FALHA DO PROVEDOR

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Lamentavelmente, o Pimenta esteve fora do ar por alguns instantes nesta tarde. A explicação do Uol Host, provedor que hospeda o blog, foi de que o nosso servidor estaria passando por uma “manutenção preventiva”. Desculpa sem sentido, já que a prevenção, se houvesse, serviria para evitar que a página saísse do ar e não para tirá-la.
Engraçado que nunca se viu o site do Uol sair do ar por conta de uma “manutenção preventiva”. Mas os clientes de seu provedor de internet, como sofrem!

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Do Radar Online
O conselheiro Jorge Hélio Chaves pedirá ao CNJ a abertura uma investigação contra juízes federais que participarem, de quarta a sábado, do XVII encontro da associação de classe cujas despesas serão bancadas, em parte, por bancos estatais e empresas privadas.
Sua decisão tem o respaldo de pelo menos três conselheiros, com os quais almoçou hoje.
Chaves vai pedir à administração dos cinco Tribunais Regionais Federais do país a relação dos magistrados que vão ao evento em Comandatuba, na Bahia.
Ele quer saber quais justificativas estão sendo dadas pelos juízes para serem dispensados do trabalho, uma vez que, segundo a programação, a parte do tempo será dedicada a atividades recreativas, como aulas de golfe.
Preocupado, Chaves vai propor também ao CNJ que crie um grupo de trabalho para limitar ou, pelo menos, deixar mais clara as regras para a concessão de patrocínios a juízes. Isso viria por meio de uma resolução. Diz Chaves:
– Enxergo como, no mínimo, esquisita esta relação. A idéia (da resolução) seria evitar que isso ocorra no futuro. Quebrar esse círculo vicioso.

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Augusto Castro vai com Marcelo Nilo. Jutahy agradece

Um café da manhã nesta segunda-feira, 08, no Hotel Fiesta, em Salvador, selou o apoio dos dois deputados estaduais eleitos pelo PSDB – Augusto Castro e Adolfo Viana – a um terceiro mandato do pedestista Marcelo Nilo na presidência da Assembleia.  Esse apoio conta com a simpatia do deputado federal Jutahy Magalhães Jr.
Nas últimas eleições, apesar de ter apoiado o governador Jaques Wagner (PT), Marcelo Nilo fez dobradinha em vários municípios com o velho amigo Jutahy. Calcula-se que 54 mil votos obtidos pelo tucano resultaram dessa aliança e não foram poucos os prefeitos que votaram em Nilo, Jutahy e Wagner, ignorando Paulo Souto (DEM), o candidato que teve o apoio do PSDB para o governo.
O presidente do diretório estadual do PSDB, Antônio Imbasahy, ainda não se manifestou sobre a adesão dos futuros deputados do partido à candidatura de Marcelo Nilo.

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Uesc divulga concorrência de cursos em 2011.A Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) finalmente divulgou a concorrência para os 33 cursos de graduação oferecidos no Vestibular 2011. O campeão é o curso de Medicina: 73,10 candidatos por vaga. As provas serão aplicadas nos dias 16, 17 e 18 de janeiro.
Se não há surpresa em relação ao mais concorrido, o mesmo não se pode dizer do segundo colocado. “Estreante”, o curso de Engenharia Civil tem 28,43 candidatos por vaga, desbancando nesse quesito os tradicionais cursos de Direito e de Enfermagem.
O curso de Direito no turno matutino tem 21,12 candidatos por vaga e o Direito noturno tem 18,68 concorrentes. A concorrência do curso de Enfermagem é de 13,20 vestibulandos por vaga, superado pelo curso de Administração no turno noturno (13,25/vaga).
14.592 candidatos disputam 1.600 vagas divididas pelos 33 cursos de graduação. Quatro deles são novos. Além de Engenharia Civil, as novidades são Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica e Engenharia Química. As primeiras turnas destes quatro cursos serão inauguradas no segundo semestre de 2011.
O Pimenta preparou ranking a partir dos mais concorridos. No outro extremo, aparece o curso de bacharelado em Matemática, que apresentou número de candidatos inferior ao de vagas disponíveis (0,83/vaga).
Confira a concorrência por curso/turno
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Do Jornal Bahia Online
Enquanto Alexandre Simões e Paulo Carqueija seguem firmemente disputando a indicação para ocupar a titularidade da secretaria municipal de Saúde de Ilhéus, o Partido dos Trabalhadores não descarta uma outra alternativa. A mudança pode ir além de nomes. Pode ser de cargos. O Partido dos Trabalhadores (PT) pode deixar a secretaria municipal da Saúde para assumir a pasta do Trabalho e Ação Social.
No momento este debate acontece internamente e não há absolutamente nada definido. Segundo uma fonte palaciana ligada ao prefeito Newton Lima, a grande dúvida é se a troca não traria prejuízos políticos à sigla pelo fato de não ter conseguido conquistar avanços significativos enquanto esteve à frente da Saúde. A diferença agora é que o PT passaria a ter 100 por cento o comando das indicações, ao contrário do que acontecera com a Saúde, onde teve que conviver com “adversários dentro da própria casa”, conforme definiu um influente dirigente da sigla.
Este foi, de fato, na opinião do dirigente, o grande empecilho para que o ex-secretário Antônio Carlos Rabat pudesse determinar o novo ritmo da secretaria. O resultado, após seis meses de tentativa, foi frustrante e a análise do partido é de que os interesses internos na secretaria são tão grandes que independem de nomes para uma solução com a rapidez que a sociedade hoje exige.
Clique aqui e leia matéria na íntegra

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Uma manhã tumultuada neste domingo, 07, no estádio Luiz Viana Filho, em Itabuna, onde foi disputada a segunda partida da fase eliminatória do Campeonato Interbairros entre os times dos bairros São Lourenço e Califórnia. Torcedores da primeira equipe xingaram e ameaçaram bater no secretário municipal do Esporte, Alcântara Pelegrini, que por pouco não foi alvejado por pedaços de pau e latas de cerveja.
O problema começou há 15 dias, no primeiro confronto entre as duas equipes. O jogo foi disputado no campo da Califórnia e ocorreu um pênalti contra o São Lourenço, assinalado pelo árbitro Jovanilson Nascimento. Foi o suficiente para deixar os torcedores enfurecidos.
Na ocasião, a torcida do São Lourenço invadiu o campo e tentou agredir o árbitro, o que foi evitado pela polícia militar. Como punição, a comissão disciplinar do Interbairros condenou o São Lourenço à perda do mando de campo. Assim, a partida foi disputada no estádio Luiz Viana Filho.
Para não sair machucado do estádio, Alcântara refugiou-se nas cabines de rádio e pediu reforços à polícia.
Atualizado às 11h45min

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O blogueiro Emílio Gusmão, que tem feito várias postagens sobre a crise da Secretaria da Assistência Social, em Ilhéus, tentou falar sobre o assunto com a deputada estadual Ângela Sousa. É que Augusto Maceo, o secretário afastado sob suspeita de corrupção, é homem forte do grupo de Ângela.
Emílio telefonou na manhã de sábado, 06. Eis o resumo do “diálogo”:
Ângela Sousa: – Alô!
Emílio Gusmão: – Bom dia, deputada!
AS: Quem é?
EG: É Emílio Gusmão.
AS: Tu,tu,tu,tu…
Gusmão diz estar decepcionado com a desconsideração da deputada evangélica, que não lhe dedicou sequer um “Deus lhe abençoe!”

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Motoristas têm entrado em contato com o Pimenta para reclamar da grande dificuldade em trafegar pela Avenida Itabuna, uma das principais vias do centro de Ilhéus. No local, os engarrafamentos são constantes e agravados pelo mau-hábito de alguns condutores de veículos, que estacionam ocupando parte da pista de rolamento.
Nos horários de pico, é caos total e é muito raro aparecer algum agente de trânsito para amenizar o sofrimento de quem é obrigado a passar por ali.

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Do Política Etc:
Imagine a situação: uma casa está com grande vazamento de água e o proprietário, com o objetivo de resolver o problema, manda aumentar o abastecimento, sem fechar o rombo por onde o recurso é desperdiçado.
É mais ou menos o que o governo procura fazer, quando tenta criar um novo tributo num país como o Brasil, onde os rombos da corrupção continuam provocando megavazamentos de dinheiro público. Antes de estabelecer novo imposto, ou contribuição – como agora se pretende com a ressurreição da CPMF em nova roupagem – o correto e honesto seria combater a roubalheira.
O Brasil tem notoriamente uma das maiores cargas tributárias do mundo, combinada com serviços públicos vergonhosos. Por fora, a voracidade do estado. Por dentro, a fome dos larápios que infestam o poder público (federal, estadual e municipal).  Embaixo, um povo assaltado.
Dizem que a Contribuição Social para a Saúde (CSS), sucessora da CPMF, é absolutamente necessária para pagar as contas do SUS. Quem conviveu com a CPMF deve se lembrar que o dinheiro desta contribuição, criada para reforçar o caixa da saúde, serviu bem pouco ao seu objetivo. E certamente, como parte da arrecadação do Estado, serviu muito a objetivos inconfessáveis.
Cabe uma pergunta: faltam recursos para a saúde no Brasil ou o setor é mais uma vítima da corrupção e ineficiência do poder público?
Um “baianim” amigo deste blogueiro passava temporada numa cidade do interior de Santa Catarina, quando teve um problema de saúde e acabou num pronto-socorro. Atendimento da melhor qualidade, diagnóstico de labiritinte, exames agendados para o laboratório mais próximo do endereço onde o paciente estava hospedado… Alguns dias depois, aparece uma pessoa à procura do baiano na recepção do hotel: era uma assistente social do município, querendo saber se ele havia feito todos os exames, se estava tomando os medicamentos, como estava de saúde etc.
Pense em algo do tipo numa cidade como Itabuna, onde a incúria administrativa se junta a vícios dos mais nocivos e sabota qualquer possibilidade de um serviço de saúde de qualidade. Os recursos que chegam são os mesmos, mas a cultura de não levar a coisa pública a sério é o grande problema.
Mas todos os problemas se acabaram: para salvação geral, vem aí mais um tributo.

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O grupo do prefeito de Itabuna não somente acredita que vai impedir a posse do vereador Roberto de Souza (PR) como novo presidente da Câmara Municipal, como também já fala abertamente sobre a montagem da nova mesa, ao gosto do governo.
Na quinta-feira, 04, dentro do gabinete do Capitão Azevedo, o assunto era o futuro comando da Câmara  e a ocupação dos cargos estratégicos na estrutura daquela casa. Para presidente do legislativo, por exemplo, o nome do prefeito é o do vereador Milton Gramacho (PRTB), que por sinal já havia sido escolhido pelo governo como presidente da Comissão Especial de Inquérito que apura irregularidades na Câmara (outro caso de ingerência do Executivo em assuntos do Legislativo).
O cargo de diretor administrativo, pelo menos para a turma da Prefeitura, deverá ser ocupado por Otaviano Burgos, atualmente na diretoria da Emasa.

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Da coluna Tempo Presente (A Tarde):

De tanto se dizer que Lula passaria à história como mais um que prometeu resolver a questão das dívidas da cacauicultura e não cumpriu, o governo adotou medida aplaudida por todos os segmentos, inclusive os ‘peixes graúdos’ do cacau, envolvidos com o Programa Especial de Saneamento de Ativos (Pesa), que estavam excluídos e por isso muito gritavam causando alarido intenso.
A resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) adotada esta semana reduz as dívidas em mais de um terço e cria as condições para os endividados regularizarem os financiamentos, grande parte deles, hoje, alvo de pendengas judiciais por parte dos bancos.
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Elio Gaspari
Durou exatamente três dias a lorota da redução da carga tributária propagada pelo governo e pela oposição durante a campanha eleitoral.
Dilma Rousseff foi eleita no domingo e, na quarta-feira, docemente constrangida, disse que “tenho visto uma mobilização dos governadores” para recriar o imposto do cheque, a falecida CPMF, derrubada pelo Congresso em 2007.
Se ela acreditava no que dizia quando pedia votos, anunciaria sua disposição de barrar a criação de um novo imposto. No entanto disse assim: “Não pretendo enviar ao Congresso a recomposição da CPMF, mas não posso afirmar… Este país vai ser objeto de um processo de negociação com os governadores”.
Quando um repórter insistiu, ela se aborreceu: “Considero que essa pergunta já está respondida”.
Quem entendeu a resposta ganha uma viagem a Cuba. A “mobilização” vem de pelo menos 13 dos 27 governadores, inclusive o tucano Antonio Anastasia.
Nenhum deles, nem ela, teve a honestidade de defender a posição durante a campanha. Tentar empurrar a recriação da CPMF como coisa dos governadores é uma ofensa à inteligência do eleitorado que deu 55 milhões à doutora Rousseff.
Se ela começa o governo com tamanha passividade, vem coisa pior por aí. É preferível supor que a doutora soubesse da iniciativa, concordando com ela, desde que as cartas rolassem por baixo da mesa.
Dilma aceitou a enganação e perfilhará a ressurreição de um imposto derrubado pelo Congresso. Pior: um imposto em cascata, pois uma transação que envolve cinco cheques será taxada cinco vezes com a alíquota de 0,1%.
O apoio de Anastasia e a bancada do silêncio confirmam que o PSDB é capaz de tudo, menos de fazer oposição. Afinal, a CPMF foi criada e desvirtuada pela ekipekonômica tucana.
Em 2007, três governadores do PSDB trabalharam contra sua derrubada. O comissário José Eduardo Dutra assegura: “Todos, eu disse todos, os governadores são a favor da CPMF”.
Todos, inclusive Dutra, preferiram o lance de estelionato eleitoral.

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A primeira filial da Livraria Cultura na Bahia teve um investimento de R$ 7 milhões. Será inaugurada no dia 17, no Salvador Shopping. O acervo da estabelecimento contará com cerca de 150 mil títulos. Ao todo, a loja vai empregar 120 pessoas. A unidade Salvador será a 15ª da rede, que tem sede em São Paulo. Um dos destaques da loja é a abertura da terceira unidade do Teatro Eva Herz, que existe também nas cidades de São Paulo e Brasília. Em Salvador, o teatro terá 204 lugares e, assim como nas outras capitais, contará com uma programação de palestras, seminários, espetáculos e shows. Informações do Bahia Notícias.

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VELHINHOS SERELEPES QUE FAZEM “DE TUDO”

Ousarme Citoaian

Numa dessas matérias corriqueiras em que a tevê discorre sobre as inegáveis vantagens da senilidade (quando aparecem uns velhinhos serelepes dizendo que se sentem como se tivessem dezoito anos ou menos!) recolho uma pérola, da boca de repórter experiente, famoso e festejado. Depois de ver uma idosa escapar ilesa de uma série de perigosos contorcionismos a que chamam alongamento, o profissional televisivo (com um sorriso que parecia de decepção) afirmou: “Atualmente, esses velhinhos fazem de tudo”. Esse “de tudo” é, via de regra, mais um abuso dos que tanto se perpetram em nome da linguagem moderna e bonitinha, mas ordinária.

ATAQUES FRONTAIS E REPÓRTERES IMPUNES

A expressão de feitio enviesado está disseminada pela mídia, mas com predominância na televisão, veículo que prima pelos ataques frontais à língua portuguesa. “Fez de tudo para salvar os móveis, mas não conseguiu” – diz impunemente a repórter, numa matéria sobre enchentes. Trata-se de pecado contra a simplicidade (uma das qualidades fundamentais do estilo) e indispensável à boa linguagem jornalística. É preferível “Fez tudo para salvar…”, indo direto ao ponto, sem penduricalhos que, longe de melhorar o entendimento da frase, a tornam pedante, grosseira, cansada, ao carregar a preposição “de” como peso morto.

PLEONASMO, MAS SEM PERDER A ELEGÂNCIA

À partícula que acrescenta graça, força ou realce a uma frase ou expressão os gramáticos chamam “expletiva”. Seria assim uma coisa pleonástica, mas elegante – se é que entendi a lição.  Exemplos encontráveis nos livros são “Foi-se embora sem avisar” e “Murchem-se as flores”, esta segunda de perceptível bom gosto. Observe que, retirada a tal partícula expletiva, o entendimento se mantém: tanto faz “foi-se embora” como “foi embora”. Esta seria a tese da defesa “lingüística” para “Fazer de tudo”, mas a acusação a contesta veementemente, pois o “de”, neste caso, nenhuma beleza acrescenta à expressão “Fazer tudo”.

EXPRESSÃO ENRAIZADA E COM DEFENSORES

Na edição de 28 de setembro, o Pimenta denunciou, em caixa alta e fonte graúda: “Câmara de Itabuna teve de tudo nesta terça-feira”. Além de provar que santo de casa não faz milagre, prova-se como a expressão está enraizada nos meios de comunicação e terá, consequentemente, ferrenhos defensores. Volto a insistir que esta coluna fala de preferências e curiosidades, mas nunca se atreveu a dividir a linguagem em certa e errada. Neste caso, sigo a regência verbal: assim, “A livraria dispõe de tudo que a escola exige” (o verbo dispor “pede” preposição “de”) e “A livraria tem tudo que a escola exige” (o verbo ter é, neste cenário, inimigo da preposição).

LÍNGUA RICA, RICA, RICA /DE MARRÉ DECI

“Eu sou pobre, pobre, pobre/ De marré, marré, marré/ Eu sou pobre, pobre, pobre/ de marré deci” é cantiga de roda com uma palavra que não tem registro na linguagem escrita. De tempos imemoriais, guardo uma explicação, que não tenho feito pública por falta de auditório interessado. E se não digo sua origem é por não me lembrar em que ostra colhi esta pérola: o texto viria do francês Je suis pauvre, pauvre, pauvre,/ je me vais, me vais, me vais/ je suis pauvre, pauvre, pauvre/ je me vais d´ici. Para quem nada manja da língua de Danton e Robespierre, vai minha tradução, sujeita a chuvas e trovoadas: ”Eu sou pobre, pobre, pobre/ vou-me embora, vou-me embora/ eu sou pobre, pobre, pobre/ vou-me embora daqui”.

EM PERNAMBUCO, O “FOR ALL” VIROU FORRÓ

Com o tempo, as pessoas fizeram uma “adaptação”, valendo-se do som em francês: da pronúncia (aproximada)  jê mê vé veio “de marré” e dici transformou-se em “daqui”. Para mim faz sentido, pois o processo não é desconhecido entre nós: há uma tese (Luiz Gonzaga era um de seus defensores) de que a palavra forró (gênero musical nordestino popular em todo o Brasil) descende, por semelhante processo de “adaptação”, do inglês for all. Algo a ver com os ingleses da estrada de ferro Great Western, em Pernambuco, que organizaram uma festa aberta, for all (“para todos”). Ressalte-se que o folclorista Câmara Cascudo não aceita esta versão: para ele, forró vem do africano “forrobodó”,  que é festa bagunçada, frege.

HERANÇA DAS RELAÇÕES FEUDAIS EUROPEIAS

Consta que Heitor Villa-Lobos e Cecília Meireles (foto) também pesquisaram esta cantiga infantil, mas não chegaram a conclusões definitivas. A brincadeira procede da Europa sendo um jogo de  “pobres” e “ricos”, falando em casamento, com o roteiro ritualístico de  cortejo, sedução e noivado. A versão brasileira tem uma parte que diz: “Quero uma de vossas filhas/ de marré, marré/ marré/ Quero uma de vossas filhas/ de marre deci” – certamente a fala do “rico”; a esta proposta indecorosa o lado “pobre” responde, humilhado: “Escolhei a qual quiser/ de marré, marré, marré/ Escolhei a qual quiser/ de marré deci”. Percebe-se que a canção prega um servilismo escancarado e odioso, que nos remete ao feudalismo europeu.

EMOÇÕES QUE NOS PRESSIONAM NO DIA-A-DIA

Volto a reler o velho Quatro gigantes da alma, do pioneiro em psicologia e direitos humanos Mira y Lopez (Santiago de Cuba, 1896-Rio de Janeiro, 1964). É um livro fundamental, que fala de emoções a que estamos submetidos no dia-a-dia e que são fontes de neurose, afeto, agressividade: o Medo, a Ira e o Amor. Mas como somos bichos domesticados (homo socialis), o psicólogo acrescentou um quarto “gigante”: o Dever, espécie de força reguladora, que nos impede de descambar nos precipícios da barbárie e da luxúria. Se quiser, pode chamá-lo de Razão, elemento que nos faz obedecer às regras (“qual submisso escravo”, segundo o mestre argentino).

A IRA QUE NASCE DO NEGRO VENTRE DO MEDO

Mira y Lopez (foto) trata de carências e fantasmas submersos, de fragilidades e de como precisamos uns dos outros, de como somos conduzidos pelas emoções e de como estas são tão poderosas que nos sacodem e atiram de um lado para outro, “com a mesma aparente simplicidade com que uma onda altera o rumo de um barco, o vento brinca com as folhas ou um terremoto faz desmoronar uma casa”. O texto é muito atraente, como neste exemplo: “Na noite dos tempos, do negro ventre do medo, brotaram as rubras faces da ira. Esta rapidamente cresceu e se converteu no segundo dos quatro gigantes que atenazam o homem e fazem de sua vida um perpétuo drama”.

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NÃO QUEREMOS SER UM PAÍS DE VIRA-LATAS

Procuro estar longe dos que tratam o Brasil como um sub-país, nosso povo como uma sub-raça, e paro aqui, antes que me venham as lembranças, igualmente calhordas, da sub-nação, do sub-povo – e, de braço dado com elas, uns puxões de orelhas sobre o emprego inadequado do hífen. Mas o que nos interessa é festejar o fim do espírito anti-Brasil. O povo mostra (nas ruas, nos becos, na internet e nas urnas) que somos uma Nação com identidade própria e que não mais teme o chicote com que os poderosos, vestidos de paramentos universitários e décadas de preconceito e conservadorismo, tentam submetê-lo. Livre em suas escolhas, o Brasil se recusa a ser uma nação de vira-latas.

TAMBÉM TEMOS DOSTOIÉVSKIS E BETHOVENS

Autoridades do Nordeste deveriam tomar uma atitude de considerável impacto: algo assim como um decreto que levasse a turma da calcinha escura, o pessoal que combina rapadura com caviar e camarão com garapa de cana, além de uma chusma de outros equivocados do forró a ouvir os clássicos. Não me refiro aos bambambãs da música europeia, mas aos clássicos da grande canção de sotaque regional: Luiz Gonzaga, Sivuca, João do Vale, Zé Dantas, Humberto Teixeira, Dominguinhos, Hermeto Paschoal, Cego Aderaldo, Jackson do Pandeiro, Patativa do Assaré, Genival Lacerda.  Eles são, a bem dizer, nossos bethovens, brahms, tostoes, dostoiévskis,  mozarts, haydns.. .
</span><strong><span style=”color: #ffffff;”> </span></strong></div> <h3 style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>E FRED JORGE CRIOU CELLY CAMPELLO!</span></h3> <div style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>No auge do sucesso, em 1965, a música teve uma versão no Brasil, gravada por Agnaldo Timóteo. Como costuma ocorrer com as

GLORINHA GADELHA, SIVUCA E CLARA NUNES

A feira de mangaio é o local onde os brejeiros vendem… mangaio, é lógico! Com o resultado desse negócio, compram/compravam o que não nasce do barro do chão, como o gás que acende a candeia e (“ninguém é de ferro”) a cachaça que aquece a alma. A leitores do asfalto, explico: brejeiro é quem vive na região do Brejo; legume é qualquer cereal; mangaio é todo artigo feito em casa ou tirado da pequena agricultura; gás e candeia,  leia-se querosene e candeeiro (e se você não sabe o que é candeeiro, aceite meus pêsames). Os dicionários grafam, se muito, mangalho – mas o que sabem do povo os dicionários? No vídeo, Clara Nunes e Sivuca: Feira de mangaio, dele e Glorinha Gadelha. Clique aqui e veja/ouça.
(O.C)

(O.C.)