AZEVEDO IGNORA NOVA MESA DA CÂMARA

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O prefeito Capitão Azevedo (DEM) mostrou que tá “nem aí” para a nova mesa diretora da Câmara. A solenidade de posse da nova presidência ocorreu nesta manhã, mas o prefeito não pisou os pés lá – nem mandou representante.

Embora o secretário da Fazenda, Carlos Burgos, tenha prestigiado a posse de Ruy Machado, não o fez como representante do governo. Ninguém entendeu os sinais emitidos por Azevedo. Porém, lembremos que Machado não era o nome do governo na briga para derrubar Roberto de Souza e assumir o comando da Casa.

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Motorista da Spacefox tentou desviar da Kombi e colidiu frontalmente com a Courier (Fotos Pimenta).
Saveiro é guinchada do rio Cachoeira (Foto Pimenta).
Kombi que provocou o acidente (Foto Pimenta).

Dois veículos caíram no rio Cachoeira e dois colidiram frontalmente em um acidente ocorrido às 13h40min desta segunda-feira (3), no quilômetro 25 da rodovia Ilhéus-Itabuna. Uma VW Kombi invadiu a pista contrária e provocou o acidente.

O motorista da Kombi, identificado apenas pelo prenome Marcos, disse que um buraco na pista teria causado as colisões e quedas no rio. “A direção da Kombi é folgada e quando o carro bateu no buraco, parou no meio da pista e caiu no rio”. O outro veículo que caiu no Cachoeira foi a picape Saveiro.

De acordo com testemunhas, o motorista da perua dirigia de forma imprudente. Ele rebate. Uma Spacefox (JLV-9802) conseguiu desviar da Kombi, mas colidiu frontalmente com um utilitário Ford Courier (JLE-9587), da mesma empresa de Marcos. O motorista da Courier disse que não houve tempo para evitar a colisão. “Foi tudo muito rápido”, disse ao PIMENTA.

Tanto a motorista do Spacefox como os ocupantes da Saveiro não sofreram ferimentos graves. “Eles foram levados para o hospital, mas estão bem”, afirmou o comerciante Flamarion Cabral, irmão de Tonimari Cabral, que dirigia a Saveiro, veículo roubado da família há poucos dias e recuperado pela polícia em Gandu, no sul da Bahia.

Tonimari e Amilton Júnior saiam de Itabuna para fazer compras no Atacadão Carrefour, a menos de dois quilômetros do local do acidente. O motorista da Kombi falou ao PIMENTA que homens o seguraram pela gola da camisa e iniciaram saque de parte da carga. O Tático Ostensivo Rodoviária (TOR), da Polícia Rodoviária Estadual, evitou o saque de toda carga.ateu no buraco e jogou pro meio

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O time com nome do Itabuna, uniforme do Itabuna, mas com jogadores do Marília do Maranhão, estreia nesta quarta-feira, 5, na Taça São Paulo de Futebol Júnior. O adversário será a Inter de Limeira.

Dos 18 jogadores relacionados para representar a equipe na competição, apenas quatro fazem parte do azulino sul-baiano (Clemilton Almeida, Tiago Silva, Mateus Melo e Andrei Amparo). Os outros 14 são do Marília, que comprou da diretoria do Itabuna o direito de participar do evento esportivo.

A Taça São Paulo é um chamariz para pequenos clubes, que encontram no torneio a possibilidade de negociar seus jovens talentos. Daí o interesse do Marília maranhense de comprar o direito de participação do Itabuna, mas atuar com 80% da prata da casa.

É o famoso “negócio da China”.

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Não passou (nem poderia) despercebida no plenário da Câmara de Vereadores de Itabuna nesta manhã a presença de duas figuras carimbadas da política local: a empresária Maria Alice Pereira e o advogado e secretário da Fazenda do município, Carlos Burgos.

Ela, conhecida eminência parda dos governos Fernando Gomes. Ele, o homem que manda e desmanda na gestão atabalhoada do Capitão Azevedo. No plenário, os dois juntos sinalizavam que a aproximação entre o ex-prefeito e o atual ainda é grande.

E alguém duvida?

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O ex-diretor administrativo da Câmara de Vereadores de Itabuna, Antônio Carrero, fez como São Tomé e quis ver para crer. Somente hoje pela manhã, depois da posse de Ruy Machado na presidência do legislativo municipal, ele concluiu a limpeza das gavetas e passou a bola para Moacir Smith Lima, que o substituiu no cargo.

Aos que ficam, o ex-diretor não deixa boas lembranças. A pior delas é o não-pagamento dos salários dos assessores que atuam nos gabinetes dos vereadores. O dinheiro de dezembro do ano passado continua sendo uma esperança a ser concretizada em 2011…

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Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com

Estava eu curtindo a virada de ano no paraíso que é a Península de Maraú, quando resolvi comprar umas latinhas de cerveja num mercadinho de Saquaíra.

Ao passar em frente a um bar, tive mais uma vez a confirmação de que a musica baiana, que já nos deu João Gilberto, Caetano Veloso, Dorival Caymmi e Gilberto Gil e hoje nos brinda com Psirico, Parangolé e É o Tchan (sim, eles estão vivos!) é imbatível no quesito baixaria.

Quem acha que a tal “mainha, eu tô com um pepino, meu pepino é muito grande, você tem que resolver” (hit edipiano do momento) era o fundo do poço, ainda não ouviu o que eu ouvi. Mas vai ouvir, porque o lixo se alastra mais do que o mosquito da dengue…

Trata-se de uma música (?) em que a letra (?) diz mais ou menos o seguinte:

A moça trabalhava numa loja chamada B… (digamos que era uma loja de bolsas, para que se chegue mais facilmente ao nome em questão), sem carteira assinada. Quando perdeu o emprego e foi reclamar os direitos trabalhistas, o patrão fez graça:

-Mostre a sua moral, bote a B… no pau.
A rima já é medonha, mas tem mais. O refrão da música, repetido à exaustão, é

-Bote a B… no pau, bote a B… no pau, bote a B…no pau…

Enfim, o axé, o arrocha e seus derivativos são coisa de quem tem dois neurônios, sendo que um está permanentemente de férias e outro se encontra em sono profundo.

Em tempo: caso a moça resolva mesmo botar a B… no pau, do jeito que alguns juízes do trabalho produzem aquilo com que os bebês alimentam a indústria de fraldas descartáveis, vai acabar é tomando…

Melhor parar por aqui, antes que saia inspiração involuntária para outra música do gênero.

Daniel Thame é jornalista, blogueiro e autor de Vassoura.

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Ex-secretário do governo Valderico Reis, Jorge Cunha ingressou na justiça para voltar à Prefeitura de Ilhéus. Ele participou de um concurso público e, via justiça, exigiu ser convocado para um cargo na Secretaria Municipal do Turismo, cuja condição para a investidura é dominar três idiomas.

Advogados da Prefeitura argumentam que não basta dizer que é trilíngue, Jorge Cunha precisa comprovar o conhecimento dos idiomas, o que não teria conseguido fazer até agora. Mas ainda assim ele obteve, por meio de uma liminar, o direito de prestar serviços na Setur.

A briga segue na justiça e na última semana a Procuradoria-Geral do Município derrubou a liminar. O que não impediu o dedicado servidor poliglota de permanecer com seu expediente na Secretaria.

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Os três ministros baianos no governo de Dilma Rousseff recebem os cargos em solenidades previstas para esta segunda-feira, 3, em Brasília. O primeiro a sentar na cadeira será Afonso Florence, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, às 11 horas. Já Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), toma posse às 14h. O dono do cargo mais poderoso entre os três, Mário Negromonte, assume o Ministério das Cidades em solenidade prevista para as 15h.

Além destes nomes, outros baianos no governo são o itabunense Jorge Hagge (CGU) e José Sérgio Gabrielli (Petrobras). Os dois foram mantidos no cargo.

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Veículos envolvidos no acidente (Foto Pimenta).

Dois jovens saíram feridos de um acidente no quilômetro 25 da rodovia Ilhéus-Itabuna, por volta das 22h30min deste domingo (2). Os jovens, prenomes Eric e Alisson, estavam numa moto que colidiu na lateral de um VW Gol.

José Matos, motorista do Gol (KLK-0561), seguia no sentido Ilhéus-Itabuna e se preparava para fazer uma conversão quando foi surpreendido pela moto Honda Fan 125, placa NTN-6046, nas proximidades da churrascaria Los Pampas.

De acordo com informações da polícia, os jovens são suspeitos de matar Mateus Silva, de 14 anos, com oito tiros no bairro Monte Cristo. Conforme a polícia, as características físicas e das roupas que os jovens usavam batem com as descrições feitas por testemunhas sobre os dois homens que cometeram o crime no Monte Cristo.

Os jovens foram socorridos por duas equipes do Samu 192 e levados para o Hospital de Base de Itabuna. O carona acabou internado no Hospital de Base e apresentava vestígios de pólvora numa das mãos e, conforme a polícia militar, apresentou identidade falsa no hospital.

O motociclista suspeito, apesar de encontrar-se em pior estado, dispensou atendimento médico e “deu no pé”. O carona foi levado para o Complexo Policial, após sair do período de observação médica.

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Carlinhos Freitas: em guerra contra Alcides Kruschewsky e Alisson Mendonça

Um clima de guerra se instalou entre secretarias estratégicas do governo Newton Lima e, como assunto é guerra, naturalmente o explosivo Carlos Freitas (titular da pasta dos Serviços Públicos) não poderia estar de fora.

Freitas foi alvo de críticas dentro do próprio governo devido ao acúmulo de lixo nas ruas de Ilhéus. Embora as ruas da cidade estejam realmente uma imundície, o secretário não procurou corrigir a falha. Em vez disso, voltou sua “metralhadora” contra secretários que estariam conspirando contra ele. Os alvos: Alcides Kruschewsky (Governo) e Alisson Mendonça (Planejamento).

Mendonça sofreu o primeiro impacto da vingança há poucos dias, quando tentou promover uma ação para organizar a área comercial da cidade, invadida  por ambulantes nesse período de grande movimentação turística. A medida não foi colocada em prática porque, na hora “H”, os fiscais desapareceram.

E quem comanda o setor de fiscalização? Exatamente a Secretaria de Serviços Urbanos.

Aguardam-se outras maldades da cachola do velho Carlinhos Freitas, que tem o “mérito” de ser amigo de longa data do prefeito Newton Lima.

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Gerson Nascimento (o vice) e Ruy Machado: posse nesta segunda-feira – foto View SílvioS

As expectativas em torno do novo presidente da Câmara de Vereadores de Itabuna, Ruy Machado (PRP), são diversas, mas com predominância de um olhar desconfiado sobre a mesa diretora que assume nesta segunda-feira, 3, em sessão marcada para as 8 horas da manhã.

Para alívio próprio, o novo presidente tem a sorte de poder dividir o peso da desconfiança. Se parte dela tem a ver com pecados pessoais, outra porção significativa corresponde ao processo de intensa deterioração moral vivido pelo legislativo itabunense nos últimos anos (e a coisa começou antes da presidência de Clóvis Loiola).

Machado tem a chance de iniciar uma nova etapa, o que depende do cumprimento do acordo feito com os vereadores que o apoiaram, entre eles Wenceslau Júnior (PCdoB) e Claudevane Leite (PT).

O acordo inclui itens como independência, a construção da nova sede da Câmara, realização de um concurso público e medidas voltadas especificamente à moralização do legislativo municipal.

Machado tem um roteiro a cumprir. Se seguir caminho diverso, estará somente dando sequência ao curso do “Titanic”… Mas não afundará sozinho!

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O meia Ramon deu tchau ao Vitória, neste domingo, após negociações frustradas com a diretoria do rubro-negro baiano. O atleta estava no time há duas temporadas e se despede com um rebaixamento no currículo.

Ele fez divulgar carta aberta desejando “sorte”. “Minha intenção era continuar”, diz. “Confesso minha imensa gratidão ao estado da Bahia”, completa. Nos bastidores, comenta-se que o futuro de Ramon pode ser o Ipatinga-MG.

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As provas objetivas e discursivas do concurso da Secretaria Estadual de Educação (SEC) serão aplicadas no próximo dia 9, às 8h, em 32 municípios-sede de diretorias regionais de Educação (Direcs).

Os locais de prova foram divulgados neste final de semana. De acordo com a SEC, 45.461 candidatos disputam 3.200 vagas. O salário para carga de 20 horas semanais é de R$ 654,32, mais gratificação de R$ 204,02. Clique em “leia mais” e confira os locais de prova em Itabuna e Ilhéus.

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JÂNIO QUADROS: DE PRONOMES E MINISTROS

Ousarme Citoaian

Dizia-se, com boa dose de maldade, que o presidente Jânio Quadros era melhor para colocar pronomes do que ministros. O velho JQ, com as qualidades e defeitos inerentes ao ser humano, era professor de português, gramaticista à moda antiga e, em tal condição, sabia bem de pronomes. A famosa frase “Fi-lo porque o quis” (transformada na folclórica “Fi-lo porque qui-lo”, destituída de sentido lógico) dá bom exemplo do rebuscamento com que aquele político tratava a língua portuguesa. Ele jamais diria, nem sob tortura, “Vou procurar-lhe”, mas “Vou procurá-lo” – conforme preceitua a norma culta.

LEMBRANÇA QUE SAI DE CINZAS REVOLVIDAS

Estaria este hebdomático e fatigado colunista com algum tipo de nostalgia janista? Falemos sério: Jânio não faz meu gênero e sua lembrança apenas saiu das cinzas revolvidas com o anúncio do livro Minha Ilhéus, de José Nazal. Diz o texto que a editora deseja “convidar-lhe” para o lançamento – uma construção positivamente infeliz. Alguns verbos (e, na minha memória de ex-aluno do professor Chalupp, convidar encabeça a lista) são inimigos declarados do pronome “lhe”: abraçar, beijar, adorar, procurar, amar, encontrar, ameaçar e desejar estão entre os que não gostam do “lhe”.

LEITORA: NÃO PERMITA QUE ELE “LHE” AME

Recomendamos a eventuais leitoras incautas que, se acaso um sujeito manifestar intenções de amar-lhe, desejar-lhe, adorar-lhe, abraçar-lhe (ou outras agressões freudianas e gramaticais) corra, pois ele é menos inteligente do que romântico. Livre-se do tipo, antes que ele passe a tratá-la com a mesma grosseria com que trata a gramática. Prefira alguém que lhe diga “Eu a adoro”, “Eu a amo”, “Eu a abraço”, “Eu a beijo”, “Eu a amasso” e por aí vai. E em caso de a moça declarar-se ao maluco, a regra é a mesma. Se ela grafar “Eu lhe desejo” (em vez do civilizado “Eu o desejo”) é provável que o romance dê com os burros n´água, mais cedo do que o habitual.

ANÚNCIO DE LIVRO EXIGE LÍNGUA FORMAL

No coloquial do dia-a-dia ninguém liga para o uso correto de pronomes (as exceções eram o citado Jânio Quadros e o jurista Josaphat Marinho). Mas é diferente com a língua padrão, que precisa seguir as normas gramaticais. E não me venha a CLMH (Comunidade dos Linguistas Mal-Humorados) justificar isto como linguagem do povo: o texto referido tem os nomes de um escritor, uma editora e uma academia de letras, portanto, o informal nada tem a ver com isto. O anúncio há de ser vazado em língua culta: “… alegria de convidá-lo” (ou convidá-la, é óbvio). Jamais “convidar-lhe”. Houve transgressão, sem dúvida.

NÃO É POSSÍVEL COMER O QUE É LÍQUIDO

Já acaba o espaço, mas não resisto a outra anedota sobre o ex-presidente, provavelmente inventada, e que o folclore tornou mais poderosa do que a realidade.  Então, vamos a uma das versões circulantes. Admirador das destilarias da Escócia, Jânio Quadros enfrentou o preconceito da sociedade brasileira e a bisbilhotice de um jornalista, que lhe perguntou, acintosamente: Por que o senhor bebe tanto? E JQ, com ar de compaixão diante de tamanha ignorância, foi didático no exercício do seu senso de humor absolutamente britânico: Bebo porque o uísque é líquido; se fosse sólido, comê-lo-ia, com garfo e faca.

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NINGUÉM GOSTA DE PROVOCAR COMPAIXÃO

De repente, me lembro de uma situação recorrente na MPB, abordada por vários autores.  É o tema de “não dar o braço a torcer”, não demonstrar o que o poeta sente de fato, não permitir que seu sofrimento seja partilhado pelos outros. Entre a carência da solidariedade e o desdém (talvez vingança) que essa necessidade provoca, é melhor não arriscar: então, fazemos aquela cara de que está tudo bem, e quem pensava que iria rir do nosso padecer, errou. Ardemos por dentro, é verdade, mas os inimigos não terão o gostinho de saber disso. Eles só nos verão limpos, cheirosos e com um amplo sorriso no rosto. Aqui pra eles!

QUEM É BOM SOFREDOR NÃO DÁ BANDEIRA

Noel Rosa tinha uma “filosofia” que o ajudava com esse problema: “Nesta prontidão sem fim/ Vou fingindo que sou rico/ Pra ninguém zombar de mim” (Filosofia, com André Filho/1933). Pausa para lembrar que “prontidão” é gíria da época: estado de quem está sem dinheiro, pronto, duro, liso. Não quero abusar, apesar do centenário que, como fã (hoje chamam tiete!), continuo nas comemorações, mas isto aqui também é Noel (na caricatura de Luquefar): “Quem é que já sofreu mais do que eu?/ Quem é que já me viu chorar?/ Sofrer foi o prazer que Deus me deu/ Eu sei sofrer sem reclamar” (Eu sei sofrer/1937). A fórmula geral é não dar bandeira.

AS LÁGRIMAS DO POETA NINGUÉM VÊ CAIR

De Zé com Fome e Ataulpho Alves, Orlando Silva cantava: “Pra ninguém zombar,/ Pra ninguém sorrir/ É só no coração que eu sei chorar/ O pranto meu ninguém vê cair” (Meu pranto ninguém vê/1938). A dupla Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga também comparece: “Mas ninguém pode dizer/ Que me viu triste a chorar/ Saudade, o meu remédio é cantar” (Qui nem jiló/1949). Candeia (Pintura sem arte/1978), fala de sua cruel prisão à cadeira de rodas: “Mas se é pra chorar, choro cantando/ Pra ninguém me ver sofrendo/ E dizer que estou pagando” (Alcione, com aquela categoria que o mundo aplaude, regravou este samba em 1981).

AONDE A SAUDADE VAI A DOR VAI ATRÁS

Se alguém pensou que esta conversa desaguaria em Fernando Pessoa (1888-1935), tudo bem.  Aqui vai, com desculpas pela previsibilidade, a primeira quadra de Autopsicografia/1930: “O poeta é um fingidor:/ Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/ A dor que deveras sente”. Claro. Fingir é fugir (ops!) a certos gêneros de padecimentos morais. E, para finalizar, Noel (é o centenário, gente!), com uma saída muito engenhosa em Tenho um novo amor/1932 (com Cartola): “Se acaso algum dia se apagar/ do teu pensamento o meu amor/ para não chorar e não mais penar/ mando embora a saudade/ prá livrar-me da dor”.

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GILBERTO GIL E O SAMBA DA “DESPEDIDA”

Os mais jovens (eventualmente, é uma grande falta de sorte ser jovem) não viram o que significou Aquele abraço, canção que Gilberto Gil fez em 1969, para se despedir do Brasil. Ele e Caetano, depois de presos e com as cabeças raspadas, foram “autorizados” a deixar o País. A música, que virou mania nacional, é rica em símbolos e sugestões: de saída, Gil louva sua aldeia, ao dedicar Aquele abraço “a Dorival Caymmi, João Gilberto e Caetano Veloso”, para mais tarde mandar um desaforo à ditadura: “Meu caminho pelo mundo/ Eu mesmo traço/ A Bahia já me deu/ Régua e compasso/ Quem sabe de mim sou eu/Aquele abraço”. Perca-se tudo, mas salve-se a dignidade.

NO FLAMENGO GIL ACHOU RIMA E SOLUÇÃO

Há outras mensagens nem sempre explícitas: Realengo não é mencionado por acaso, mas para debochar do arbítrio – foi no quartel do Exército naquele subúrbio que Gil e Caetano ficaram presos. O Flamengo é outra entrada nada casual, marca da ironia do artista com a chamada nação rubro-negra: o Fluminense havia conquistado o título carioca, ao vencer o Flamengo por 3 x 2, Gil era um dos 171 mil torcedores no Maracanã e viu a tristeza da massa. Com seu “abraço” ele está dizendo aos derrotados que “o importante é competir” (ou “consolo” semelhante). Torcedor do Fluminense, Gil encontrou no Flamengo rima (para Realengo) e solução (para tirar sarro do rival).

CHACRINHA, A ANTÍTESE DO POSITIVISMO

Depois de exaltar o dolce far niente (carnaval, futebol, banda de Ipanema) do Rio de Janeiro, que (apesar de tudo) “continua lindo”, o baiano elege para ícone e ápice da ironia o pernambucano Abelardo Barbosa, Chacrinha. O apresentador, que “continua balançando a pança”, é a outra face do positivismo pregado pela ditadura, a anarquia organizada (“Eu vim para confundir, não para explicar”), o anti-Ordem e Progresso, a bagunça, a geléia geral brasileira. Se a ditadura é a tese, Chacrinha é a antítese – e o menino Gilberto Gil (27 anos na época) é o arauto, exegeta, explicador do processo. As mensagens se sucedem, sempre com a expressão “continua”.

AOS 27 ANOS GILBERTO GIL JÁ LEVITAVA

A vida, mesmo com a violência dos que tomaram o poder à força, segue, escrachada, fora do figurino oficial verde-oliva: além de balançar a pança politicamente incorreta, o Velho Guerreiro (na charge) continua “buzinando a moça” (um duplo sentido de indiscutível bom gosto), “comandando a massa” e “dando as ordens no terreiro” – não importa o que digam, que falem, que pensem ou queiram os usurpadores, o povo parece ter outra regra e compasso. No vídeo raro, feito em 1979, Gilberto Gil em estado de graça, zen, sideral, elevado, celeste, quase levitando, puro, de uma forma que os recursos eletrônicos não mais nos permitem ver (e com um ótimo improviso no final). O eterno Gil.

(O.C.)