Salvador uma comissão com representantes de cada partido da base aliada. Tem o representante do Partido Progressista; tem lá o Jonas Paulo, do PT; Alexandre Brust, do PDT; Daniel Almeida, do PCdoB; Lídice da Mata, do PSB;  Toninho, do PSL; Bispo Márcio Marinho, do PRB, e por aí vai… Nós estabelecemos nesse grupo que vamos buscar o máximo de esforço para que haja uma unidade da base aliada nas 30 maiores cidades da Bahia, o que inclui Itabuna, Ilhéus e tantas outras. É uma conversa que se faz priorizando a defesa do projeto nacional e do projeto estadual . Se haverá possibilidade de termos êxito em todos os lugares, não sabemos. É evidente que em situações desse tipo, existem composições. Por exemplo, o PT pode precisar do nosso apoio em Vitória da Conquista, em Feira de Santana, em Salvador e nós poderemos precisar do apoio do PT em Ilhéus. Não significa que cada partido não irá consultar suas bases locais, agora há uma resolução do PT, assim como no PP, de que as questões locais terão que passar por uma análise da executiva estadual de cada partido. Eu, por exemplo, já conversei com o deputado Josias (Gomes, do PT), com quem tenho um bom relacionamento e considero um político capaz, competente, que não age com o fígado, como muitos. Converso com Geraldo (Simões), conversei há poucos dias com Everaldo Anunciação (secretário de Organização do PT na Bahia). Estão enganados aqueles que pensam que eu não estou conversando. É que tem alguns que estão tão envolvidos com o governo municipal, que não têm tempo para conversar.
PIMENTA – Nessas suas conversas com lideranças do PT, já se estabeleceu algum critério para definição de alianças, como desempenho em pesquisa, por exemplo?
JR – Não, mas eu topo. Pelo critério de pesquisa eu topo discutir aliança em Ilhéus com qualquer partido da base aliada, exceto, repito, com aqueles que fazem parte da atual administração municipal. Porque senão a gente descaracteriza nosso discurso. Ao escolher o nome que disputará as eleições com base em pesquisa, estaremos demonstrando consideração pelo que pensa a opinião pública, mas é claro que não é só o critério da pesquisa. Existem outros que podem ser utilizados e eu não tenho problema nenhum.
PIMENTA – Ilhéus tem problemas financeiros graves, com um volume imenso de precatórios e inadimplência que gera até a impossibilidade de firmar convênios para projetos e obras. Como equacionar isso?
JR – Eu deixei o município, no final de 2004, com os precatórios todos negociados. Eu fiz essa negociação quando era presidente da Amurc, e não foi só para Ilhéus. Itabuna negociou, Jequié negociou, toda a região negociou. Ilhéus teve uma administração, com o ex-prefeito Antônio Olímpio, que gerou milhões de precatórios. Isso está registrado, não tem o que se discutir, mas, enfim, existem os precatórios e nós negociamos em condições de honrar. Veio Valderico (Reis, ex-prefeito) e chutou tudo pra cima. As negociações com o INSS, eu deixei todas organizadas. Por que eu assinei convênios com os governos federal e estadual até o último dia do meu governo? Assinei porque estava tudo absolutamente em dia, as contas estavam organizadas. Deixei a folha de pagamento com menos de 50%, abaixo do limite legal. A Prefeitura estava organizada, as contas estavam organizadas. Eu vou apresentar no momento certo os dados que demonstram que Ilhéus estava crescendo. Foi feita uma reportagem naquele período, publicada na revista Veja ou na Época, que listava Ilhéus entre as dez melhores cidades do Brasil para se viver. Está escrito. Não dá para as pessoas ficarem na enganação, na mentira,na malandragem. Não existe isso.
PIMENTA – Quer dizer que todos os problemas da cidade são culpa do atual governo?
JR – O que está aí é produto de dois governos desastrados, que desorganizaram as contas públicas, o setor de pessoal, os programas sociais, a saúde, a educação. Esse é um desgoverno porque desorganizou todas as políticas de Ilhéus e acho que nós, ou qualquer outro que chegue à prefeitura, teremos um grande trabalho para enfrentar isso. Programas como o “Escola Campeã”, do Instituto Ayrton Senna, cadê? Ilhéus era a única cidade da Bahia que tinha esse programa. Cadê os programas voltados para a geração de emprego, como o Pead, por exemplo? Acabou tudo. Na área cultural, o que se fez? Fecharam biblioteca, fecharam o Circo Folias da Gabriela, que era um espaço importante para a cultura, as manifestações artísticas do povo de Ilhéus. O que eles fizeram mais de importante para a cultura? Fecharam o Memorial da Cultura Negra. Fizeram o que a mais? Transformaram o Bataclan num restaurante, só isso. Não tenho nada contra, acho até que está legal, mas era esse o projeto? Ou era o projeto de uma casa de cultura, que contou com dinheiro público, do município e da Petrobras? O restaurante está até bonito, mas você não vê uma placa que indique o que é aquilo. Será que a Petrobras iria me ajudar a fazer aquele trabalho se eu dissesse que seria um restaurante, por melhor que seja? Esse governo é inepto, ineficiente. Quando você tem um comandante que não gosta do que faz, não tem aptidão, não tem vocação, não tem talento, não tem liderança, não tem autoridade, gera esse caos que está aí, em que você tem vários prefeitinhos. Todo mundo manda e a cidade não avança.

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Em 2007, quando o governo do prefeito Valderico Reis em Ilhéus se afundava em uma sucessão de escândalos, os principais personagens daquela história política macabra se transportaram, em forma de verdadeiros mondrongos, para os palcos e ruas de Ilhéus. Surgia Teodorico Majestade, o prefeito da fictícia Ilha Bela, e todo o seu “staff” de malandros.
Criação de Romualdo Lisboa, encenada pelo Teatro Popular de Ilhéus, Teodorico é um tapa na cara da classe política, a vingança do povo ou a “desconstrução do marketing”, como diz o autor. A peça, indicada para dois prêmios Braskem, foi encenada no Rio de Janeiro e participou recentemente da 6ª Mostra Latino Americana de Teatro, em São Paulo. Sucesso de público e crítica, teve casa cheia todos os dias numa temporada de dois meses na capital paulista.
Sai o prefeito, entra o vice. Agora é a vez do Inspetor-Geral, que estreou em São Paulo e ainda terá uma temporada de dois meses por lá, antes de chegar a Ilhéus. Com sua linguagem universal, o Teatro Popular conquista outros palcos.
Leia abaixo os principais trechos do bate-papo do PIMENTA com o criador de Teodorico e do Inspetor :
PIMENTA – Como vocês chegaram à Mostra Latino-Americana?
Romualdo Lisboa – É a Cooperativa Paulista de Teatro que faz um levantamento das produções, sai para ver coisas. No nosso caso, eles sabiam que a gente já tinha feito temporada no Rio, Salvador e havíamos sido indicados para dois prêmios Braskem, o que despertou o interesse. O curioso é que durante a mostra, a crítica para a maioria dos espetáculos não foi boa. Eles contratam críticos de todos os países que participam e cada espetáculo é avaliado por dois deles. No começo, as análises estavam muito ruins, o que deixou os organizadores preocupados.
PIMENTA – Até Teodorico entrar em cena…
RL – Aconteceu que alguns espetáculos, antes do fim da semana, começaram a ganhar uma crítica bacana. Os da Colômbia e da Argentina, por exemplo, ajudaram a melhorar a crítica. O nosso espetáculo estava programado para o final e a opinião dos críticos foi muito boa. O resultado foi que Teodorico acabou fazendo a primeira temporada longa naquele teatro do Sesi e iniciou um projeto de vincular mais a comunidade da zona leste de São Paulo àquele espaço cultural.
PIMENTA – Eles já conheciam a experiência do Teatro Popular em Ilhéus?
RL – Eles conhecem a nossa identidade aqui na região, sabem como nós tornamos a Casa dos Artistas mais próxima da comunidade, como a gente vai para os bairros, os distritos. Essa política do grupo lhes interessou para aquele espaço. Estrategicamente foi bacana, porque a gente lotou sempre. Os ingressos eram reservados para três, quatro semanas. Estreamos no dia 13 de maio e ficamos até 2 de julho, realizando nesse período 32 apresentações.
 

Tinha gente que chegava e dizia: ‘vocês estão falando de Campinas? Porque tá acontecendo isso lá em Campinas’.

 
PIMENTA – Isso significa que o público paulista entendeu perfeitamente a mensagem de Teodorico
RL – Isso foi muito legal. Tinha gente que chegava e dizia: “vocês estão falando de Campinas? Porque tá acontecendo isso lá em Campinas”. Ou seja, a história não é só de Ilhéus, ela é universal.
PIMENTA – Vocês tinham ideia da dimensão que a peça tomaria quando começaram a encená-la na rua e até em frente à Prefeitura de Ilhéus (no período de crise política que levou à cassação do então prefeito Valderico Reis)?
RL – Não tínhamos a menor ideia. Teodorico eu escrevi com raiva e aquilo me deixou muito mal no começo. Houve uma cobrança das pessoas, que chegavam ali da janela (da Casa dos Artistas) e gritavam : “e aí, vocês não vão fazer nada não, é?”. Eram professores, gente da imprensa, que estavam indignados com aquela sequência de escândalos.
PIMENTA – Você conseguiu transformar essa raiva em um negócio engraçado.
RL – É, à medida que ia escrevendo, eu perdi a raiva e o negócio começou a ficar tão engraçado que a gente decidiu fazer uma pesquisa sobre literatura de cordel. O texto de Teodorico foi todo escrito em cordel, em sextilhas. Foi muito divertido. Em vez da gente fazer uma coisa com raiva, agredindo de maneira panfletária, a gente fez uma brincadeira.
PIMENTA – Que é muito mais eficaz…
RL – Com certeza, o humor é muito mais poderoso. O então prefeito de Ilhéus me encontrou algumas vezes e virou a cara, gritou, me xingou, e eu me divertia demais com aquilo. Havia uma evento grande, nós íamos mesmo sem sermos convidados. Os personagens estavam lá na porta, tocando, cantando, e de repente o prefeito chegava e via, e se via, era um inferno. Chegou num nível de estresse dele com isso que o então presidente da Fundação Cultural, Arléo Barbosa, negou uma pauta pra gente no Teatro Municipal. Ele dizia que até liberava a pauta, desde que a gente não encenasse Teodorico. Dizia assim: “ah, vocês têm tantos espetáculos legais, façam os outros, esse não”. Arléo Barbosa é uma pessoa super gente fina, mas estava numa situação em que não tinha autonomia. Como a gente não aceitava deixar de encenar a peça, ele aconselhava: “então fale com o prefeito”. Eu fui falar e o prefeito me enxotou de lá. O segurança dele é que interveio para que ele não me batesse. No dia seguinte, a gente colocou em todos os jornais que o prefeito havia censurado Teodorico Majestade no teatro.
 

Um começa a entregar o outro, até que o prefeito toma uma decisão. Eu não sei se na vida real isso é possível, mas na nossa história acontece.
 

PIMENTA – Quanto tempo durou a censura?
RL – A notícia saiu no sábado e a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas de Ilhéus) nos convidou para participar no mesmo dia de um almoço oferecido à imprensa. Eles pediram que levássemos algum espetáculo nosso e é claro que a gente levou Teodorico (risos). O prefeito estava lá e a gente encenou a peça diante dele. Naquele momento, meio na pressão, ele anunciou que o espetáculo poderia ser apresentado no teatro. Isso foi menos de 24 horas depois dele ter me enxotado da Prefeitura.
PIMENTA – E O Inspetor…?
RL – O Inspetor é a segunda parte de Teodorico. Sai o prefeito, entra o vice Gilton Munheca. Ele e a família estão numa situação muito bacana, vivendo dias muito felizes. A mulher vive na capital, só anda no luxo. Ele distribuindo uísque, fazendo festas. O irmão dele, Zé de Minga, é o responsável pelas festas. É uma orgia o tempo inteiro.
PIMENTA – Até que…
RL – Aí surge uma carta, avisando da chegada de um Inspetor-Geral, que viria em missão secreta para apurar todos os malfeitos. Então eles ficam alucinados: Gilton Munheca, Cacau das Treitas, Pai Didão, Jorge Paraíba e a mulher do prefeito, que na nossa história é a secretária de Educação. E um começa a entregar o outro, até que o prefeito toma uma decisão. Eu não sei se na vida real isso é possível, mas na nossa história acontece (risos). Ele toma a iniciativa de mandar arrumar a casa. Manda colocar funcionários para melhorar a limpeza das ruas, pintar meio-fio, consertar aqui e ali, trocar luz dos postes…
Nesse ínterim, surge a história de que tem uma pessoa estranha na única pensão da cidade. Aí eles entendem que só pode ser o inspetor geral e vão tentar comprar o cara. O prefeito leva o dito inspetor-geral pra casa, cada um leva um dinheirinho e o cara fica cheio de grana. No final das contas ele vai embora noivo da filha do prefeito, já perto do casamento, mas há uma série de outros fatos que complicam toda essa história.
PIMENTA – Na essência, o que tem de diferente nessa história em relação à de Teodorico?
RL – Diferentemente de Teodorico, O Inspetor-Geral… traz uma outra perspectiva desse universo. É quase um processo de expiação. A gente promove uma vingança no Teodorico, a gente se vinga dele e de todos os outros. E no Inspetor-Geral, a gente só constata esse tipo com quem a gente está lidando. Em seu discurso final, o prefeito diz assim: “Somos porcos miseráveis, grandes ratos abomináveis”. Ele e todos os demais acabam se enxergando como um mal para a sociedade.
PIMENTA – E o público acaba os enxergando como de fato são…
RL – A ideia é fazer a identificação dessa espécie de gente. É preciso que o público, quando vir na TV aquele discurso muito bem arrumado, ele enxergue as deformações daquele discurso. A gente faz a desconstrução do marketing, precisa fazer.
PIMENTA – Quando O Inspetor estreia em Ilhéus?
RL – Só depois que a gente encerrar o contrato com o Sesi de São Paulo, que inclui uma próxima temporada em outubro e novembro, no teatro da Vila das Mercês. É possível ainda uma temporada extra, de um mês, que pode ser em dezembro ou janeiro. Isso significa que provavelmente só em fevereiro a gente esteja aqui em Ilhéus com o espetáculo.

De empregada doméstica a juíza na Bahia || Foto PIMENTA
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Aos 14 anos, ela trabalhava em um canavial no interior de Minas Gerais. Aos 17, era empregada doméstica em Belo Horizonte e, por não ter onde dormir, durante oito meses passou as noites em um ponto de ônibus em frente à antiga Telemig, que era a companhia telefônica de Minas.

Para conseguir aprovação em seu primeiro concurso, para oficial de justiça do Tribunal de Justiça daquele estado, ela catou folhas borradas de um mimeógrafo onde faziam apostilas de um cursinho preparatório. As folhas eram jogadas no lixo, de onde ela as recolheu, estudou e ficou em terceiro lugar no concurso.

A hoje Doutora Antônia Marina Faleiros é sem dúvida alguma uma vencedora, uma mulher que superou todos os obstáculos e dificuldades e veio a ocupar cargos importantes, como procuradora do município de Belo Horizonte e procuradora do Banco Central. Atualmente, ela é juíza da 1ª Vara Crime de Itabuna, que julga crimes relacionados a tóxicos.

Mas a magistrada não é somente uma pessoa que venceu na vida. Ela é também uma mulher singular, que não se limita às paredes de um gabinete e gosta de ir aos bairros, conhecer gente. Nessa entrevista concedida ao PIMENTA, a juíza surpreende, comove e demonstra que ainda é possível acreditar no ser humano.

PIMENTA – Eu gostaria que a senhora contasse o início de sua história: onde nasceu, sua infância…

Dra. Antônia – Eu nasci em Serra Azul de Minas, um lugar belíssimo, extremamente pobre, mas muito bonito. Era uma família grande, como todas as famílias do interior: pai, mãe e um monte de irmãos. E minha mãe sempre foi uma pessoa muito entusiasmada. Ela não teve oportunidade de estudar, só fez até o que se chamava na época de quarta série primária. E era professora rural, dava aula no Mobral e sempre teve uma exigência muito grande com os filhos, sempre quis botar os filhos pra frente.

PIMENTA – Quais são as histórias das quais a senhora se recorda dessa época?
Dra. Antônia – Há algumas histórias interessantes que envolveram minha mãe. Quando fiz meu primeiro concurso público, eu passei em terceiro lugar para oficial de justiça do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, então eu fiquei entusiasmadíssima e fui contar para ela. Quando falei que havia passado em terceira colocação, ela disse: “mas a prova estava tão difícil assim?”. Eu mencionei a concorrência e salientei que muitas pessoas haviam ficado para trás, mas ela respondeu: “você já viu algum bom corredor olhar para quem está ficando pra trás? Ele olha para os concorrentes que estão na frente”. Esse é um exemplo do nível de exigência da minha mãe. Ela morreu dois meses depois da minha formatura em Direito e eu fiquei bastante magoada porque era meu sonho conseguir ter um emprego e poder dar a ela algumas coisas com as quais ela sonhava.

PIMENTA – Por exemplo…
Dra. Antônia – Eu me emociono sempre quando me lembro disso. Um dos sonhos da minha mãe era ir à Aparecida do Norte, que é um santuário católico no interior de São Paulo e nós não tivemos a oportunidade de atender esse desejo. Ela morreu antes que eu tivesse um emprego que me permitisse lhe dar o prazer de conhecer Aparecida do Norte.

PIMENTA – Vocês viviam na cidade ou na zona rural?
Dra. Antônia – Até os meus sete anos, nós morávamos na roça. Depois meu pai se mudou para a cidade, que era tão pequena que se pode dizer que é como se fosse uma roça. Eu fui conhecer luz elétrica aos 17 anos. Meu pai era trabalhador do DER, o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais, trabalhador braçal.

 

Eu acabava ficando sem o café da manhã como punição por ter causado o “incêndio” e acordado todo mundo.

 

PIMENTA – Quantos irmãos?
Dra. Antônia – Éramos seis, mas um morreu há 11 anos. Eu sou a filha mais velha e depois de mim tem outra irmã e mais três irmãos. Muitos anos depois, quando eu já tinha deixado a casa de meus pais, minha mãe teve outra filha, que foi a irmã que eu criei, porque minha mãe a deixou pequena e ela acabou virando “minha filha” e veio comigo para a Bahia.

PIMENTA – Como foi a história do seu trabalho em um canavial?
Dra. Antônia – Quando eu terminei naquela época a quarta série, com 14 anos, não tinha continuação lá. E apareceram pessoas que contratavam trabalhadores, inclusive menores, para o corte de cana. Quem fazia a intermediação e ia pelas cidades procurando era chamado de “gato” e os capatazes que controlavam o trabalho no canavial preferiam menores, porque eles achavam que podiam até bater na gente. Como não tínhamos outro meio de sobrevivência, nós seguimos para esse trabalho, eu e mais dois irmãos, de 13 e 12 anos.

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O PCdoB itabunense quer fechar 2011 com o dobro de filiados e nesta sexta-feira (25) promoveu uma reunião com pré-candidatos a vereador já para definir plano de ação visando a disputa de 2012.

O partido definiu que não pensa em ser coadjuvante do processo eleitoral itabunense e quer a cabeça-de-chapa no arranjo de legendas oposicionistas. Falta definir “o nome” para a disputa. E possui três: Wenceslau Júnior, Luís Sena e Davidson Magalhães.

Vereador e presidente do PCdoB itabunense, Wenceslau conversou ao final desta manhã com o PIMENTA. E falou dos projetos do partido, como a legenda definirá o nome a prefeito e também fez avaliação do governo municipal.

A avaliação surpreende não pelo conteúdo, mas pelos adjetivos: ” Capitão Azevedo fracassou. É uma continuidade mal-amanhada de Fernando Gomes”, diz.

Noutro trecho, Wenceslau afirma que o prefeito agiu com covardia ao não entrar com processo de improbidade contra o ex-prefeito e, assim, tirar o município do cadastro de inadimplentes (Cauc).

Confira a entrevista.

A reunião desta manhã é já com foco também na disputa pela prefeitura em 2012?
O PCdoB reafirmou na reunião com os pré-candidatos que o PCdoB terá candidato a prefeito. Há unidade no partido em torno dessa proposta e a necessidade de ousar e apresentar projeto para Itabuna. Este projeto será construído com a comunidade, e não por marqueteiros.

E qual a estratégia do PCdoB para se viabilizar na disputa à sucessão?
Vamos dobrar o número de filiados até o final deste ano. Estamos preparando o partido para a batalha de 2012.

Davidson não esteve por aqui na tradicional procissão de São José e também falta a esta reunião de hoje. A ausência sinaliza algo para 2012?
Ele não esteve por causa da reunião do comitê central do PCdoB e esse processo de saída do [deputado federal] Edson Pimenta. Mas Davidson estará aqui no dia 2, quando faremos uma grande festa de aniversário do partido, na AABB.

Sendo mais direto, o partido já definiu qual será o nome da legenda na disputa?
Essa decisão sairá até o final deste ano, início de 2012.

Quais serão os critérios para definir o nome do PCdoB a prefeito de Itabuna?
O que vai contar é a viabilidade, capacidade de aglutinar. Vamos analisar as pesquisas, ver quem tem maior aceitação e, também, menor rejeição. Outro ponto será ver, ao final do processo, quem possui maior capacidade de atrair mais partidos em torno do projeto, se o companheiro Sena, Wenceslau ou Davidson.

Azevedo fracassou. O projeto não deu certo. É uma continuidade mal-amanhada de Fernando Gomes.

O PCdoB se lança na sucessão pela ambição de crescer ou por que discorda do governo local?
A avaliação nossa é que Capitão Azevedo fracassou. Por mais que se consiga alguma coisa agora, o projeto não deu certo. É uma continuidade mal-amanhada de Fernando Gomes. Há uma necessidade de novo modelo de gestão para Itabuna.

Se existem críticas ao senhor, algumas derivam mesmo das suas ligações com a gestão de Azevedo.
Existiram algumas pessoas que estavam no governo e me ajudaram, de fato, na campanha a deputado estadual, como o ex-secretário Gilson Nascimento. A gente não rejeita apoio. Mas existia um momento em que se podia dialogar e não podemos ser oposição por oposição.

E como se explica essa aproximação?
A aproximação ocorreu também como uma orientação do governo estadual. [Jaques] Wagner buscava o apoio eleitoral de Azevedo no ano passado. Havia um interesse em se aproximar. Mas digo que se Azevedo não veio, a estratégia valeu em 50%, porque se neutralizou a máquina [municipal].

O governo tem que limpar o nome da cidade e ter uma ótima equipe para elaborar projetos, captar recursos.

O senhor fala em construção de propostas, mas quais seriam os caminhos para mudar o quadro?
Pessoalmente, vejo que Itabuna tem dificuldades de captar recursos por problemas na prestação de contas de convênios, recursos. Nós batalhamos para que Itabuna tivesse o projeto Segundo Tempo. E por quê não teve? A cidade tem 13 tipos de pendências no Cauc (Cadastro Único de Convênio), inadimplente. O governo tem que limpar o nome da cidade e ter uma ótima equipe para elaborar projetos, captar recursos na União, Estado e organismos internacionais. Não temos isso hoje.

Como torná-lo adimplente?
Olha, se houvesse maior cuidado e rigidez na aplicação dos recursos nós não teríamos esse problema. Se tivesse esse cuidado, evitava o caos que vivemos na saúde. Evitava, por exemplo, tirar recursos que eram da dengue e fabricam nota para servir a interesses de outras áreas.

Azevedo teria que entrar com ação de improbidade administrativa contra Fernando, mas a covardia o impediu.

Quanto a Itabuna, é algo difícil de resolver?
Acho que não foi ainda solucionado por covardia de Azevedo. Ele teria, por exemplo, que entrar com ação por improbidade administrativa contra Fernando [Gomes, ex-prefeito], mas a covardia o impediu. Não importa, sendo Fernando ou qualquer outro gestor, tem que se fazer o correto.

E quais seriam essas pendências?
Se o município faz prestação de contas dos convênios ou não presta contas, já vai para o Cauc. Por quê Vitória da Conquista teve um boom de crescimento com a gestão de José Raimundo? Ele correu atrás, limpou o nome da cidade, tirou a cidade do Cauc e montou uma equipe para elaborar projetos, captar recursos. Veja o caso de Itabuna. O nosso plano diretor tem três anos e já caducou. Foi feito num momento em que Ferrovia, Porto Sul e outros investimentos ainda não tinham saído do papel.

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O ator ilheensee Fábio Lago chegou a Ilhéus na última quinta-feira, 10, com dois objetivos. Um deles foi comemorar o aniversário de 41 anos em companhia de sua família. O outro foi conversar com lideranças locais sobre o projeto do Complexo Intermodal Porto Sul.

Em uma reunião na sede do Sindicato dos Estivadores de Ilhéus, Lago ouviu diversas opiniões tanto sobre o Intermodal quanto acerca do terminal privativo da empresa Bahia Mineração. Particularmente, o artista inclina-se favoravelmente ao empreendimento, defendendo, porém, que ele seja implantado de uma forma que minimize os impactos ao meio ambiente.

Lago disse acreditar na importância dos investimentos que estão chegando a Ilhéus, como forma de dar novas perspectivas à comunidade local. Ele também pretende incentivar um projeto de reflorestamento em áreas degradadas da Mata Atlântica na região.

Sobre esses e outros assuntos (como o engajamento de colegas seus da Rede Globo em uma campanha contra o Porto Sul), Fábio Lago falou em entrevista concedida ao PIMENTA  e ao site JORNAL BAHIA ONLINE.

Há quem afirme que você esteja na contramão do que pensam os artistas da Rede Globo. Muitos já se posicionaram contrários ao Complexo Intermodal Porto Sul, alegando que o investimento traria sérios prejuízos às causas ambientais da região. Por que você decidiu defender o Complexo?
Primeiro não estou na contramão do que pensam os artistas da Rede Globo, porque não sei o que eles pensam, não parei para conversar sobre o Complexo Intermodal Porto Sul. E, segundo, te confesso que acho até normal que atores se engajem em campanhas que dizem respeito ao meio ambiente.  O que me incomodou ao ver a campanha, inclusive eu estava presente no dia que ela foi lançada, é que eles não conhecem profundamente a região em questão, nem o povo envolvido. Como sou filho apaixonado pela minha terra e sendo hoje o único artista que tem uma projeção em nível de imagem no contexto nacional, me senti na obrigação de pelo menos esclarecer o equívoco que a campanha “Porto Sul, não” representa.

Você deixa claro que não pretende ser um protagonista desta discussão, mas que será um ator importante no trabalho de consciência popular. Como você pretende se engajar nesta luta?
Quando digo que não quero ser um protagonista dessa discussão, tenho alguns motivos claros: Não sou ambientalista, não sou um político partidário, não sou técnico em construção de portos, rodovias e aeroportos, sou simplesmente um ator. Um ator popular. Além disso, tenho um dever como cidadão ilheense de me posicionar a respeito de um tema tão importante. Acredito numa nova cultura, numa cultura em que não há um único protagonista. No caso em questão, pretendo, com a minha popularidade, abrir os olhos (que estão fechados em alguns ilheenses) para uma das mais importantes oportunidades de crescimento, não só econômico e cultural, mas humano. Esse é meu maior interesse: o desenvolvimento do ser humano ilheense, elevando sua auto-estima e tentando criar uma consciência de que um indivíduo, mais outro indivíduo, mais um outro terceiro indivíduo, pode formar uma força agregadora que supera qualquer apatia do velho e caquético poder público. Mas para isso é preciso que a sociedade se organize e entenda que só existe um protagonista nessa história: ela mesma.

Achei, no caso da propaganda da Bamin, uma oportunidade incrível de investimento na minha região. Fazia pelo menos 25 anos que nada tão substancial acontecia por aqui.

Há algum tempo você apareceu numa propaganda da Bamin, uma das principais interessadas na consolidação deste projeto. Você não tem receio de te acusarem de estar a serviço da empresa?
Quando decidi ser ator eu tinha 16 anos, e o meu maior mestre, que se chamava Pedro Mattos, um dos maiores ativistas culturais que essa cidade já teve, era homossexual  e  não escondia isso de ninguém. Alguns amigos, alguns familiares e muita gente em Ilhéus torceu o nariz (preconceito puro) achando que eu era gay, porque eu fazia teatro com ele. Só tive o apoio, como sempre, da minha santa Mainha. Se tivesse parado para ouvir o que as pessoas pensavam de mim, eu não estaria aqui dando essa entrevista para você. Não me importo muito com o que as pessoas pensam sobre o que faço. Achei, no caso da propaganda da Bamin, uma oportunidade incrível de investimento na minha região. Fazia pelo menos 25 anos que nada tão substancial acontecia por aqui. Sou um ator. Faço teatro, cinema, TV e campanhas publicitárias em vários lugares do Brasil, mas essa campanha da Bamin era especial porque trazia a oportunidade de uma retomada da auto-estima do meu povo com os investimentos que a empresa prometia. Podia ser a Bamin, podia ser a Bavocê, Baeles, não me importava mesmo qual a empresa em questão. Sentia como artista, que deveria usar a minha imagem para me comunicar com meu povo, mesmo que ela sofresse críticas ou algum desgaste. Não me importo! O que me importa é essa discussão que estamos tendo agora, exercendo o que considero ser a maior conquista da nossa geração: a democracia. A Mata Atlântica nós podemos reflorestar.

O que você acha do movimento dos artistas contrários ao Porto Sul?
Acho um movimento perigoso e, ao mesmo tempo, necessário para essa discussão. Aprendi que, dependendo do ponto de vista, uma única árvore pode esconder uma floresta inteira. Você imagine alguém dizer para você que, num lugarzinho, ali no sul da Bahia, tem uma Mata Atlântica e uns corais que vão ser “destruídos” para construção de um porto que vai transportar minério de ferro. Talvez ouvindo uma afirmativa dessa, sem nenhum conhecimento de causa, cairia no mesmo erro e apoiaria um tipo de campanha como essa. Talvez se fosse para transportar passageiros para Itacaré e baía de Camamu, eles nem fossem contra, porque quando falaram em desmatar a mesma Mata Atlântica para fazer o Aeroporto Internacional de Ilhéus, não ouvi, nem li, nem vi nenhum ambientalista, nenhum artista de projeção nacional vestindo camisa, nem levantando a bandeira contra a construção de tal obra. Com isso, pretendo convidar os meus colegas e ambientalistas que encabeçam a campanha contra esse empreendimento, inclusive Caetano Veloso, que fez críticas ao Porto em sua coluna em um jornal, a virem conhecer a realidade da nossa região, ouvir o meu povo e debater sobre esse assunto aqui dentro da nossa terra, para que eles vejam a calamidade em que esse povo tão generoso se encontra, e ouvir a frase chocante de um jovem ilheense que me disse: “Estudar pra quê?”.

Serei a favor desse empreendimento e lutarei não só com unhas e dentes, mas com o coração e minha alma pelo nosso desenvolvimento humano.

Você acha que te diferencia deles o fato de ser daqui e conhecer como nenhum outro a realidade sócio-econômica da região?
Não tenho nenhuma dúvida disso. E até que meu povo me prove o contrário, serei a favor desse empreendimento e lutarei não só com unhas e dentes, mas com o coração e minha alma pelo nosso desenvolvimento humano.

Você tem um projeto de conscientização ambiental, de reflorestamento de áreas no sul da Bahia. Como pretende desenvolver esta sua proposta? E como engajar a sociedade nela?
É o que vim fazer aqui. Aglutinar. Encontrar atores que se comprometam junto comigo, com você, com toda sociedade para formalizarmos um projeto que visa o desenvolvimento humano. Tentando sensibilizar os empresários, o velho poder público, os líderes comunitários, estudantes, artistas e principalmente as crianças. O reflorestamento de áreas do sul da Bahia, limpeza de praias e manguezais, podem parecer apenas pequenas ações. Mas, meu amigo, eu aprendi a plantar uma árvore e te garanto, é estimulante e revitalizante. Espero que a sociedade entenda que é preciso o desenvolvimento, mas junto com esse vem a responsabilidade e comprometimento de cada cidadão.

A Rede Globo dá sinais bastante claros de que, talvez por interesse de alguns dos seus diretores, é contrária ao empreendimento. Aliás, é rotineiro matéria mostrando o lado negativo do Porto Sul. Você é funcionário da empresa. Não teme nenhum tipo de represália por estar contra ao que ela defende?
Não.

Não tenho interesse, nem autorização do meu povo para ser o defensor público número um de causa alguma. Ao contrário, quero ouvi-los.

Qual o sentimento de Fábio Lago, ilheense, ao abraçar esta causa?
Sentimento de responsabilidade com minha cidade e com o meu povo. Agora, quero deixar bem claro que não sou o único a defender essa causa. Não tenho interesse, nem autorização do meu povo para ser o defensor público número um de causa alguma. Ao contrário, quero ouvi-los. Porque se não for do interesse do povo ilheense o desenvolvimento, serei o primeiro a tirar o meu time de campo, com uma tristeza profunda no peito, mas respeitando o desejo da sociedade.

Que proposta você faria hoje aos artistas, colegas seus, para debater esse tema com mais profundidade e mais conhecimento sobre os dois lados da moeda?
Tive a impressão que alguns dos meus colegas de profissão que aderiram a campanha, não sabiam nem do que se tratava o projeto intermodal Porto Sul, pois, por acaso, estava presente no dia em que a campanha “Porto Sul, não”, foi lançada.  E eu questionei a um deles: Você conhece Ilhéus? A resposta foi clara: Não! Então, a proposta que faço é que venham debater sobre o tema e conhecer o povo mais acolhedor que eu conheço. O povo mais “boa praça” que eu conheço e muitas vezes, numa grande maioria, até apático. Esse último me incomoda profundamente. Acho que eles esqueceram de como eram corajosos e aguerridos nossos antepassados, quando expulsaram daqui os holandeses e os corsários franceses que queriam usurpar nossos bens e nossas riquezas. E é nessa força que estou apostando minha reputação, meu empenho e meu entusiasmo. Juntem-se a nós.

Essa é a maior ou talvez a última oportunidade de esperança de desenvolvimento humano que essa geração poderá ter nos próximos anos.

Em uma pequena frase, gostaria que você definisse o que representam estes investimentos para o povo daqui da região.
Quero deixar claro também que isso não será a salvação da lavoura, mas com o aumento da arrecadação, possivelmente surgirão novos empregos, aumentarão as perspectivas e auto-estima dos jovens, diminuirá a violência desenfreada, aumentará a qualidade de vida da população. Essa é a maior ou talvez a última oportunidade de esperança de desenvolvimento humano que essa geração poderá ter nos próximos anos.